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Sugestões de Medidas de Adaptação no Brasil

No documento geodiversidade brasil (páginas 175-177)

Apesar das criticas ao modelo do IPCC por não consi- derar os dados das ciências da Terra e estabelecer cenários em parte inconsistentes, a intervenção do homem no meio ambiente é notória e, assim, no Brasil, segundo BRANCO e MARQUES (2008), , , , , deve-se já ir pensando na adaptação com vistas a se adequar aos impactos causados pela mu- dança global do clima, por meio da formulação e imple- mentação de um conjunto de estratégias setoriais, que consequentemente darão maior capacidade de adaptação as populações, principalmente as que são mais carentes e habitam em regiões sujeitas a um maior impacto das intempéries.

Essa adequação se baseia na identificação da vulnerabilidade dos biomas brasileiros ao aumento da con- centração de gases de efeito estufa, e dos impactos decor- rentes na sociedade brasileira, particularmente nas áreas de zonas costeiras, saúde, biodiversidade, agropecuária, florestas, recursos hídricos e energia.

Primeiramente, é absolutamente necessário aprimo- rar a coleta de dados e dispor de modelos para elaboração dos cenários futuros do clima no território nacional, de tal forma a permitir melhores avaliações das vulnerabilidades e dos impactos das mudanças climáticas globais, e permi- tir assim a priorização de estratégias de adaptação.

Neste sentido é importante ressaltar que os modelos do IPCC são construídos com base em pesquisas e traba- lhos localizados quase que totalmente (aproximadamente

95%) realizados no Hemisfério Norte, o que torna esses modelos enviesados do ponto de vista estatístico.

No que diz respeito ao estudo dos paleoclimas, é importante a contribuição da Paleontologia, o estudo dos espeleotemas e outras formas existentes nas cavernas em ambiente cárstico, através de datações com isótopos de

C14, O18, U absoluto.

O monitoramento da mobilidade da linha de costa, para distinguir tendências de ciclos e, assim, melhor orientar as ações de gerenciamento costeiro e ordenamentos munici- pais de ocupação urbana, é outro elemento importante.

Como instrumento de gestão para a previsão de im- pactos e estabelecimento de estratégias de adaptação de estabelecimentos agrícolas às mudanças climáticas, res- salta-se a importância de integração de zoneamentos eco- lógicos e edafoclimáticos, que sinalizem para o uso sus- tentável dos recursos naturais e dos ecossistemas, sobre- tudo em áreas mais vulneráveis.

No que diz respeito aos recursos hídricos, reco- menda-se aplicar instrumentos de gestão, notadamente a gestão integrada de bacias hidrográficas, a fim de facilitar a adaptação aos efeitos da mudança climática sobre os regimes hidrológicos. O aumento populacional no planeta não condiz com o aumento na demanda por recursos hídricos. Há necessidade de mudança de hábitos de consumo, ou seja, mudança de paradigmas. A gestão dos recursos hídricos e o planejamento do desenvolvimento urbano são estratégias para essa mu- dança.

Examinar os impactos ambientais considerando a fre- qüência e intensidade de desastres naturais para as popula- ções pobres rurais e urbanas e sobre a infra-estrutura urbana. E, o uso racional de fertilizantes nitrogenados em ati- vidades agrícolas e pecuárias.

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MARIA ANGÉLICA BARRETO RAMOS

Geóloga formada (1989) pela Universidade de Brasília (UnB). Mestre (1993) pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ingressou na CPRM/BA em 1994, onde atuou em Mapeamento Geológico no Projeto Aracaju ao Milionésimo. A partir de 1999, na área de Gestão Territorial, participou dos projetos Acajutiba-Aporá-Rio Real e Porto Seguro-Santa Cruz Cabrália, onde também passou a atuar na área de Geoprocessamento, integrando a equipe de coordenação do Programa GIS do Brasil e do Banco de Dados GEOBANK. Atualmente, exerce a Coordenação Nacional de Geoprocessamento do Projeto Geodiversidade do Brasil no Departamento de Gestão Territorial (DEGET).

SAMUEL MAGALHÃES VIANA

Graduado em Geologia (1999) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Mestre (UERJ/2003). Doutor em Ciências (UERJ/2008), com área de concentração em Análise de Bacias e Faixas Móveis. Iniciou suas atividades profissionais como geólogo de Engenharia em Projetos de Usinas Hidrelétricas. Entre 2005 e 2006, exerceu pela UNAP atividades de perfilagem em poços off shore para exploração de petróleo. Ingressou na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/ Serviço Geológico do Brasil (CPRM/SGB) em 2007. Desde então, desenvolve suas atividades no Departamento de Gestão Territorial (DEGET), com atividades aplicadas a riscos geológicos envolvendo escorregamentos e inundações.

ELIAS BERNARD DA SILVA DO ESPÍRITO SANTO

Graduado em Geografia (2004), pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Especialização em Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente (UEFS 2006). Professor de Fundamentos de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento pela Faculdade Maria Milza (2006 – 2007). A partir de 2005 passou a atuar na equipe da Divisão de Geoprocessamento da CPRM-DIGEOP.

No documento geodiversidade brasil (páginas 175-177)