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PRESERVAÇÃO E GERENCIAMENTO DAS ÁREAS COSTEIRAS

No documento geodiversidade brasil (páginas 98-101)

A grande extensão do litoral brasileiro, a diversidade de formações físico-bióticas, os padrões de ocupação hu- mana e as atividades econômicas em geral, como expan- são urbana, atividades portuárias e industriais, exploração petrolífera, exploração turística em larga escala etc. cons- tituem os principais desafios para a gestão ambiental das áreas costeiras. Muitos conflitos gerados em conseqüên- cia dessas intervenções podem ser minimizados, ou mes- mo evitados, se os processos naturais forem mais bem conhecidos e avaliados no planejamento e ordenamento territorial dessas áreas. Como exposto anteriormente, vari- ações do nível relativo do mar, erosão ou recuo da linha de costa e migração de dunas são processos inter-relacio- nados que modelam a paisagem litorânea. Eles estão sen- do modificados pelo homem e/ou desconsiderados na di- nâmica de uso e ocupação desses espaços, o que tem causado o aparecimento de áreas de risco e a degradação do meio ambiente e da qualidade de vida das populações que lá residem, ou para lá fluem em busca de lazer e entretenimento.

Em áreas já densamente ocupadas, como as regiões metropolitanas, pouco pode ser feito em termos de zo- neamento ou disciplinamento de uso do solo (medidas

preventivas), a fim de enfrentar os problemas observa- dos, muitas vezes sendo possível apenas a implementa- ção de algumas medidas corretivas ou mitigadoras, como, por exemplo, a implantação de obras de proteção de propriedades contra a erosão costeira, a regeneração ar- tificial de praias (engordamentos/aterros) e técnicas para estabilização ou fixação de dunas móveis. Em áreas ain- da pouco ocupadas, as medidas preventivas podem e devem ser efetivamente implementadas. Uma delas é o estabelecimento de faixas de recuo para a ocupação da linha de costa, que devem ser adotadas com larguras que levem em consideração os registros históricos de marés meteorológicas, as tendências locais de retrogra- dação da linha de costa e possíveis cenários de elevação do nível do mar.

As concessões de licenciamentos ambientais para pro- jetos e empreendimentos diversos devem ser criteriosa- mente embasadas no conhecimento técnico das inúmeras variáveis (geológicas, geomorfológicas, oceanográficas, climáticas e hidrológicas) responsáveis pela dinâmica na- tural das regiões costeiras.

A legislação ambiental brasileira possui uma gama de leis e decretos que direta ou indiretamente protegem os ambientes costeiros. O grande desafio é criar os mecanis- mos necessários para que essa legislação seja efetivamen- te cumprida e, para isso, é fundamental a existência de uma estrutura fiscalizadora eficiente e integrada entre os diversos órgãos das esferas federal, estaduais e munici- pais. No que se refere a programas e projetos específicos para gestão integrada da zona costeira e marinha, o Brasil dispõe do Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC), criado pela Lei n. 7.661, de 16 de maio de1988, e regulamentado pelo Decreto n. 5.300, de 7 de dezem- bro de 2004, coordenado em nível nacional pelo Ministé- rio do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Ama- zônia Legal (MMA). Esse programa vem realizando inú- meras ações voltadas para o ordenamento de usos e ocu- pação, com o apoio de zoneamentos, diagnósticos, monitoramentos e projetos intersetoriais de gestão em áreas costeiras.

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RICARDO DE LIMA BRANDÃO

Graduado em Geologia (1978) pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Trabalhou em projetos de Mapeamento Geológico na Região Amazônica nos períodos de 1978-1981 e 1986-1990, pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/Serviço Geológico do Brasil (CPRM/SGB). Entre esses dois períodos, exerceu função de supervisão e acompanhamento de projetos na área de Metalogenia e Geologia Econômica, no Escritório Rio de Janeiro da CPRM/ SGB (1981-1986). Desde 1990, está lotado na Residência de Fortaleza da CPRM/SGB, onde vem desenvolvendo trabalhos relativos aos temas Geologia Ambiental e Recursos Hídricos Subterrâneos, com ênfase em processos geológicos e problemas ambientais em regiões costeiras.

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