• Nenhum resultado encontrado

MARIANNA VIEIRA MARQUES VARGAS

No documento geodiversidade brasil (páginas 122-136)

PANORAMA GERAL

MARIANNA VIEIRA MARQUES VARGAS

Estudante de graduação em Geologia na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Estagiária da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

121

8

SOLOS TROPICAIS

Edgar Shinzato 1(shinzato@rj.cprm.gov.br)

Amaury Carvalho Filho 2(amaury@cnps.embrapa.br)

Wenceslau Geraldes Teixeira 2(wenceslau@cpao.embrapa.br)

1CPRM – Serviço Geológico do Brasil

2EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

SUMÁRIO Argissolos ... 122 Cambissolos ... 122 Chernossolos ... 123 Espodossolos ... 123 Gleissolos ... 123 Latossolos ... 124 Luvissolos ... 125 Neossolos ... 125 Nitossolos ... 126 Organossolos ... 126 Planossolos ... 127 Plintossolos ... 127 Vertissolos ... 128 Terras Pretas de Índios da Amazônia ... 128 Bibliografia ... 133

Solo é a superfície inconsolidada, constituída de ca- madas que diferem pela natureza física, química, mineralógica e biológica, desenvolvida ao longo do tem- po sob a influência do clima, material originário, relevo e da própria atividade biológica.

Uma das possibilidades de apresentação das infor- mações pedológicas é o mapa de solos. Este se constitui em uma estratificação de ambientes que permite a sepa- ração de áreas para diversos fins, além de fornecer subsí- dios para programas especiais de conservação de solos e preservação do meio ambiente.

Grande parte dos problemas relacionados aos solos está ligada à complexidade e dificuldade de sua identifica- ção. Quando esta é obtida, é possível determinar suas li- mitações e potencialidades que refletem diretamente em seu manejo para um uso adequado.

É necessário considerar que, ao longo do tempo, as pesquisas sobre os solos foram desenvolvidas com fins agronômicos, porém, isso tem mudado com a influên- cia de estudos correlatos, principalmente

geotécnicos, para produção de informações de melhor qualidade, possibilitando um uso mais amplo das informações de solos.

A nomenclatura aqui apresentada está de acordo com o sistema de classificação de solos atualmente em uso no Brasil (EMBRAPA, 2006). O enfoque apresentado objetiva, de ma- neira simples, tecer alguns comentários gerais sobre as limitações e potencialidades para uso agrícola e não-agrícola, tendo como base as características dos principais solos do Brasil. Os interessados em abordagens mais detalhadas e aprofundadas devem recorrer à extensa biblio- grafia existente.

ARGISSOLOS

Compreendem solos nos quais normal- mente o teor de argila no horizonte B (subsuperficial) é bem maior que no horizon- te A (superficial), caracterizando o horizonte

B textural (Bt). Esse incremento de argila é percebido sem dificuldade quando se procede ao exame da textu- ra e, algumas vezes, pela diferenciação da cor e outras características. No caso de ocorrer mudança textural abrupta (gradiente textural muito acentuado em curto espaço vertical), torna-se ainda mais visível. O horizon- te Bt, que pode apresentar constituição e morfologia muito distintas e ocorrer em diversas profundidades, caracteriza um comportamento bastante variável des- ses solos. Em extensão, constitui a segunda classe de maior importância no país. Abrange uma ampla diver- sificação de solos, desde rasos (<50 cm) a muito pro- fundos (>2,00 m), abruptos (elevado gradiente textural), eutróficos (saturação por bases >50%) e distróficos (sa- turação por bases <50%), com cascalhos, com fragipã

(horizonte adensado), com caráter solódico (presença de sódio), entre outros. Devido a essa gama de varia- ção, torna-se difícil proceder a uma abordagem genera- lizada para esses solos. Argissolos com horizonte Bt de baixa condutividade hidráulica situados em regiões de alta pluviosidade podem desenvolver “lençol freático suspenso”, facilitando o processo de deslizamento, de- vido ao excesso de água no plano de cisalhamento en- tre os horizontes A e Bt, que funciona como um lubri- ficante, facilitando a movimentação do material super- ficial (OLIVEIRA, 2005). Os mais suscetíveis aos proces- sos erosivos são aqueles de caráter abrupto e os que ocorrem em relevos movimentados.

Conforme a coloração do horizonte Bt, dividem-se em Argissolos Vermelhos, Vermelho-Amarelos, Amarelos, Bruno-Acinzentados e Acinzentados; com freqüência, en- contram-se associados a Latossolos, por todo o território nacional (Figura 8.1).

CAMBISSOLOS

Compreendem solos pouco desenvolvidos e que apre- sentam grande variação em sua espessura, ocorrendo des- de rasos (<50 cm) a profundos (<2,00 m). Apresentam horizonte A, de qualquer tipo, sobreposto a horizonte B incipiente (Bi), de características variáveis. Muitas vezes são cascalhentos, pedregosos e rochosos. Os Cambissolos estão relacionados a áreas mais movimentadas, preferen- cialmente regiões serranas. Devido à variação de atribu- tos, torna-se difícil definir um padrão de comportamento para esses solos. Por apresentarem pequeno desenvolvi- mento e teores de silte em geral mais altos que em outros solos, com relação silte/argila elevada, são mais suscetí- veis aos processos erosivos. A presença de silte também

Figura 8.1 – – – – – Perfil de Argissolo em relevo forte ondulado, com vegetação de floresta e pastagem.

em superfície, em alguns desses solos, favorece a forma- ção de poeira bastante densa, o que deve ser considerado no caso de seu aproveitamento com atividades de lazer. Ocorrem em todo o país, porém, com pequena expressão na região amazônica (Figura 8.2).

CHERNOSSOLOS

Compreendem solos com horizonte superficial do tipo A chernozêmico (cor escura, boa fertilidade natural e teores elevados de matéria orgânica) assentados sobre horizonte B, em geral avermelhado, com argila de atividade alta (capaci-

dade de troca catiônica (CTC) >27 cmolc por kg

de argila). São solos de elevado potencial agríco- la, pois são ricos quimicamente, com horizonte superficial aerado e bem estruturado, além de con- terem grande quantidade de matéria orgânica.

Quando molhados, a elevada plasticidade e pegajosidade do horizonte superficial dificulta a trafegabilidade e o preparo para o plantio. Para alguns desses solos, onde o saprolito é relativa- mente brando, não se recomenda o uso com ater- ros sanitários, lagoas de decantação e cemitérios.

Ocorrem em várias regiões do Brasil, em geral relacionados a material de natureza calcária, em condições de clima mais seco. Estão tam- bém relacionados aos basaltos da região Sul.

ESPODOSSOLOS

Constituem solos dominantemente arenosos, com concentração de ferro, matéria orgânica ou

de ambos em subsuperfície, o que caracteriza o horizonte B espódico, que pode ocorrer em diferentes profundidades. A condição arenosa determina elevada permeabilidade, ressecamento rápido, elevada taxa de decomposição da matéria orgânica e pequena capacidade de retenção de nu- trientes.

Alguns desses solos podem apresentar o horizonte B espódico próximo da superfície, influindo diretamente em sua condição hídrica, proporcionando maior retenção de umidade. Naqueles em que esse horizonte se encontra a vários metros de profundidade, o comportamento físico pode ser comparado ao dos Neossolos Quartzarênicos. Alguns Espodossolos apresen- tam camada subsuperficial muito endurecida (orstein), o que dificulta o enraizamento, prin- cipalmente das plantas arbóreas, como tam- bém de escavações. Ocorrem expressivamente ao longo da costa brasileira , assim como na região amazônica (Figura 8.3).

GLEISSOLOS

São solos característicos de áreas sujeitas a alagamento, como margens de rios, ilhas, gran- des planícies, lagoas etc. e, conseqüentemente, com problemas de aeração e drenagem defici- ente. Com isso, devido à redução do ferro, apre- sentam cores acinzentadas ou esverdeadas.

Os Gleissolos Tiomórficos apresentam séri- as limitações ao uso agrícola e não-agrícola, devido à pre- sença de enxofre. Em tais solos, quando drenados, ocorre, em um curto espaço de tempo, a formação do horizonte sulfúrico, o que representa risco de corrosão para tubula- ções enterradas. Da mesma forma, os Gleissolos com ex- cesso de sais e com caráter vértico (baixa permeabilidade, argilas expansivas) podem prejudicar essas tubulações.

Ocorrem em todo o território brasileiro, com freqüên- cia associados às planícies de inundação dos rios. De maneira geral, pela presença de lençol freático próximo à superfície e posição topográfica em que ocorrem, não são adequados para uso como cemitérios, aterros sanitários, lagoas de decantação e áreas de lazer (Figura 8.4).

Figura 8.2 – – – – – Perfil de Cambissolo com horizonte B incipiente em relevo ondulado de topo sob vegetação de campo graminoso.

Figura 8.3 – – – – – Perfil de Espodossolo com horizonte de acúmulo de ferro e matéria orgânica em relevo plano do Grupo Barreiras, sob vegetação de restinga.

Figura 8.4 – – – – – Perfil de Gleissolo Háplico em área de baixada sujeita a inundações periódicas sob pastagem. Fotografia: José Francisco Lumbreras.

LATOSSOLOS

Compreendem solos profundos e muito profundos (<3,00 m), com horizonte B latossólico (Bw). São solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluí- dos, como resultado de enérgicas transformações no ma- terial constitutivo. O incremento de argila do horizonte A para o B é inexpressivo, com relação textural (B/A) insufi- ciente para caracterizar o horizonte B textural.

Tendem a apresentar estrutura granular, ou quando em blocos, de fraco grau de desenvolvimento e elevadas porosidade e permeabilidade interna, com drenagem ex- cessiva ou muito rápida, garantindo maior resistência aos processos erosivos em relação às outras classes de solos. No entanto, alguns solos dessa classe, com estrutura gra- nular muito desenvolvida, podem ser altamente suscetí- veis à erosão em sulcos quando sujeitos a fluxo de água concentrado (RESENDE et al., 1992), devido à pequena coesão entre as unidades estruturais, que, nesse caso, com- portam-se fisicamente como areia fina ou silte (pseudo- silte). Situação semelhante é observada nos solos de tex- tura média mais leve.

Representam uma das classes de maior expressão ge- ográfica no país, ocupando grandes extensões. Apesar de a baixa fertilidade natural, são muito utilizados com agri- cultura, em razão do relevo pouco movimentado em que em geral ocorrem e das boas condições físicas. Desenvol- vem-se em todos os tipos de relevo, com menor expres- são, é claro, nas áreas montanhosas, onde tendem a ocu- par áreas de conformação convexa. Em algumas áreas é verificada a ocorrência significativa de solos dessa classe com espessura do solum (horizontes A + B) inferior a 1,5 m, sendo denominados Latossolos câmbicos, apresentan- do, portanto, maior suscetibilidade à erosão que os Latossolos típicos. Conforme a coloração do horizonte B, são subdivididos em:

Latossolos Brunos: São profundos, com hori-

zonte A escurecido, em geral espesso; o hori- zonte subsuperficial em tons brunados, sendo comum apresentarem avermelhamento em pro- fundidade. São solos argilosos ou muito argilo- sos, com alta capacidade de retração com a per- da de umidade, esta facilmente verificada pelo fendilhamento nos barrancos expostos ao sol. São comuns nos planaltos interioranos do sul do país, em altitudes superiores a >800 m e em clima subtropical.

Latossolos Amarelos: São profundos, de co-

loração amarelada, bem drenados e de baixa fer- tilidade natural. Ocupam grandes áreas nas zonas de Tabuleiros Costeiros e baixo e médio Amazonas.

Latossolos Vermelhos: São muito homogeneos,

bem drenados, de coloração vermelho-escura; quando originados de rochas básicas, freqüentemente basaltos da Formação Serra Geral, no sudeste e sul do país, apresentam elevadas quantida- des de óxidos de ferro e atração pelo ímã quando se- cos. Apesar de quimicamente pobres, possuem eleva- do potencial agrícola devido ao relevo suavizado em que ocorrem. Os Latossolos Vermelhos são bastante expressivos na região Centro-Oeste, respondendo por grande parte de sua produção agrícola.

Latossolos Vermelho-Amarelos: São bem drenados;

possuem cores vermelho-amareladas, de baixa fertilidade natural, ocorrendo em praticamente todo o território na- cional, com menores expressões no Rio Grande do Sul. São muito utilizados com agricultura quando a textura é argilosa e com pecuária, quando média.

Apesar de a pequena capacidade de troca de cátions, a grande espessura e boa aeração qualificam esses solos como adequados para aterros sanitários, depósitos de efluentes, lagoas de decantação e cemitérios. A baixa ativi- dade da argila e a drenagem rápida elevam esses solos para a categoria de excelentes pisos de estradas (Figura 8.5).

Figura 8.5 – – – – – Perfil de Latossolo Vermelho textura argilosa em relevo suave ondulado com plantio de milho e pastagem.

LUVISSOLOS

São solos pouco profundos ou profundos, de cores avermelhadas, com horizonte B textural ou B nítico abai- xo do horizonte A, sendo comum a presença de casca- lhos e pedregosidade. Apresentam argila de atividade

alta (>27 cmolc por kg de argila), conjugada a alta sa-

turação por bases (V>50%). Face a seu pequeno grau de intemperização, observa-se a presença de teores médios a altos de minerais facilmente decomponíveis. A presença desses elementos no solo pode ter implica- ções com maior solubilização das bases presentes nos minerais primários facilmente decomponíveis, possibi- litando a ascensão de sais para os horizontes superio- res, tornando esses solos suscetíveis à salinização. No caso de ocorrerem pedras e concreções, pode haver im- plicações na disponibilidade de água e de nutrientes para as plantas.

A pequena profundidade e o elevado gradiente textural, em geral distintivo de caráter abrupto, aliados à condição de relevo, contribuem para a fragilidade desses solos quan- to à erosão, amplificada na região do semi-árido, onde as chuvas são concentradas. É comum a presença de calhaus e matacões na superfície, o que dificulta o uso agrícola, mas, por outro lado, protege contra a erosão.

Distribuem-se principalmente na região mais seca do país, semi-árido nordestino, sendo ocupados somente com a pecuária extensiva. Ocorrem também nas regiões Sul e na Amazônia, sendo ocupados com agricultura e pasta- gem plantada, respectivamente.

NEOSSOLOS

Compreendem solos pouco desenvolvidos, sem apre- sentar qualquer tipo de horizonte B. Reúnem solos rasos (rocha a menos de 50 cm de profundidade), Neossolos Litólicos; solos profundos e arenosos, Neossolos Quartzarênicos; com horizonte A sobre C e presença de minerais primários de fácil decomposição, Neossolo Regolítico; e solos de natureza aluvionar, os Neossolos Flúvicos.

Os Neossolos Flúvicos são formados em terraços de deposição aluvionar recente, referidos ao Quaternário. Sua principal característica é a estratificação de camadas sem relação pedogenética entre si, o que pode ser evidenciado pela grande variação textural e de conteúdo de carbono em profundidade. Apresentam, portanto, grande variabi- lidade espacial. Possuem seqüência de horizontes A-C, eventualmente com evidências de gleização face à proxi- midade dos cursos de água, e ao lençol freático, em geral a pequena profundidade, sendo susceptíveis a eventuais inundações.

São solos que apresentam grande variabilidade, po- dendo ser pobres ou ricos em nutrientes. Podem apre- sentar teores elevados de sais ou de sódio. Suas limita- ções aumentam à medida que se elevam as concentra-

ções desses elementos, implicando corrosão de materi- ais enterrados. A redução dessa limitação depende da permeabilidade interna, que permita “lavar” os sais e o sódio (Figura 8.6).

Os Neossolos Quartzarênicos compreendem solos are- nosos, essencialmente quartzosos, virtualmente destituídos de minerais primários pouco resistentes ao intemperismo; são fortemente a excessivamente drenados, muito permeá- veis, profundos ou muito profundos. Possuem baixa fertili- dade natural, com capacidade de troca de cátions e satura- ção por bases muito reduzidas. A textura arenosa condiciona também uma baixa capacidade de retenção de água e de eventuais elementos nutrientes aplicados, o que constitui forte limitação ao seu aproveitamento agrícola. Em razão de sua constituição arenosa, com grãos soltos, o que possi- bilita fácil desagregação, tendem a ser muito suscetíveis à erosão, mesmo quando ocorrem em relevo suave. São bas- tante expressivos no Brasil, principalmente no centro-oeste e ao longo da costa litorânea.

Apesar de serem muito permeáveis e terem uma es- pessa zona de aeração, a baixa capacidade de adsorção facilita a lixiviação de materiais tóxicos e metais pesados, aumentando a possibilidade de contaminação do lençol freático (Figura 8.7).

Figura 8.6 – – – – – Perfil de Neossolo Flúvico em terraço de relevo plano com pastagem natural.

Figura 8.7 – – – – – Perfil de Neossolo Quartzarênico desenvolvido em relevo suave ondulado com pastagem.

Os Neossolos Litólicos são solos rasos ou muito rasos, com horizonte A, exceto o chernozêmico, assen- tado diretamente sobre a rocha. A maior limitação des- ses solos é a pequena profundidade efetiva, que limita o desenvolvimento radicular das plantas e culturas, re- duzindo a capacidade de “sustentação” delas, tanto mais expressiva quanto mais próximo a rocha estiver da su- perfície. Essas características conferem a esses solos pouca capacidade de sustentabilidade da vegetação. A condição de desmatamento ou de pouca cobertura ve- getal, quando aliada às precipitações concentradas, fa- cilita a formação de erosões laminares e em sulcos nes- ses solos.

Por se tratar de solos rasos, é comum a ocorrência de cascalhos e calhaus, caráter pedregoso e rochoso na su- perfície do terreno, funcionando ora como protetor, dimi- nuindo a taxa de evaporação da água no solo, ora como barreira ao deslocamento de máquinas. Os Neossolos Litólicos não são adequados para uso com cemitérios e aterros sanitários, sendo terras mais indicadas para preser- vação da flora e da fauna.

São muito susceptíveis à erosão em virtude da espes- sura reduzida e do relevo onde se localizam. A textura leve em superfície e o contato direto com a rocha a pe- quena profundidade tornam esses solos bastante suscep- tíveis aos processos de escorregamento de massa, pois o rápido encharcamento do horizonte superficial e o exces- so de água no plano de cisalhamento funcionam como lubrificante, facilitando a movimentação do material suprajacente a esse plano (Figura 8.8).

Os Neossolos Regolíticos são solos pouco desen- volvidos, medianamente profundos ou mais espessos (A + C >50 cm), de textura em geral arenosa, conten- do, na fração areia, apreciáveis teores de minerais facil- mente intemperizáveis. São predominantemente eutróficos, muito porosos e de baixa capacidade de re- tenção de água, podendo, ou não, apresentar fragipã (horizonte adensado) a diferentes profundidades, de- senvolvido ou em formação. A presença desse horizon- te adensado é benéfica na região do semi-árido, devido à manutenção da umidade próximo da superfície, exceto quando o solo apresentar elevadas concentrações de

sódio. Os Neossolos Regolíticos são mais expressivos no semi-árido nordestino, além de ocorrerem também no Mato Grosso do Sul.

Os Neossolos distribuem-se praticamente por todas as regiões do país, porém, por especificidade de ocorrên- cia de alguns deles, como é o caso dos Neossolos Flúvicos, ao longo de rios e riachos; já os Neossolos Litólicos, em encostas muito declivosas; em algumas áreas, seu mapeamento somente é possível em escalas maiores.

NITOSSOLOS

Os Nitossolos compreendem solos com horizonte B nítico de argila de atividade baixa. São solos profundos ou muito profundos, bem drenados, com baixo gradiente textural e com estruturas em blocos e cerosidade bem de- senvolvidas no horizonte B, por definição de textura argi- losa ou muito argilosa. Em geral, são originados de rochas básicas, basaltos, apresentando coloração bem avermelhada (anteriormente denominados Terras Roxas Estruturadas). O baixo gradiente textural e o caráter argiloso se refletem em uma menor suscetibilidade à erosão que nos solos com horizonte B textural, como os Argissolos. Além disso, a excelente estruturação lhes confere boas condições de permeabilidade interna do perfil de solo.

Por serem de grande espessura, bem drenados, com boa aeração, esses solos são adequados para aterros sani- tários, depósitos de efluentes, lagoas de decantação e ce- mitérios. São também indicados como excelentes pisos de estradas.

Ocorrem em praticamente todo o país, sendo expressivos na bacia platina, desde Goiás até o Rio Grande do Sul. São encontrados tam- bém no estado do Tocantins, sul do Maranhão, Pará e Mato Grosso.

ORGANOSSOLOS

Os Organossolos são solos pouco evoluí- dos, constituídos por material orgânico (>80 g/ kg de carbono orgânico) proveniente de acu- mulação de restos vegetais em variados estádi- os de decomposição. Apresentam horizonte hístico espesso, rico em material orgânico cons- tituído de fibras que são facilmente identificáveis pela ori- gem vegetal, dentro dos primeiros 100 cm de profundida- de. Estão presentes nas várzeas planas, alagadiças, em am- bientes mal a muito drenados, com lençol freático à super- fície ou próximo a ela, correspondentes às áreas mais abaciadas e deprimidas em relação aos terrenos adjacentes. É muito comum apresentarem coloração escura, pre- ta, cinzenta ou marrom e teores muito elevados de carbo- no orgânico (mais de 50%). A capacidade de troca de cátions na camada orgânica é alta a muito alta, mas a soma de bases é muito baixa, significando que essa CTC

(valor T) se deve à presença significante de íons H+, refe-

Figura 8.8 ––––– Perfil de Neossolo Litólico desenvolvido em relevo suave ondulado

diente textural elevado. O horizonte superficial é muito suscetível à erosão laminar e o Bt pode desenvolver sulcos e ravinas pela ação combinada de antropismo e caracte- rísticas internas que favorecem os processos erosivos, mes- mo que o relevo seja plano. São solos expressivos no semi- árido nordestino, ocorrendo também no Pantanal mato- grossense e no Rio Grande do Sul (Figura 8.10).

PLINTOSSOLOS

Compreendem solos com presença significativa de plintita (material rico em ferro e pobre em matéria orgânica), ou com expressiva ocorrência de concreções de ferro (petroplintita) ou até mesmo cangas. Esses últimos são de- nominados Plintossolos Pétricos e, apesar de a presença das concreções, são mais bem drenados. Ocorrem em grandes

No documento geodiversidade brasil (páginas 122-136)