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X 2.B) O supertópico, a partir do qual a produção

4.3. ANÁLISE DA PRODUÇÃO TEXTUAL FINAL

A produção textual final (PTF) foi dinamizada na penúltima oficina, 11, na etapa

Produção final da SD, dia 01 de dezembro de 2016. Conforme comentamos na seção Debate deliberativo, optamos por não manter exatamente o mesmo tema da produção textual inicial

por acreditarmos que os alunos pensariam ser pouco proveitoso discutir uma mesma situação-

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Ainda, neste capítulo, há uma seção em que tecemos comentários sobre os questionários diagnóstico e final e os dados gerados a partir desses instrumentos.

problema. Destarte, a partir da deliberação da turma no debate, pela não adesão da escola ao projeto de lei Escola sem Partido, elaboramos um desdobramento. A seguir, reproduzimos o comando da atividade, produzido por nós e disponibilizado para os alunos:

“A escola, após a escuta dos alunos do 3º ano do Ensino Médio, opta pela não adesão ao PL. Contudo, há um desdobramento: frente a uma atividade da gincana escolar, os pais de um aluno elaboraram uma carta aberta e distribuíram-na à comunidade escolar54. Tal atividade faz parte de um projeto interdisciplinar, que prevê a discussão de temas contemporâneos de interesse dos alunos do Ensino Médio.

Cara comunidade escolar,

A escola é como um segundo lar. É nela que nossas crianças e adolescentes passam grande tempo de seus dias. É nela em que acontecem os primeiros encontros com outras pessoas que não os familiares. É nela que se aprende com os mestres e que se constroem os cidadãos críticos que podem atuar em benefício da sociedade. Devido a esses e outros tantos motivos, prezamos muito por esta instituição, e é exatamente por esse zelo que viemos, por meio desta carta aberta, solicitar um posicionamento dos segmentos que compõem este estabelecimento.

Este é o primeiro ano de nosso filho nesta escola. Escolhemos tal instituição, pois sabemos da sua tradição e do seu prestígio na cidade. Por isso mesmo, estranha-nos o fato de a comunidade ter dito não ao Escola sem Partido, um projeto que visa apenas ao bem de nossos bens mais preciosos, nossos filhos.

Nossa preocupação iniciou quando nosso filho comentou conosco sobre uma atividade da gincana: a troca de vestimentas entre meninos e meninas para uma suposta “conscientização” acerca do que chamam de “fobias”. Gostaríamos que entendessem que isso vai de encontro com as convicções e os valores que defendemos na nossa família: meninas devem se vestir como meninas e meninos como meninos! Alguns podem não concordar com nosso pensamento, mas alertamos também para o fato de que a exposição, em disciplina obrigatória e em atividades realizadas dentro da instituição escolar, de conteúdos que possam estar em conflito com as convicções morais dos estudantes ou de seus pais viola o artigo 12 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, segundo o qual "os pais têm

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A carta foi elaborada pelas pesquisadoras e foi baseada em textos reais, disponíveis em <http://www.escolasempartido.org/>. Acesso em 26 nov. 2016.

direito a que seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.".

Diante do exposto, queremos um posicionamento dos segmentos escolares, principalmente dos alunos, sobre a realização dessa atividade, pois acreditamos que outros adolescentes não estejam confortáveis com a situação. Desde já, deixamos claro que, caso a atividade seja mantida, baniremos a participação do nosso filho na gincana.

Atenciosamente, Seu Fulano e Dona Beltrana, pais do Sicrano.”.

Os alunos deveriam, a partir da leitura do enunciado apresentado, decidir sobre a suspensão ou não da atividade referida na carta e sobre uma possível resposta aos pais. Assim como nas oficinas anteriores, os participantes tinham três minutos para apresentar a sua deliberação e as justificativas que sustentavam sua decisão. A seguir, reproduzimos o texto de S05, que será analisado nesta seção:

(PTF de S05)

S05 - eu co/me colocando na posição dos pais... se no caso o meu filho chegasse e e se::/e me falasse (que) se sentiu desconfortável... com essa atividade... eu enTENdo a posição deles... mas o que eu acho que deveria ser feito... ahn... é a direção do colégio ou os alunos mesmo... conversar com os pais e falar "ó a gente vai fazer isso mas o teu filho não é obriGAdo a fazer isso"... porque se::/quando tem a obrigação daí é realmente ruim... porque... vai forçar ele a fazer uma coisa que ele não quer... MA::S se não houver essa obriGAção assim e a pessoa não se sentir bem em fazer isso e o pessoal aceitar bem... tipo "tá tudo bem se não quiser fazer não faz" eu acho que tá... tá correto eu acho que o ideal seria uma conversação entre as duas partes... entrar em acordo comum assim

[

PP55 - uma mediação

Antes de apresentarmos a análise, é preciso deixar claro que ela, assim como as anteriores, é pontual, já que sabemos que elementos além daqueles expressos na materialidade linguística influenciam (por exemplo: elementos extralinguísticos, paralinguísticos e cinésicos, além, é claro, de experiências anteriores de cada interlocutor). Comentamos isso,

pois a situação comunicativa que criamos, para a atividade de produção textual, assemelha-se muito a algo que realmente aconteceu com aqueles alunos, naquele ano e instituição escolar56.

Voltando à análise, tal como na produção textual anterior, analisamos que a PTF chegou ao terceiro nível no Quadro 21:

Quadro 21 - Análise da organização tópica da PTF de S05

PLANO NÍVEL ASSERTIVAS

H IE RÁRQ U ICO SUPERO RD E NA ÇÃO - > < -SUB O RD E NA ÇÃO SUB O RD E NAÇ ÃO

A produção é organizada a partir de um tópico abrangente (supertópico - ST) que recobre e delimita a porção do texto em que ele é focal (JUBRAN et al., 2002; JUBRAN, 2015).

1.A) A produção organiza-se a partir do tópico

definido pelo comando da atividade. X

1.B) A produção organiza-se a partir de um

tópico específico, que não o definido no comando da atividade, mas a ele relacionado.

1.C) A produção organiza-se a partir de um

tópico específico, que não o definido no comando da atividade, nem a ele relacionado.

Na organização da produção textual, constitui-se uma relação ST-SbT: o ST é dividido em tópicos coconstituintes (subtópicos, SbT), que se situam no mesmo nível na organização tópica (JUBRAN et al., 2002; JUBRAN, 2015).

2.A) O supertópico, a partir do qual a produção

é organizada, é dividido em um tópico a ele relacionado.

2.B) O supertópico, a partir do qual a produção

é organizada, é dividido em dois tópicos a ele relacionados.

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