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3. FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA

3.2. SUJEITOS DE PESQUISA

3.3.2. Sequência didática

Segundo mencionamos, de forma breve, no capítulo anterior, nossa configuração de ação foi baseada no esquema metodológico conhecido como sequência didática (SD), procedimento apresentado por Dolz, Schneuwly e Noverraz (2004), que se constitui em um conjunto de módulos organizados a partir de uma prática de linguagem o qual tem, como culminância, uma produção escrita ou oral (conforme Figura 3 a seguir).

Acreditamos que tal esquema é condizente com nosso aporte metodológico, a Pesquisa-Ação, pois uma das finalidades gerais da SD, apontadas pelos autores, é “preparar o aluno para dominar sua língua nas situações mais diversas da vida cotidiana, oferecendo-lhes instrumentos precisos, imediatamente eficazes, para melhorar suas capacidades de escrever e falar” (DOLZ, SCHNEUWLY E NOVERRAZ, 2004, p. 110). Há, portanto, uma preocupação com a transformação de aspectos observados no contexto em que se atua.

Figura 3 – Esquema da sequência didática

Fonte: Dolz; Schneuwly; Noverraz (2004, p. 98).

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Chamamos de professora pesquisadora, quando nos referimos aos encontros com os alunos, a aluna de Mestrado que dinamizou as atividades nas oficinas.

Dolz, Schneuwly e Noverraz (2004) comentam que a primeira etapa, Apresentação da

situação, tem, por objetivo, a apresentação e a descrição da tarefa que será realizada pelos

alunos. Propomos, entretanto, algumas modificações no esquema original, uma vez que a inserção deu-se em uma turma na qual a professora pesquisadora não era regente. Assim, acrescentamos duas etapas, Inserção da pesquisadora e Diagnóstico, antes de Apresentação

da situação, sendo nossa versão da SD composta por seis, e não mais por quatro etapas.

Salientamos que, caso a pesquisa tivesse uma continuidade a partir de outras sequências didáticas, tal acréscimo não seria necessário, uma vez que a professora já estaria inserida e teria um diagnóstico da turma.

Figura 4 - Configuração da SD adaptada pelas autoras desta dissertação

Fonte: adaptado pelas autoras desta dissertação a partir de Dolz, Schneuwly e Noverraz (2004, p. 98).

A etapa Inserção da pesquisadora englobou a observação da turma, a apresentação do projeto aos alunos, a aplicação do questionário diagnóstico38 (disponibilizado no Apêndice D, p. 141) e a entrega e o recolhimento dos termos (Termo de Assentimento e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, disponibilizados, respectivamente, nos Apêndices A, p. 129, e B, p. 133). Já a etapa Diagnóstico teve, por objetivo, a realização de uma primeira produção textual, a fim de que tivéssemos um parâmetro de análise anterior à exposição do projeto de comunicação que seria realizado.

Na Apresentação da situação, buscamos contemplar três tópicos, os quais julgamos relevantes em nossa ação e coerentes com a proposta de Dolz, Schneuwly e Noverraz (2004): produção textual na modalidade oral da língua, Máximas Conversacionais (Grice, 1982) e instrumento de análise. Os três autores alertam que devem ser distinguidas nessa etapa duas dimensões: o problema de comunicação e os conteúdos. Em nossas oficinas, buscamos

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Na seção a seguir, são apresentadas mais informações sobre este instrumento a fim de explicar o porquê de sua inserção neste estudo.

trabalhar com o problema de comunicação, primeira dimensão, a partir de escuta de textos e leitura e comparação de transcrições e retextualizações. Com a referência de outras produções, aproveitamos para discutir questões como gênero textual, produtor, interlocutor e forma da produção em relação à situação comunicativa que os alunos inserir-se-iam nas etapas seguintes. Essas atividades envolvendo outras produções textuais auxiliaram-nos também na abordagem dos conteúdos, segunda dimensão apontada por Dolz, Schneuwly e Noverraz (2004), uma vez que discutimos o processo de formulação de um texto a partir de conceitos teóricos como as Máximas Conversacionais e tópico discursivo. Apesar do nome desta etapa da SD parecer focalizar apenas uma das dimensões apontadas (problema de comunicação), ressaltamos que, neste ponto, os alunos também devem receber bastantes informações dos aspectos de linguagem imbricados no projeto de comunicação em curso para que a atividade seja significativa e (didaticamente) pertinente.

A Produção inicial é considerada, pelos autores, como a etapa reguladora da SD, isso porque os alunos conseguem perceber suas dificuldades, e o professor o que é preciso ser refinado para a continuidade do projeto de ensino. Com a inserção da etapa Diagnóstico, podemos propor, aos alunos, a análise comparativa, a partir dos instrumentos de análise que elaboramos, entre os textos produzidos na segunda e na quarta etapas. Assim, além do nosso olhar, contamos com o ponto de vista dos próprios produtores acerca dos avanços e dos retrocessos percebidos.

O esquema da SD permite que as fragilidades percebidas, em uma etapa anterior, possam ser trabalhadas e reajustadas nos Módulos. Essa etapa não tem número de atividade definido, pois seu desenvolvimento varia conforme a avaliação realizada nas etapas anteriores. Em nossa pesquisa, optamos por realizar quatro oficinas, já que julgamos, a partir do tempo disponível e da análise das oficinas anteriores, ser esse o número necessário para que trabalhássemos com os problemas identificados anteriormente.

Dolz, Schneuwly e Noverraz (2004) sugerem três tipos de atividades e exercícios que podem ser dinamizados nos Módulos: observação e análise de textos, tarefas simplificadas de produção de texto e elaboração de uma linguagem comum. No Quadro 6, ilustramos como as diferentes oficinas propostas, em nossa pesquisa, nesta quinta etapa, encaixam-se nesta divisão.

Quadro 6 – Tipos de atividades e exercícios desenvolvidos na etapa Módulos da SD

TIPOS DE ATIVIDADES E EXERCÍCIOS OFICINA

Observação e análise de textos - “[...] pôr em

evidência certos aspectos do funcionamento textual – constituem o ponto de referência indispensável a toda aprendizagem eficaz da expressão. Essas atividades podem ser realizadas a partir de um texto completo ou de uma parte de um texto; elas podem comparar vários textos de um mesmo gênero ou de gêneros diferentes etc.” (DOLZ, SCHNEUWLY E NOVERRAZ, 2004, p. 105)

Oficina 07 - Análise das