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I I A FÉ SALVADORA

IV O PODER SOBERANO DE DEUS

I. x., p 57ss., fala sobre algumas formas de poder humano.

2. AAANIFESTAÇÕES D O PODER DE DEUS

2.4. Na Vida de Jesus Cristo 1 Nascimento Virginal

2.5.4. As Baas Obras43’

Deus é quem nos capacita a fazer as boas obras. Sem ele nada podemos; somos totalmente incapazes de “frutificar”, de realizar o bem; somos inteira e absolutamente devedores ao poder gracioso de Deus (Jo 15.4-8; 2Co 3.5: Fp 2.13). Por isso nossa fé deve apoi­ ar-se no poder de Deus (ICo 2.4, 5).

425 Calvino, A i Instituías, III.20.46. De modo semelhante atentaram para este fato outros autores: K. Barth (1886-1968) escreveu: “Existe um inimigo superior, inevitável, a quem c totalmente impossível resistir se Deus não vem em nosso auxílio” (Karl Barth, La Oración, Buenos Aires, La Aurora, 1968, p. 86); D.M. Lloyd-Jones (1889-1981): “...Talvez a prova cabal do poder, da autoconfiança e da habilidade do diabo se ache no fato de que ele não hesitou em tentar e atacar até mesmo o Filho de Deus. Ele o abordou confiantemente, segu­ ro de si, pois havia derrotado todos os outros” (D.M. Lloyd-Jones, O Combale Cristão, São Paulo, P.E.S. 1991, p. 73). Em outro lugar Lloyd-Jones afirma: “O homem que ainda não descobriu o poder da tentação é o mais típico novato em questões espirituais. (...) O poder do inimigo contra nós só é inferior ao poder de Deus. Ele é mais poderoso que qualquer homem que jamais viveu; e os santos do Velho Testamento caíram diante dele” (D.M. Lloyd- Jones, Por Que Prosperam os ímpios?, São Paulo, PES 1983, pp. 16-17).

430J. Jeremias, O Pai-Nosso: A Oração do Senhor, São Paulo, Paulinas, 1976, p. 53. 431 Sobre este tópico, consulte: Hermisten M.P. Costa, A Salvação e as Boas Obras, São Paulo, 1990, 18.

IV - O Poder Soberano de Deus 159 2.5.5. No Cumprimento de Suas Promessas

Como temos dito, Deus sempre realiza o seu plano; não há cir­ cunstâncias que impossibilitem o cumprimento de suas promessas. Deus é o Senhor das promessas e das circunstâncias! “Porque para

Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas” (Lc 1.37.

Leia também Gn 18.14; Rm4.20, 21; Tt 1.2; IPe 3.9).

Isto traz consigo uma implicação prática referente às nossas ora­ ções: A Palavra de Deus é o manual de nossas orações. Devemos ser guiados não por nossos pensamentos ou por aquilo que julga­ mos deveria Deus nos conceder, mas, sim, por tudo aquilo que Deus nos promete. “As promessas de Deus contêm a matéria da oração e definem suas dimensões. Aquilo que Deus tem prometido, tudo quanto ele tem prometido, e nada mais, sobre isso podemos orar.”432

2.5.6. O Testemunho

A Missão da Igreja inspira-se e fundamenta-se no exemplo Tri- nitário. O Pai envia seu Filho (Jo 3.16), ambos enviam o Espírito à Igreja (Jo 14.26; 15.26; G14.6), habitando em nossos corações (Rm 8.9-11, 14-16); e nós somos enviados pelo Filho, sendo guiados pelo Espírito de Cristo (Jo 17.18; 20.21).

A Igreja de Deus é identificada e caracterizada pela genuína pregação da Palavra. A Igreja, em sua proclamação, revela o que ela é: nós somos identificados não simplesmente pelo que dizemos a nosso respeito, mas principal e fundamentalmente pelo que reve­ lamos em nossos atos. A Igreja revela-se como povo de Deus em seu testemunho a respeito de Deus e de sua glória manifestada em Cristo, bem como na declaração do pecado humano e da necessida­ de de reconciliação com Deus. A Igreja não é a mensagem; antes é o meio de proclamação; todavia, neste ato de proclamação das virtu­

432 A.W. Pink, Enriquecendo-se com a Bíblia, São Paulo, Fiel, 1979, p. 47. Lloyd Jones nos diz: “Nada revela tanto o caráter de nossa fé como o que faremos depois de havermos orado. Os homens de fé não somente oraram, mas esperaram respostas às suas orações. Às vezes oramos a Deus numa hora de pânico: depois, passado esse momento, esquecemo-nos do que pedimos. A esperança da resposta é o teste de nossa fé” (D.Martyn Lloyd-Jones, Do

des de Deus ela torna patente sua identidade divina, demonstrando o poder daquilo que ela testemunha, visto ser a Igreja o monumento da Graça e Misericórdia de Deus, constituído a partir da Palavra criadora de Deus. É justamente por isso que “a pregação é uma tarefa que somente ela pode realizar”.433

“Som ente quando a Palavra de Deus é pregada, de acordo com as Escri­ turas, ali é ouvida a voz do Bom Pastor, cham ando suas ovelhas pelo nome (...) Q uando a Palavra não é pregada, ati Cristo não fala sua Palavra de salvação, e ali não está reunida a Igreja.”434

O Espírito capacita a Igreja a cumprir o que Jesus lhe ordenou. Isso ele faz concedendo-lhe poder (At 1.8; 4.8-13, 31). Somente o Espírito pode capacitar a Igreja a desempenhar de forma eficaz seu Ministério. O texto de At 1.8 resume bem o conteúdo do Livro de Atos:435 A Igreja testemunha no poder do Espírito de Jesus (At 16.7). “O poder do Espírito Santo é sua capacidade de ligar os homens ao Cristo ressurreto de tal maneira que sejam capacitados a represen­ tá-lo. Não há nenhuma bênção mais sublime.”436 Como bem obser­ va Stott, do mesmo modo que o Espírito veio sobre Jesus, equipan­ do-o para seu Ministério público, o Espírito deveria vir sobre seu povo, capacitando-o para seu serviço.437 Por isso que, “sem o poder do Espírito Santo a evangelização é impossível.”438 No Pentecoste se concretiza historicamente a capacitação da Igreja para sua mis­ são no mundo; o Pentecoste revela o caráter missionário da Igreja, tornando cada crente uma testemunha de Cristo. “Pentecoste signi­ fica evangelismo”.439

4,3 D.M. Martyn-Lloyd Jones, Pregação e Pregadores, São Paulo, Fiel, 1984, p. 23. 414 Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics, 3“ ed. Grand Rapids, Michigan, Reformed Publishing Association, 1976, p. 621.

435 Outros chamam At 1.8 de “índice” do Livro (cf. John R.W. Stott, A Mensagem de

Atos: até os confins da terra, São Paulo, ABU, 1994, p. 42).

436 Frederick D. Bruner, Teologia do Espírito Santo, p. 129.

437 Vd. John R.W. Stott, A Mensagem de Atos: até os confins da terra, p. 38.

438 John R.W. Stott, Crer é também Pensar, São Paulo, ABU, 1984 (2a impressão), p. 49. 439R.B. Kuiper, El Cuerpo Glorioso de Cristo, Grand Rapids, Michigan, SLC., 1985, p.

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A Igreja é uma testemunha comissionada pelo próprio Deus, para narrar seus atos gloriosos e salvadores. A igreja é “o agente por excelência para a evangelização”.440 Assim, sua mensagem não foi recebida de terceiros, mas, sim, diretamente de Deus, através da Palavra do Espírito, registrada nas Sagradas Escrituras. A Igreja declara ao mundo, o “Evangelho do Reino”, visto e experimentado por ela em sua cotidianidade. “A Igreja e o evangelho são insepará­ veis (...). A Igreja é tanto o fruto como o agente do evangelho, visto que por meio do evangelho a igreja se desenvolve e por meio desta se propaga aquele.”4410 testemunho da Igreja é resultado de uma experiência pessoal: O Espírito dá testemunho do Filho, porque ele procede do Pai e do Filho (Jo 14.26; 15.26; G1 4.6); nós damos testemunho do Pai, do Filho e do Espírito, porque os conhecemos e temos o Espírito em nós (Jo 15.26,27; 14.23; Rm 8.9). Nossa tarefa é ensinar o evangelho tal qual registrado nas Escrituras, em submis­ são ao Espírito que nos dá compreensão na e através da Palavra (SI 119.18).

Encontramos exemplos deste testemunho em Estêvão que falava cheio do Espírito Santo (At 6.10; 7.55); em Paulo que, após receber o Espírito no ato de sua conversão, passou a pregar que Jesus era o Filho de Deus (At 9.17-20; 13.9-12); e também em Barnabé, em seu breve, porém profícuo, ministério em Antioquia (At 11.21-25).

O poder do Espírito não significa simplesmente uma vitória so­ bre as dificuldades, antes ele nos fala do triunfo, mesmo quando a derrota nos parece evidente. Assim, Estêvão testemunhou no poder do Espírito e foi apedrejado; Paulo cumpriu seu ministério sob a direção do Espírito e foi preso e martirizado. Estes exemplos, que não são isolados, nos falam de uma aparente derrota e frustração, todavia é apenas uma falsa percepção dos fatos. O poder do Espíri­ to é a capacitação para levar adiante a mensagem de Cristo, mesmo que isto nos custe o mais alto preço do testemunho, que é o martí­ rio. A Igreja no poder do Espírito declara solene e corajosamente:

440 R.B. Kuiper, El Cuerpo Glorioso de Cristo, p. 220.

441 John R.W. Stott & Basil Meeking, editores, Dialogo Sobre La Mision, Grand Rapids, Michigan, Nueva Creación, 1988, p. 62.

“Nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos”

(At 4.20). “Antes importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29). “Estou pronto não só para ser preso, mas até para morrer em

Jerusalém, pelo nome do Senhor Jesus” (At 21.13).

A Igreja tem com muita freqüência se distanciado daquilo que a caracteriza: a pregação da Palavra. Ela tem feito discursos políti­ cos, sociais, ecológicos etc.; todavia, tem se esquecido de sua prio­ ridade essencial: pregar a Palavra a fim de que os homens se arre­ pendam e sejam batizados, ingressando assim na Igreja. Com isso não estamos defendendo um total distanciamento da Igreja do que ocorre na História, pelo contrário, a Igreja deve agir de forma evi­ dente e efetiva na História; acontece que ela age de forma eficaz não com discursos rotineiros a respeito da pobreza, da violência e do desmatamento, mas, sim, na proclamação do evangelho de Cris­ to, que é o poder de Deus para a transformação de todos os que crêem (Rm 1.16-17).442

“A Igreja declara que a relação se restabeleceu entre Deus e o homem, pela Palavra criadora de Deus. Eis uma declaração que inquieta o mundo; eis um a declaração que provoca a fúria homicida do m undo em agonia, contra a Igreja imortal, o que tantas vezes faz da testem unha, mártir; e da R evelação a João, a tela de horrores apocalípticos, onde a besta desespera- da tenta em vão destruir a Igreja. M as a Igreja há de dar testem unho: não pode fugir à vocação de seu ser.

“A Igreja é a com unidade de seres hum anos organizada pela presença perm anente do Espírito Santo (...) conservada no m undo para ser teste­ m unha de Cristo por meio da Palavra de D eus.”443

Por isso a Igreja, como testemunha, não tem o direito nem realmente deseja optar se deve ou não dar seu testemunho, nem a quem deve testemunhar: Ela de fato não pode calar-se, do mesmo modo que não podemos deixar de respirar... A Igreja não pode deixar de dar testemunho, visto que ela “não pode fugir à vocação

442 Veja-se, Hermisten M.P. Costa, A.v Questões Sociais e a Teologia Contemporânea, São Paulo, 1986, p. 15.

443 Boanerges Ribeiro, O Senhor que Se Fez Servo, São Paulo, O Semeador, 1989, pp. 42-43.

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de seu próprio ser”444 (At 1.8; 4.8-13; 6.10; 7.55; 9.17-20; 11.21 -25; 13.9-12).

Como Igreja, somos levados sob a direção do Espírito, de forma irreversível, a testemunhar sobre a realidade de Cristo e do poder de sua graça. “Viver segundo a direção do Espírito é viver na força do Espírito (...). A única maneira pela qual podemos viver pela for­ ça do Espírito é mantendo comunhão com ele.”445

Desta forma, devemos ter consciência de que nosso trabalho depende inteiramente do Espírito da Graça de Deus: Sem a opera­ ção do Espírito da Graça, toda nossa reflexão, todo nosso esforço, todos nossos métodos, toda nossa oratória e capacidade de persua­ são serão vãos. O poder do evangelho está no conteúdo de sua men­ sagem, que só é compreendido pela ação do Espírito (Hb 10.29; ICo 1.17; 2Co 2.1-5; lTs 1.5; ICo 3.1-9).