• Nenhum resultado encontrado

EFEITOS DA FÉ SALVADORA 1 N ossa Salvação

I I A FÉ SALVADORA

L. Berkhof (1873-1957) assim coloca a questão:

6. EFEITOS DA FÉ SALVADORA 1 N ossa Salvação

Mais uma vez enfatizamos a relação entre eleição e fé. Deus nos elegeu na eternidade, não porque um dia teríamos fé; mas, sim,

para que tivéssemos fé: Sem a graça de Deus não haveria fé.354 A fé

é essencial à salvação, como uma evidência de nossa eleição: Só os que crêem serão salvos; só os eleitos crêem! (lTs 1.3, 4; 2Ts 2.13; Tt 1.1). A fé não tem méritos salvadores; ela é apenas o instrumento gracioso de Deus para a apropriação da salvação preparada pelo Trino Deus para seu povo escolhido (Lc 8.12; At 16.31; ICo 1.21; Ef 2.8; 2Ts 2.13).

“Eu não me apresento - escreveu Schaeffer - presunçosam ente pensan­ do que posso salvar a mim mesmo, mas entregando-me ao trabalho com ­ pleto de Cristo e às promessas escritas de Deus. M inha fé é simplesmente as m ãos vazias com as quais aceito a dádiva de D eus.”155

Os tópicos que se seguem estão relacionados diretamente com nossa salvação; vamos destacá-los apenas para que possamos ter uma visão mais rica das bênçãos de Deus decorrentes da fé, que ele mesmo produziu em nós.

6.2. Recepção do Espírito Santo, Sendo Selados por Ele

Todos os crentes èm Cristo recebem o Espírito Santo, sendo ele mesmo a garantia de nossa salvação (Jo 7.38, 39; G1 3.14; Ef 1.13; 4.30).

354 “É pela fé que nos apropriamos da graça de Deus, a qual está oculta e é desconhecida do entendimento carnal” [J. Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1 (SI 13.5), p. 267],

6.3. Tornamo-nos Filhos e Herdeiros de Deus

Pela fé todos nós nos tornamos filhos de Deus, passando a ser guiados pelo Espírito (Jo 1.12; Rm 8.14-17; G1 3.26).

6.4. Perdão dos Pecados

O perdão que nos vem absolutamente gratuito custou o precioso sangue de Cristo, o Cordeiro sem mácula. Pela fé em Cristo, medi­ ante nosso arrependimento, somos perdoados por Cristo Jesus (Mc 2.5; At 10.43).

6 .5 . Justificação

Somos declarados justos pela justiça de Cristo. A justificação nos transfere de uma condição de condenados para a de herdeiros de Deus (Jo 3.18; At 13.39; Rm 3.28, 30; 5.1; G1 2.16; 3.24; Rm 8.1, 7).356Na regeneração recebemos um coração novo, com uma santa disposição; na justificação Deus nos declara justos, perdoan­ do todos os nossos pecados, cujo preço foi pago definitivamente por Cristo; por isso, já não há nenhuma condenação sobre nós; esta­ mos em paz com Deus amparados pela justiça de Cristo (vd. Rm 5.1; 8.1, 31-33). O preço de nossa justificação, para nós gratuita, foi o sangue de Cristo Jesus.357

Nossa justificação é pela graça mediante a fé (G1 3.11; Fp 3.9; Tt 3.4-7) “...A fé é o instrumento pelo qual o pecador recebe e apli­ ca a si tanto Cristo como sua justiça.”358

6.6. Passamos da Morte para a Vida; das Trevas para a Luz

Deus nos salvou do domínio do pecado para ele mesmo (Jo 5.24; 12.46; Ef 2.1; 5.8).

356 Cf. J.l. Packer, O Conhecimento de Deus, São Paulo, Mundo Cristão, 1980, p. 121 357 Vd. J.l. Packer, O Conhecimento de Deus, p. 121.

II - A Fé Salvadora 125 6.7. Certeza da Vida Eterna

“A fé não se satisfaz com probabilidades, mas com a plena verdade.”359 Deus nos garante já nesta vida a certeza de que temos a vida eterna. “Os santos no céu são mais felizes que os crentes aqui na terra, porém sua salvação não é mais segura que a destes últimos”360 (Jo3.13-18, 36;6.40,47; 11.25,26; lTm4.16; lJo5.13).

6.8. A Intercessão Eficaz de Jesus e do Espírito

O Espírito ora conosco e por nós; ele, juntamente com Cristo, em esferas diferentes, intercede por nós; “Cristo intercede por nós no céu, e o Espírito Santo, na terra. Cristo, nosso Santo Cabeça, estando ausente de nós, intercede fora de nós; o Espírito Santo, nosso Consolador, intercede em nosso próprio coração quando ele o santifica como seu templo”, contrasta Kuyper (1837-1920).361

A intercessão de Cristo respalda-se em seus merecimentos, ob­ tendo para seus eleitos os frutos de sua obra expiatória.362 O Espíri­ to intercede por nós, considerando nossas necessidades vitais e cos- tumeiramente imperceptíveis aos nossos próprios olhos, e também intercede em nós, aplicando a Palavra de Deus, nos ensinando a orar em consonância com a vontade de Deus (Jo 17.9, 20; Rm 8.26, 27, 34; Hb 7. 25; lJo 2.1).363

6.9. Santificação

Somos santos em santificação. A glorificação futura será a con-

559 João Calvino, As Pastorais (Tt J. 1), p. 299.

360 Loraine Boettner, La Predestinación, Michigan, SLC (s.d.), p. 156.

3lil Abraham Kuyper, The Work ofthe Holy Spirit, Chattanooga, AMG. Publishers, 1995, p. 670.

m “Não temos como medir esta intercessão pelo nosso critério carnal, pois não podemos

pensar no Intercessor como humilde suplicante diante do Pai, com os joelhos genuflexos e com as mãos estendidas. Cristo, contudo, com razão intercede por nós, visto que comparece continuamente diante do Pai, como morto e rcssurreto, que assume a posição de eterno intercessor, defendendo-nos com eficácia e vívida oração para reconciliar-nos com o Pai c levá-lo a ouvir-nos com prontidão” [J. Calvino, Exposição de Romanos, São Paulo, Para- kletos, 1996 (8.34), p. 304],

363 Vd. Hermisten M.P. Costa, A Pessoa e Obra do Espírito Santo, São Paulo, 2000,

sumação da santificação iniciada pela fé a partir de nossa regenera­ ção (At 26.18; 2Ts 2.13).

A santificação é um processo que não encontra sua perfeição nes­ ta vida. Sua conclusão se dará em nossa glorificação futura, quando Deus completar sua obra iniciada em nós (Rm 8.29-30: Fp 1.6). To­ davia, a perspectiva do encontro com Cristo, quando ele regressar em glória, deve nos motivar hoje, solicitamente, à santificação, a fim de vivermos em santidade em sua presença, puros como ele é puro.

A santidade perfeita no céu encontra seus primórdios na vida dos eleitos aqui na terra. “Amados, agora somos filhos de Deus, e

ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quan­ do ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque havemos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele épuro” (lJo 3.2-3).

Cristo morreu por nós para que ele nos apresentasse “a si mes­

mo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.27). Dentro desta perspectiva, a

Igreja procura viver de forma santa, para encontrar-se com Cristo, conforme seu propósito sacrificial. “Teremos de ser santos antes de morrer, se quisermos ser santos quando estivermos na glória”.364

O desejo da Igreja deve ser de encontrar-se com Cristo de forma íntegra e irrepreensível; por isso a Igreja é chamada a viver hoje na presença de Deus, estando sempre preparada para seu encontro fi­ nal e jubiloso com o Senhor Jesus; este era o alvo da intercessão de Paulo, conforme vimos (lTs 5.23).

Jesus Cristo, que se santificou pela Igreja e que se entregou por ela, exerce seu poder para apresentá-la a si mesmo com alegria, uma Igreja irrepreensível, diante do escrutínio de sua glória. O após­ tolo Judas encerra sua epístola com uma doxologia, cuja primeira parte nos diz: “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de

tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante de sua glória” (Jd 24; vd. Ef 5.25-27).

II - A Fé Salvadora 127

Nosso padrão de santidade não é um simples “melhoramento” diante dos padrões humanos, mas, sim, sermos conforme Cristo: Fo­ mos eleitos para Cristo a fim de sermos “conformes à imagem” dele; portanto devemos ser seus imitadores, seguindo suas pegadas (vd. Rm 8.28-30; Jo 13.15; 2Co 3.18; Ef 4.32; 5.1-2; Fp 2.5-8; 2Ts 2.13; IPe ]. 13-16; 2.21). “A santidade não é negativa, é positiva; é ser como Deus (...). A santidade não significa simplesmente obter vitó­ ria sobre pecados particulares. É ser como Deus, que é santo.”365

6 .1 0 . Paz e Alegria

Agora já não há condenação para nós que estamos, pela fé, em Cristo Jesus: estamos em paz com Deus. A alegria espiritual é o resultado de nossa comunhão com Deus (Rm 5.1; IPe 1.6-9).366“A alegria do Espírito é inseparável da fé”, afirmou corretamente Cal- vino.367