• Nenhum resultado encontrado

A Igreja e os benefícios que Deus nos tem concedido A Inspiração e Inerrância Bíblica238 são verdades fundamentais

I A INSPIRAÇÃO E INERRÂNCIA DAS ESCRITURAS

4) A Igreja e os benefícios que Deus nos tem concedido A Inspiração e Inerrância Bíblica238 são verdades fundamentais

231 Vd. J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, p. 15ss.; J. Ratzinger, Introdução ao

Cristianismo, São Paulo, Herder, 1970, pp. 17-18.

234 Cf. Philip Schaff, The Creeds of Christendom, Vol. 1, p. 17; O.G. Oliver, Jr., Credo dos Apóstolos: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Vol. 1, p. 363.

235 Cf. Jack B. Rogers, Creeds and Confessions: In: Donald K. McKim, ed. Encyclopedia

of the Reformed Faith, Louisville, Kentucky, Westminster/John Knox Press, 1992, p. 91.

236 Philip Schaff, The Creeds of Christendom, Vol. I, p. 14.

237 Vd. Catecismo de la lglesia de Ginebra: In: Catecismos de la Iglesia Reformada, La Aurora, Buenos Aires, 1962, Pergunta 186, p. 32.

238 “Inerrância” tem neste ensaio o mesmo sentido de “infalibilidade” conforme sempre foi usado pelos protestantes evangélicos (vd. Jack Rogers, Inerrancy: In: Donald W. Musser & Joseph L. Price, eds. A New Handbook o f Christian Theology, Nashville, Abingdon Press, 1992, p. 254. Vd. também: D.S. Carson, Recent Developments in the Doctrine of Scripture: In: D.A. Carson & John D. Woodbrigde, eds. Hermeneutics, Authority and Ca­

non, Grand Rapids, Michigan, Zondervan, 1986, p. 25ss.; Kenneth S. Kantzer, Os Evangé­

licos e a Doutrina da Inerrância: In; James M. Boice, ed. O Alicerce eta Autoridade Bíblica, São Paulo, Vida Nova, 1982, pp.' 177-178.

I - A Inspiração e Inerrância das Escrituras 79

da fé cristã, das quais depende toda a nossa formulação teológica. Estas verdades permeiam toda a História da Igreja. É pura ingenui­ dade supor que o ensino destas doutrinas seja algo novo, posterior à Reforma, resultante da Ortodoxia do século XVII ou fruto do “funda- mentalismo” do século XX.239 Na realidade, Jesus Cristo e os após­ tolos em nenhum momento sugeriram qualquer “engano”, “equívo­ co” ou “contradição” nas páginas do Antigo Testamento; os Pais da Igreja, os Reformadores240 e os cristãos em geral - inclusive os Católicos241 até o Vaticano II (1962-1965)242 -, jamais creditaram à Bíblia qualquer tipo de erro. A Inspiração e a Inerrância das Escri­ turas são verdades que fazem parte do “Antigo Evangelho” procla­ mado por Jesus Cristo, os apóstolos, os Reformadores, Francis Tur- retin (1623-1687), Archibald Alexander (1772-1851); Charles Hodge (1797-1878); Archibald A. Hodge (1823-1886), B.B. Warfield

239 Conforme sugere Karen Armstrong (ver Karen Armstrong, Em Nome de Deus: o

fundamentalismo no judaísmo, no cristianismo e no islamismo, São Paulo, Companhia das

Letras, 2001, p. 199).

M0Timothy George observa que, “Todos os reformadores estavam convencidos daquilo que Zuínglio chamou de a ‘clareza e certeza da Palavra de D eus’. Embora acolhessem entusiasticamente os esforços dos eruditos humanistas, tais como Erasmo, por recuperar o primeiro texto bíblico e submetê-lo a uma rigorosa análise filológica, eles não viam a Bí­ blia meramente como um livro entre muitos outros. Eles eram irrestritos em sua aceitação da Bíblia como a única e divinamente inspirada Palavra do Senhor” (Timothy George,

Teologia dos Reformadores, São Paulo, Vida Nova, 1994, p. 312).

241 Mais uma vez encontramos uma descrição objetiva da questão em George: “No século XVI, a inspiração c a autoridade das Escrituras Sagradas não eram um ponto de debate entre católicos e protestantes. Todos os reformadores, até mesmo os radicais, aceitavam a origem divina e o caráter infalível da Bíblia. A questão que surgiu na Reforma foi sobre o modo como a autoridade divinamente comprovada das Escrituras Sagradas estava relacio­ nada à autoridade da igreja e da tradição eclesiástica (católicos romanos), por um lado, e ao poder da experiência pessoal (espiritualistas), pelo outro” (T. George, Teologia dos Refor­

madores, p. 312).

242 O Concílio Vaticano II declarou o seguinte: “Deve-se professar que os livros da Escri­ tura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus em vista da nossa salvação quis fosse consignada nas Sagradas Escrituras” (Compêndio do Vaticano II, 5a ed. Petrópolis, RJ, Vozes (1971), II.3.11. § 179, p. 129). Todavia, J.J. Packer observa com acuidade que esta assertiva “foi redigida com o propósito de funcionar como buraco no dique da inerrância bíblica, e é certamente assim que os teólogos católicos romanos a partir do Vaticano 11 têm feito uso desta afirmação” (J.l. Packer, Confrontando os Conceitos dos Nossos Dias Acerca da Escritura: In: James M. Boice, ed. O Alicerce da Autoridade Bíbli­

ca, p. 83. Veja-se, por exemplo, De Fraine, Inspiração: In: A. Van Den Born, redator, Dici­ onário Enciclopédico da Bíblia, 2“ ed. Petrópolis, RJ, Vozes, 1977, seção IV, p. 734).

(1851-1921); J.G. Machen (1881-1937), Louis Berkhof (1873-1957), David M. Lloyd-Jones (1899-1981), J.I. Packer, e tantos outros.243

Estamos convencidos de que um dos problemas fundamentais entre os cristãos do século XX está na aceitação teórica (confessional) e prática (vivencial) da Bíblia como Palavra autoritativa, inerrante e infalível de Deus. Uma visão relapsa deste ponto determina o fra­ casso teológico e espiritual da Igreja. “Uma compreensão certa da inspiração e da revelação é essencial para se distinguir entre a voz de Deus e a voz do homem”, observa corretamente MacArthur.244

É justamente devido ao fato de muitos cristãos terem negado de modo confessional e/ou vivencial a inspiração e inerrância das Es­ crituras que tem havido tantas heresias em toda a história do Cristia­ nismo. Este desvio teológico, acerca destas doutrinas, tem contribuí­ do de forma acentuada para que os homens não mais discirnam a Palavra de Deus e, por isso, não possam gozar da sua operação eficaz levada a efeito pelo Espírito (Cf. 1Ts2.13;Jo 17.17), caindo assim na

“rampa escorregadia”245 da negação de outras doutrinas.

Entendo ainda que qualquer diálogo teológico produtivo deve começar tendo a inerrância bíblica como um pressuposto essencial. Fora disso, sinceramente, não creio que possa haver um colóquio satisfatório, edificante e esclarecedor; comecemos, pois, pela Ins­

243 Vd. R. Laird Harris, lnspiration and Canonicity ofthe Scriptures, Greenville, SC. A. Press, 1995, pp. 55-64; John H. Gerstner, A Doutrina da Igreja Sobre a Inspiração Bíblica: In: James M. Boice, ed. O Alicerce da Autoridade Bíblica, p. 25ss.

244 John F. MacArthur, Os Carismáticos, São Paulo, Fiel, 1981, p. 19. Vd. também, J.I. Packer, Confrontando os Conceitos dos Nossos Dias Acerca da Escritura: In: James M. Boice, ed. O Alicerce da Autoridade Bíblica, pp. 76-77.

245 Vd. J.I. Packer, Confrontando os Conceitos dos Nossos Dias Acerca da Escritura: In: James M. Boice, ed. O Alicerce da Autoridade Bíblica, pp. 76, 77, 88, 89. P.D. Feinberg, Bíblia, Inerrância e infalibilidade da Bíblia: In: Walter A, Elwell, ed. Enciclopédia Históri-

co-Teológica da Igreja, Vol. I, pp. 182-183. Agostinho (354-430), que na questão do Cânon

nem sempre foi dos mais lúcidos, raciocina de forma lógica e objetiva sobre a questão da inerrância, dizendo: “Numa autoridade tão alta (i.é, a Escritura), a admitir uma só mentira oficiosa não deixará sobrar uma só passagem daquelas que parecem difíceis para praticar ou crer que, segundo a mesma regra altamente perniciosa, não possa ser explicada como mentira feita pelo autor deliberadamente para servir a algum propósito...” (Apud J.I. Pa­ cker, Confrontando os Conceitos dos Nossos Dias Acerca da Escritura: In: James M. Boice, ed. O Alicerce da Autoridade Bíblica, p. 88).

I - A Inspiração e Inerrância das Escrituras 81

piração e Inerrância das Escrituras, entendendo que a Inerrância e a Infalibilidade da Bíblia são decorrentes da sua Inspiração.246

1. A N ECESSID AD E DAS ESCRITURAS