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4. RESULTADOS E ANÁLISES

4.1 O QUE SE LÊ – ANÁLISE DOS DOCUMENTOS

4.1.2 A formação dos professores nos documentos do Pacto Nacional pela

4.1.2.2 As estratégias recomendadas para a formação dos professores

O documento reverencia o professor alfabetizador como profissional capaz de pensar e agir em sala de aula. Dessa forma, defende a ideia de que formação continuada não é um espaço de “treinamento no qual se ensinam técnicas gerais a serem reproduzidas” (BRASIL, 2012, p. 27), mas como espaço de estímulo para pensar novas possibilidades de atuação no espaço escolar e nas estratégias de ensino. O incentivo vem de diversas ações, que devem permear os encontros de formação do Pacto. Nesse sentido se orienta que formadores e orientadores de estudos planejem suas ações destacando aspectos que potencializem “a autoestima e as habilidades sociais por meio de situações que necessitem o desenvolvimento de cordialidades, gentilezas e solidariedades” (BRASIL, 2012, p. 28), que favoreçam a troca de informações entre os professores, incentivem a reflexão crítica da prática, favoreçam a partilha das boas práticas, assegurem a discussão de exemplos dessas práticas, que valorizem as experiências de sala de aula. Outra estratégia de formação sugerida no documento é que formadores e orientadores de estudos tragam para os encontros outros materiais de leitura que complementem os estudos dos cadernos de formação (BRASIL, 2012).

O documento (BRASIL, 2012) apresenta algumas estratégias de desenvolvimento para atender os princípios destacados acima.

a) A leitura deleite, que oferece um momento de leitura por puro prazer e favorece o contato com textos literários;

b) As tarefas de casa e escola, que favorece a continuidade da formação a partir dos encontros presenciais;

c) O estudo dirigido de textos contidos nos cadernos de formação que ampliam o conhecimento de questões específicas do processo de alfabetização;

d) O planejamento de atividades a serem realizadas nas aulas seguintes ao encontro, momento em que o professor pode planejar coletivamente algumas práticas para trabalhar com seus alunos;

e) A socialização de memórias, que podem ser de momentos vividos pelos professores como alunos ou como profissionais e que podem ou não ter relação com o tema em estudo;

f) O vídeo em debate, que podem ser de programas de entrevistas, cenas de sala de aula relativa ao tema em estudo;

g) As análises de situações de sala de aula filmadas ou registradas, que permite ao professor visualizar o trabalho dos colegas de formação;

g) A análise de atividades de alunos, que permitem visualizar as hipóteses dos alunos a respeito de um tema em estudo para discutir possíveis encaminhamentos na prática do professor;

i) A análise de relatos de rotinas, sequências didáticas, projetos didáticos e de

planejamentos de aulas que possibilitam a reflexão coletiva e sugestões para pensar

estratégias didáticas;

j) A análise de recursos didáticos que estimule o uso dos materiais distribuídos pelo MEC e os adquiridos pelas escolas;

k) A exposição dialogada que valoriza o trabalho e o conhecimento do professor; l) A elaboração de instrumentos de avaliação e discussão de seus resultados, para que o professor veja o que o aluno é capaz de fazer e planeja sua ação a partir dessa avaliação.

Por fim, o documento enfatiza a necessidade a realização de uma avaliação da

formação, para que o formador e orientador de estudos possam planejar os próximos

encontros, melhorando nos aspectos considerados pelos professores em formação.

Das estratégias relatadas no documento do programa analisado, algumas servem de canal para trazer os saberes experienciais dos professores alfabetizadores para os encontros de formação. Entre elas está a socialização dos saberes, as análises de situações de sala de aula e os relatos de rotinas, sequências didáticas, projetos didáticos e planejamentos. As estratégias permitem que os professores socializem saberes construídos na prática pedagógica e expõem suas formas de conduzir a alfabetização. No entanto, os princípios, que almejam trazer o

professor alfabetizador à participação ativa no processo de formação, dão maior ênfase à prática da reflexividade sobre os saberes da experiência do professor e, principalmente sobre o saber-fazer, do que propriamente valorizar os saberes da experiência dos professores como um saber constituído.

4.1.2.3 A avaliação para o ciclo de alfabetização no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa

A avaliação escolar é um dos eixos estruturantes do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (BRASIL, 2012). O documento de apresentação do Pacto já ressalta que a avaliação deve possuir ação intencional e acompanhar o cotidiano da escola, os vários sujeitos que a compõem, como equipe de profissionais, os alunos e, de modo especial, os professores.

Particularmente, os documentos analisados (BRASIL, 2012; BRASIL, 2012v) apresentam a avaliação como um instrumento permanente e formativo, isto é, precisa acontecer no dia-a-dia, referindo-se aos cuidados e observações contínuas do professor para que os alunos efetivamente aprendam. Diz respeito à avaliação que se realiza como ação inerente ao próprio processo de ensinar e de aprender, e que é competência e responsabilidade do professor.

Os documentos expõem o caráter diagnóstico da avaliação. O caderno de apresentação sugere a Provinha Brasil como um instrumento diagnóstico, que possibilita ao professor organizar o planejamento de acordo com as necessidades da turma. O documento

Avaliação no ciclo de alfabetização: reflexões e sugestões (BRASIL, 2012v) também indica a

Provinha Brasil, porém sugere aos professores que utilizem outras estratégias de avaliação, já que esse instrumento avaliativo não contempla os “diferentes eixos do ensino” (BRASIL, 2012x, p.8) como a oralidade e a produção textual.

No mesmo documento é enfatizado que “é preciso ter clareza de que não são apenas as crianças que devem ser avaliadas no processo educativo. É preciso avaliar o sistema de ensino, o currículo, a escola, o professor e os próprios processos de avaliação” (BRASIL, 2012v, p. 10). Explica que a avaliação em larga escala permite se ter uma visão do que ocorre no país ou numa rede de ensino especificamente e que serve para orientar políticas públicas para a educação, pensar a formação de professores, e para projetar recursos didáticos para as escolas públicas do país.

Em relação à avaliação da escola, o documento Avaliação no ciclo de alfabetização:

reflexões e sugestões alerta para o impacto que a organização escolar tem na aprendizagem

dos alunos. Afirma que o planejamento deve ser coletivo e que as ações devem ser pensadas, considerando as necessidades dos alunos e da comunidade escolar. Dessa forma, o planejamento de ações e o monitoramento e avaliação sobre o Projeto Político Pedagógico da escola deve ser permanente, para atender os objetivos do ensino.

Outro aspecto apresentado pelos documentos do PNAIC se refere à avaliação do professor, particularmente no documento Avaliação no ciclo de alfabetização: reflexões e

sugestões. Segundo esse documento, ele não é o único, mas o principal responsável pela

aprendizagem dos alunos. O documento enfatiza que o resultado das aprendizagens das crianças se constitui num bom parâmetro para o professor avaliar seu próprio desempenho e procurar de alguma forma rever a prática, e que isso se dá no dia a dia da sala de aula, na observação direta das aprendizagens dos alunos, por meio de atividades avaliativas. Afirma que as avaliações em larga escala não possibilitam esse olhar para as particularidades de aprendizagens dos alunos, que somente o professor tem a visão dos avanços e do que o aluno ainda precisa aprender.

No entanto, o documento oferece sugestões de instrumentos de avaliação nos eixos da leitura, produção de texto, oralidade, sistema de escrita alfabética e ortografia para os três anos do ciclo de alfabetização. Oferece também sugestões de registros de avaliação considerando os diferentes eixos de ensino, para dar suporte ao professor no acompanhamento das aprendizagens. Porém, procura esclarecer que as sugestões apresentadas servem de parâmetro para o professor alfabetizador pensar outras possibilidades de avaliação de seus alunos.

Em síntese, a leitura desse documento indica que: a) os professores alfabetizadores possuem um saber experiencial que lhe dá suporte no processo avaliativo da alfabetização e da adaptação pedagógica; b) o professor alfabetizador é o principal responsável pela aprendizagem e avaliação do aluno. No entanto, o documento enfatiza a necessidade de se utilizar um instrumento formal de avaliação, como os sugeridos no documento, que lhe mostre de forma efetiva o nível de aprendizagem da criança e o que ainda é necessário ensinar.