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O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa no contexto da formação

4. RESULTADOS E ANÁLISES

4.1 O QUE SE LÊ – ANÁLISE DOS DOCUMENTOS

4.1.1 Os programas de formação de professores alfabetizadores

4.1.1.2 O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa no contexto da formação

O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um programa do Ministério da Educação, realizado por meio da Secretaria de Educação Básica, instituído pela Portaria nº 867, de 4 de julho de 2012. O Programa se configura como um compromisso assumido entre o governo federal, estados e municípios que pretende alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do Ensino Fundamental. Na Portaria estão previstas as diretrizes gerais do programa.

Os entes federados, ao aderir ao PNAIC, comprometem-se a alfabetizar todas as crianças em Língua Portuguesa e em Matemática até o 3º ano do Ensino Fundamental, e a realizar avaliações anuais universais, que serão aplicadas pelo INEP. Particularmente, no caso dos Estados, está previsto que cabe a estes apoiar os municípios que tenham aderido às ações do PNAIC, para sua efetiva implementação.

O PNAIC abrange um conjunto de programas, materiais e referências curriculares e pedagógicas. Com essas ferramentas se pretende contribuir para a alfabetização e o letramento, tendo como principal eixo a formação continuada de professores alfabetizadores, que atuam nos três primeiros anos do Ensino Fundamental.

De acordo com o documento O Brasil do futuro com o começo que ele merece (BRASIL, 2012d), são quatro os eixos de atuação do PNAIC: a) formação continuada de professores alfabetizadores com curso presencial com duração de dois anos e carga horária de 120 horas por ano, cuja metodologia abrange estudos e atividades práticas, conduzidos por Orientadores de Estudos. Os orientadores são professores das redes, que fazem curso específico, com 200 horas de duração por ano, ministrado por universidades públicas; b) materiais didáticos e pedagógicos que constituem um conjunto de materiais específicos para alfabetização que abrangem livros didáticos, manuais do professor, obras pedagógicas complementares aos livros didáticos, dicionários de língua portuguesa, jogos pedagógicos de apoio à alfabetização, obras de referência de literatura e de pesquisa, obras de apoio pedagógico aos professores alfabetizadores e tecnologias educacionais de apoio à alfabetização; c) avaliações que reúnem três componentes principais, que são as avaliações processuais, durante o curso de formação, realizadas entre o professor e os alunos; o sistema informatizado no qual os professores deverão inserir os resultados da Provinha Brasil de cada aluno, no início e no final do segundo ano, que permitirá analisar o processo e fazer ajustes; a aplicação de uma avaliação externa universal, pelo INEP, para aferir o nível de alfabetização

alcançado no final do ciclo de alfabetização, ou seja, no final do terceiro ano do ensino fundamental, que possibilitará às redes implementar medidas e políticas corretivas; d) gestão, controle social e mobilização, formada por quatro instâncias: um comitê gestor nacional, uma coordenação institucional em cada estado, uma coordenação estadual e uma coordenação municipal (BRASIL, 2012d).

Para a efetivação das ações do PNAIC, cada instância de gestão possui atribuições específicas. Conforme o documento, cabe ao Ministério da Educação:

I. Promover, em parceria com as instituições públicas de ensino superior (Ipes), a formação dos professores alfabetizadores e dos orientadores de estudo; II. Conceder bolsas de apoio para os orientadores de estudo e os professores alfabetizadores, durante o curso de formação; III. Fornecer os materiais didáticos, literários, jogos e tecnologias previstos na Portaria nº 867, de 4/7/2012, que institui o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa; IV. Aplicar as avaliações externas do nível de alfabetização em língua portuguesa e em matemática, para alunos concluintes do 3º ano do ensino fundamental; V. Distribuir a Provinha Brasil para aplicação pelas próprias redes junto aos alunos ingressantes e concluintes do 2º ano do ensino fundamental e disponibilizar para as redes de ensino sistema informatizado para coleta e tratamento dos resultados da Provinha Brasil (BRASIL, 2012d, p. 37).

O referido documento ainda traz as atribuições dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, que são:

I. Aderir ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa; II. Gerenciar e monitorar a implementação das Ações do Pacto em sua rede; III. Fomentar e garantir a participação dos professores alfabetizadores de sua rede de ensino nas atividades de formação, sem prejuízo da carga horária em sala de aula, custeando o deslocamento e a hospedagem, sempre que necessário; IV. Indicar os orientadores de estudo de sua rede de ensino, e custear o seu deslocamento e a sua hospedagem para os eventos de formação; V. Promover a participação das escolas da sua rede de ensino nas avaliações externas realizadas pelo Inep junto aos alunos concluintes do 3º ano do ensino fundamental; VI. Aplicar a Provinha Brasil em sua rede de ensino, no início e no final do 2º ano do ensino fundamental, e informar os resultados por meio de sistema informatizado específico, a ser disponibilizado pelo Inep; VII. Designar coordenadores para se dedicarem ao programa e alocar equipe necessária para a sua gestão, inclusive em suas unidades regionais, se houver; VIII. Monitorar, em colaboração com o Ministério da Educação, a aplicação da Provinha Brasil e da avaliação externa, a entrega e o uso dos materiais de apoio à alfabetização; IX. Disponibilizar assistência técnica às escolas com maiores dificuldades na implementação das ações e na obtenção de resultados positivos de alfabetização; X. Promover a articulação do programa com o programa Mais Educação, onde houver, priorizando o atendimento das crianças do 1º, 2º e 3º ano do ensino fundamental como garantia de educação integral e complementação e apoio pedagógico àquelas com maiores dificuldades (BRASIL, 2012d, p. 38-39).

Na Portaria nº 867, de 4 de julho de 2012, que institui o PNAIC, se estabelece que as Universidades são as responsáveis pela oferta de formação dos orientadores de estudos e

professores. No âmbito de suas competências, têm a incumbência de: a) elaborar instrumentos de orientação aos participantes do programa de formação do Pacto; b) organizar e coordenar os encontros de formação dos orientadores de estudos, incluindo prever o espaço físico e a infraestrutura adequada às formações; c) selecionar os formadores que atuam na formação dos orientadores de estudos e acompanhar a formação dos professores alfabetizadores; d) planejar os encontros de formação dos orientadores de estudos, bem como elaborar os materiais didáticos para a realização desses encontros; e) acompanhar os encontros de formação dos professores alfabetizadores por meio dos instrumentos de registro de frequência e do controle e análise dos relatórios de formação elaborados pelos orientadores de estudos após cada encontro de formação com os professores alfabetizadores; f) construir e manter atualizado o banco de dados com as informações sobre os participantes dos cursos de formação, bem como gerenciar as bolsas de estudos dos participantes, emitir certificados dos orientadores de estudos e dos professores alfabetizadores e elaborar relatórios sobre a execução das formações (BRASIL, 2012b).

De acordo com o site do MEC, o papel do Orientador de Estudos é muito importante dentro do contexto de formação continuada dos professores alfabetizadores. A ele cabe: a) participar dos encontros de formação junto às IES; b) ministrar a formação dos professores alfabetizadores em seu município ou polo de formação; c) planejar e avaliar esses encontros; d) acompanhar a prática pedagógica desses professores; e) avaliar os professores alfabetizadores cursistas quanto à frequência, à participação e ao acompanhamento dos alunos, registrando essas informações no Sistema de Monitoramento e Avaliação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (SisPacto); f) efetuar e manter atualizados os dados cadastrais dos professores alfabetizadores cursistas; g) manter registro de atividades dos professores alfabetizadores em suas turmas de alfabetização; h) avaliar a atuação dos formadores e do suporte dado pelas IES; i) apresentar relatórios das atividades referentes à formação dos professores alfabetizadores (BRASIL, 2012e).

O mesmo site apresenta também o papel do professor alfabetizador, atribuindo uma das prioridades nacionais no atual contexto, que é o de alfabetizar os meninos e meninas até 8 anos de idade. Segundo ele, para exercer sua função de forma plena é preciso que o professor alfabetizador tenha clareza do que ensina e de como ensina e, para refletir e melhorar sua prática pedagógica cabe: a) analisar os textos propostos nos encontros de formação, registrando as questões a serem discutidas nos encontros posteriores; b) realizar em sala de aula as atividades planejadas nos encontros de formação, registrando as dificuldades para debate nos encontros posteriores; c) planejar situações didáticas utilizando os recursos

didáticos disponibilizados pelo MEC; d) aplicar as avaliações diagnósticas registrando os resultados no SisPacto; e) acompanhar o progresso de sua turma de alfabetização; f) avaliar o trabalho do orientador de estudos (BRASIL, 2012e).

O Caderno de Apresentação do PNAIC traz quatro princípios centrais que devem ser considerados ao longo do desenvolvimento do programa. A orientação é de que sejam incorporados nas práticas dos professores alfabetizadores. São eles: a) o Sistema de Escrita Alfabética exige um ensino sistemático; b) o aluno desenvolve suas capacidades de leitura e de produção de textos no desenrolar de sua escolarização, porém é importante que se inicie na alfabetização, garantindo acesso a diferentes gêneros textuais que circulam na sociedade letrada; c) os conhecimentos das diferentes áreas podem e devem ser apropriados pelas crianças, de modo que elas possam ouvir, falar, ler e escrever sobre temas diversos e agir na sociedade a qual está inserida; d) a ludicidade e o cuidado com as crianças são condições básicas nos processos de ensino e de aprendizagem (BRASIL, 2012c).

4.1.1.3 Continuidades e descontinuidades nos programas Pró-Letramento e Pacto Nacional