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II. Análise semântico-temporal dos tempos verbais do português no D

2.6. As Formas Perifrásticas

2.6.2. As Formas Perifrásticas no D

2.6.2.2. As Formas Perifrásticas no corpus seleccionado

O primeiro enunciado transcrito (69) evidencia, a construção perifrástica “continuar a + INF” no PRInd remete para um intervalo de tempo que se iniciou antes de ME actual e se sobrepõe a este. A informação aspectual veiculada evidencia um processo, que

corrobora a informação temporal veiculada, um sentido permansivo também inerente ao tempo verbal do verbo auxiliar.

Os exemplos seguintes evidenciam o emprego de construções perifrásticas em contexto de subordinação, sendo que, no enunciado 76, a estrutura aspectual em causa surge em articulação com o PRInd, evidenciando um estado progressivo, perspectivado a decorrer, não só relativamente a ME original como a ME actual. Repare-se no contraste com o exemplo 125, em que a construção perifrástica, traduzindo a mesma informação aspectual de incompletude ocorre no PImp, ele próprio um tempo verbal com informação aspectual durativa/cursiva, em articulação com PPS, o que implica sobreposição temporal de MEO com a forma verbal do discurso citado, reiterado pelo adverbial de localização temporal. Por fim, o exemplo 119 apresenta uma construção perifrástica que transforma um processo num evento pontual incoativo. Repara-se, no entanto, que a articulação com PPS, que configura o MEO, e com ME actual implica que a premissa é válida para os dois MEs, o que implica uma noção aspectual durativa, em nosso entender:

69) Mas a Igreja Católica croata, um pilar essencial do emergente regime nacionalista que protagonizou a secessão da Federação da Jugoslávia no início da década de 1990, continua a negar possuir qualquer informação sobre o general, indicado pelo TPIJ pela morte de 150 civis sérvios da Croácia, em 1995. – p.20

76) (…) mas diversas organizações de direitos humanos estão a questionar a sua credibilidade e referem que está a ser encoberto um massacre. – p.20

119) A guerra do Iraque, a economia e a devastação causada pelo Katrina são alguns dos temas em que a actuação de Bush é mais criticada. Mesmo dentro do seu próprio partido, o apoio ao Presidente começa a sofrer algum desgaste, noticiou a AFP. – p. 28

125) No início de Agosto, a NASA anunciou que os oceanos de metano não estavam a ser identificados pelas técnicas de reflexão infravermelha da Cassini. – p. 29

As construções perifrásticas permitem uma grande maleabilidade linguística ao introduzirem informações aspectuais de forma relativamente simples nos enunciados, alterando formas de perspectivação de eventos, estados e processos, sem ser necessário recorrer a outros elementos de índole gramatical ou lexical, que podem eventualmente corroborar ou especificar as informações aspectuais fornecidas por estes operadores.

No enunciado 116, o predicado principal em PRInd justifica a manutenção da forma perifrástica no mesmo tempo verbal; no exemplo 192, a ocorrência de PRInd no ao nível do verbo auxiliar do operador aspectual, depois de PPS, deve-se a uma leitura de aplicabilidade contínua; no excerto 125, a utilização de PImp no discurso citado, implica uma mudança de perspectiva e transpõe PRInd do discurso original.

2.7. Síntese

No início deste capítulo propusemo-nos descrever e analisar o comportamento dos tempos verbais na expressão das relações temporais no acto discursivo de citação que designamos por DI. Procurámos identificar e sistematizar as possibilidades e limitações semântico-pragmáticas e sintácticas das formas verbais constantes do corpus em análise, tendo em conta a produtividade quantitativa de cada forma no universo do DI, a relação de ancoragem face a ME ou a outros pontos de referência fornecidos, a integração contextual das formas verbais tendo em conta as imposições sintácticas exigidas e a relação com outros sintagmas e as potencialidades semânticas das formas verbais produzidas contextualmente.

Na tentativa de organizar as nossas conclusões iremos ter em conta os objectivos a que nos propusemos bem como as hipóteses levantadas inicialmente, procurando sistematizar as conclusões que nos parecem mais relevantes para lançarmos pistas que permitam compreender a forma como os tempos verbais processam a temporalidade em contexto de DI.

Verificámos, inicialmente, que ao partirmos do critério organizacional de averiguar o comportamento das formas verbais no discurso citador e no discurso citado, por considerarmos a relação entre estes dois componentes primordial para a compreensão do DI, nos deparámos com algumas dificuldades, que procurámos suprir encontrando critérios que julgamos claros e coerentes e que são, essencialmente, de ordem quantitativa. Naturalmente que a produtividade numérica e objectiva das formas verbais é um elemento de caracterização importante, mas qualquer análise percentual é esvaziada de sentido sem se compreender a produtividade semântica e as actualizações contextuais dos tempos verbais, na relação com outras unidades do contexto, que muitas vezes ultrapassam as possibilidades dadas como constantes e regulares típicas dos textos gramaticais. Assim,

ficam desde logo claras duas conclusões que nos parecem essenciais e que são decorrentes uma da outra: a primeira é de que os tempos verbais necessitam de estabelecer relações contextuais, ou seja, qualquer forma verbal justifica e é simultaneamente justificada pelas unidades que a envolvem; a segunda conclusão aponta para o facto de que os tempos verbais necessitam de outros elementos com que possam co-ocorrer para poderem exprimir temporalidade contextualmente actualizada, ou seja, adverbiais de tempo, a natureza dos complementos, as conjunções entre muitos outros contribuem para configurar especificações ou alterações semânticas a uma base constante de significação da forma, o que nos permite compreender que não só os tempos verbais exprimem temporalidade e que há dificuldades evidentes de delimitação semântica das formas, após a integração contextual.

Pudemos, igualmente, perceber que na forma de citação em estilo indirecto há, dois momentos discursivos a considerar, “o acto discursivo de citação e acto discursivo citado original” (Loureiro 1997: Anexo 1), o que pressupõe a existência de dois MEs. O acto discursivo de citação encerra dois elementos indissociáveis: o discurso citador e o discurso citado. Assim, verificamos que se estabelece uma rede de relações semântico-temporais que são consequência da relação entre os dois MEs em causa. Decorre que a temporalidade expressa no discurso citador e, consequentemente o tempo verbal utilizado são, por norma, directamente justificados e ancorados a ME do acto discursivo de citação e remetem para o acto discursivo original, localizando-o face a este. Assim, a escolha de um dado tempo verbal e de eventuais elementos que o actualizam contextualmente resultam do tipo de informação temporal, modal ou aspectual que o jornalista pretende fornecer ao leitor relativamente à ocorrência de um momento enunciativo que, pela lógica, será sempre anterior ao que cita. O discurso citado e o comportamento das formas verbais que nele ocorrem dependem contextualmente, em grande medida, da informação temporal contida na expressão introdutória, sendo que por vezes várias combinatórias são possíveis, mas mais uma vez o jornalista detém a possibilidade de interpretar e re-contextualizar um acto discursivo da autoria de outrem, num momento enunciativo da sua responsabilidade. Esta maleabilidade e liberdade discursiva tornam, por isso, quase impossível recuperar o momento discursivo original e dificultam, muitas vezes, possíveis conclusões quanto ao tempo verbal utilizado pelo LOC no acto discursivo original.

Relembramos que foi nosso objectivo inicial tentar testar a validade da hipótese teórica formulada por Comrie (1987) para a transposição discursiva em estilo indirecto em Inglês, denominada “sequence of tenses”, tentando confirmá-la ou infirmá-la quando aplicada ao Português.

Após termos explanado as nossas premissas iniciais, bem como algumas considerações mais gerais decorrentes da análise do corpus, iremos seguidamente debruçar-nos sobre as conclusões mais relevantes relativamente a cada tempo verbal analisado.

Quanto ao PPS verificámos que a própria génese do discurso indirecto justifica a sua elevada produtividade quantitativa no discurso citador, numa função temporal retrospectiva face a ME, em que surgem especificações decorrentes da conjugação com adverbiais. No que concerne às suas configurações no discurso citado, verificámos a possibilidade de co-ocorrência com vários tempos verbais na oração principal, mantendo sempre a informação “retrospectivo” e “circunscrito”. Da sua pouca maleabilidade semântico-temporal decorre podermos concluir que, haverá a manutenção da forma de PPS no acto discursivo citado, quando este configura, tal como no momento enunciativo original, um intervalo temporal devidamente delimitado e anterior ao marco referencial em causa.

O PRInd potencia uma série de sentidos, contextualmente definidos, sendo que o seu valor enunciativo, marcado pela coincidência parcial ou total com ME, não se enquadra, no âmbito do nosso estudo por ser recorrente em enunciados de estilo directo. Entre os valores semântico-temporais que a forma pode potenciar, podemos considerar uma leitura dita permanente, válida não só relativamente a um ME particular, mas para todos os MEs considerados. Um outro sentido permitido pela forma é o de leitura habitual, que ocorre num intervalo de tempo ilimitado e que inclui ME. Destacamos o seu valor prospectivo relativamente a ME, na configuração de um intervalo futuro, ao qual confere alguma determinação. Por fim, verificámos que o PRInd pode apresentar um valor de “presente histórico”, que assenta na coincidência entre ME e enunciador actuais, remetendo estes para intervalos temporais prévios, que são de alguma forma presentificados. Concluímos relativamente a PRInd que a polissemia que a forma apresenta decorre das várias possibilidades de integração contextual, tendo como ponto de ancoragem ME. Em universo de discurso indirecto destacamos a sua aplicação em

contexto de discurso citador como potenciadora de presentificação discursiva, numa variante do denominado “presente histórico”, em que remete, no entanto, para intervalos temporais retrospectivos e delimitados, daí a relação de dispensabilidade com PPS, ou para marcar o valor de permanência e validade actual de um acto enunciativo face a ME. O emprego de PRInd na expressão de relação de ilocução é, aliás, um elemento que dificulta a análise e sistematização dos dados referentes à expressão da deíxis temporal em no discurso indirecto. Em contexto de discurso citado, o PRInd denota algumas aplicações recorrentes, designadamente para marcar a validade temporal actual de um estado de coisas, incluindo ME, para designar habitualidade, factos que não se circunscrevem em contextos temporalmente delimitados e para indicar um intervalo temporal que se projecta para além de ME. Em todos estes enunciados verificámos a importância da integração contextual de PRInd para actualização de sentidos semântico-temporais diversos e concluímos quanto à possibilidade de aceitar a manutenção do tempo verbal em questão, nos dois MEs (original e citador), tendo em conta as interpretações inventariadas.

Quanto ao FS, verificámos que o valor de posterioridade em Português recorre ao emprego das formas de PRInd“ir” + INF, sendo que ao FutS encerra uma dupla perspectiva de tempo e modo verbal, o que implica uma especial atenção às relações contextuais. Efectivamente, e apesar do seu valor de futuridade, há um valor modal que lhe é intrínseco e ambos decorrem da inscrição dos acontecimentos num intervalo posterior a ME e relativamente ao qual não há certezas de concretização. Acresce que a utilização do FS pode ser um recurso semântico importante na medida em que traduz o não- comprometimento do jornalista face a intenções ou afirmações da autoria de outrem. Todos estes dados dificultam a já difícil recuperação de um possível enunciado original, na medida que não sabemos até que ponto o carácter hipotético ou dubitativo introduzido pela forma do FS pertence ao discurso original ou é uma produção jornalística por questões estilísticas, por necessidade de demarcação face a enunciados de outrem ou mesmo por fidelidade a um valor modal que já constava do enunciado reacomodado e recontextualizado pelo texto jornalístico.

A análise de PImp em situação de DI permitiu-nos concluir quanto à indefinição desta forma verbal, que tanto pode ser directamente justificada por ME, como necessitar de um MR fornecido contextualmente, relativamente ao qual se sobrepõe ou projecta posteriormente, num intervalo de tempo sempre anterior a ME. Da heterogeneidade de

contextos em que a forma pode ocorrer, ressalta igualmente a impossibilidade de circunscrição e de averiguação da extensão dos intervalos de tempo considerados. Quando ocorre no discurso citado, e na tentativa de chegar ao discurso original, podemos aferir quanto a uma possível transposição discursiva de PRInd com sentido prospectivo ou actualidade face a MEO, quando este ocorre no PPS. Poderá haver a manutenção da forma de PImp do DD para o DI quando este potencia um estado de coisas passado face a um marco referencial também anterior a ME actual.

O PMPC é um tempo verbal que tem uma produtividade semântica e quantitativa pouco relevante no nosso corpus. A sua análise permitiu concluir quanto à necessidade de estabelecimento de hierarquizações entre os MR a considerar: o PMPC remete para um intervalo de tempo anterior a um MR passado face a ME. Por outro lado, verificou-se que as formas simples e composta do mais-que-perfeito são isofuncionais, sendo que a forma composta tem vindo gradualmente a substituir a forma simples. A nível do discurso citado, o PMPC apresenta como MR o PPS, o que permite concluir que a forma composta transpõe para o DI o PPS que teria sido originalmente usado pelo falante do acto discursivo inicial.

Quanto ao PPC tornou-se evidente a desadequação da nomenclatura ao valor semântico-temporal da forma. Na verdade a justificação directa por ME, na referência a um intervalo de tempo que tendo tido inicio antes deste se prolonga até ele incluindo-o, bem como o valor de imperfectividade daí decorrente, não permitem classificá-lo como um tempo de passado. Tendo em conta estas especificidades, consideremos que há uma validade temporal e aspectual que se mantém para ME e MEO, o que leva a concluir quanto à manutenção de PPC na transposição discursiva estilo directo-indirecto.

O PMPS configura um valor semântico equivalente ao da forma composta, ou seja, não se estabelece ancoragem directa face a ME que, logo, não o justifica só por si, sendo necessário um outro marco referencial anterior a este, relativamente ao qual o PMPS marque, por sua vez também, anterioridade.

Relativamente a FP, verificámos que a forma apresenta um valor temporal e modal, ou seja, pode configurar um intervalo de tempo posterior a um marco referencial anterior a ME actual e remeter para uma situação hipotética que tanto pode ser ancorada ao MR mencionado ou directamente a ME, adquirindo um valor enunciativo, que no discurso indirecto não ocorre, tendo em conta a sua génese. Verificámos a relação de

dispensabilidade com PImp, com perda de algum sentido modal, e considerámos que FP pode transpor para o discurso indirecto formas de FS.

O FC e FPC apresentam, respectivamente, uma única ocorrência em todo o corpus seleccionado. Relativamente ao primeiro, pode remeter para um valor temporal e modal, sendo que é uma leitura de incerteza que está patente no exemplo analisado. No que concerne ao FPC, são também de equacionar as interpretações de temporalidade e modalidade, ou seja, este tempo verbal configura um estado de coisas hipotético relativamente a um ponto de referência anterior a ME, sendo possível estabelecer relações de dispensabilidade com PMPC, com perda de modalização, quando o contexto não é claramente modal.

As formas nominais estudadas, designadamente, INF, GER e PAR evidenciam a necessidade de articulação contextual com outras formas verbais para poderem adquirir um valor temporal. Relativamente ao INF, verificámos que a sua utilização em contexto de discurso indirecto no texto jornalístico depende de razões estilísticas e de organização frásica, tanto mais que o INF pode estabelecer relações de dispensabilidade com PRInd, PRInd + INF, FS ou PImp, na forma simples e PPS e PMPC na forma composta, dependendo das informações fornecidas contextualmente. O emprego das formas flexionada e não flexionada depende de critérios essencialmente sintácticos. O GER não exprime, por si só, relações temporais, dependendo claramente do contexto. Surge na expressão de relação de ilocução, dependente de uma forma verbal principal, podendo ser preterido através do uso de uma oração copulativa que ocorreria no mesmo tempo verbal do verbo anterior. Quanto ao PAR, vimos que a usa produtividade é muito pouco significativa e concluímos quanto à incapacidade de fornecer informações temporais isoladamente. No nosso corpus surge unicamente na expressão de relação de ilocução e depende das informações contextuais para se poderem estabelecer relações semântico- temporais.

A observação e análise do corpus implicaram uma abordagem das formas verbais do CONJ. Verificámos que os tempos verbais do CONJ são um elemento privilegiado na concretização da categoria irrealis e concluímos que não é linear a correlação que se estabelece entre os modos IND e CONJ na expressão de factualidade e não-factualidade, respectivamente, na medida em que é possível, através de “metáforas temporais” que alteram de alguma forma as regras da “consecutio temporum”, utilizar combinatórias

distintas, em que pode ocorrer um modo em vez de outro ou mesmo um tempo verbal, dentro do mesmo modo, em substituição de outro.

No que respeita o emprego de PConj, IConj, PPConj e FConj é ponto comum aos quatro tempos verbais, o efeito de modalização dos enunciados, sendo que são sempre de considerar as relações intra e inter-sintagmáticas que definem o uso dos tempos verbais em causa. Elementos contextuais como o tipo de predicado introdutório, o tipo de oração em que as formas de CONJ de inserem, a indefinição dos sujeitos corroboram a noção de “não-factualidade”, actualizada contextualmente. Considerámos que existe a manutenção de PConj dos enunciados em estilo directo para estilo indirecto e que IConj transporá as formas de PConj de um contexto enunciativo para o outro; quanto a PPConj e FConj parecem ser mantidos do discurso citado original para o discurso citado, tendo em conta as informações semântico-temporais que encerram.

Por último, observámos o comportamento das construções perifrásticas enquanto operadores aspectuais em contexto de citação indirecta, tendo como ponto de partida que estas estruturas permitem ao falante perspectivar internamente o processo expresso pelo verbo. Destacámos a importância da construção progressiva, que possibilita a referência a intervalos de tempo coincidentes com ME, uma interpretação raramente veiculada por PRInd. Efectivamente, estas construções são uma particularidade relevante do sistema verbal português porque veiculam, simultaneamente, informações temporais e aspectuais, podendo alterar a forma de perspectivação do enunciado sem utilização de outros recursos linguísticos.

Quanto à aplicabilidade hipótese teórica de Comrie (1986) ao Português, no contexto discursivo que analisamos em particular, parece-nos que há um factor que inibe a sua validade na transposição discursiva em estilo indirecto em português e que se prende com o facto de a regra de Comrie (1986) prever uma série de transposições fixas entre tempos verbais do DD para o DI. Como pudemos constatar para o português, essa operação meramente formal e independente do valor semântico-temporal dos tempos verbais envolvidos, não ocorre. Como foi possível verificar o valor temporal e modal dos tempos verbais analisados é relevante na transposição discursiva e, ainda que haja tempos verbais que naturalmente sejam considerados, no DI, os equivalentes de tempos verbais do DD, nem sempre se verifica a sua ocorrência, o que implica uma certa liberdade estilística e discursiva por parte do jornalista. Como vimos, as formas verbais estabelecem entre si

relações de sinonímia e podemos, dependendo do contexto, e da nossa intenção enquanto falantes, optar entre tempos verbais. Por outro lado, a sequência temporal é determinante, mas o conceito de “metáfora temporal” permite não só ao nível dos tempos do CONJ, mas também do IND estabelecer combinações não esperadas e que se prendem, muitas vezes, com a modalização dos enunciados. O emprego das formas nominais e das construções perifrásticas representam uma especificidade relevante na expressão da deíxis temporal e na interpretação aspectual dos enunciados.

No entanto, e à semelhança do que acontece na língua inglesa, o tempo verbal em que ocorre o discurso citador detém alguma relevância na escolha do tempo verbal que surge no discurso citado. De facto, o emprego de PRInd potencia a manutenção das formas empregues no discurso original, enquanto que o PPS ou o PImp potenciam a transposição dos verbos do contexto original para os seus equivalentes que implicam um ponto de perspectiva temporal para além de ME e que se consubstancia no MEO. Por último, verificámos que o conceito de aplicabilidade contínua é válido para o português e há tempos verbais que estando no passado não possuem um equivalente que lhes seja anterior