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III. Análise semântico-temporal dos tempos verbais do alemão no D

3.3. O INDK e KONJ no paradigma verbal alemão

3.4.3.2. O PR no corpus seleccionado

Do conjunto de enunciados em que PR ocorre enquanto verbo introdutório seleccionámos os seguintes exemplos abaixo indicados:

9) Analysten kritisieren, dass Porsche für den Einstieg fast eine Rücklagen aufbrauchen werde. (…) Es wird auch geprüft, ob Porsche möglicherweise zu spät über den Übernahmeplan informiert habe. - p. 1

15) Die SPD intoniert seit längerem, dass es um Deutschland doch gar nicht so schlecht bestellt sei; dass man das Land nicht herunter reden dürfe und man endlich aufhören solle mit einer bestimmten Schwarzmalerei.Der berühmte Silberstreif am Wirtschaftshorizont sei langst erkennbar. Und deshalb müsse man jetzt in der Kontinuität der Agenda 2010 und in kleinen Reformschritten weitermachen. - p. 2

69) Das schlimmste, sagt er, waren die Radiostationen. Denen waren nur die schlimmsten Meldungen gut genug, sie schürten Gerüchte, schwadronierten alarmistisch, putschten die Leute, die in der Falle auf den Straβen saβen, ohne Scham und ohne jede Kontrolle auf: „die haben unsere Gehirne überflutet mit Sensationen.“ - p. 10

95) Äuβerungen wie jene von BDI-Geschäftsführer von Wartenberg treffen Verheugen aber auch aus einem anderen Grund. Denn mit den 70 gekillten Gesetzesentwürfen, so betont er nachdrücklich, ist schlieβlich nur der erste, kleine Schritt beim Bürokratieabbau gemacht. - p. 12

126). Neben Tonn machen auch andere Analysten darauf aufmerksam, dass der Porsche-Schritt unter strategischen und langfristigen Aspekten durchaus logisch erscheint. Auch gilt der Einstieg als finanziell unproblematisch. Und selbst wenn die VW-Dividentenrendite von 2,1 Prozent nicht so attraktiv aussehe – die derzeitigen Investments von Porsche seien auch nicht lukrativer, meint Tonn. - p. 17

O primeiro enunciado compulsado (9) aponta para o emprego de PR com sentido permanente/actual que não está, portanto, confinado a um único ME, ainda que a

transposição em estilo indirecto se reporte a acto discursivo prévio. A mesma interpretação ocorre no exemplo 15, sendo o sentido permansivo é reiterado pelo expressão adverbial temporal « seit längerem ».

Nos enunciados 69 e 126, o emprego de PR produz um efeito de presentificação de MEO tratando-se, em nosso entender, de uma manifestação do tipo « presente histórico ». O exemplo 95 pode implicar uma interpretação semelhante, considerando que o advérbio de modo « nachdrüclich » se refere a uma reiteração dentro do mesmo acto dicursivo, ou pode remeter para uma leitura habitual.

Relativamente à ocorrência de PR em contexto de oração subordinante consideramos os seguintes enunciados:

2) Eurostat hatte am Montag abschieβend befunden, dass Berlin mit dem Verkauf milliardenschwerer Forderungen gegenüber der Telekom und der Post AG das Defizit 2005 nicht in Richtung der Maastricht-Obergrenze von drei Prozent des BIP vermindern kann. - p. 1

29) Wie die EU-Kommission am Montag mitteilte, wollen die Luxemburger Eichels Trick, über den Verkauf von Pensionsforderungen die Neuverschuldung im Etat des laufenden Jahres zu drücken, nicht akzeptieren. Dadurch würde sich der Anteil des Defizits am Bruttoinlandsprodukt auf bis zu vier Prozent erhöhen. - p. 3

97) EU-Industriekommissar Gunter Verheugen geht davon aus, dass die umstrittene Chemikalienrichtlinie wesentlicher schneller verabschiedet werden kann als erwartet. Das „Reach“ genannte Gesetz, das die Untersuchung und Registrierung von mehreren tausend chemischen Inhaltsstoffen vorschreibt, sei „auf der Zielgeraden“ und werde voraussichtlich „bis Ende des Jahres im Europaparlament abgeschlossen sein“, sagte Verheugen in Brüssel. - p. 12

126) Neben Tonn machen auch andere Analysten darauf aufmerksam, dass der Porsche-Schritt unter strategischen und langfristigen Aspekten durchaus logisch erscheint. Auch gilt der Einstieg als finanziell unproblematisch. Und selbst wenn die VW-Dividentenrendite von 2,1 Prozent nicht so attraktiv aussehe – die derzeitigen Investments von Porsche seien auch nicht lukrativer, meint Tonn. - p. 17

130) Die Investmentgesellschaften selbst gehen für die kommenden Jahre durchaus davon aus, dass sich die Preise in den USA und Europa angleichen. - p. 17

Relativamente ao primeiro enunciado compulsado (2), o PR assume um valor semântico-temporal de actualidade/futuridade, definido pela marca temporal referente ao ano de 2005. Assim, MS localiza-se num intervalo de tempo que inclui ME e MEO e se projecta para além do enquadramento deste marcos referenciais. A mesma interpretação está patente no exemplo seguinte (29), em que a expressão adverbial “des laufenden Jahres” permite localizar a situação num universo de actualidade que se não se limita à enunciação, mas remete para um lapso temporal mais lato. Nos dois enunciados é visível que o conteúdo da notícia reflecte, à semelhança do que verificámos em alguns exemplos em que ocorre PRT, conteúdos factuais, relacionados com a esfera económica e financeira e que, por este facto, poderão não justificar o emprego de KONJ.

O exemplo 126 apresenta dois momentos discursivos em DI sinalizados de forma distinta, sendo que no primeiro a forma verbal constante da oração subordinada se encontra no PR no modo IND, enquanto que no segundo enunciado o jornalista optou por empregar uma forma de KONJ. Uma vez que o conteúdo abordado nas duas situações discursivas é semelhante, não encontramos nenhuma justificação de índole semântico- temporal ou pragmática que justifique a utilização de modos verbais distintos. O valor semântico-temporal da forma de PR é de actualidade, uma vez que MS remete para uma contemporaneidade/simultaneidade face ao enquadramento de ME e MEO.

Por último, o exemplo 130 apresenta uma leitura de futuridade face a ME e MEO, sinalizada pela forma adverbial “für die kommenden Jahre”. No entanto, o enunciado em causa acarreta alguma ambiguidade no que concerne à forma “angleichen”, que tanto pode remeter, em termos formais, para INDK ou KONJ, sendo que o único factor que poderá lançar pistas sobre o modo empregue será o conteúdo factual do enunciado em análise.

Verificamos que, há semelhança do que ocorreu com os exemplos analisados com a forma verbal de PRT, parece haver alguma uniformidade quanto ao tipo de informação veiculada por enunciados em que surgem formas de INDK, na medida em que são enunciados em que não tendem a ocorrer ambiguidades e em que o jornalista não sente necessidade de se desmarcar face a enunciados polémicos ou de índole mais subjectiva, imputados a outros LOCs.

Nos enunciados 2 e 29, consideramos que, tendo em conta as marcações temporais contextuais, é o ME que serve de ponto de ancoragem principal às formas verbais que ocorrem no discurso citado, em que o papel de MEO não ocorre enquanto marco

referencial, apontando para o “Prinzip II*”, definido por Fabricius-Hansen (1989: 165), o que explica a manutenção de PR no acto enunciativo original e naquele que o reproduz. Nos exemplos subsequentes a mesma interpretação parece ser possível tendo em conta que PR é o tempo empregue no discurso citador especificado, como no caso do enunciado 130, por expressões adverbiais temporais que justificam o discurso citado directamente a partir de ME.

3.4.4. O PP no DI

3.4.4.1. Considerações Iniciais

A análise numérica dos dados constantes no anexo 3 permite-nos constatar que PP é uma forma verbal bastante mais produtiva na oração introdutória do que na oração subordinada, com um total de 24 e 5 ocorrências em cada um dos contextos, respectivamente.

No que concerne à interpretação semântico-temporal deste tempo verbal, Zifonun et alii. (1997) remetem, essencialmente, para o seu carácter relativo, na medida em que se trata de uma forma verbal que localiza um MS no passado face a ME, mas necessita de um outro ponto de referência relativamente ao qual marca anterioridade, o que implica a inexistência de ancoragem directa face à enunciação – “Vorvergangenheit” (Vater 1996: 244):

Das Präteritumperfekt drückt Vergangenheit relativ zu präteritalen Betrachtzeiten aus, also relativ zu Betrachtzeiten, die ihrerseits von der Sprechzeit liegen. (Zifonun et alii. 1997: 1708)

No entanto, a Duden Grammatik (2005) reconhece a possibilidade de empregar este tempo verbal num sentido absoluto, semelhante à interpretação semântico-temporal de PER, sendo que o exemplo fornecido “((Beim Betreten eines Restaurants, in dem man vorbestellt hat:) Wir hatten einen Tisch bestellt.)”, não nos parece muito elucidativo no esclarecimento deste emprego de PP, tanto mais que, considera o referido texto gramatical a necessidade de encontrar um ponto de referência intermédio entre ME e MS.

Helbig/Buscha (1986) explicitam o valor temporal de PP de acordo com a fórmula: E vor R, R vor S e facultam quatro exemplos que, segundo os autores, ilustram o valor semântico-temporal deste tempo verbal: (208) „Bei seiner Ankunft hatte sie die Arbeit schon beendet.“ / (209) „Gestern hatte er schon seit zwei Tagen nichts gegessen.“ / (210) „Im vorigen Jahr (gestern) hatte er seine Mütze verloren.“ / (211) „Im letzten Jahr war er ins Ausland abgereist.“. Assim, os autores interpretam, à luz dos referidos enunciados, o valor semântico-temporal de PP da seguinte forma:

Im Falle [(208) und (209)] ist das Plusquamperfekt obligatorisch und durch kein anderes Tempus zu ersetzen (die am Anfang der Beispielsätze stehenden Temporalangabe sind nicht mit der Aktzeit identisch, sondern drücken die Betrachtzeit aus), im Falle (210) und (211)] ist es fakultativ und durch das Perfekt (2. Variante) [d.i. Perfekt mit „resultativem Charakter“] ersetzbar (die am anfang der Beispielsätze stehenden Temporalangabe sind mit der Aktzeit identisch). (Helbig/Buscha 1987: 154)

Thieroff (1992) discorda, no entanto, desta interpretação e aponta para a possibilidade de permutar PP por PER apenas quando se trate do denominado “historisches Perfekt” e, na verdade, este parece-nos um emprego pouco produtivo da forma, não constando, inclusivamente do nosso corpus, sendo que Zifonun et alii. (1997) não referem sequer esta utilização de PP:

Das Plusquamperfekt erscheint ganz überwiegend im Kontext mit Sätzen im Präteritum (und im FuturPräteritum). Es bezeichnet offensichtlich zunächst eine Vorzeitigkeit auf der präteritalen Ebene und steht, auch nach traditioneller Auffassung, in derselben Beziehung zum Präteritum wie das Perfekt zum Präsens. Es ist daher nur insofern und im selben Sinne „austauschbar“ mit dem Perfekt, wie das Präteritum mit dem Präsens und das FuturPräteritum mit dem Futur austauschbar ist, d.h. wenn das Präsens, Perfekt und Futur als „historisches“ Präsens, Perfekt und Futur fungieren. (Thieroff 1992: 195)