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Capítulo 5 ATIVIDADES PARTICIPATIVAS: OBJETIVOS, RESULTADOS E

5.3 Prototipação

5.3.3 Atividade 22 Prototipagem em Papel

Durante as últimas atividades os participantes foram expostos a atividades relacionadas à visualização de fotos e foram realizadas, também, algumas atividades que tinham por objetivo apresentar aos participantes alguns conceitos de prototipação. Baseado nos resultados obtidos nessas atividades, foi realizada uma atividade cujo objetivo consistia na criação de protótipos de baixa-fidelidade de uma aplicação de visualização de fotos. Os protótipos criados seriam refinados pelos pesquisadores para que outros protótipos de baixa-fidelidade fossem criados e avaliados.

Os seis participantes presentes foram divididos em dois grupos e utilizaram papéis, canetas, post-its, tesoura e cola para prototipar os elementos da interface (os papéis coloridos e de tamanhos diferentes representavam diferentes elementos da interface, como botões, textos e imagens). Cada grupo teve um mediador que tinha a função de apoiar e motivar os participantes a realizarem a atividade. Na Figura 5.26 pode ser visto os participantes e o mediador de um dos grupos durante a execução da atividade.

de visualização de fotos como se fosse um fluxo de telas a partir do momento que eles chegam no computador até o momento que visualizam as fotos. Para isso, foram utilizados os aprendizados das Atividades 5 e 16, principalmente (uso de materiais pré-confeccionados para iniciar a prototipação e prototipagem coletiva). Os participantes deveriam criar as interfaces e adicionar elementos de interação que considerassem importantes para a visualizarem as fotos. O mediador tinha o papel de instigar todos a participarem e apoiar na discussão dos elementos que os participantes gostariam de representar. Não havia uma ordem de colaboração, os participantes podiam dar ideias a qualquer momento.

Por mais que os participantes já tivessem sido expostos a outras atividades que envolviam protótipos (Atividade 5, 10, 11, 14, 15 e 16), eles não entenderam a atividade, o que é um protótipo em papel e qual a sua função, prejudicando assim, que eles, de modo geral, não entendessem o fluxo de telas e como isso funciona. Diferentemente dessas outras atividades, os participantes tiveram que criar as funcionalidades dos elementos de interação e criar um protótipo em um contexto desconhecido.

Para apoiá-los durante a atividade, o mediador de cada grupo explicou e deu exemplos de como as coisas funcionam, porém muitos deles não entenderam. O participante P8, por outro lado, apresentou indícios de ter mais consciência sobre isso, uma vez que sugeriu que quando o programa fosse aberto, teria um segundo botão para “folhear” o álbum e que os botões de uma das telas criadas pelo seu grupo também estariam presentes na outra interface criada depois. O participante P19, embora não soubesse utilizar o computador, demonstrou indícios de ser capaz de aprender como esse contexto funciona. Por outro lado, os participantes P1 e P15, mesmo com explicações, não entenderam a lógica do funcionamento do fluxo de telas e interação. Já o participante P6 interagiu pouco com o grupo, porém não interferiu no design em momento algum; e o participante P5 apenas observou o que estava sendo feito e discutido durante toda a atividade.

Das funcionalidades criadas nos protótipos, algumas estavam relacionadas ao contexto, como “mudar imagem”, “clarear imagem” e “folhear álbum”. Outras, como “cancelar imagem”, embora não tivesse o rótulo esperado, se referia a “voltar para a tela de seleção de álbum de fotos”. Todavia, os participantes P1 e P15 não entenderam o que funcionalidades significam: o P15 criou a das “flores” como se fosse apenas um desenho de ramos de flores para preencher o espaço em branco da “tela”/papel; já o P1 por diversas vezes sugeriu utilizar botões já criados para fazer outras funcionalidades que estavam sendo discutidas. Em outro caso, o participante P19, teve a ideia das categorias (tipos de fotos), criou algumas como exemplo e entendeu como utilizar, embora ele não tenha abstraído sua própria ideia e não tenha

entendido o conceito de que poderiam existir várias categorias e que todas ficariam como ele propôs, é possível perceber que o participante conseguiu alcançar certo nível de abstração, como que era necessário escolher um álbum, e quando escolhido, apenas fotos de determinado contexto seriam vistas.

Vale destacar que nas últimas atividades os participantes estiveram envolvidos nesse contexto de ver fotos e levantaram vários requisitos/funcionalidades/elementos que essa aplicação de fotos poderia ter. Era esperado que nessa atividade eles se lembrassem de algumas delas, pelo menos, porém ninguém se lembrou dessas coisas já discutidas. Talvez, o conceito da ferramenta não tenha sido compreendido pelos participantes por eles não verem necessidade desse tipo de aplicação. Dessa forma, isso influenciou a abstração da ideia da ferramenta da forma que eles pudessem participar da prototipação e imaginar seu funcionamento. Um exemplo para isso é que o participante P15 várias vezes queria adicionar coisas nos espaços em branco da tela, como se fosse obrigado/necessário cobrir todo espaço. O participante P19 em determinando momento quis adicionar uma flor e depois perguntou “o que faz uma flor?” e um integrante do grupo respondeu que “flor enfeita a foto”.

Os protótipos criados apresentaram poucas ideias para a prototipação que foi feita pelos pesquisadores. Um dos protótipos criados havia uma tela com categorias de fotos, que quando um usuário escolhesse uma dessas categorias, a tela com as fotos para serem vistas surgia e havia dois botões: um para mudar a foto e outro para voltar para a tela de categorias.

Os resultados indicam a dificuldade dos participantes em abstrair o conceito da aplicação e fazer as representações nas interfaces. Essas dificuldades podem estar atreladas a falta de experiência dos participantes com o uso de computadores, ao não entendimento do conceito da aplicação de fotos e a razão para qual ela está sendo desenvolvida, e ainda, qual o propósito de um protótipo. Ao contrário das Atividades 20 e 21 nas quais os participantes tiveram que imaginar o processo de visualização de fotos e falar as ações que fariam, com essa atividade esperava-se que, concretizando as ideias, os participantes pudessem imaginar a aplicação com mais facilidade e assim, abstrair e entender o seu fluxo de tarefas para ver as fotos.

Figura 5.26 – Participantes e mediador durante a prototipagem em papel.