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Capítulo 7 CONCLUSÕES

7.1 Contribuições

pode participar de diferentes momentos no processo de DP. Diferentemente dos trabalhos relacionados que visaram solucionar um problema específico, esta pesquisa investigou como incluir os idosos em diferentes técnicas do processo de design e estudou meios alternativos para que a inclusão e colaboração pudessem ocorrer. Ainda, este estudo identificou um objetivo de design que fizesse sentido ao contexto dos participantes, ao contrário dos trabalhos relatados, que iniciaram seus estudos com um domínio definido. Esta pesquisa almejou também engajar os idosos no processo de design de forma que os desafios existentes fossem amenizados.

Neste estudo foram realizadas 25 atividades, as quais foram descritas e os resultados apresentados e discutidos. Foram discutidos também as motivações e decisões que levaram ao planejamento e realização de cada uma das atividades e o desenvolvimento de cada um dos protótipos que foram avaliados pelos participantes desta pesquisa.

Os resultados obtidos a partir das atividades realizadas mostram que idosos com comprometimento cognitivo podem ser incluídos em diferentes fases do design participativo, desde que as técnicas utilizadas sejam adaptadas considerando as limitações que essas pessoas possuem. Dessa forma, faz-se ainda mais necessário conhecer os participantes e suas habilidades, capacidades e algumas das dificuldades antes de realizar atividades relacionadas as fases de design; isso também apoia no processo de estabelecimento de confiança mútua entre todos os envolvidos.

Todavia, devido às características desse público, a inclusão deles em atividades participativas não foi simples, devido ao contexto cognitivo, tecnológico e de vida que eles vivenciam. As adaptações das técnicas de design utilizadas e os planejamentos e execuções das atividades para avaliar as técnicas adaptadas e a análise dos resultados tiveram que considerar esses fatores ao mesmo tempo que considerava o objetivo geral de cada uma das técnicas utilizadas.

Nessa pesquisa, técnicas como entrevistas semi-estruturadas, técnicas de storytelling, cenários¸ técnicas de brainstorming como braindraw, brainwrite e prototipagem em papel, foram adaptadas de forma a engajar os participantes, evitar a fadiga cognitiva e a mudança de humor, apoiar a criatividade e o entendimento das atividades. Para isso, buscou-se realizar as atividades em duplas ou trios, ou em grupos, sempre que possível, com a presença de um mediador para instigar a comunicação, e evitando o paralelismo e pressão do tempo cronometrado presente em técnicas como braindraw e brainwrite, por exemplo. Para apoiar a criatividade e abstração necessárias em várias fases de design, imagens, histórias e exemplificações foram utilizadas como estratégias, bem como outros materiais físicos para concretizar conceitos e ideias e para dar exemplos. Ainda, durante o planejamento e execução

das atividades teve-se a preocupação em realizá-las em etapas, para que os participantes pudessem ter menos dificuldade em entender a técnica que seria utilizada. Durante todas as atividades, os pesquisadores tiveram a sensibilidade e fazer com que todos os participantes se sentissem parte do grupo e que estavam colaborando de alguma forma.

Esta dissertação de mestrado apresentou ainda, as lições aprendidas durante a realização desta pesquisa, de modo que elas possam apoiar a inclusão de idosos com comprometimento cognitivo no processo de design. Essas lições foram compartilhadas como forma de apoiar outros pesquisadores no planejamento e execução de atividades participativas e para que eles possam refletir sobre certos pontos que não são claros ou que são desconhecidos quando se inicia uma pesquisa nesse contexto.

Portanto, por meio das atividades realizadas neste estudo e com as diversas lições aprendidas, espera-se que os desafios existentes em realizar DP com idosos com algum tipo de comprometimento cognitivo e em engajá-los nessas atividades possam ser melhores entendidos e tratados de forma que eles não sejam limitantes as contribuições que os idosos podem fazer durante o design de uma solução que pode afetar a sua vida.

Entretanto, mesmo os resultados tendo apresentados indícios da possibilidade de inclusão dos idosos com comprometimento cognitivo no processo de design, até que ponto eles podem ser incluídos, de fato, para que eles possam atuar criticamente na solução de design? Essa reflexão é válida, principalmente, quando os participantes são analfabetos digitais, têm baixa escolaridade e possuem, em alguns casos, demência em estágio avançado, pois são fatores que impõem diversos desafios ao processo de design, sobretudo na questão tecnológica necessárias nas fases “design” e “prototipação”. Embora seja importante desenvolver tecnologia voltada para esse público, talvez, é necessário ter a consciência que nem todos têm capacidades e habilidades necessárias para participar de atividades tão complexas ou de atuar em todas as fases, sendo necessário, portanto, selecionar os participantes mais engajados e participativos e com mais capacidades, como fez Lindsay et al. (2012).

Por fim, cumpre destacar que essa pesquisa de mestrado teve três artigos aceitos para publicação. O primeiro artigo (MURIANA & HORNUNG, 2016), publicado no XV Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais (IHC16) discutiu a importância de conhecer os participantes com comprometimento cognitivo antes das atividades participativas e descreveu e analisou os resultados de quatro atividades realizadas com esse intuito. O segundo, (MURIANA & HORNUNG, 2017ª), publicado no 16th IFIP TC.13 International Conference on Human-Computer Interaction (INTERACT 2017) apresentou os resultados obtidos com algumas das atividades da fase “entender o contexto” (Seção 5.1). Por

fim, o terceiro artigo (MURIANA & HORNUNG, 2017b), foi aceito no XVI Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais (IHC17) e analisou e discutiu os resultados dessa pesquisa de mestrado, apresentando os principais desafios em realizar DP com idosos com comprometimento cognitivo e nas lições aprendidas para lidar com tais desafios.