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Capítulo 6 DESIGN PARTICIPATIVO COM IDOSOS COM COMPROMETIMENTO

6.3 Síntese das Lições Aprendidas

Diversas lições foram aprendidas durante a adaptação e avaliação das técnicas de design utilizadas nesta pesquisa. Esses aprendizados foram divididos em oito categorias e são apresentados a seguir:

Comunicação

L1 – A presença de um mediador nas atividades ajuda a promover a comunicação necessária nas atividades. Todavia é necessário ainda instigar os participantes para que eles se sintam confortáveis e confiantes a se comunicarem. A comunicação é fundamental durante todo o processo de design participativo, mas sobretudo nas fases de design, prototipação e avaliação. L2 – A presença de um cuidador ou outra pessoa que os participantes estão familiarizados também ajuda a promover a comunicação e pode apoiar os pesquisadores a adquirirem conhecimentos externos que eles não teriam acesso, como acontecimentos particulares de cada idoso ou a situações que ocorreram na instituição. A participação de terceiros pode ser necessária em todas as fases de design, mas na fase de entender e estudar, podem ter mais destaque por serem as primeiras fases do ciclo de design e ainda está sendo estabelecida a confiança entre todos os envolvidos.

L3 – Atividades em grupos com poucos participantes também podem apoiar que mais deles tenham voz e possam se expressar, promovendo assim, a comunicação. Atividades em grupos podem ser realizadas em qualquer momento do design.

Criatividade

L4 – O uso de fotos, vídeos e outras mídias podem apoiar a criatividade dos participantes e embora possam limitá-la, essas estratégias podem ser necessárias para apoiar os participantes a terem ideias iniciais, principalmente nas fases de design e prototipação.

L5 – Exemplificar ideias pode apoiar a criatividade, pois é uma possibilidade para os participantes tornarem concreto situações que podem ser desconhecidas por eles. Na fase de design e prototipação os exemplos podem apoiar na ideação de soluções.

L6 - Experiências prévias com tecnologia apoiam a criatividade e podem ajudar na busca por soluções inovadoras, principalmente nas fases design e prototipação.

Adaptação das Técnicas de Design

L7 – O desenvolvimento de materiais para as atividades e de protótipos, tanto de baixa- fidelidade quanto funcionais, deve considerar guidelines relacionados ao envelhecimento, comprometimento cognitivo e analfabetismo digital em todas as atividades de todas as fases de

design.

L8 – Atividades coletivas facilitam a contribuição dos participantes que têm dificuldade em atividades individuais devido a insegurança ou problemas motores, por exemplo, e podem ser utilizadas em qualquer fase de design.

L9 – As atividades devem evitar a memorização, principalmente se for necessário relembrar atividades realizadas anteriormente em outros encontros, sobretudo nas fases design e prototipação.

L10 – As atividades de todas as fases de design devem evitar técnicas que exigem uma coordenação motora fina e técnicas que exigem ritmo de execução.

L11 – As atividades devem evitar o paralelismo e a necessidade de sincronismos entre as ações dos participantes em qualquer uma das fases de design.

Planejamento das Atividades

L12 – As atividades devem ser planejadas de forma que a técnica utilizada seja apresentada/explicada passo-a-passo, de forma que o raciocínio desejado seja construído gradativamente.

L13 – As atividades devem ser planejadas de acordo com o nível e habilidades do grupo dos participantes, de forma, que quando necessário, elas permitam os participantes aprenderem os conceitos necessários, mas sobretudo, de modo que facilite o entendimento das atividades. L14 – As atividades não devem levar mais tempo que o esperado, e quando necessário, devem ser repetidas em outros encontros.

L15 - As atividades devem ter uma duração suficiente para se obter os resultados desejados de modo que os participantes não se sintam cansados e exaustos cognitivamente.

L16 - O número de participantes deve ser considerado durante o planejamento das atividades, uma vez que devido a saúde e bem-estar dos idosos, o número de participantes pode variar de uma atividade para outra.

Engajamento dos Participantes

de forma a diminuir a sensação a de estarem sendo avaliados. Evitar termos como “avaliar” e “testar” para que eles não se sentam receosos em realizar a atividade, ressaltando que todo tipo de colaboração é importante e útil.

L18 – O uso de cenários com contextos semelhantes ao design que se pretende realizar pode apoiar os participantes a não se sentirem inseguros e inibidos por não terem os conhecimentos e experiências necessários.

L19 - Realizar atividades que promovam a sociabilidade e que não exijam muito cognitivamente dos participantes podem motivá-los a frequentar os encontros, de forma que eles criem confiança com os pesquisadores, e vice-versa.

L20 – Realizar atividades que estão próximas a atividades que os participantes já realizam, como atividades de colagem, desenhos e jogos podem apoiar a engajar os participantes nas atividades.

L21 - Desenvolver atividades que utilizem técnicas que trabalham com experiências concretas e exemplos ilustrativos, como agenda, calendário, histórias com personagens fictícios, por exemplo, apoiam no engajamento dos participantes por permitir que alguns assuntos sejam tratados com naturalidade.

Entendimento das Atividades

L22 – As atividades devem, primeiramente, começar com um contexto conhecido para os participantes e apenas em outro momento abordar a temática do design que está sendo desenvolvido, como forma de facilitar o entendimento do objetivo da atividade.

L23 – A realização de algumas atividades simples inicialmente pode preparar os participantes para atividades mais complexas, apoiando, inclusive, no entendimento de outras atividades. L24 – O uso de jogos, fotos/imagens ilustrativas, músicas e conversas em grupos pode ser adequado em alguns contextos para apoiar o entendimento da realidade dos participantes. Execução das Atividades

L25 – Durante as atividades, o mediador deve estar preparado para lidar com mudanças de humor e no momento da análise dos resultados, fazer as devidas considerações sobre essa situação.

L26 – O mediador deve ter a sensibilidade de perceber que o participante pode não estar se sentindo parte do grupo ou da atividade, ou por não entender a atividade, ou por achar que está colaborando menos do que outros, e assim, tentar fazê-lo mudar sua sensação em relação ao seu papel na atividade.

L27 - Durante atividades de avaliação de protótipos, é recomendável permanecer ao lado dos participantes como forma de guiá-los e dizer a tarefa que deve ser feita e fazer perguntas que permitam avaliar as informações que estão na interface podem apoiar os participantes a não se sentirem receosos em interagir com o protótipo e demandar menos que eles se lembrem das tarefas que precisam executar.

Resultados

L28 – Resultados, quando possível, devem ser personalizados para torná-los concretos, como com o uso de vídeos e fotos, por exemplo, para apoiar o compartilhamento dos resultados e para que os participantes se lembrem do que fizeram.

L29 - Compartilhar resultados ajuda a engajar e a motivar os participantes durante as atividades, e apoia a lembrá-los de atividades passadas e a promover o contexto de atividade subsequentes. 6.3 Síntese do Capítulo

Os resultados obtidos durante a realização das atividades, os quais foram descritos no Capítulo anterior, mostram que há vários desafios para a inclusão de idosos com comprometimento cognitivo em um processo de design. Esses desafios foram discutidos neste capítulo e as estratégias para lidar com eles foram relatados.

Os desafios de inclusão de idosos com comprometimento cognitivo em atividades participativas nas fases de design vão desde os desafios que são característicos do quadro clínico que essas pessoas enfrentam até os desafios dos pesquisadores e designers em preparar as atividades que serão realizadas de forma a engajar os participantes, evitar ou amenizar as limitações dessas pessoas, evidenciar suas capacidades e ainda, obter o objetivo de determinada fase de design.

A realização das atividades com os idosos proporcionou diversos aprendizados, quanto a adaptação e avaliação das técnicas experimentadas. Esses aprendizados ao longo da pesquisa foram usados para a adaptação de outras técnicas e para os planejamentos, execuções e análises dos resultados dessas atividades. As lições aprendidas foram divididas em oito

categorias e, dessa forma, espera-se que elas possam apoiar outros pesquisadores a realizarem atividades com esse público também.