Atividade 18 Simplificando e Imaginando

A partir das dificuldades ocorridas em preencher os cartões e imaginar situações e como elas poderiam ser solucionadas na atividade anterior, a atividade foi simplificada no sentido que não seria necessário preencher cartões e a atividade ocorreria por meio de conversa, parecido com um brainstorming oral não-estruturado.

Assim, foi proposta uma atividade com o mesmo objetivo da Atividade 17: levantar funcionalidades/ideias de forma que se tornem elementos para a prototipação de um visualizador de fotos. Porém, devido às dificuldades identificadas na atividade anterior, esta atividade consistiu nos participantes falaram o que eles queriam (ação) no momento de visualizar fotos e como eles gostariam de realizar isso. Todavia, para que eles pudessem

entender a dinâmica da atividade e se sentir confortáveis em dar ideias, a técnica de brainstorming foi adaptada para que houvesse dois momentos antes da fase de ideação. Assim, a atividade foi dividida em três etapas: i) criatividade; ii) entender a atividade; e iii) propor soluções para um cenário de visualização de fotos.

Para apoiar a criatividade necessária para a terceira etapa da atividade e mostrar aos participantes que eles poderiam ter qualquer tipo de ideia, na primeira etapa da atividade um dos pesquisadores deu alguns exemplos para eles de coisas simples que poderiam ser feitas de formas diferentes. Alguns exemplos foram reais e possíveis, como “acender uma luz quando alguém bater palma”, enquanto outros não faziam sentido. Os exemplos que não faziam sentindo, como “a TV seria ligada apenas quando aparecesse um vampiro pilotando uma moto” eram para que os participantes não se sentissem bloqueado e se sentissem livres para terem qualquer tipo de ideia. Durante a etapa 1 e enquanto um dos pesquisadores dava exemplos, os participantes também puderam sugerir outras soluções para as mesmas situações.

A segunda etapa da atividade objetivava explicar o que seria feito na terceira etapa por meio de um outro cenário. O cenário era relacionado à rotina dos participantes, por ser mais simples que um cenário de visualização de fotos. Os participantes deveriam imaginar o seu quarto e imaginar como eles poderiam fazer algumas coisas de forma diferente. Escolheu-se o cenário de um quarto porque era esperado que os participantes dessem soluções dentro de um contexto já conhecido e corriqueiro para eles, como acender a luz e abrir as portas do armário, por exemplo. Como era esperado, os participantes conseguiram entender a dinâmica da atividade e propor soluções para o cenário do quarto.

Na última etapa da atividade foi apresentado um cenário no qual os participantes iriam visualizar fotos. O seguinte contexto foi descrito para eles: "Imaginem que vocês precisam conversar com a Isis [coordenadora geral do LVC] aqui no Centro Geriátrico e por isso vocês veem aqui. Após conversar com ela, vocês decidem ver algumas fotos no computador (imagem que há um na recepção), porém vocês não têm tanto tempo porque está quase na hora da janta (ou de alguma outra atividade que vocês querem participar) “. A partir do cenário apresentado, algumas situações foram discutidas com os participantes para que eles imaginassem soluções, como "como escolher quais fotos eu quero ver no computador? “.

A dinâmica para as etapas 2 e 3 consistia em: o mediador apresentou o cenário para o grupo e explicou que eles tinham o poder de fazer coisas de um modo diferente e que eles podiam imaginar qualquer coisa. Após a explicação inicial, um dos pesquisadores perguntou o que eles gostariam de fazer de um modo diferente. Qualquer participante podia responder e quando algum deles desse alguma sugestão, todos podiam opinar e sugerir maneiras distintas

para realizar aquela ação, para que houvesse várias ideias para uma mesma situação.

Como era esperado, os participantes, dez no total, foram capazes de sugerir algumas ideias para o cenário da visualização de fotos. Assim, foi possível levantar os seguintes requisitos/ideias para a aplicação de visualização de fotos:

● Ver algumas fotos um dia e voltar outro dia para ver as demais ● Escolher as fotos

○ Ir passando até achar a desejada enquanto aperta um botão ○ Usar uma máquina de contar dinheiro para passar as fotos ○ Usar comando de voz

● Passar as fotos

○ Apertar um botão

○ O botão deve ter algo escrito para ajudar a identificar a função do botão ○ Botão automático (como filme)

● Botão automático

○ Ter música enquanto as fotos passam devagar ● Texto nas fotos para contar o que estava acontecendo ● Conversar com a pessoa da foto

● Fazer comentários

○ Digitar num teclado e o comentário aparece embaixo da foto

Por meio da conversa em grupo, alguns participantes foram capazes de sugerir algumas ideias para uma ferramenta de visualização de fotos, enquanto outros ficaram apenas observando durante toda a atividade. Alguns, embora não tenham colaborado com ideias, foram capazes de fazer comentários sobre algumas ideias levantadas por outros participantes e até mesmo, levantar algumas preocupações sobre as ideias. O participante P4, por exemplo, mostrou-se preocupado em saber qual botão deveria ser pressionado quando houvesse vários na interface. Vale destacar que o participante P1 participou ativamente dessa atividade colaborando com ideias (seja em qualquer um dos momentos dela), porém em atividades anteriores pouco interagia ou se comunicava com o grupo e com os pesquisadores.

Com essa atividade foi possível analisar que a inclusão de duas etapas antes da ideação do brainstorming apoiou para que o objetivo da técnica fosse alcançado. Por mais que o objetivo tenha sido alcançado, percebeu-se, no entanto, que era necessário utilizar outras estratégias para apoiar a criatividade dos participantes, principalmente por se tratar de um cenário desconhecido por eles. Além disso, foi analisado que era preciso criar novos

mecanismos para que os participantes que eram menos comunicativos se sentissem encorajados a participar e não ficassem apenas observando.