TEMA: A Soberania de Deus Usa Satanás e o Sofrimento para Amadurecer o Seu Povo
AUTÓRIA
Uma das grandes prerrogativas deste livro é a sua característica de ser um hinário e, como tal, serviu a Israel e à igreja quase exclusivamente até há poucos séculos. O Livro de Salmos tem sido uma das maiores fontes de inspiração para oração e louvor a Deus. Está colocado no coração da Bíblia, sendo que o salmo 117 é o capítulo central, e Salmo 118:8, o versículo central: “Melhor é buscar refúgio do Senhor do que confiar no homem.” O conceito desse versículo reflete o caráter de Davi, e por isso o livro é tra dicionalmente chamado de “Salmos de Davi”.
A. T ÍT U L O S
1. Título do Livro. Os hebreus chamavam-no de “O Livro de Louvores” (Sefer Tehillim) ou simplesmente “Louvores”, de signando o seu principal objetivo, o de louvar ao Senhor. Os tradutores gregos deram-lhe o nome de “Salmos” (Psalmoi), que é a tradução do título hebraico (Mizmor) dado a cinqüenta e sete salmos, e significam canções cantadas com acompanha mento de instrumentos de cordas. O Novo Testamento também usou esse título em Lucas 20:42 e Atos 1:20. Vem daí o termo: “Saltério.”
2. Títulos dos Capítulos. Uma característica singular dos Salmos é que muitos têm títulos individuais prefixados (134 no texto hebraico; 148 no grego, considerando-se “Aleluia” como um título para diversos salmos). Embora esses títulos não façam parte do texto original (as Bíblias hebraicas aceitam-nos como versículo 1 em cada capítulo), eles têm a sua origem na anti güidade, antes da versão Septuaginta (século II a.C.).
São sete os títulos, dados principalmente para sugerir como eram usados:
a. Mizmor (57 vezes) Canção acompanhada com instru mentos de cordas.
b. Shir (30) Qualquer canção de natureza sa grada ou secular.
c. Maschil (13) Poema meditativo ou didático. d. Miktam (6) Significado indefinido, talvez “ex
piatório”. e. Tephillah (5) Oração.
f. Tehillah (1: Salmo 145) Canção de louvor. Veio daí o título hebraico para o livro.
g. Shiggayon (1: Salmo 7) Significado indefinido, talvez um salmo penitencial.
3. Outras Funções de Títulos de Legenda. Para compreender as legendas, é útil observar as seguintes funções:
a. Títulos descrevendo o caráter do salmo (como visto acima). b. Títulos dando instrução musical, como: “Ao Mestre de
Canto.” (4)
c. Títulos indicando o uso litúrgico, como: “Cântico para o Dia de Sábado.” (92)
d. Títulos dando a autoria (todos menos 50).
e. Títulos descrevendo o cenário original (somente 14, todos relacionados com Davi: 3, 7, 18, 30, 34, 51, 52, 54, 56, 57, 59, 60, 63 e 142).
B. A U T O R E S
1. Toda a coleção dos salmos é chamada de “Salmos de Davi”, porquanto o seu nome está no princípio de quase a metade deles e, sem dúvida, muitos outros foram por ele inspirados. Do mesmo modo que os Livros de Samuel registram a história de Davi, os Salmos revelam seu coração e teologia. Sua forte personalidade preparou-o de maneira singular para escrever esses salmos:
a. Era um homem perspicaz e de grande coração, de sensíveis emoções vibrantes e vontade férrea, com vida dedicada e disciplinada, e relacionamento vital com Deus (2 Samuel 23:1).
b. Teve uma larga experiência como pastor, músico, poeta, guerreiro, fugitivo, amante, teólogo e homem de estado, nas muitas vicissitudes da vida.
2. Doze autores foram identificados pelas legendas dos títulos e pelos tradutores da Septuaginta. Pelas legendas:
O Livro dos Salmos
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(2) c. Salomão (2) d. Asafe (12) e. Filhos de Coré (10) f. Hemã (1) g- Etã (1) a. Moisés (1) — Salmo 90. b. Davi (73) — 3-9; 11-32; 34-41; 51-65; 68-70; 86; 101; 103; 108-110; 122; 124; 131; 133; 138-145. — 2 (identificado em Atos 4:25); 95 (identificado em Hebreus 4:7). ■72; 127. (12) — 50; 73-83. (10) — 42; 44-45; 47-49; 84-85; 87-88. — 88 (também um filho de Coré).89. Pelos tradutores da Septuaginta (19):
h. Ezequias ( 1 5 ) — 120-134 (com parar com Isaías 38:20).
i. Jeremias (1) — 137. j. Ageu (1) — 146. 1. Zacarias (1) — 147. m. Esdras (1) — 119.
Os outros são os “salmos órfãos”, não-identificados (embora a identificação, pelo Novo Testamento, do salmo 95 como davídico pudesse incluir o grupo 95-100).
3. Esdras tem sido reconhecido tradicionalmente como o compi lador dos Salmõs na sua apresentação atual, embora Davi, Sa lomão, os homens de Ezequias (Isaías e Miquéias) e Jeremias possam ter sido os compiladores nas suas respectivas épocas.
CENÁRIO HISTÓRICO
A. D A T A S EM Q U E O S S A L M O S F O R A M E S C R IT O S
1. Admitindo-se que Moisés foi o mais antigo escritor dos Salmos (1430 a.C., aproximadamente), esse livro foi escrito num pe ríodo de cerca de 1000 anos. No século X IX , alguns eruditos designaram datas do período macabeu para alguns dos Salmos, mas essas datas foram abandonadas em favor das pré-helenís- ticas (Encyclopedia Judaica, pág. 1312).
2. Os autores especificados sugerem diversas épocas em que os Salmos foram escritos: época de Davi (1020-970), Salomão (970- 931), os filhos de Asafe e de Coré, talvez antes do exílio, e a época dos “homens de Ezequias“, mais ou menos em 700 a.C.
B. C E N Á R IO R E L IG IO S O
1. A religião é a essência dos Salmos. Leland Ryken observou que “praticamente todos os poemas do Saltério contribuem de al guma maneira para o conflito entre o bem e o mal” [The Lite-
dos Salmos há dois tipos de pessoas, as boas e as más, as piedosas e as não-piedosas. O salmista está quase sempre no meio da batalha, alinhando-se com a causa divina e dando louvores a Deus pela sua intervenção já ocorrida ou prestes a ocorrer profeticamente.
2. As legendas dos títulos mostram que muitos salmos foram usa dos pela congregação com objetivos litúrgicos. Leopold Sabou- rin demonstra que esses salmos acompanhavam muitas vezes o culto sacrifical [The Psalms: Their Origin and Meaning (Salmos: Origem e Significado), pág. 18]. E também evidente que os salmos de Ezequias (120-134) foram usados pelos peregrinos quando subiam a Jerusalém para as festividades, e o grupo Aleluia era cantado na celebração da Páscoa, conforme Mateus 26:30, bem como no Pentecoste e na festa dos Tabernáculos.
C. C E N Á R IO N A C IO N A L
1. Religião, política ou operações militares estavam grandemente entrelaçadas em Israel. Assim, nos Salmos, as batalhas militares de Israel são vistas como cruzadas religiosas. O inimigo é con siderado calamidade nacional e são feitas imprecações para a sua destruição como a alguém que luta contra Deus. Os Salmos retratam uma forte lealdade nacionalista equivalente à devoção, e os israelitas assim pensam quando dependem do Senhor para alcançar a vitória.
2. Essa tela de fundo nacional e militar é observada num grande número de salmos, sobretudo na maioria dos atribuídos a Davi, os quais dão detalhes adicionais. No Salmo 3, por exemplo, Davi é perseguido por Absalão, no 18 acaba de fugir de Saul, no 34 escapa dos filisteus e no 54 esconde-se de Saul.
Os salmistas escreveram sobre infortúnios, vitórias e louvores nas muitas dificuldades do viver diário. A intensidade dos pro blemas seculares levou-os a Deus e ensinou-lhes a dar louvor pela vitória.