A. J ó : “Sabedoria para Entender as Provações da Vida.”
O primeiro livro de sabedoria trata de um dos mais estranhos enigmas da vida: Por que sofrem os justos, ou por que o viver
virtuosamente nem sempre resulta em felicidade e paz interior? Essa ironia da vida é catastrófica à maioria dos sistemas morais e desafia aquele que crê na Bíblia, interrogando os mais pro fundos pensamentos sobre Deus e seus caminhos para com o homem. Esse livro é um drama cósmico no qual a soberania divina governa todas as esferas e conduz Jó (um homem de perfeição e ortodoxia religiosa), através do crisol do sofrimento, a um plano de conhecimento e fé mais profundos em Deus. Está em prova um sistema religioso que chegou a um impasse, um sistema com visão distorcida de Deus e do homem, que somente com relutância se submete às mais profundas verdades da pessoa de Deus. O livro é um apelo para todos os aflitos aumentarem a sua fé em Deus e confiarem nele “mesmo quando os céus se calam” e a justiça parece estar ausente. A verdadeira fé pode mover o coração de Deus de maneira inconcebível.
B. PROVÉRBIOS: “Sabedoria para Crescimento e Disciplina na
Vida.’’
Provérbios é uma coleção clássica de ditados selecionados sobre a formação de um caráter piedoso. Seu objetivo é contrastar dois modos de vida — sabedoria e insensatez —, demonstrando ser absoluta loucura viver dominado pelas emoções. Realça a ne cessidade de estar com Deus desde a juventude, disciplinar-se para atingir valores mais altos e duradouros e reconhecer o po der e o potencial que podem ser adquiridos através de caráter forte e vida espiritual. O livro não é uma miscelânea de provér bios soltos. São provérbios selecionados que valorizam a “sabe doria”, demonstram sua vantagem e concluem com a modelar descrição de quem dela se apropriou: a encantadora mulher virtuosa e vivaz do último capítulo.
C. ECLESIASTES: “Sabedoria para Encontrar o Verdadeiro Signi
ficado da Vida.”
Eclesiastes é um singular livro de sabedoria sobre a necessidade de aproveitar a vida à luz da soberania divina, a fim de não sucumbir ao pessimismo devido aos contratempos da vida. A sua confiança implícita não é futilidade ou pessimismo, mas praze roso otimismo. O objetivo do livro é demonstrar a inutilidade de uma filosofia de vida sem Deus “debaixo do sol”. O autor ou compilador leva-nos para o laboratório da vida, examinando várias maneiras de ir ao encalço de satisfação e valores. Tendo Salomão por guia, é uma viagem muito proveitosa, pois ele foi bem-provido de sabedoria, riquezas, esposas e emoções —atri butos suficientes para empreender essa busca com supremo vigor. Suas descobertas e conclusões estão nesse livro manifestas
para o benefício de todos os que preferirem assimilar o seu ensino em vez de aprender a duras penas. A vida deve ser apro veitada com sobriedade, tendo sempre em mente o encontro final com o Criador.
0 Livro de )ó
Introdução
AUTORIA
A. T ÍT U L O
Como Ester, o livro de Jó foi assijn chamado em homenagem ao seu herói, e não devido ao seu autor, embora Jó possa ter registrado nele muitos detalhes de sua vida. A etimologia do nome J ó (Hebraico: ’Iyyob) é um tanto incerta. A palavra hebraica po deria ter o significado de “estar em hostilidade”, enquanto a pa lavra árabe equivalente (’Awwabun) sugere “arrependimento”, “recuo” ou “reparação”. William F. Albright, “The Archaeology o f
Palestine” (Arqueologia da Palestina) deduz de escritos amarnas egípcios que o significado seja “Onde está o Pai” (’aba). Sendo Jó uma história relacionada com a parte norte da Arábia, é plausível presumir o significado árabe de “reparação” ou “arrependimento”.
B. A U T O R
1. O livro é anônimo, nada revelando sobre quem o escreveu. Vários nomes, porém, foram cogitados como possíveis autores: Jó , Eliú, Moisés, Salomão ou Jeremias.
2. Os nomes de Moisés e Salomão têm sido os preferidos. O Tal- mude judaico atribuiu-o a Moisés, supondo que ele soube da história quando esteve em Midiã e redigiu ou compôs o livro sob inspiração divina. Com base na composição e no conteúdo do Eclesiastes, Salomão também é considerado o autor pelos rabinos e por vários outros eruditos.
3. A característica patriarcal e o fato de não mencionar a Lei Mosaica ou as intervenções divinas no êxodo são um argumento em favor de alguém que tenha vivido em tempos patriarcais. Se foi Moisés o autor, o estilo árabe e o cenário podem ser devidos ao fato de ter ele ouvido a história autêntica em Midiã
onde esteve quarenta anos, e composto o livro durante as gran des dificuldades de Israel no deserto. É provável que tenha sido revisado, e isto exploraria sua linguagem aparentemente mais recente do que a de outros livros bíblicos antigos.
CENÁRIO HISTÓRICO
A. D A T A D O S A C O N T E C IM E N T O S R E G IS T R A D O S — Período Patriarcal
1. Como algumas vezes os acontecimentos de Jó são questionados quanto à sua base histórica, vejamos as razões fundamentais para manter a sua historicidade:
a. Jó é identificado como um habitante de Uz, e não de um lugar fictício (1:1).
b. A Palavra de Deus através de Ezequiel refere-se quatro vezes à historicidade de Jó, bem como de Noé e Daniel.
c. Tiago 5:10-11 invoca a historicidade do sofrimento e pa ciência de Jó, do mesmo modo como invoca a historicidade dos profetas.
d. As cenas celestes do prólogo e epílogo são obviamente his tóricas apenas em virtude da sua revelação divina.
2. O cenário patriarcal dos acontecimentos (entre Abraão e Moi sés) é geralmente aceito devido às seguintes considerações: a. O modelo patriarcal de vida e religião no qual Jó age como
pai-sacerdote em sua casa.
b. A avançada idade de Jó (talvez duas vezes 140, 42:16) está mais de acordo com a idade atingida pelos patriarcas (Abraão morreu aos 175 anos).
c. O fato de não haver referência à Lei Mosaica quando fala sobre a justiça, nem aos milagres do êxodo, é um forte ar gumento a favor de uma data primitiva.
d. Elifaz, o temanita, talvez fosse um descendente próximo de Temã, neto de Esaú, sendo que o pai de Temã também era chamado Elifaz (Gênesis 36:15).
B. D A T A EM Q U E O L IV R O FOI C O M P O S T O
1. Para melhor apreciação dos variados pontos de vista sobre a data em que foi composto o livro, E. J . Young organizou um breve estudo de diversas opiniões An Introduction to the Old Tes-
tament (Introdução ao Antigo Testamento), pág. 340: a. Na época de Salomão — Keil, Delitzsch, Haevernick. b. No século oitavo (antes de Amós) — Hengstenberg. c. No princípio do século sétimo — Ewald Riehm.
d. Na primeira metade do século sétimo — Staehelin, Pfeiffer. e. Na época de Jeremias — Koenig, Gunkel, Pfeiffer.
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f. No exílio — Cheyne, Dillmann (1891).
g. No século quinto — Moor, Driver e Gray, Dhorme. h. No século quarto — Eissfeldt, Volz.
i. No século terceiro — Cornill (mais tarde defendeu uma data mais indefinida).
O próprio Young era a favor da data e autoria salomônica.
2. Com base nos argumentos a favor da autoria de Moisés ou de Salomão, e no reconhecimento da possibilidade de posterior