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Introdução

a u t o r i a

A. T ÍT U L O

Estes livros tomaram esse nome devido à primeira figura hu­ mana de destaque neles, Samuel, palavra que significa “nome de Deus” ou possivelmente uma abreviatura de “pedido a Deus”. Ori­ ginalmente, no cânon hebraico, os dois livros formavam um só volume, “O Livro de Samuel”, mas foram divididos em dois pelos tradutores gregos (Septuaginta) que os chamaram de “ 1 e 2 Reis”. Os livros que chamamos de 1 e 2 Reis tinham o nome de 3 e 4 Reis.

B. A U T O R

Estes livros, como a maioria dos livros históricos, são anônimos. O profeta Samuel é geralmente considerado o autor de 1 Samuel 1-24, e Natã e Gade os autores da parte restante. As descrições detalhadas e a minúcia sugerem que os autores foram testemunhas oculares dos acontecimentos. Segundo observação do próprio Tal- mude Hebraico, a declaração de 1 Crônicas 29:29 fornece pro­ vavelmente os melhores indícios de autoria desses livros: são “o livro de Samuel, o vidente”, “o livro de Natã, o profeta”, e “o livro de Gade, o vidente”.

CENÁRIO HISTÓRICO

A. D A T A S E N V O L V ID A S — 1100 a 970 a.C., aproximadamente.

1. Os acontecimentos relatados nos dois livros cobrem o período do nascimento de Samuel até o fim do reinado de Davi. Su­ pondo que Samuel tivesse 30 anos aproximadamente quando começou a sua liderança em 1070 (cinco anos após a morte de Eli), ele deve ter nascido em 1100 a.C., aproximadamente. Visto

Os Livros de Samuel 91 que o reinado de Davi estendeu-se de 1010 a 970, o período de tempo para os livros de Samuel é de cerca de 130 anos. 2. Antes da magistratura de Samuel, diversos juizes governaram

Israel. Sansão a sudoeste governou Judá e Dã; Jefté governou Manassés e Efraim oriental; Ibsão, Elom e Abdom julgaram outras partes de Israel, enquanto Samuel crescia em Silo. 3. Diversos períodos sobrepostos estão envolvidos na história:

40 anos — opressão dos filis---- 1095-1055 (Juizes 13:1) teus

40 anos — magistratura de E li— 1115-1075 (1 Samuel 4:18) o sacerdote

75 anos — arca em Quiriate- — 1075-1000 (1 Samuel 7:2; 1

-Jearim Crônicas 15:25)

40 anos — magistratura de — 1055-1015 (1 Samuel 7:14-

Samuel 16)

40 anos — reinado de Saul — 1050-1010 (Atos 13:21) 40 anos — reinado de Davi — 1010-970 (2 Samuel 5:4)

B. E S T A D O R E L IG IO S O EM Q U E SE A C H A V A A N A Ç Ã O

1. O período começou com a idolatria e a imoralidade ainda pre­ dominando em Israel (1 Samuel 7:3). Embora Eli fosse fiel como sacerdote, ele deixou de honrar a Deus por não disciplinar os seus filhos (1 Samuel 2:29) que serviam no tabernáculo de Silo com flagrante imoralidade e cobiça. Por esse motivo o Senhor proferiu julgamento contra a casa de Eli, dizendo que seria afastada do sacerdócio (1 Samuel 2:33). Esse estado de religião superficial e de práticas imorais era evidentemente comum em todo Israel e fez com que o Senhor, para disciplinar o seu povo, permitisse a invasão dos filisteus.

2. O tabernáculo e a arca tinham estado em Silo (14 km ao norte de Betei) desde os tempos de Josué até os de Eli. Quando na ocasião da morte de Eli a arca foi roubada, esses dois itens principais do sistema religioso de Israel ficaram separados e assim permaneceram durante 75 anos até que Davi fez com que a arca voltasse em 1000 a.C. Observe os vários locais em que estiveram o tabernáculo e a arca desde a época de Josué:

TABERNÁCULO ARCA

Em Gilgal 1405-1398 Em Gilgal (e tabernáculo) 1405-1398 Em Silo 1398-1075 Em Silo (e tabernáculo) 1398-1075 Em Nobe 1075-1015 Em Filistia 1075 Em Gibeom 1015-1000 Em Quiriate-Jearim 1075-1000 Em Jerusalém 1000- 960 Em Jerusalém (no tabernáculo) 1000- 960 (Templo terminado, 960) Em Jerusalém (no templo) 960- 586

C. E S T A D O P O L ÍT IC O D A U N IÃ O

1. Divisões internas. No começo do século 11 a.C. o fraco estado espiritual de Israel combinava com o seu fraco estado político. Foi uma época de lideranças divididas e anarquia geral. Desde a morte de Josué, a nação vinha sem liderança central, mas nas emergências as tribos eram julgadas por juizes indicados por Deus e, às vezes, por governantes sacerdotes (Finéias e Eli). 2. Opressões externas. Os filisteus do sudoeste fizeram nessa

época a maior oposição externa a Israel, embora Israel fosse também atacado esporadicamente pelos seus vizinhos consan- güíneos que lhe ficavam a leste, e pela Síria ao norte. Os filisteus tomaram-lhe não somente a arca; toda a Jordânia ocidental foi várias vezes quase tomada por eles. Muitas campanhas de guerra foram empreendidas contra os filisteus no século onze (V. Esboço de 1 Samuel).

3. Sob o reinado de Davi, os problemas de anarquia interna e opressão externa foram resolvidos aos poucos. A partir de um grupo de tribos rivais, a nação tornou-se uma força política unida e respeitada por todas as nações da região. Sob a lide­ rança do salmista os filisteus foram expulsos; Edom, Moabe, Amom e Síria tornaram-se vassalos de Israel, e concluiu-se um tratado de paz com a Fenícia.

OBJETIVO DOS LIVROS DE SAMUEL

O objetivo dos livros de Samuel é apresentar a história do desenvol­ vimento de Israel desde um estado de anarquia até um estado de monarquia teocrática. Dá uma descrição religiosa do crescimento da nação, mostrando a futilidade da tentativa de unificação e crescimento nacional por esforço e liderança humanos, bem como o grande poder e prestígio de uma nação fundada em princípios teocráticos sob um rei indicado por Deus. O motivo dominante é a glória e o poder de uma nação que corresponde ao Senhor soberano.

Contribuições singulares de I e 2 Samuel

1. SAMUEL, O QUE UNGE REIS. A história do Antigo Testamento apresenta-nos três levitas notáveis do começo, m eio e fim do pe­ ríodo de Israel: Moisés, Samuel e Esdras. Os três prestaram re­ levante contribuição à Palavra de Deus. Moisés escreveu os cinco primeiros livros. Esdras escreveu os últimos quatro ou cinco livros históricos e organizou o cânon. Samuel é o provável autor de três dos livros do meio desse período. A importância de Samuel, en­ tretanto, vem do fato de que ele foi o que ungiu os dois primeiros

Os Livros de Samuel

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reis de Israel a mandado do Senhor. Essa continuou a ser uma função especial dos profetas de Israel até a ocasião em que João Batista apresentou a Jesus. Como homens de profundo caráter espiritual, os profetas eram chamados para representar Deus na seleção de reis.