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Os avanços nas etapas de regularização fundiária nas áreas da APRM-Billings, segundo

3 A PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO

3.5 O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO E AS OCUPAÇÕES URBANAS

3.5.2 Os avanços nas etapas de regularização fundiária nas áreas da APRM-Billings, segundo

As etapas de regularização fundiária nas áreas da APRM-B, quando enquadradas no Programas de Recuperação de Interesse Social – PRIS preveem, como exposto, e grosso modo, a realização de diversas etapas: o enquadramento da área pelo Município; o enquadramento pela CETESB (hoje como órgão executor) ao Programa (PRIS); o licenciamento de atividades; a execução de obras; a verificação das condições ambientais do loteamento em relação ao manancial, e finalmente o registro e titulação do lotes.

Os Municípios inseridos na APRM-B estão, ao menos os mais adiantados, no momento dos pedidos de enquadramento das ZEIS, no Programa de Recuperação de Interesse Social – PRIS.

No início desta pesquisa imaginou-se que a lei específica da APRM-Guarapiranga pudesse apresentar um acúmulo de experiências nos programas de recuperação de interesse social, entretanto não há tantas experiências que possam ser comparadas. Neste sentido, as experiências de enquadramento no PRIS iniciadas por São Bernardo do Campo servirão de exemplo de casos para análise.

Em 03 de março de 2010, a CETESB expediu alvará de licença metropolitana157 para obras públicas a serem executadas no Sítio Bom Jesus, uma ZEIS com 47.470,00 m², situado

157Embora não exista previsão na Lei Específica da Billings de sua necessidade, o Alvará de Licença Metropolitano expedido pela CETESB tem respaldo no artigo 57 do Decreto estadual nº 8.468, de 1976, atualizado com redação dada pelo Decreto nº 54.487, de 2009.

no Bairro Alvarenga, no Corpo Central I, em AOD, subárea de ocupação especial – SOE. Embora não houvesse o inicial enquadramento no PRIS, esta proposta é considerada como a primeira experiência de intervenção fundamentada na Lei Específica da Billings, e que condiciona a emissão do alvará de obras à execução de diversos projetos de recuperação ambiental e adequação das moradias, anteriormente instaladas nas áreas de preservação permanente de córregos.

Sublinha-se que este processo, cuja abertura data de 2008158, previa inicialmente a intervenção em APP fundamentada pela Resolução nº 369 do CONAMA. Entretanto à época da solicitação o órgão manifestou-se pela insuficiência de requisitos para autorização das intervenções. Somente em 2009, com a aprovação da Lei federal nº 11.977/2009 e da Lei estadual nº 13.579/2009, foi possível ao Município obter junto ao seu Conselho Municipal de Meio Ambiente uma Resolução deliberando pela viabilidade do “Plano Integrado de Urbanização e Regularização Fundiária Sustentável na região do Alvarenga”, incluindo neste plano a área do referido Sítio Bom Jesus, cuja aprovação deu-se na forma do Decreto municipal 17.096/2010. A partir da juntada do Plano aprovado pelo Município, foi possível a continuidade do processo junto à CETESB, que ao final conclui e recomenda:

Que as intervenções previstas têm como finalidade, além da resolução da questão fundiária, a qualificação ambiental do núcleo habitacional com adequação de rede viária e sanitária, melhoria das condições de moradia e recuperação de faixa marginal ao córrego;

Que consta dos autos, fls. 61 a 64, declaração por parte do Município de atendimento a todos os requisitos previstos pela Resolução CONAMA 369/06, artigo 9º para enquadramento do projeto como Regularização Fundiária Sustentável em Área Urbana;

Que consta dos autos, fls. 107 a 110, parecer de aprovação do projeto pretendido por parte do Conselho Municipal de Meio Ambiente, órgão deliberativo recém- instituído.

Conclui não haver óbices, no que tange às questões de ordem florestal de competência desta Agencia Ambiental, às intervenções em APP propostas no presente processo.

Destaca-se, no entanto as seguintes recomendações:

Que se obtenha a outorga junto ao DAEE para eventuais travessias, intervenções diretas em curso d‟água ou regularização de canalização existente;

Que se mantenha máxima permeabilidade na faixa de 30m do curso d‟água, prevendo soluções de pavimento permeável em vias e áreas livres de construção e que haja recuperação das áreas remanescentes através do plantio de espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica;

[...]

Por fim, por se tratar de área de proteção de mananciais do Reservatório Billings, as intervenções pretendidas devem estar respaldadas pelo Alvará de Licença Metropolitana emitido pela CETESB.

As obras de intervenção do Sítio Bom Jesus puderam então ser iniciadas e uma das fases já foi concluída com algumas unidades habitacionais entregues às pessoas que haviam sido removidas, isto é, dentro do processo de regularização integrada que inicia pelas obras de urbanização.

Recentemente, foram enquadrados no Programa de Recuperação de Interesse Social os loteamentos Jardim Cocaia (com 25.258,77 m²) e Capelinha (com 154.600,00 m²), ambos ZEIS e ambos loteamentos informais159, inseridos no compartimento Corpo Central II, em AOD, subárea de ocupação especial SOE.160

Segundo informações da Prefeitura de São Bernardo do Campo no Parecer Técnico de Enquadramento 001/11/LAPM – Núcleo Cocaia, o órgão técnico pondera a necessidade de implantação de infraestrutura no loteamento parcialmente urbanizado, cujas moradias precárias ocupam parte da margem do córrego. O risco ambiental e sanitário em relação ao manancial, por sua vez, é justificado pela ausência de coleta e afastamento de esgoto, além destes, a impermeabilização do solo, a ausência de drenagem eficiente, a ocupação e desmatamento das áreas de preservação permanente e a ausência de rede de distribuição de água, que são fatores de risco ambiental e sanitário que comprometem as moradias e o manancial. O Parecer 002/11/LAPM – Núcleo Capelinha aponta a necessidade de obras de infraestrutura, consolidação geotécnica ou de drenagem urbana. O risco ambiental e sanitário, por sua vez, é semelhante aos encontrados no Núcleo Cocaia.

Sobre as condições e viabilidade dos sistemas de saneamento ambiental, em ambos os loteamentos verifica-se, a partir dos pareceres, obrigações conjuntas do Município de São Bernardo do Campo e SABESP, empresa pública do Estado de São Paulo, para o abastecimento de água, no qual, e a partir das diretrizes fornecidas pela SABESP, caberá ao Município a implantação de adutora e rede de distribuição, e para a coleta de esgoto onde a Prefeitura deverá implantar sistema de recalque interligado às linhas de recalque existentes, que, por sua vez, encaminharão os efluentes para Estação de Tratamento do Bairro Riacho Grande.

159Os assentamentos parecem ter origem semelhante. A gleba fora adquirida por Associação de Moradores que parcelou informalmente e transferiu os lotes aos moradores através de um Contrato de Compra e Venda.

160Referente aos processos junto à SMA de nº 685/2010, Assentamento Cocaia, e n° 686/2010, Assentamento Capelinha.

Os Pareceres ainda alertam que:

O término da regularização fundiária fica condicionado à comprovação pelo órgão técnico regional da APRM-B de que as condições de reurbanização e saneamento ambiental estabelecidas pelos respectivos PRIS foram implantadas e efetivamente mantidas durante um prazo mínimo de dois anos, contados a partir do término da execução das intervenções com a participação da população local beneficiada.

A experiência de São Bernardo do Campo é positiva como exemplo. O Município está promovendo a regularização fundiária de interesse social de forma integrada, ou seja, inicia com as obras e remove moradores para as unidades habitacionais construídas dentro dos PRIS, liberando algumas áreas. Este planejamento da área vai importar na abertura de áreas para ações de reconstituição de áreas de preservação permanente de córregos e na abertura de linhas adequadas de drenagem, além dos programas de permeabilização. Evidentemente está ocorrendo no Município o reconhecimento do direito de moradia nas áreas de mananciais em conjunto com a proteção do meio ambiente, tendo criado seu Sistema Municipal do Meio Ambiente em 2011.