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2 DESENVOLVIMENTO RURAL: PASSOS PARA SUSTENTABILIDADE

2.4. Capital Social: Uma construção do coletivo e para o coletivo

O termo capital social foi usado pela primeira vez há cerca de um século quando Lyda Hanifam o utilizou para descrever a relação entre o decréscimo de sociabilidade e das relações de vizinhança frente à pobreza crescente em centros comunitários de escolas rurais (D’ARAUJO, 2010). Historicamente, o conceito de capital social aparece várias vezes e com várias dimensões durante o século XX. Nos últimos anos, segundo Khan e Silva (2005) o interesse pelo estudo do capital social, bem como na confiança entre os indivíduos, no associativismo e nas redes de relações sociais foi intensificado. A partir de 1990 o termo capital social se expandiu para várias áreas do conhecimento sendo que entre 1991 a 1999, 1.112 artigos em ciências sociais foram elaborados sobre esse tema (ARAÚJO, 2010). A tabela 1 pautada em D’Araújo (2010) apresenta de modo resumido momentos históricos da evolução do conceito de Capital Social.

Tabela 1. Momentos históricos da evolução do conceito de Capital Social

Década Protagonista Momento histórico do uso do conceito de capital social 1950 John Seeley Expressão é usada para assinalar pertencimento de morados

urbanos a certos clubes e associações que facilitavam o acesso a outros bens e serviços.

1960 Jane Jacobs Termo é usado para enfatizar a importância das redes informais de sociabilidade nas grandes metrópoles encorajando a segurança pública.

1970 Glenn Loury Expressão é usada para explicar a relação entre desenvolvimento econômico e laços de confiança e conexão social entre diferentes grupos étnicos nas grandes cidades norte-americanas.

1980 Pierre Bourdieu

Definiu capital social como agregador de recursos, reais e potenciais, que possibilitavam o pertencimento duradouro a determinados grupos e instituições.

Ekkehart Schlicht

Expressão usada para sublinhar a importância da organização social e da ordem moral para o desempenho econômico

James Coleman

Expressão é usada tanto como mecanismo de satisfação e completude da vida social quanto como um recurso sem o qual a criação de outros bens/recursos seria impossível Robert Putnam Expressão é usada para relacionar confiança, reciprocidade

e participação cívica como caminho para a prosperidade. Francis

Fukuyama

Capital social é relacionado à prosperidade econômica e cultural nos processos de desenvolvimento industrial Fonte. Elaborado com base em Araújo (2010, p. 23-26)

O conceito de capital social ganhou destaque com a publicação do livro de Robert Putnam, “Making Democracy Work: Civic Tradicions in Modern Italy”, em 1993. Este livro, fruto de extensa pesquisa iniciada em 1970, visou acompanhar o processo de implantação da descentralização administrativa naquele país. Putnam constatou que o norte italiano, mais desenvolvido, soube aproveitar melhor as vantagens da descentralização quando comparado à região sul italiana. Após análise de inúmeras variáveis, ele percebeu que o contexto cívico era importante para o funcionamento das instituições, as quais, aliadas à cultura cívica e à confiança interpessoal traduziam-se em capital social, como um recurso fundamental de poder para os indivíduos e para a sociedade beneficiando a todos os envolvidos (ARAÚJO, 2010).

Pensando sobre o capital social em uma sociedade, Bourdieu (1998) nos remete às relações que se estabelecem e que o definem como

[...] o conjunto de recursos atuais ou potenciais que estão ligados à posse de uma rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de interconhecimento e de inter-reconhecimento [...] como um conjunto de

agentes que não somente são dotados de propriedades comuns, mas também são unidos por ligações permanentes e úteis. (BOURDIEU, 1998, p. 67)

Olhar para essas relações nos transportam para Durston (1999, p.103) que define capital social como um conjunto de normas, instituições e organizações que promovem confiança e cooperação entre as pessoas, nas comunidades e na sociedade no seu conjunto.

Segundo Durston

[…] se habla de capital social en el sentido que es un recurso (o vía de acceso a recursos) que, en combinación con otros factores, permite lograr beneficios para los que lo posueen. Por otro lado, esta forma específica de capital reside en las relaciones sociales. (DURSTON, 2000, p.7-8)

Durston e López (2006) sintetizam definições de capital social de alguns pensadores, as quais, são apresentados de modo resumido na tabela 2 a seguir.

Tabela 2 - Definição de Capital Social para diferentes autores.

Autor Definição de Capital Social

Robert Putnam Capital social refere-se a características da organização social, tais como leis, normas e relações interpessoais que podem promover a eficiência da sociedade através da facilitação de ações coordenadas.

James Coleman É uma entidade que apresenta duas características em comum: elas fazem parte de toda a estrutura social e facilitam ações dos indivíduos pertencentes a esta estrutura.

Pierre Bourdieu Capital social é o conjunto de recursos reais ou potenciais vinculados a uma rede de relações duráveis mais ou menos institucionalizadas de reconhecimento mútuo.

Francis Fukuyama Pode ser definido como um local de valores informais ou normas que regem os membros de um grupo que permite colaboração entre eles.

Banco Mundial Capitão Social refere-se as normas e relações capazes de promover ações coletivas visando redução da pobreza e desenvolvimento humano e econômico sustentável.

John Durston Capital Social pode ser entendido como o conteúdo de certas estruturas sociais, relações e atitudes comportamentais de confiança, reciprocidade e cooperação.

Para Abramovay (1998) capital social

[...] é construído segundo a capacidade dos atores de estabelecer relações organizadas – mercantis e não mercantis – que favoreçam não só a troca de informações e a conquista conjunta de certos mercados, mas também a pressão coletiva pela existência de bens públicos e de administrações capazes de dinamizar a vida regional. (ABRAMOVAY, 1998 p. 5).

O capital social pode ser considerado como uma relação de confiança e reciprocidade e não individualizada: refere-se a indivíduos sociais que interagem em uma coletividade (ZARATE, 2009). Tanto Bourdieu quanto Coleman relacionam capital social como atributo dos grupos sociais, coletividade e comunidade (DURSTON, 2000). Assim sendo, conforme o pontuado por Bebbington (2005, pag.48) “El capital social es el contenido de ciertas relaciones e instituciones sociales, caracterizadas por conductas de reciprocidad y cooperación y retroalimentadas con actitudes de confianza. ”

James Coleman em seus estudos sobre os fundamentos da Teoria Social apresenta a conceito de que capital social não é uma propriedade privada, divisível ou alienável (Durston, 2000), mas sim um atributo da estrutura social na qual a pessoa se encontra imersa. Assim sendo o capital social beneficia a todos, e não apenas a pessoa (ZARATE, 2009).

Para Bourdieu (1980) uma rede de relações não é um ato natural constituído por um ato social de constituição, mas é o produto de instauração e manutenção para produzir relações duráveis e úteis capazes de proporcionar lucros materiais e simbólicos. Desse modo cada membro do grupo é o guardião dos limites do grupo onde se evita a entrada de um membro novo que poderia vir a modificar o grupo mudando os limites da troca legítima.

Para Putnam (1996) o capital social não é produto espontâneo e nem pode ser produzido automaticamente. Criar capital social supõe criar mecanismos de cooperação, reciprocidade e de confiança mútua que estimulem as capacidades das pessoas a expandirem suas liberdades. Liberdade que não é “apenas a base da avaliação de êxito e fracasso, mas também um determinante principal da iniciativa individual e da eficácia social” (SEN, 2000).

O que as pessoas conseguem positivamente realizar é influenciado por oportunidades econômicas, liberdades políticas, poderes sociais [...] estas oportunidades são ainda influenciadas pelo exercício das liberdades das pessoas, mediante a liberdade para participar da escolha social e da tomada de decisões públicas que impelem o progresso destas oportunidades. (SEN, 2000, p.19)

Baseado na pesquisa de Putnam (1996), o capital social é capaz de articular, agregar considerando as características da organização social, como confiança, normas e sistemas, que contribuem para aumentar a eficiência da sociedade, facilitando as ações coordenadas.

Um ambiente positivo seria um ponto importante para estimular a acumulação de capital social, sendo o legado histórico considerado importante (FOX, 1996) e as estruturas sociais devem ser vistas como recursos, como um ativo de capital de que os indivíduos podem dispor (ABRAMOVAY, 2000). O capital social pode ser utilizado pelos indivíduos de maneira a convertê-los em alguma forma de benefício. Esses recursos, para existirem, prescindem da existência de confiança, normas e sistemas que por ventura venham a contribuir ao desenvolvimento desta localidade.

É importante ressaltar a função das redes sociais para o fortalecimento do capital social. Estas são formadas por laços que além de proverem recursos têm um contexto e propiciam a expansão de crenças e práticas culturais (ZARATE, 2009). A partir do fortalecimento dessa rede de atores trabalhando por um objetivo comum, além da promoção do desenvolvimento territorial, possibilitam a transformação mesmo que parcial da dinâmica organizacional das diferentes localidades incluídas neste território.

Construir capital social é construir capacidades sociais e técnicas, aprimorar os processos de gestão social e construir a visão de território com base na cooperação e na confiança mútua. Ele é composto por sistemas sociais complexos, baseados em múltiplos agentes que os mobiliza em suas estratégias e empreendimentos (MENDONÇA e PINHEIRO, 2008).

Capital social está definido aqui por três fatores inter-relacionados: confiança, normas e cadeias de reciprocidade e sistemas de participação cívica – sistemas que permitem a pessoas cooperar, ajudar-se mutuamente, zelar pelo bem público, promover a prosperidade. (ARAÚJO, 2010).

Assim sendo

[...] grupos que constroem uma ação mais interativa entre as iniciativas de acompanhamento técnico-econômico e as de caráter educacional participativo tenderam a construir relações sociais de solidariedade, reciprocidade e confiança mais fortes, o que acarretou em expansão das condições de geração de capital social de forma significativa. (AMÂNCIO, 2006, p.11)

O capital social quando presente em uma sociedade fortalece a tomada de decisões e a execução de ações colaborativas que beneficiem toda a comunidade. (KHAN e SILVA,

2005). Desse modo, capital social é um conceito que promove estratégias de organização de classes com um caráter de instrumento que utilizam os atores racionais com a intenção de manter ou reforçar seu status ou poder na hierarquia social (MILANI, 2003).

Indivíduos capitalizados socialmente possuem maior grau de articulação e de agregação de interesses no âmbito externo. No entanto, não é a quantidade de participação política que define a organização dos atores e sim a qualidade delas. Para a formação de capital social é importante reproduzir e priorizar laços comunitários de solidariedade horizontais (não hierárquicas) e quebrar os laços verticais que salientam as relações clientelistas, opressoras e oportunistas (AMANCIO, 2006).

Para Zarate (2009) o capital social não deve apenas pautar-se em sentimento de solidariedade e simpatia, mas criar valor para os indivíduos que participam de diferentes redes sejam elas:

1. Redes sociais de informação;

2. Normas de reciprocidade e ajuda mútua entre as diferentes redes sociais: i. Redes de laços sociais entre pessoas que têm muito em comum;

ii. Redes de laços mais frágeis entre pessoas que mantêm a reciprocidade generalizada.

3. Redes que promovam a visão coletiva;

4. Redes que ampliem as relações interpessoais e solidariedade; e

5. Redes que busquem um desenho com a intervenção de todos os envolvidos, aproveitando as diferentes potencialidades de cada um dos membros da rede e minimizando os pontos negativos.

Para Durston (2000) a confiança que existe entre os indivíduos que integram as redes não é um recurso da sociedade como um todo, mas somente do indivíduo pertencente a um grupo de uma determinada rede. Para Zarate (2009, p.8) “las redes sociales estimulan la identidad y el sentido de comunidad del individuo, lo que genera un sentimiento de satisfacción personal e interés por cooperar”.

Durston (2000) fornece uma tipologia de capital social, postulando formas crescentes de relações interpessoais, das relativas ao indivíduo até grupo, comunidade, ponte, escada e societária:

a) Capital Social Individual: é aquele que se manifesta principalmente em relações entre duas pessoas. Essas relações são casuais, com um conteúdo de confiança e reciprocidade. É um recurso presente nos relacionamentos. As redes aqui estabelecidas são mais restritas e pautadas em interesses mais individualistas;

b) Capital Social de Grupos: é uma ampliação do capital social individual pautado em redes ampliada, comumente de 4 a 12 pessoas, tendo como referenciais laços fortes de integração;

c) Capital Social Comunitário: Ocorre em nível de comunidade onde o capital passa a ser coletivo. A comunidade pode ser territorial ou funcional, ou seja, ele pode ser um bairro comunidade definido como um estável, ou pode ser uma comunidade de interesse, definido pela existência de objetivos comuns. As redes formadas não trabalham graças ao capital social de uma pessoa ou grupo em particular, mas como uma propriedade de toda a comunidade.

d) Capital Social de Ponte: Refere-se à capacidade de indivíduos, grupos ou comunidades de interação com outras partes interessadas. Neste papel particularmente destaca as ligações horizontais extensas, ou seja, a estabelecida entre atores de poder similar.

e) Capital "Escada": Refere-se a relação de confiança que é assimétrica, ou seja, aquela na qual um confia mais que o outro, ou ainda, em contextos democráticos os vínculos podem ser de conexão entre atores de pouco poder com de alto poder.

f) Capital Social Societário: é aquele que é desenvolvido em nível nacional ou social, enfatizando as virtudes e fraquezas de culturas nacionais tradicionais.

Bebbington (2005) fornece uma tipologia de capital social a partir de seus estudos da compreensão das trajetórias de reprodução no meio rural e suas relações com o desenvolvimento. Seu valor principal se encontra em como facilitar o acesso a outros capitais onde suas correlações com o empoderamento se fazem necessárias para que sejam implementadas mudanças nas relações entre o Estado e as próprias comunidades. O autor apresenta três tipos de capital social:

a) Capital social de união: reflete os laços mais íntimos e próximos. São laços de família e de comunidade, com poucas pessoas e geograficamente envolvendo pessoas que vivem muito próximas;

b) Capital social de ponte: refere-se aos laços menos intensos que os de união, que envolvem pessoas e grupos similares, mas geograficamente mais distantes. Ex: comunidades de agricultores, de mães solteiras (são formas federativas de organização);

c) Capital social de escada: refere-se às relações entre grupos e pessoas com distintas identidades e com diferentes graus sociopolíticos;

O capital social de união pode facilitar o acesso a recursos em uma localidade e provavelmente de uma maneira mais rápida (para responder a momentos de emergência e crises, sempre quando a crise afeta também os outros membros destas redes locais). Possuem mais compromissos, mais controles sociais, mais demandas de reciprocidade. As outras formas de capital social são menos seguras, no sentido que o ator pode estar seguro de que o outro ator respeitará o compromisso da relação e por outro lado pode assegurar-se de que estas formas de capital social darão acesso a outros recursos. O capital social de união atua na sobrevivência, oferecendo acesso às formas de reciprocidade e apoio em momentos de crise, possibilidade de partilha de recursos (por exemplo: bancos comunitários). (BEBBINGTON, 2005).

O capital social de ponte pode pressionar para produzir mudanças nas políticas e nas regras que determinam a distribuição dos ativos enquanto o capital social de escada permite acessar certos tipos de recursos públicos e externos, nacionais e internacionais. Capitais sociais de ponte e escada oferecem a possibilidade de ascender a recursos que existem fora da localidade ou das estruturas sociais locais, recursos de outros tipos e potencialmente de outro nível (BEBBINGTON, 2005).

Para incorporar o conceito de capital social nas políticas de desenvolvimento, Woolcock e Narayan (2016) apresentam 6 recomendações que devem ser observadas:

 Realizar um estudo institucional social, a fim de identificar os interessados e suas inter-relações, visto que as intervenções a serem propostas vão afetar o coletivo;

 Investir em capacidade organizacional dos atores sociais e auxiliá-los a construir pontes entre as comunidades e grupos sociais. Uma das grandes virtudes da ideia e do discurso sobre capital social é que ele fornece uma linguagem comum a todas as partes interessadas;

 Somar as vozes que clamam por políticas que incentivem a disseminação da informação em todos os níveis visando o bem público;

 Melhorar o acesso físico aos serviços e recursos, bem como a tecnologia de comunicação moderna, promovendo melhor troca de informações entre os diferentes grupos sociais, a fim de complementar a interação social;

 Considerar os efeitos potenciais impactos da política intervencionista no capital social das comunidades;

 O capital social deve ser visto como um componente de projetos de desenvolvimento onde as comunidades locais devem contribuir no desenho, implementação, gestão e avaliação de projetos, visando a sustentabilidade deste. Durston (2000) traz à discussão a possível existência de um tipo de capital que o autor chama de coletivo e ou individual, para além das relações de confiança e reciprocidade entre os indivíduos, articulado em redes interpessoais. Para o autor o capital social poderia ser observado em âmbito individual ou comunitário.

O capital social individual se manifesta principalmente nas relações sociais pautadas em confiança e reciprocidade manifestada principalmente em relações em redes mais individualizadas, enquanto o coletivo ou comunitário, em contrate, se expressa em instituições complexas pautadas na cooperação e gestão.

Capital social individual refere-se ao recurso que uma pessoa acumula na forma de reciprocidade difusa e que pode ser reclamada em tempos de necessidade a outras pessoas para as quais tenha realizado, de forma direta e indireta, serviços ou favores em qualquer momento no passado. Este recurso reside não na pessoa em si, mas nas relações entre as pessoas. (DURSTON, 2000).

O capital social comunitário ou coletivo consta de normas e estruturas que delimitam as instituições de cooperação do grupo. Reside não em relações interpessoais, mas em sistemas complexos, em estruturas normativas, gestionários e passíveis de sanções. (DURSTON, 2000). Generalizando, o capital social individual é propriedade de quem pode se beneficiar dele; o capital social comunitário não é propriedade de ninguém, porém contribui para o benefício do grupo. De modo geral “[…] el capital social comunitario es una forma particular de capital social, que abarca el contenido informal de las instituciones que tienen como finalidad contribuir al bien común. ” (DURSTON,1999, pag.103)

Durston (2000) pontua que o capital social comunitário apresenta como características (benefícios) institucionais e funcionais:

a) Controle social através da imposição de normas compartilhadas pelo grupo e sancionada pela imposição de castigo aos transgressores;

b) Criação de confiança entre os membros de um grupo;

c) Cooperação coordenada em tarefas que excedem as capacidades de uma rede; d) Resolução de conflitos por lideres por uma esfera jurídica institucionalizada; e) Mobilização e gestão de recursos comunitários;

f) Legitimação de líderes e executivos com funções de gestão e administração; e g) Geração de âmbitos e estruturas de trabalho em equipe.

Como benefícios mais específicos da instituição do capital social comunitário o autor cita:

a) Prevenção e sanção de indivíduos que querem se beneficiar do capital social sem aportarem recursos próprios para o seu fortalecimento e

b) Produção de bens públicos criados de forma coletiva.

Durston (2000) apresenta a hipótese de que comunidades rurais promovem um ambiente ideal para que surja, ou seja, criado capital social. Entretanto a presença do capital social comunitário não é garantia de que estes resultados desenhados se produzam e dependem da existência de um conjunto de outras condições favoráveis. O capital social quando está presente é um atributo destes sistemas sociais porque influência a sustentabilidade sistêmica das instituições comunitárias. Assim sendo tanto o capital social individual quanto o comunitário são partes da cultura compartilhada e internalizada pelos indivíduos que se relacionam na comunidade.

A instituição do capital social comunitário pode surgir através de pelo menos quatro processos diferentes (DURSTON, 2000):

a) Coevolução de estratégias das pessoas;

b) Decisões racionais e conscientes dos indivíduos que compõem a comunidade; c) A socialização das normas relevantes de uma cultura desde a tenra infância; e d) Pode ser induzida por uma agencia externa que aplica uma metodologia de

desenvolvimento de capacidades de gestão comunitária.

O capital social é em grande parte um fenômeno comunitário porque as instituições locais de cooperação e cogestão emergem como resultado frequente da interação de estratégias individuais. As instituições e normas de capital social comunitário podem ser criadas intencionalmente por agentes externos a partir de um amplo repertório de metodologias de capacitação na participação das bases. Políticas públicas podem contribuir para a criação do capital social (DURSTON, 1999), além de promover empoderamento dos setores sociais mais excluídos. O capital social comunitário complementa os serviços públicos de diversas maneiras