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2 DESENVOLVIMENTO RURAL: PASSOS PARA SUSTENTABILIDADE

3. A CONCEPÇÃO METODOLÓGICA E O TRAJETO DA PESQUISA

3.2. O plano de trabalho e as estratégias de pesquisa

3.2.4. Etapas da pesquisa

Um primeiro momento de pesquisa foi dedicado à construção do panorama histórico da concepção, elaboração e implantação do Programa Banco Comunitário de Sementes de Adubos Verdes (BCSAV) tanto em nível de Brasil quanto no estado do Rio de Janeiro. Em um segundo momento buscou-se verificar, através de estudo socioeconômico dos agricultores familiares amostrados na pesquisa envolvidos na pesquisa e os condicionantes que os levaram a aderirem ao Programa BCSAV. No terceiro momento focou-se na análise das relações entre o desenvolvimento do Programa BCSAV e a formação do capital social entre os diferentes atores envolvidos.

3.2.4.1. Primeiro momento da pesquisa: Construção do panorama histórico da concepção, elaboração e implantação do Programa Banco Comunitário de Sementes de Adubos Verdes

Neste momento buscou-se o desenvolvimento dos objetivos específicos: 1. Resgatar historicamente a concepção, elaboração e implantação do Programa Banco Comunitário de Sementes de Adubos Verdes tanto em nível de Brasil quanto no Estado do Rio de Janeiro e 2. Verificar o papel dos diferentes atores envolvidos com a concepção, elaboração, implantação e acompanhamento do Programa Banco Comunitário de Sementes de Adubos Verdes no Estado do Rio de Janeiro. Para melhor compreensão das ações desenvolvidas dividiu-se este momento em duas etapas.

a) Etapa de resgate histórico

Inicialmente foi realizado o resgate histórico da concepção, elaboração e implantação do Programa BCSAV entre os anos de 2007 e 2014. O histórico do surgimento do Programa foi recuperado através de análise documental e entrevistas dirigidas a pessoas importantes na sua concepção, elaboração e implantação. Foram usados dados fornecidos pela Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (SFA-RJ) para o período delimitado bem como outros documentos tais como relatórios de gestão do exercício anual e alguns relatórios de agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). Foram entrevistados os idealizadores do Programa, entre os quais um pesquisador da Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Unidade Descentralizada de Agrobiologia (CNPAB), além dos gestores públicos envolvidos tanto em nível federal (um

profissional ligado ao Mapa) quanto estadual (um profissional ligado à Superintendência Federal do Mapa no estado do Rio de Janeiro). Também foi entrevistado um analista da Embrapa Agrobiologia (CNPAB) responsável pelo atendimento das demandas por sementes vinculadas ao Programa. Em todos os casos foram utilizados como instrumentos de coleta de dados, entrevistas pautadas em questionários abertos (apêndices 4 e 5).

b) Etapa das entrevistas com técnicos multiplicadores

Nesta etapa foram entrevistados técnicos multiplicadores entre os quais agentes de ater pública e privada, profissionais de secretarias de agricultura de municípios selecionados e associações e cooperativas de agricultores familiares do estado do Rio de Janeiro.

Considerando-se um universo de 42 técnicos multiplicadores foram delimitados espaços amostrais pautados em critérios como permanência no programa, participação nas capacitações e formação e assistência técnica aos bancos familiares e comunitários formados.

Um primeiro grupo foi constituído por quatro técnicos capacitados nas formações de 2009 e 2012 e envolvidos com a formação de bancos comunitários e familiares de sementes. Os demais técnicos (38) que também participaram da capacitação, mas não formaram bancos de sementes, constituiu o segundo espaço amostral, que foi definido considerando-se o delineamento experimental menos rigoroso, totalizando seis agricultores entrevistados.

Considerando-se um universo de 23 profissionais ligados às associações ou cooperativas, utilizou-se os mesmos critérios apresentados para definição dos espaços amostrais. Um primeiro grupo foi constituído por quatro técnicos capacitados nas formações de 2009 e 2012 e envolvidos com a formação de bancos comunitários e familiares de sementes. Os demais profissionais (18) ligados às associações ou cooperativas, que também participaram da capacitação, mas não formaram bancos de sementes, constituiu o segundo espaço amostral, que foi definido considerando-se o delineamento experimental menos rigoroso, totalizando quatro agricultores entrevistados.

Na tabela 10 são apresentados os espaços amostrais definidos para o cumprimento dos objetivos previstos para esta etapa de pesquisa.

Tabela 10 - Universo da pesquisa e definição do espaço amostral para construção do panorama histórico da concepção, elaboração e implantação do Programa Banco Comunitário de Sementes de Adubos Verdes no Estado do Rio de Janeiro, 2015.

Objetivos específicos

Universo da pesquisa Critérios para definição* do

espaço amostral

Amostra calculada para entrevistas 1. 2. Objetivo 1 3. Resgatar historicamente a concepção, elaboração e implantação do Programa Banco Comunitário de Sementes de Adubos Verdes tanto em nível de Brasil quanto no Estado do Rio de Janeiro;

Objetivo 2

4. Verificar o papel dos diferentes atores envolvidos com a concepção, elaboração, implantação e acompanhamento do Programa Banco Comunitário de Sementes de Adubos Verdes no Estado do Rio de Janeiro; 1 formulador do

programa Censo 1 entrevistados

1 gestor nacional Censo 1 entrevistado 1 gestor estadual Censo 1 entrevistado 1 analista da Embrapa Censo 1 entrevistado 4 técnicos capacitados e envolvidos com a formação de bancos comunitários e familiares de sementes Censo 4 entrevistados 38 técnicos capacitados e não envolvidos com a formação de bancos comunitários e

familiares de sementes

15%

Menos rigoroso 6 entrevistados

4 profissionais de associações e cooperativas capacitados e envolvidos com a formação de bancos comunitários e familiares de sementes Censo 4 entrevistados 18 profissionais de associações e cooperativas capacitados e não envolvidos com a formação de bancos comunitários e

familiares de sementes

15%

Menos rigoroso 4 entrevistados

Fonte. Dados da pesquisa (2015)

3.2.4.2. Segundo momento da pesquisa: identificação do perfil socioeconômico dos agricultores familiares e levantamento dos condicionantes para implantação de Bancos Comunitários de Sementes de Adubos Verdes

Neste momento da pesquisa buscou-se o desenvolvimento dos objetivos específicos: 3. Identificar o perfil socioeconômico dos agricultores selecionados no espaço amostral deste estudo envolvidos com os Bancos Comunitários de Sementes de Adubos Verdes e 4.Verificar os condicionantes que levam os agricultores a adotarem ou não a tecnologia social dos Bancos Comunitários de Sementes de Adubos Verdes.

Considerando-se o universo de 273 agricultores beneficiados pelo Programa segundo registros do Mapa21, foi realizado um recorte contemplando a formação dos 65 bancos familiares nos estabelecimentos agropecuários e a participação na capacitação realizada em 201222. Esses 273 agricultores que foram beneficiados pelo Programa recebendo sementes foram divididos em dois grupos para definição do espaço amostral, pautado no critério de participação ou não na capacitação ofertada pelo Mapa.

Um primeiro grupo foi constituído por 20 agricultores familiares que participaram da capacitação em 2012 para formação de bancos comunitários, sendo que destes apenas um agricultor constituiu banco familiar, formando o primeiro espaço amostral. Os demais agricultores (dezenove) que também participaram da capacitação, mas não formaram bancos de sementes constituíram o segundo espaço amostral, que foi definido considerando-se o delineamento amostral menos rigoroso, totalizando quatro agricultores entrevistados. Os demais 253 agricultores também beneficiados pelo Programa com o recebimento de sementes e que não participaram de capacitação constituíram o terceiro espaço amostral, composto tanto por agricultores que formaram bancos de sementes como os que não formaram. Neste caso, dados da Superintendência Federal da Agricultura apontam que no estado do Rio de Janeiro 64 agricultores deste total de beneficiados constituíram bancos de sementes e 189 não constituíram ou não comunicaram ao Mapa sua formação. Para ambos os casos foi usado como critério para definição do terceiro espaço amostral, o de menor rigorosidade, conforme apresentado na tabela 11 a seguir.

21 Dados fornecidos pela Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (SFA-RJ) na forma de documentos eletrônicos e não publicados.

22 Os agricultores aparecem nominalmente citados apenas na capacitação realizada no ano de 2012. Na listagem da Superintendência no ano de 2011, interstício entre a primeira e segunda fase do Programa, são relatados apenas a presença de associações ou cooperativas de agricultores (dados constantes no apêndice 6)

Tabela 11 - Universo da pesquisa e definição do espaço amostral para identificação do perfil socioeconômico dos agricultores familiares e levantamento dos condicionantes para implantação de Bancos Comunitários de Sementes de Adubos Verdes no estado do Rio de Janeiro, 2015.

Objetivos específicos Universo da pesquisa

Critérios para definição do espaço amostral Amostra mínima calculada para entrevistas Objetivo 3 Identificar o perfil socioeconômico dos agricultores selecionados no espaço amostral deste estudo envolvidos com os Bancos Comunitários de Sementes de Adubos Verdes

Objetivo 4

Verificar os condicionantes que levam os agricultores a adotarem ou não a

tecnologia social dos Bancos Comunitários de Sementes de Adubos Verdes

64 bancos familiares de sementes de agricultores que não foram capacitados

10% (Menos rigoroso)

7 entrevistados

1 banco familiar de sementes de agricultor que

foi capacitado

Censo 1 entrevistado

19 agricultores que foram capacitados e não formaram bancos familiares ou comunitários de sementes 20% (Menos rigoroso) 4 entrevistados 189 agricultores beneficiados e não formaram bancos familiares ou comunitários de sementes 5% (Menos rigoroso) 10 entrevistados

Fonte. Dados da pesquisa (2015)

* Segundo Little (citado por Fontes et al., 2003)

Para os quatro grupos amostrais foram aplicadas entrevistas com tópicos abordando perfis socioeconômicos e motivos e potenciais condicionantes para a formação ou não de banco familiar ou comunitário de sementes, bem como questões que buscaram explorar características dos agricultores e ou dos bancos de sementes relativos á geração e fortalecimento de capital social local (apêndice 1). Como dito, esperou-se obter nesta etapa os atendimentos referentes aos objetivos específicos 3 e 4 da pesquisa.

3.2.4.3. Terceiro momento da pesquisa: verificação de como o Programa Banco Comunitário de Sementes de Adubos Verdes pode contribuir para a formação ou fortalecimento do Capital Social em termos de promoção da confiança, reciprocidade e cooperação entre os pares

Como último momento de pesquisa propôs-se a análise da contribuição do Programa Bancos Comunitários de Sementes de Adubos Verdes para a formação ou fortalecimento do Capital Social em termos de promoção da confiança, reciprocidade e cooperação considerando como universo de pesquisa os cinco bancos comunitários registrados em julho de 2013 pela Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do estado do Rio de Janeiro (SFA-RJ). Foram entrevistados os gestores destes bancos comunitários, utilizando questionários semiestruturados, visando conhecer a dinâmica de interação entre os agricultores familiares no tocante a promoção e ou intensificação da confiança, cooperação e reciprocidade entre eles (apêndice 3).