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2 DESENVOLVIMENTO RURAL: PASSOS PARA SUSTENTABILIDADE

3. A CONCEPÇÃO METODOLÓGICA E O TRAJETO DA PESQUISA

3.3. Condução da pesquisa em campo

Esta etapa iniciou-se a partir do acesso aos documentos e relatórios da Superintendência Federal de Agricultura e Abastecimento do Rio de Janeiro (SAF-RJ). Inicialmente foi agendada uma entrevista com a superintendente com o intuito de explicar a pesquisa e seus objetivos e quando também foi solicitado o acesso a dados referente a implantação do Programa no estado. A partir da análise destes, foi possível determinar o trajeto histórico e os atores sociais com ele envolvidos. O material consultado constou de planilhas, relatórios de agentes multiplicadores que participaram das capacitações, relatórios anuais de gestão da SAF-RJ, listas dos nomes dos participantes nas capacitações de 2009 e 2012 e termos de compromissos dos agricultores.

3.3.1. Análise dos documentos e relatórios da SFA-RJ

Nesta etapa buscou-se analisar criteriosamente os dados dentro de parâmetros que permitissem o resgate histórico da concepção e implantação do Programa BCSAV no Rio de

Janeiro. Foram necessárias várias leituras do material para que se pudesse criar descritores23 a partir da análise de conteúdo24 de todos os documentos, foi possível estabelecer uma historicidade no contexto observado (SANTOS et al., 2001). A partir do observado foram identificados os responsáveis pelo Programa e ou aqueles que tinham maior inserção nas atividades visando sua implantação no estado do Rio de Janeiro. Uma leitura criteriosa, pautada em descritores selecionados, permitiu a reconstituição histórica, além de dar indicativos de questionamentos que deveriam ser feitos aos entrevistados visando preencher lacunas da reconstrução histórica e ou dúvidas.

3.3.2. Entrevistas com agentes multiplicadores e agricultores familiares

A partir dos documentos fornecidos pela Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do estado do Rio de Janeiro (SFA-RJ) foi feita uma lista onde constavam os dados cadastrais dos agricultores, agentes de assistência técnica e extensões rurais e profissionais de associações e cooperativas que tinham participado das capacitações realizadas nos anos de 2009 e 2012. Também foram fornecidas as informações referentes aos nomes dos demais agricultores familiares beneficiados pelo Programa. Entretanto alguns dados tais como e-mails e telefones encontravam-se desatualizados, sendo necessário um levantamento complementar para atualização dos contatos, o que foi feito com o auxílio do analista da Embrapa Agrobiologia responsável pelas ações de campo relacionadas à adubação verde. Isto permitiu que as entrevistas pudessem ocorrer, conforme o planejado na pesquisa, na medida que os contatos foram sendo atualizados.

Os entrevistados foram selecionados dentro do previsto no espaço amostral buscando na medida do possível contemplar todas as macrorregiões do estado do Rio de Janeiro (Figura 2). Exceções foram feitas quando a pesquisa tinha por objetivo o censo dos atores sociais conforme descrito no item 3.2.4. – Etapas de pesquisa.

23 Descritores são termos ou palavras-chave que a base de dados utiliza para indexar um artigo sendo que o descritor confere maior especificidade à busca realizada (POMPEI, 2010, p.1)

24 A análise de conteúdo, segundo Vergara (2005, p.15) “é considerada uma técnica para o tratamento de dados que visa identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema” (Vergara, 2005, p. 15). Para Bardin (2011, p.47), o termo designa “um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”.

Inicialmente o contato com os atores da pesquisa era feito por e-mail e ou telefone, quando uma explicação inicial do propósito da pesquisa era dada, e solicitada então, a colaboração deixando-os à vontade para optarem para participar ou não da mesma. Após esta breve explicação era feito o agendamento da entrevista.

Figura 2 - Macrorregiões do Estado do Rio de Janeiro cobertas pela pesquisa

Fonte:http://mapasblog.blogspot.com.br/2011/11/mapas-do-estado-do-rio-de-janeiro.html

Acesso em 18/11/2016

As entrevistas ocorreram entre 09/02/2015 a 13/06/2016, sendo que as três primeiras com agricultores familiares e as três primeiras com técnicos multiplicadores foram realizadas visando a adequação do questionário, representando, portanto, um pré-teste.

Os questionários destinados aos multiplicadores mostraram-se adequados, porém os destinados aos agricultores precisaram ser modificados nas questões referentes à participação destes em associações e ou bancos comunitários ou familiares de sementes. As perguntas originais que questionavam sobre o maior benefício de se fazer parte do Banco Comunitário de Sementes e sobre sua participação nos processos decisórios destes precisaram ser refeitas, visto que a participação não era realidade vivenciada por todos os entrevistados. Optou-se por uma

readequação na maneira de perguntar sobre esta temática, levando o agricultor a pensar em termos de como se daria seu comportamento em situações de participação nos bancos comunitários de sementes. Desse modo foi necessário readequar as questões que versavam sobre participação. Estas questões foram refeitas para os três primeiros agricultores após a restruturação dos questionários.

No início da realização das entrevistas foi reafirmado para os entrevistados o propósito da pesquisa e obtido o consentimento formal destes para a gravação das mesmas. Destaca-se que todos os entrevistados permitiram esta gravação, sendo o consentimento gravado. Em média as entrevistas com os técnicos de Ater duraram cerca de 60 minutos e com os agricultores 50 minutos. Todas as entrevistas transcorreram em clima de cordialidade, respeito e compreensão, o que permitiu o acesso a determinadas informações importantes no contexto da pesquisa.

Após a realização das entrevistas procedeu-se a transcrição dos áudios na íntegra para que não fossem perdidas percepções e opiniões das entrevistas a respeito da implantação do programa BCSAV no Rio de Janeiro, bem como respeitar os interlocutores enquanto sujeitos sociais construtores de seu próprio destino e relatores de uma realidade vivenciada. A transcrição das entrevistas ocorreu tão logo as entrevistas foram sendo realizadas, tendo a última ocorrido em 18/08/2016.