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Características Ambientais

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CAPÍTULO I – ECOSSISTEMAS NATURAIS E SISTEMAS URBANOS: ESPAÇOS

1.4. A IMPORTÂNCIA SOCIOAMBIENTAL DE RIO GRANDE DA SERRA NO

1.4.2. Características Ambientais

A cidade se insere no núcleo Cubatão, um dos seis núcleos contíguos do Parque Estadual da Serra do Mar55 (FÉLIX, 2013, p. 17), e na Área de Proteção Ambiental Serra do

Mar, áreas tombadas pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) em 1977 e 1984 respectivamente para a defesa e proteção do Bioma da Mata Atlântica.

Essas são regiões que foram reconhecidas em 1991/1992 pela UNESCO como

Reserva56da Biosfera da Mata Atlântica. Dessa maneira, o bioma da Mata Atlântica57 é

considerado como um dos “34 hotspots globais de biodiversidade, sendo uma área prioritária para conservação [e preservação], já que a Mata Atlântica está entre as cinco regiões com maiores índices de endemismos da Terra, com diversas espécies ameaçadas de extinção” (SUGIYAMA, 2010, p. 32).

54 O extenso território que compõe atualmente a região do Grande ABC 55 Uma das áreas a serem preservadas de acordo com o art. 225, §4º da CF/88.

56 É a porção terrestre, aquática e aérea do nosso planeta onde a vida se faz presente, especialmente protegidas pela UNESCO, que integram uma rede internacional de intercâmbio e cooperação, com a finalidade de conservar a biodiversidade e educação ambiental, a promoção do desenvolvimento sustentável e participação da sociedade civil, além da difusão do conhecimento científico.

57 O Bioma Mata Atlântica está compreendido como um conjunto de formações florestais e ecossistemas associados, que incluem v.g.: a Floresta Ombrófila Densa, a Floresta Ombrófila Mista, a Floresta Ombrófila Aberta, a Floresta Estacional Semidecidual, a Floresta Estacional Decidual, os Manguezais, as Restingas, entre outros, conforme reconhece UNESCO e a lei 11.428/2006 em seu art. 2º.

Também, a lei 11.428/2006 em seu art. 1º coloca o Bioma Mata Atlântica, como um patrimônio nacional a ser preservado e conservado a partir da sua regeneração.

A cidade possui abundância no que tange aos recursos florísticos, pois, a vegetação local é composta pela confluência das florestas ombrófila densa, ombrófila mista, estacional semidecidual, características da Serra do Mar, porém, tendo uma predominância para capoeira58.

Figura 4. Mapa Temático da Cidade de Rio Grande da Serra – delimitação territorial linha branca (sem escala)

Fonte: Extraído e adaptado (SEADE, 2009) e (GOOGLEMAPS, 2013)

58 Vegetação média ou baixa, rasteira, tipo secundária, e com algum tipo de degradação de acordo com (ALVES, et. al., 2010, p. 82). Mas também com uma boa concentração de Manacá-da-Serra, Ipês.

Possui fauna pujante composta por animais59 silvestres (espécies endêmicas)

BRESSAN, KIERULFF, SUGIEDA (2009), sendo que muitos desses são raros, estando entre aqueles que nem ainda foram pesquisados ou até mesmo são desconhecidos - tanto em âmbito macroscópico, quanto no âmbito microscópico - tornando dessa forma elemento importante constituinte da biodiversidade local, estadual e global.

No que tange aos recursos hídricos, a cidade possui copiosos corpos hídricos, que contribuem para a manutenção do microclima com relativa qualidade de ar atmosférico, mas, considerada como de boa qualidade, componentes ambientais basilares do Bioma da Mata

Atlântica.

Dos quase 37 km2 do território da cidade, aproximadamente 1/5 desse é ocupado

pelo reservatório artificial “represa Billings”, entremeada a um montante de outros recursos naturais, o que demonstra a relevância do ambiente natural a ser preservado, sendo esses, alguns dentre os vários motivos pelos quais a cidade tem o seu território totalmente inserido em “Área de Proteção aos Mananciais (APM)” (ALVES, et. al., 2010, p. 31), como previsto pela lei 13.579/2009. Dessa maneira, se faz conhecida corriqueiramente por seus moradores como sendo “100% Área de Mananciais” (XAVIER; et. al., 2007; NORONHA, 2010; SCARPIONI, 2012). Observe na tabela abaixo:

Tabela 1. Municípios do Grande ABC inseridos em Área de Proteção e Recuperação de Mananciais. Municípios Município (KmÁrea Total do 2) dentro da APM (KmÁrea do Município 2)

% da Área do Município Inserida em APM (Km2)

Lei 13.579/200960

Ribeirão Pires 107 107 100

Rio Grande da Serra 3361 33 100

Santo André 179 96 54

São Bernardo do Campo 411 216 53

Diadema 32 7 22

Mauá 67 13 19

Fonte: Adaptado (ALVES; et. al., 2010, p. 31)

59 Muitos já em estado de perigo, em vulnerabilidade, com ameaça de extinção, como é o caso macaco mono carvoeiro, existente na Serra do Mar - Mata Atlântica, o qual pouco se sabe sobre seu nicho ecológico, comportamentos sociais e reprodutivos que são complexos. Sabe-se que esse é considerado um indicador da qualidade ambiental pela UNESCO e espécie símbolo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (BRESSAN, KIERULFF, SUGIEDA, 2009, p. 50).

60 É a lei específica que trata dos mananciais e outras microbacias que estão interligadas à represa Billings, tratando dos municípios da RMSP com área total ou parcialmente inserida em Área de Proteção aos Mananciais (APM).

Cabe ressaltar, que o município de São Caetano do Sul não se insere nessa tabela por não possuir nenhuma área de manancial e nem mais reserva de vegetação significativa em seu território, existindo somente pequenas áreas verdes arborizadas v.g.: praças e parques públicos.

O clima62 da região é do tipo subtropical, variando em suas temperaturas médias

anuais de 18º C à 22º C no verão de 18º C e 14º C no inverno, com um índice pluviométrico anual de 14 mm (CÂMARA, 2012), o que justifica a recarga de água no solo e nos corpos hídricos. Além disso, há uma grande umidade relativa no ar proveniente da evaporação d’água de lagos, rios e córregos e também da evapotranspiração das plantas, tanto na região como também proveniente das plantas na serra do mar, compondo assim o ciclo hidrológico na região, estabelecendo o equilíbrio dinâmico ambiental local.

Os solos podem variar entre os tipos hidromórficos pela saturação de água, provenientes do contato superficial com os corpos hídricos v.g.: argiloso, e orgânicos, com grande concentração de matéria orgânica incorporada em sua composição, isso ocorrendo em virtude da decomposição de outros seres mortos e/ou pela ação resultante da intensa atividade biológica e/ou intemperismos63 físico e químico presentes na região.

Quanto ao abastecimento de água potável na cidade, boa parte deste se dá pela captação, tratamento e distribuição da água proveniente do principal corpo hídrico - Ribeirão da Estiva - que conjuntamente a outros dois rios (Rio Grande e Rio Pequeno) compõem a bacia fluvial de Rio Grande da Serra (FÉLIX, 2013, p. 18). Esses cursos d’água são afluentes convergentes e tributários às águas do reservatório Billings (VAISMAN, 2006, p. 08), principal reservatório artificial que abastece uma parte significativa da RMSP.

Embora a cidade já tenha consumido ou transformado uma boa parte de suas riquezas naturais (recursos físicos, químicos e biológicos) pelas ações antrópicas indutoras das transformações dos espaços naturais em sistemas urbanos (antropismo), esta ainda mantém uma reserva significativa de capital ambiental de grande importância para a localidade e para a região do Grande ABC.

62 Considerando as variáveis de temperatura do microclima local e de microclima de outras cidades que interferem na dinâmica geral do clima regional. Em outra classificação do clima proposta por Köppen-Geiger, a região teria um clima do tipo temperado úmido com verão quente (Cfa).

63 São os processos de transformação dos materiais terrestres, fragmentação de rochas, causadas pelo aquecimento de resfriamento (físico) e a decomposição pela ação de vegetais, de água e outras substâncias oxidantes, ácidas nesses materiais terrestres já fragmentados, portanto, um processo (químico). Tais processos podem ocorrer simultaneamente ou até de maneira isolada.

24% 21% 21% 18% 14% 2%

Motivos para se morar na cidade

Qualidade do Ar

Quant/Qualidade da Água Quant/Qualidade do Solo/terra Quantidade de vegetação - Flora/plantas

Quantidade de animais Fauna Necessidade somente

Em nossa pesquisa, vemos que essa abundância relativa de recursos naturais como: a água, o ar, solo e vegetação constituem alguns dos vários fatores considerados para a fixação dos imigrantes e migrantes na região em épocas anteriores. E na atualidade, esses continuam sendo algo muito positivo para os moradores-religiosos continuarem residindo na cidade.

Entretanto, há um número ínfimo de moradores que se fixam na cidade por outras necessidades. Entendemos que tais necessidades que impulsionam esses indivíduos a estarem fixos na cidade atualmente se restrinjam as questões socioeconômicas.

Gráfico 1. Abundância de Recursos Naturais – Um dos motivos para residir na cidade de Rio Grande da Serra

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