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Características dos eventos de Controle e Avaliação

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.5 Análise dos eventos de Controle e Avaliação

4.5.6 Características dos eventos de Controle e Avaliação

As características dos eventos de controle e avaliação possuem algumas

peculiaridades, como serão apresentadas a seguir. Essas particularidades resultam das

distinções e da influência do meio virtual, que agrega uma grande quantidade de ferramentas

de controle tecnológico, tornando possível o acompanhamento das atividades desenvolvidas

de forma remota. Por outro lado, a distância física entre as pessoas torna alguns tipos de

controle direto bastante dificultado (ORENGO; ZORNOZA; PEIRÓ, 2011), se não

impossível.

-­‐ Frequência

Os eventos de controle e avaliação, como mostra o Gráfico 22, possuem, em sua

maioria, alta frequência. Por este motivo, pode-se entender que as situações depreendidas

como evento de controle fazem parte dos controles regulares do gestor virtual.

Gráfico 22 - Frequência dos eventos de controle e avaliação.

Fonte - Elaborado pela autora.

De acordo com Peterson et al (1990), a rotina de trabalho diário é marcada por eventos

de alta frequência, com alguns episódios de problemas com os quais ainda não estamos

familiarizados. Assim, a frequência dos eventos de controle e avaliação está relacionada à

forma como o trabalho está organizado, tanto para o gestor, como para a equipe; à forma

como os projetos são acompanhados durante o seu desenvolvimento; e, por fim, à forma como

a empresa consegue saber que as pessoas estão desenvolvendo as atividades, por mais que

elas não estejam presentes dentro do espaço físico do escritório.

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Gráfico 23 - Frequência dos quatro grupos de eventos de controle e avaliação.

Fonte - Elaborado pela autora.

Como pode ser observado no Gráfico 23, a maior frequência se dá nos eventos de

controle pessoal. Isso pode ser explicado pela maior necessidade de autocontrole (CASCIO,

2000) que o gestor precisa ter para conseguir organizar as atividades diárias do trabalho no

ambiente do home office e ainda garantir a sua produtividade. O controle da equipe também

possui uma frequência mais alta, como era de se esperar, pois o acompanhamento das pessoas

da equipe deve ser feito com frequência. O controle do projeto, pela fala dos entrevistados, é

bastante previsível, o que leva a uma frequência maior para as atividades rotineiras. A

diferença no gráfico da frequência do controle externo se deu muito mais pela diferença da

forma com a qual os gestores são acompanhados em diferentes organizações, que não é nada

uniforme.

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Controle  da  

equipe   controle  do  projeto   controle  pessoal   controle  externo  

alta  

média  

baixa  

-­‐ Importância

Gráfico 24 - Importância dos eventos de controle e avaliação.

Fonte - Elaborado pela autora.

A importância dos eventos de controle e avaliação foi muito alta para todos os

eventos, como mostra o Gráfico 24. Um dos motivos que pode explicar isso deve estar no fato

de que todo o resultado depende de um acompanhamento e controle bem feito.

Peterson e Ruiz-Quintanilla (2003) afirmam que as situações de trabalho são mais

importantes à medida que têm maior impacto no objetivos do trabalho. Desta forma, a alta

importância atribuída aos quatro grupos de eventos de controle pode ser entendida, inclusive,

pelo motivo que leva os controles à existirem.

A maior importância percebida também pode representar a forma como o gestor

atribui sentido ao evento ao percebê-lo como tendo maior importância, por estarem

relacionados a diferentes focos do controle da equipe, do projeto, pessoal e externo.

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Gráfico 25 - Importância dos quatro grupos de eventos de controle e avaliação.

Fonte - Elaborado pela autora.

O gráfico 25 mostra a importância de cada tipo de controle. Todos os quatro grupos

dos eventos de controle e avaliação foram considerados muito importantes para todos os

gestores entrevistados.

-­‐ Incerteza

O Gráfico 26 mostra a incerteza para os eventos de controle e avaliação. A menor

incerteza apresentada para os eventos de controle e avaliação era esperada, pois os controles

são desenvolvidos como forma de diminuir, ou ao menos controlar a incerteza

(MINTZBERG, 2003).

Gráfico 26 - Incerteza dos eventos de controle e avaliação.

Fonte - Elaborado pela autora.

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equipe   controle  do  projeto   controle  pessoal   controle  externo  

alta  

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Ao separar os quatro grupos de eventos de controle, mostrados no Gráfico 27, a

situação geral se altera um pouco. Para os eventos de controle pessoal, a incerteza é realmente

muito baixa, o que faz com que o resultado final tenha sido bastante afetado por isso. O

gestor, ao definir os mecanismos de controle pessoal do tempo, produtividade, entre outros,

pode estar se cercando de mecanismos para diminuir a incerteza do trabalho virtual, mas a

incerteza geral é um pouco maior.

Gráfico 27 - Incerteza dos quatro grupos de eventos de controle e avaliação.

Fonte - Elaborado pela autora.

Para o controle da equipe e do projeto, a média incerteza mostra que, em parte, a

incerteza não é tão grande, mesmo com a influência do meio. Já a maior parte dos eventos de

controle externo possui alta incerteza. Um dos motivos que pode explicar esse resultado é a

falta de um contexto e identidade compartilhados no trabalho virtual que, para Hinds e

Mortensen (2005), podem levar à maior desconfiança e à maior incerteza do gestor.

-­‐ Complexidade

A quantidade de recursos envolvidos ao lidar com um evento é o que atribui maior ou

menor complexidade. Dessa forma, um evento mais complexo precisa de mais informações,

conhecimentos, recursos próprios e/ou de terceiros na solução. Eventos menos complexos são

os que qualquer pessoa conseguiria lidar sem maiores dificuldades e sem nenhum recurso

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Controle  da  

equipe   controle  do  projeto   controle  pessoal   controle  externo  

alta  

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baixa  

diferente do que já possua. O Gráfico 28 mostra a complexidade dos eventos de controle e

avaliação.

Gráfico 28 - Complexidade dos eventos de controle e avaliação.

Fonte - Elaborado pela autora.

De acordo com o Gráfico 28, a quantidade de eventos de complexidade alta, média e

baixa não difere muito. A análise individual das respostas, mostrou que para as mesmas

situações, as percepções dos gestores variaram bastante, ou seja, enquanto para um depoente,

o evento era tratado como sendo de baixa complexidade, outro tratava como sendo mais

complexo.

Gráfico 29 - Complexidade dos quatro grupos de eventos de controle e avaliação.

Fonte - Elaborado pela autora.

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alta   média   baixa  

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Controle  da  

equipe   controle  do  projeto   controle  pessoal   controle  externo  

alta  

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baixa  

Ao observar o Gráfico 29, que apresenta a complexidade para os quatro grupos de

eventos de controle, pode-se perceber que os eventos de controle do projeto são considerados

mais complexos, como era de se esperar, pois esses controles necessitam de outros recursos

externos e interação com outras pessoas e áreas.

Para o controle externo, as percepções dos depoentes foram diferentes, fato que fez

com que houvesse praticamente a mesma quantidade de situações tratadas como tendo alta,

média e baixa complexidade. Um dos motivos para que isso possa ter acontecido reside no

fato de que o controle externo não depende do gestor entrevistado, que, neste caso, é a parte

avaliada.

Já as atividades de controle pessoal se apresentaram nos dois extremos, ou seja, como

tendo alta e baixa complexidade. Isso pode ser explicado pelos eventos que fazem parte desse

grupo. De um lado há o controle de situações em que há muitas variáveis a serem

consideradas, como na organização de metas, prioridades e tempos de trabalho, com os

excessos de atividades e prazos muito curtos. De outro lado, há as atividades de controle da

própria estrutura de trabalho do gestor, seus horários normais de trabalho e a organização

geral, que dependem somente da forma como o gestor virtual entrevistado se sente mais

confortável.

-­‐ Urgência

A urgência de um evento está relacionada ao impacto que ele tem sobre o andamento

normal das atividades. Assim, as atividades de controle e avaliação possuem diferentes

percepções de urgência, como pode ser observado no Gráfico 30.

Gráfico 30 - Urgência dos eventos de controle e avaliação.

Fonte - Elaborado pela autora.

De um lado encontram-se as atividades em que o controle é essencial e, por isso, a

urgência ao lidar com esses eventos é esperada. De outro lado, há atividades de controle e

acompanhamento que podem ser feitas em momentos mais tranquilos, ou esperar a

finalização das atividades para que se consiga ter um feedback, por exemplo.

Gráfico 31 - Urgência dos quatro grupos de eventos de controle e avaliação.

Fonte - Elaborado pela autora.

De acordo com o Gráfico 31, nenhum dos quatro grupos de controle teve a maior

incidência em eventos percebidos como de alta urgência. Também nenhum dos grupos teve a

urgência mais baixa como característica, mantendo-se todos em um nível médio de urgência

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Controle  da  

equipe   controle  do  projeto   controle  pessoal   controle  externo  

alta  

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baixa  

para todos os eventos. Um dos motivos que pode ter levado a isso, é que os controles

precisam ser feitos com frequência, para que não haja emergências nem imprevistos no

desenvolvimento das atividades profissionais. Assim, os controles possuem um tempo de

implantação e depois, um tempo de acompanhamento das atividades, mas que não são as

atividades mais urgentes do trabalho do gestor virtual.

-­‐ Pessoas envolvidas

As pessoas envolvidas nos eventos de controle e avaliação dizem respeito àqueles que

trouxeram a necessidade do controle, ou apresentaram um fato/situação que levou à percepção

da situação como um evento e, neste caso, necessitando de controle. A maior parte dos

eventos teve somente o gestor como envolvido na criação do evento de controle, como

mostrado pelo Gráfico 32.

Gráfico 32 - Pessoas envolvidas nos eventos de controle e avaliação.

Fonte - Elaborado pela autora.

As demais pessoas envolvidas no evento foram mais específicas de um dos quatro

grupos de eventos, como mostra o Gráfico 33. Nele, pode-se perceber, por exemplo, que os

clientes são envolvidos nos eventos de controle do projeto; os membros da equipe envolvidos

na definição dos eventos de equipe; o superior nos eventos de controle externo e assim por

diante.

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Gráfico 33 - Pessoas envolvidas nos quatro grupos de eventos de controle e avaliação.

Fonte - Elaborado pela autora.

É interessante destacar que mesmo que o gestor se envolva em tudo, a sua atuação

como único envolvido ficou bem mais restrita aos eventos de controle pessoal. Já os colegas e

parceiros somente apareceram nos eventos de controle do projeto e, ainda assim, em uma

quantidade muito pequena.

Pode-se concluir da análise das características dos eventos de controle e avaliação que

estes são bastante frequentes, tendo alguns tipos de controles até diários. Eles são

considerados muito importantes para todas as situações de controle; a maior parte dos eventos

de controle é de baixa incerteza por parte do gestor; não são percebidos como muito

complexos, exceto o controle do projeto; são medianamente urgentes, devendo ser feitos, mas

não precisando parar todas as demais atividades para isso; e, finalmente, com o envolvimento

principal do próprio gestor, tendo outras pessoas como coadjuvantes nos eventos de controle

relacionados à esses.

Os eventos de controle e avaliação foram muito representativos do cotidiano dos

gestores virtuais entrevistados. Alinhado aos tipos de coordenação de Mintzberg (2003), foi

verificado o uso de padronização dos resultados, pois não há controle sobre a forma como as

atividades são desenvolvidas, mas sim em relação à entrega final no prazo e da forma

esperada. Também foi verificado o uso da padronização das atividades por qualificação, pois

tanto os gestores entrevistados quanto as indicações fornecidas por estes sobre os membros de

sua equipe, mostram que são altamente especializados. Assim, a supervisão cotidiana direta se

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Controle  da  equipe  

controle  do  projeto  

controle  pessoal  

controle  externo  

torna desnecessária para o gestor virtual, pois o resultado estará de acordo com o esperado

pela sua qualificação.

Os recursos tecnológicos agregam formas de controle que independem da presença

física. O acompanhamento das pessoas se torna secundário quando a sua produtividade é

aumentada, quando os resultados são positivos e todos estão satisfeitos. Para as organizações,

o importante é ter o retorno esperado. Para o gestor virtual, são as entregas satisfatórias que

garantem a manutenção dos privilégios trazidos pelo modelo de trabalho. Para os membros

das equipes virtuais, é o resultado positivo que mantém cada um no grupo. Aos agentes

externos e demais stakeholders, resta aceitar o modelo como está colocado, ou tentar

negociar.