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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Perfil dos sujeitos da pesquisa

Os 22 gestores virtuais entrevistados possuem diferentes perfis, que serão

apresentados brevemente a seguir. Como forma de garantir o anonimato de cada um, os dados

pessoais, dados sobre a empresa e cargo foram tratados de forma geral.

Verificou-se que os entrevistados possuem diferentes tipos de vínculo com a empresa,

composição da equipe e grau de virtualidade.

Com relação ao vínculo, eles poderiam ser contratados pelo modelo tradicional com

‘carteira assinada’, sendo funcionários exclusivos da empresa; ou possuírem um vínculo não

tão formal, com contrato por tempo determinado ou não, para prestação de determinado

serviço, ou seja, semi-vínculo. Nesse caso, embora os entrevistados dedicassem boa parte de

seu tempo para um empregador, não eram exclusivos. Isso é apresentado como uma das

vantagens das equipes virtuais para Cascio (2000), Mazo e Notario (2004) e Orengo, Zornoza

e Peiró (2011). O terceiro tipo são os que não possuem vínculo formal. Nesse terceiro grupo

se encontram tanto os que são gestores (sócios) de suas próprias empresas, ou prestadores de

serviço freelancer.

Com relação à composição da equipe foram percebidos três grupos distintos: com

equipes fixas, que sempre se mantém com o mesmo gestor; equipes transitórias, que se

alteram por projeto; e sem equipes no momento, apesar de terem auxiliares. Todos os

entrevistados possuíam subordinados no momento das entrevistas, porém, nos dois primeiros

casos, foram considerados como equipe, segundo Millward e Kyriakidou (2004) e Orengo,

Zornoza e Peiró (2011), um grupo com conexão entre seus membros que os faça trabalhar em

unidade, com foco no mesmo objetivo.

Em relação à virtualidade, foram consideradas: total, quando o gestor passa todo o

tempo de trabalho fora do escritório, em geral em sua residência, somente se deslocando até a

empresa em situações específicas; ou parcial, quando o gestor trabalha parte do tempo no

escritório da empresa e parte remotamente.

No Gráfico 1, apresentado a seguir, está representada a distribuição dos entrevistados

em relação ao vínculo com a empresa. Dos 22 entrevistados, 12 possuem vínculo formal com

a empresa onde trabalham. Apenas 6 possuem semi-vínculo e 4 não possuem vínculo formal.

Gráfico 1 - Perfis dos respondentes em relação ao vínculo.

Fonte - Elaborado pela autora.

O Gráfico 2 apresenta a distribuição dos entrevistados em relação à composição da

equipe. Neste caso, dos 22 entrevistados, 12 possuem equipes transitórias por projeto. Outros

7 entrevistados trabalham com equipes fixas e apenas 3 não possuem equipe formal e sim

auxiliares.

0  

5  

10  

15  

Com   Semi-­‐vínculo   Sem  

Distribuição  dos  entrevistados  em  relação  

ao  vínculo  com  a  empresa  

Gráfico 2 - Distribuição dos entrevistados em relação à composição da equipe.

Fonte - Elaborado pela autora.

O Gráfico 3 apresenta a distribuição dos entrevistados em relação à virtualidade. Entre

os entrevistados, 14 trabalham todo o tempo remotamente (virtualidade total). Os demais (8

entrevistados) trabalham parte do tempo no escritório.

Gráfico 3 - Distribuição dos entrevistados em relação à virtualidade.

Fonte - Elaborado pela autora.

Cada gestor entrevistado foi identificado com uma sigla, da seguinte forma:

• G para gestor, (ordem em que foi entrevistado)

• Tipo de vínculo com a empresa: V, para os que possuem vínculo formal com a

empresa onde trabalham (registro em carteira); SV, semi-vínculo, para os que

trabalham a maior parte do tempo para uma só empresa e atuam também como

autônomos, recebendo por projeto; e N para os que não possuem nenhum

0  

5  

10  

15  

Fixa   Transitória   Sem    

Distribuição  dos  entrevistados  em  relação  

à  composição  da  equipe  

0  

5  

10  

15  

Total   Parcial  

Distribuição  dos  entrevistados  em  relação  à  

virtualidade  

vínculo com empresa, sendo prestadores de serviços autônomos para diferentes

empresas.

• Tipo de equipe: F, para equipe fixa; R para equipe provisória, que se

reorganiza por projeto; S para os que possuem subordinados de apoio, mas que

não estão organizados em equipe, como secretária, estagiários, etc.

• Virtualidade: T para total, quando o gestor trabalha todo o tempo de casa; ou P,

para parcial, quando ele trabalha parte do tempo de casa e parte do tempo do

escritório da empresa.

A seguir, cada um dos gestores entrevistados será brevemente apresentado:

G1-SV-R-T

Gestora de projetos de pesquisa de mercado. Depois de muitos anos

trabalhando em uma empresa de pesquisa de mercado, ela saiu e montou uma

pequena empresa, que presta serviços para seu antigo empregador, recebendo

por projeto. Ela mesma escolhe as equipes para seus projetos, tanto com

pessoas de dentro da empresa, como autônomos. Mora sozinha, na cidade de

São Paulo.

G2-V-F-P

Trabalha há sete anos na área de relações com o mercado em uma

multinacional de tecnologia. É argentina e veio morar no Brasil quando foi

transferida pela empresa. Possui equipe fixa, mas também auxilia outras

equipes de projeto. Mora sozinha na Grande São Paulo.

G3-N-R-T

Trabalha há mais de dez anos em projetos de tecnologias, especialmente na

venda e implantação de novas tecnologias em empresas. Por muitos anos foi

funcionário de uma só empresa, mas tinha relação com outras empresas

parceiras na implantação dos projetos, fato que fez com que ele saísse para

abrir sua própria empresa há três anos e assim poder representar não só o seu

antigo empregador, como também, os demais parceiros. Vive com uma

companheira na cidade do Rio de Janeiro.

G4-N-R-T

Há quatro anos ela criou um blog em paralelo com o seu emprego como

jornalista. Em pouco tempo o blog cresceu e deu muitos frutos, inclusive com

a criação de projetos sociais e uma empresa. Ela realiza todo o trabalho de casa

e conta com pessoas que ela contrata por projeto. Vive com o marido e animais

de estimação.

G5-SV-R-T

Largou o emprego há cerca de três anos quando sua esposa passou no

doutorado em uma universidade no nordeste. Passou a prestar serviços para o

antigo empregador, além de ser contratado meio período para um projeto de

longa duração com o Banco Mundial. Atua como designer de jogos e

infográficos. Trabalha todo o tempo de casa e possui equipes que forma para

cada projeto.

G6-V-F-P

Trabalha como diretor em uma editora de pequeno porte. Mora sozinho e perto

do escritório, na cidade de São Paulo. Alterna a permanência entre a casa e o

escritório, dependendo da atividade que precisa realizar. Um dos motivos por

ter deixado o emprego anterior era a falta de mobilidade.

G7-V-R-T

Trabalha em uma multinacional americana da área de tecnologia. Mora com a

esposa e uma filha pequena na cidade do Rio de Janeiro. Está envolvido em

projetos relacionados à infraestrutura tecnológica para a Olimpíada, tendo

equipes móveis, todas com funcionários da organização. Trabalha todo o

tempo em casa, na cidade do Rio de Janeiro.

G8-V-R-T

Trabalha na mesma multinacional do G7-V-R-T, também em projetos

relacionados ao legado olímpico. Vive na cidade do Rio de Janeiro, com sua

cadelinha (que tem guarda compartilhada com a ex-mulher).

G9-V-S-P

Vive no interior de São Paulo e trabalha na capital, em uma multinacional da

área de tecnologia. Trabalha um a dois dias por semana no escritório e os

demais de casa. Seu superior hierárquico e demais membros da equipe não se

encontram no Brasil. Vive com a esposa e uma cadelinha.

G10-N-R-T

Criou uma empresa de consultoria junto com uma amiga, quando a empresa

em que estavam saiu da cidade do Rio de Janeiro. Ainda presta serviços de

tecnologia para o antigo empregador e outras empresas. As equipes são

organizadas por projeto, na maior parte das vezes com outras pessoas com as

quais já trabalhou. Vive com os pais e dois cachorros.

G11-SV-S-T

Vive na Grande São Paulo, porém se desloca bastante pois seu empregador

principal situa-se no centro da cidade de São Paulo. Presta serviços de

jornalismo relacionado à tecnologias para uma grande editora, mas também

aceita serviços de outras empresas, desde que não tenham encontros

presenciais. Viaja bastante, tanto pelo trabalho como por lazer. Vive com os

pais.

G12-N-R-T

Sócia da G10-N-R-T na empresa de consultoria. Vive na cidade do Rio de

Janeiro com o marido, dois filhos pequenos e um cachorro.

G13-V-S-T

Contratada de uma empresa que auxilia estudantes a irem para universidades

americanas em diferentes níveis. Responsável por coordenar o processo de

preparação dos estudantes para as provas e entrevistas. Vive na Grande São

Paulo com o marido (que é americano e está há pouco tempo no Brasil) e um

cachorro. A empresa se situa na Cidade de São Paulo.

G14-V-R-P

Trabalha em uma empresa de tecnologia do Rio Grande do Sul, tendo

escritório de apoio na cidade de São Paulo, onde mora. Prefere ir ao escritório

quando precisa se concentrar, pois vive com dois cachorros, que fazem

bastante barulho.

G15-V-F-P

Trabalha em uma empresa de consultoria em RH e cuida de grandes projetos

de demissão em massa, ou quando há alterações que envolvem muitas pessoas.

Vive com o marido e uma filha pequena na cidade de São Paulo. Passou a

trabalhar de casa quando estava planejando a gravidez.

G16-V-F-P

Trabalha em uma empresa multinacional de telefonia, na área operacional. Está

parte do tempo em casa, especialmente quando precisa se concentrar, ou está

de sobreaviso para ocorrências emergenciais. Coordena duas equipes fixas, em

pontos diferentes da cidade de São Paulo. Vive com a esposa.

Trabalha em uma empresa de tecnologia de médio porte, da qual é sócio.

Passou a trabalhar de casa quando fez cirurgia no joelho e não podia se

locomover. Vive com a esposa e dois filhos na cidade de São Paulo.

G18-SV-R-T

Decidiu trabalhar em casa depois que sua filha nasceu, quando ela passou a ter

dificuldade em conciliar o longo período de trabalho com a vida familiar.

Atualmente é contratada meio período em uma instituição de ensino,

coordenando equipes de tutores que também trabalham remotamente. No resto

do tempo se prepara para prestar doutorado e, eventualmente, realiza trabalhos

para outras empresas. Vive com o marido e a filha de um ano na cidade do Rio

de Janeiro.

G19-V-F-P

Trabalha em uma multinacional de equipamentos agrícolas e foi transferida

para os Estados Unidos há mais de um ano. Atualmente vive no interior dos

Estados Unidos com o marido e dois filhos pré-adolescentes. Possui equipe

fixa em mais de um país. Passou a trabalhar parte do tempo em casa após ir

para os Estados Unidos, para poder conciliar os horários e atividades com os

filhos.

G20-SV-R-T

Desligou-se do emprego na área de eventos há sete anos, quando nasceu seu

filho. Há alguns anos voltou a trabalhar por projetos para a mesma empresa

anterior, além de prestar serviços de eventos também para outras empresas.

Mora com o marido, o filho, um cachorro e um gato na cidade de São Paulo.

G21-V-F-T

Trabalha em uma empresa de tecnologia de médio porte da qual é sócio.

Passou a trabalhar em casa há um ano e meio, quando sua esposa faleceu. Hoje

vive com dois filhos pequenos (de 3 e 4 anos) e dois gatos.

G22-SV-R-T

Trabalha na área de publicidade e presta serviço para duas indústrias, além de

outros projetos eventuais. Por ter muitas viagens, deixa a equipe no contato

direto com os clientes. Vive com os pais e um cachorro na cidade de São

Paulo.

Os respondentes, em sua maioria são casados ou vivem com um companheiro/a (14

respondentes); 9 respondentes possuem filhos , sendo só um com filhos adolescentes e dez

dos respondentes possuem algum animal de estimação, sendo gato ou cachorro (um possui

gato e cachorro). Essas características se mostraram relevantes em diferentes momentos das

entrevistas, como por exemplo, para as depoentes do sexo feminino, os filhos influenciaram

na decisão por trabalhar em casa. No caso dos depoentes que têm animais de estimação, estes

são vistos como companheiros que ajudam quando os gestores virtuais permanecem

trabalhando sozinhos em casa por um longo período de tempo.