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O Enquadramento da pesquisa

2. Cidade, Arte e Espaço Público: Ideologias, Conflitos e Possibilidades

2.1. Cidade e dinâmicas urbanas

Definir o conceito de cidade é uma tarefa mais complicada do que à partida parece, já que é um conceito extremamente pródigo nas imagens e sentidos que evoca nos indivíduos. Será porventura conveniente começar pelo simples, como o fez Richard Sennett, que define a cidade, numa primeira instância, como um lugar de proximidade de um denso conjunto de indivíduos, propiciando todo um conjunto de interacções e trocas entre eles:

«The simplest [definition] is that a city is a human settlement in which strangers are likely to meet. For this definition to hold true, the settlement has to have a large, heterogeneous population; the population has to be packed together rather densely; market exchanges among the population must make this dense, diverse mass interact.» (Sennett, 1992:39)

A cidade é uma construção social.

Não apenas a expressão essencial de uma abordagem da sociologia urbana, esta frase remete para o carácter dinâmico das relações sociais que entram em confluência no espaço urbano, construindo a cidade nas suas múltiplas facetas, tantas quanto o tipo de relações que nela têm lugar.

É já recorrente na literatura sobre o tema a divisão entre cidade e urbano, sendo a primeira uma divisão administrativa, um agrupamento populacional permanente com determinada dimensão e necessária densidade; enquanto o urbano refere-se ao tipo de sociedade que pode, em potência, desenvolver-se nesse espaço (Delgado, 1999:11). O sentido urbano prende-se com uma dinâmica e fluidez que caracterizam as relações que compreende:

«(...) la urbanidad es precisamente la movilidad, los equilibrios precarios en las relaciones humanas, la agitación como fuente de vertebración social, lo que da pie a la constante formación de sociedades coyunturales e inopinadas, cuyo destino es disolverse al poco tiempo de haberse formado.» (Delgado, 1999:12)

Já no trabalho de Henri Lefebvre consta uma interessante distinção entre cidade e urbano. Se a cidade é por ele concebida enquanto objecto espacial, o urbano é a forma social que no contexto da cidade se afirma (Lefebvre, 2012). Para o filósofo, o urbano domina a sociedade como um todo, falando mesmo da civilização humana enquanto civilização urbana, sendo que a cidade é hegemónica sobre todas as outras expressões de poder e cultura (Lefebvre, 2012).

Central na obra de Lefebvre, o conceito de alienação, «relação falsificada com o mundo» (Butler, 2012), é utilizado na elaboração da crítica do autor às condições alienantes dos diversos aspectos da vida quotidiana, estendendo-se também às relações sociais inerentes à vida urbana. Aliás, a sua proposta do direito à cidade, entendido como «(...) direito à vida urbana, transformada e renovada» (Lefebvre, 2012:119), pressupõe uma vida urbana livre da alienação de uma sociedade capitalista. Ora, numa sociedade capitalista, o valor de troca (referente ao consumo de produtos, à compra e venda de espaços, bens, lugares e signos) sobrepõe-se ao valor de uso, de onde advém que as cidades são sujeitas a uma orientação para o dinheiro, o comércio, as trocas e os produtos. O autor sustenta que

esta é uma contradição com a sua natureza de obra, segundo a qual a cidade orientar-se-ia para um valor de uso – referente à vida urbana e o tempo urbano (Lefebvre, 2012). Nas palavras do autor:

«(...) a cidade e a realidade urbana revelam do valor de uso. O valor de troca, a generalização da mercadoria pela instrumentalização, ao subordinarem a cidade e a realidade urbana, tendem a destruí-las enquanto refúgios do valor de uso (...).» (Lefebvre, 2012:19)

O espaço urbano para Lefebvre é uma construção social multidimensional, que inclui: a dimensão simbólica, a dimensão paradigmática e a dimensão sintagmática. É na conjunção das três dimensões que a análise dos fenómenos urbanos se concretiza (Lefebvre, 2012). Há ainda que salientar a distinção do autor entre espaços de representação, que correspondem às representações e práticas vividas, e representações do espaço, relacionadas com o planificado e construído de acordo com o modo de produção dominante (Lefebvre, 2000).

Se a cidade torna simultâneos diversos processos (Lefebvre, 2012:41), essa profusão de possibilidades de interacção torna a cidade lugar por excelência de transformação social, tanto no palco dos poderes e instituições que se confrontam, como no palco da interacção quotidiana entre indivíduos. Advém daqui a perspectiva de Henri Lefebvre segundo a qual a cidade é em simultâneo uma mediação e o objecto dessas interacções (Lefebvre, 2012:56-57); ou ainda, a projecção das relações que se estabelecem a partir dessas interacções (Lefebvre, 2012:70).

A cidade é o espaço por excelência da mudança. No centro das dinâmicas de evolução, revolução e inovação, a cidade afirma-se também como central nos desígnios da humanidade e do planeta (Seixas, 2005:108). Assim, a «(...) força da condição urbana é (...) já não somente sucedânea mas paralela à própria condição humana.» (Seixas, 2005:109). É neste sentido que surge a tese de Lefebvre do direito

à cidade (2012) como um novo direito humano.

Produzir cidade em contexto metropolitano

A realidade metropolitana não reflecte apenas a dimensão mas todo um conjunto complexo de actividades económicas, trabalho, consumos e também de organização (e expressão) de poder político, num contexto de globalização em que as metrópoles se interligam num conjunto de novas relações: «A metropolização opera num quadro de uma extraordinária multiplicação dos objectos e das práticas sociais.» (Ascher, 1998:79). A esta diversidade de inter-relações corresponde também uma maior abrangência de situações e também de oportunidades para a interacção ao nível dos indivíduos e da sua mobilidade, possibilitando um conjunto vasto e dinâmico de experiências e escolhas (Angotti, 1993; Bourdin, 2005).

Por outro lado, a influência da metrópole poderá ser mais vasta que o seu próprio território, nomeadamente no que diz respeito às relações que estabelece com os territórios próximos e circundantes. Esta abrangência foi expressa pelo sociólogo francês François Ascher, no seu conceito de metápole (Ascher, 1998). A realidade hiper-urbana da metrópole implica formas adequadas de

planeamento, que, reflectindo complexas e contraditórias disputas pelo poder de tomada de decisão entre os diversos conjuntos de actores envolvidos, não podem no entanto descurar os níveis micro de interacção como o bairro. A consciência dos diferentes níveis de complexidade e das diferentes escalas no âmbito metropolitano será um factor a ter em conta.

Simultaneamente organização social, experiência individual e conjunto codificado de formas de viver e pensar (Bourdin, 2005:22), a metrópole contemporânea contextualiza a experiência individual do mundo, possibilitando o que Alain Bourdin designou por civilização dos indivíduos:

«Cette civilisation ouverte est un mouvement permanent et n’a pas de frontières précises. Si elle organise l’expérience d’individus vivant dans des contextes très différents, elle-même s’élabore et se transforme principalement dans la grande ville connectée au monde, celle qui vit d’être un croisement de flux de toutes sortes et non de commander un territoire: la métropole contemporaine.» (Bourdin, 2005:10) Esta civilização não se prenderia a uma forma de organização política, social ou económica, mas pelo destaque que confere à experiência individual do mundo, no que é um fenómeno marcadamente contemporâneo e do qual, acrescento, a produção artística em espaço público é reflexo. É individualmente que objectos desta produção podem chegar às pessoas que com eles se cruzam, marcando os seus quotidianos; e igualmente deixando que os indivíduos interajam activamente com esse quotidiano.

O quotidiano urbano é mediado por aquilo que Bourdin (2005) designou como «lugares geradores», que balizam a experiência dos indivíduos, sendo igualmente geradores de formas de cidade, alimentando dinâmicas de consumo. Exemplos desses lugares são: grandes edifícios culturais, exposições e festivais; lugares de conexão e informação (bibliotecas, campus, etc.); estádios e festas; espaços ramificados ou zonas criativas da cidade; espaços de encontro e de trânsito; espaços de património; e centros comerciais e parques temáticos. Nesta lista poder-se-ia incluir algumas manifestações de street art, quando elaboradas em formatos mais estruturados.

Para Alain Bourdin, produzir cidade consiste em elaborar contextos para a acção social, pelos quais passa o movimento das sociedades (Bourdin, 2005). Admitir que a cidade pode ser produzida é supor estar em condições de identificar clara e inequivocamente quem produz, que processos de produção e que resultados são originados – sendo esse um dos objectivos desta pesquisa, no que refere à produção de street art em Lisboa. Para aprofundar a noção de produção de cidade, citemos o próprio autor:

«Produire ce n’est pas seulement faire des choix politiques, organiser des circuits financiers, faire fonctionner des dispositifs techniques, une branche d’activité économique et des métiers. C’est également mobiliser des habitants ou des acteurs spécialisés, instituer des acteurs nouveaux, structurer des relations, des ‘jeux’, entre eux: on fait la ville par la communication, la concertation, la mise en place de partenariats ou de ‘montages’ divers, la création d’organismes (…)» (Bourdin, 2005: 158)

É neste papel de mediação de relações entre os vários actores e da sua mobilização com o intuito de estabelecer diálogos e sinergias que reside o papel dos diversos agentes e instituições envolvidos na produção de cidade. Importa ainda referir que esta se enquadra em diversas categorias: o evento, com

o seu carácter de excepcionalidade em relação à rotina quotidiana; a comunicação; a criação institucional; a produção de «ambiências» e o desenvolvimento de serviços. Ou, em categorias transversais: acções de proximidade; grandes projectos e renovação urbana – ligando-se esta com a especificidade dos problemas de requalificação, a imagem de cidade, os serviços e a criatividade institucional (Bourdin, 2005).

O quotidiano e o lugar

Se, como vimos, a cidade pode-se definir simplesmente como um povoado permanentemente populoso fixo num local - sendo a dimensão necessária dessa população, para que se considere estar perante uma cidade, algo de variável, as implicações desta definição não são tão simples como possa aparentar (Lofland, 1998:7), já que nem à fixidez territorial a cidade se deixa limitar (Lopes, 2002:40), sendo as suas fronteiras frequentemente ambíguas e fluidas.

Lugar de encontro por excelência, a cidade é «(...) simultaneamente território e população, quadro físico e unidade de vida colectiva, configuração de objectos físicos e nó de relações entre os seres sociais.» (Grafmeyer, 1994:13). Neste sentido, é palco de relações de troca e de cooperação entre os indivíduos que nela habitam e se cruzam, num quotidiano configurado pela proximidade inevitável entre eles, e pelos usos do espaço que configuram (Nunes, 2012).

Daí que à cidade Lyn Lofland associe três universos34 sociais: o privado (o doméstico e as relações

pessoais); o público (os desconhecidos e as ruas); e o paroquial (transmitindo o sentimento de comunidade: os «conhecidos») (Lofland, 1998:11). As cidades são a única forma de aglomerado populacional que, rotineira e persistentemente, contém estes três universos.

A cidade é produzida por processos culturais altamente regulados e reveladores de constrangimentos (de poder, capital e tecnologia), sendo resultado de escolhas que derivam das estruturas de poder e valor (Miles, 2000:4). Assim, enquanto lugar de práticas quotidianas, a cidade aparece também como um contexto favorável à análise dos processos macro nas suas expressões e consequências no «tecido» da experiência humana (Low, 2005:2). Conflitos, trocas e sentidos constituem o processo de

construção social do espaço.

Neste sentido importa também clarificar o sentido da expressão «lugar». Nas palavras de Lyn Lofland, «Places are pieces of space that are especially meaningful spaces, rich in associations and steeped in sentiment.» (Lofland, 1998:64). O lugar é o espaço de produção de significado ao nível do indivíduo e das suas interacções quotidianas. Podem então ser organizados segundo três tipos diferentes: lugares memorializados - podem ser pólos de sentimentos de comunidade ou de expressão de conflito; lugares a que se associa memórias ligadas ao colectivo; lugares familiarizados - os espaços por onde se passa, os espaços que conhecemos dos nossos percursos pela cidade; territórios de pertença - de forte relevância emocional para os actores.

Construção social do espaço

A normatividade é apontada por Lyn Lofland (1998), como sendo característica do espaço público na qual a fluidez da relação entre as pessoas é condição para a existência de espaço público. Este é também fonte de prazer estético e interaccional, bem como um meio de comunicação – tanto para as instâncias de poder, como para quem não o tem e pretende expressar a sua presença. Esta autora distingue assim um conjunto de usos possíveis do espaço público, nomeadamente, como vimos, de centro de comunicações, de lugar de lazer, de aprendizagem, de práticas políticas, de criação de cosmopolitas e palco de entendimentos sociais e conflito social:

«(...) the fact that the public realm is such an effective setting for visualizing current arrangements also makes it an effective setting for the enactment of change or proposed change, for the enactment of social conflict.» (Lofland, 1998:236)

As dinâmicas do espaço público urbano estão presentes mesmo ao nível mais essencial da vida urbana: a rua. É o que o trabalho de Mitchell Duneier (2001) sobre os passeios que, enquanto espaços de territorialidade, informalidade e de novos usos, são constantemente recriados e reformulados pelos actores que neles interagem – no caso em estudo, vendedores de livros e de jornais em bancas impermanentes. Também Jane Jacobs se havia debruçado sobre os passeios como espelhos da vida social das cidades, no sentido em que são lugar de encontro de desconhecidos, num fenómeno caracteristicamente urbano (Jacobs, 2000).

A forma como as sociabilidades e a ocupação do espaço público ao nível da rua transformam a condição social e urbana dos actores é um aspecto abordado por João Pedro Silva Nunes no seu estudo sobre os jogadores de cartas enquanto participando na construção social do espaço (Nunes, 2012). Neste contexto, introduz o conceito de figuração de rua, como forma de dar conta da interacção de um grupo na rua. Tal é definido da seguinte forma:

«Faisant réfèrence à la recontre et ao jeu, cette notion nous permet d’explorer la visibilité de l’activité et des interactions, leur nature représentationelle et leur interdépendance avec d’autres activités et formes d’occupation et d’appropriation d’un segment d’espace public.» (Nunes, 2012:162)

Outro estudo que revela as dinâmicas do espaço público ao nível de uma sua geografia essencial é o de Setha Low, sobre a praça (no contexto sul-americano) como expressão de liberdade moral e social, lugar de debate, palco de estratégias de manipulação por parte das entidades governativas e também palco de acção social por parte da população; em suma, como lugar de conjugação de forças, conflitos e afinidades no espaço público urbano, numa interacção socialmente heterogénea (Low, 2000). Como palco onde decorrem formas de fazer cidade dos cidadãos sem poder, e onde os que o têm pretendem exercê-lo sobre os cidadãos.

Este aspecto de insurgência e desafio à normatividade proposta nos espaços públicos aparece também nalguma literatura como forma paralela de também produzir espaço público (Hou:2010).

Na obra de Setha Low, e segundo a sua perspectiva de «espacialização da cultura», é muito expressiva a distinção entre produção social do espaço e construção social do espaço (Low, 2014). A primeira refere-se às relações de poder expressas pelo edificado e configuração do espaço público – portanto, aos factores sociais, económicos, ideológicos e tecnológicos que determinam o espaço físico. A construção social do espaço refere-se às interacções entre os indivíduos e o seu poder transformador:

«Social construction of space refers to spatial transformation through people’s social interactions, conversations, memoirs, feelings, imaginings and use – or absences – into places, scenes and actions that convey particular meanings.» (Low, 2014:35)

A street art, presença ubíqua na cidade, enquanto elemento expressivo e artístico que pontua os lugares intervencionados, pode por vezes permitir dar conta das camadas de significados que estão associadas a esses lugares, na medida em que à intenção do artista se associa uma vontade de trabalhar com a especificidade do lugar.

2.1.1. Imagens da cidade

A cidade está repleta de imagens: publicitárias, comerciais, artísticas, de expressão pessoal ou de um grupo. A vida quotidiana nas cidades prende-se com um destrinçar constante de informação disponível visualmente; é portanto um exercício de considerável e constante visualidade.

A visualização das imagens na cidade, no espaço público urbano, não é um fenómeno estritamente individual, mas um acto colectivo, revestindo-se de um carácter comunitário, no sentido em que para o autor as imagens dos diferentes aspectos da vida da cidade – como o festivo, o religioso, o lúdico e mesmo o transgressor – são agregadores, retomam arquétipos e promovem o encontro de seres humanos na cidade, que assim partilham algo em comum (Maffesoli, 2011:70-71). Sendo a cidade um espaço relacional, característica da urbe contemporânea, a imagem está intimamente ligada ao processo de troca e de inter-relação entre os seus habitantes, no sentido em que cria formas de comunhão, favorecendo um sentido comunitário: «(...) essas marcas nos muros, nas vitrinas ou em outros espaços, são signos de reconhecimento, que servem para reconfortar e estabelecer vínculos sociais.» (Maffesoli, 2011:72).

A street art, presença assídua nas cidades contemporâneas, é um aspecto visual que também se relaciona intimamente com a vida dos cidadãos e transeuntes, propondo trocas de mensagens entre os cidadãos e expressão de ideias e discursos, na superfície das paredes do espaço público urbano. Também nesta troca se podem fortalecer e estabelecer laços sociais entre os indivíduos na cidade. Podemos dizer que a vida nas cidades, nos seus diferentes aspectos, é «legível» através dessas imagens-texto, de que são exemplo o graffiti e, num sentido mais abrangente, a arte no espaço público urbano. Esta noção prende-se com o conceito de «legibilidade das cidades», de Kevin Lynch (1982),

segundo o qual a cidade é também objecto da percepção dos seus habitantes, que dela produzem representações mentais através das imagens presentes no espaço público.

Fabio La Roca associa a profusa imagética urbana a uma «geografia multissensorial», na qual o indivíduo aparece como «submerso» por um fluxo avassalador de imagens em todos os aspectos da vida social urbana:

«Na viagem que nos conduz por dentro dos meandros da cidade, vamos à descoberta da sua própria geografia multissensorial, que afecta os nossos sentidos, as nossas emoções. O aspecto visual, inserido num ambiente de hipertrofia ocular, que caracteriza o nosso mundo, designa assim esta “geografia”, que será então estruturada por uma intensa solicitação visual.» (La Roca, 2011:51)

Por outro lado esta primazia da visualidade é contestada, sendo associada, segundo uma proposta de Kenichi Sasaki (1998), ao ponto de vista do visitante da cidade, ao passo que o dos habitantes é associado à sensorialidade táctil, remetendo para um conhecimento táctil dos corpos no espaço urbano que lhes é familiar.

De qualquer modo, a diversidade de estímulos visuais patentes na cidade propicia um interessante diálogo entre as noções de público e privado, na medida em que o visível e o público não coincidem. A transparência nas estruturas e construções presentes na cidade é disso exemplo: quantas estruturas privadas, como bancos ou empresas, não fazem uso de paredes transparentes para reforçar o outro significado dessa expressão – honestidade, verdade, «nada a esconder»?35