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A Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico de Bragança (ESE-IPB), iniciou em 1986 a formação inicial de Professores do 1º ciclo do Ensino Básico, a par da formação de Educadores de Infância. O Decreto-Lei n.º 344 / 89, de 11 de Outubro, Artigo 3º, estabeleceu os seguintes princípios gerais que passamos a transcrever:

- A formação inicial é de nível superior, devendo contemplar componentes de formação pessoal, social e cultural, de preparação científica na especialidade e de formação pedagógico-didáctica;

- A formação contínua deve, na sequência da preparação inicial, promover o desenvolvimento profissional permanente dos educadores e professores, designadamente numa perspectiva de auto-aprendizagem;

- A formação deve garantir a integração tanto de aspectos científicos e pedagógicos como das componentes teórica e prática e promover a aprendizagem das diferentes funções adequadas às exigências da carreira docente;

- A formação deve ser flexível, permitindo a mobilidade dos docentes;

- A formação deve assentar em práticas metodológicas afins das que os educadores e professores vierem a utilizar no exercício da função docente;

- A formação deve favorecer práticas de análise crítica, investigação e inovação pedagógica, assim como o envolvimento construtivo com o meio.

O Curso de Licenciatura de Professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico, da ESE-IP, teve nos anos lectivos de 2000 a 2004 a duração de quatro anos, de acordo com o Artigo 31º, da Lei 115/97, de 19 de Setembro, que determinava que a qualificação profissional para o exercício da docência no ensino básico, pré-escolar e secundário, fosse adquirida através de curso superior que conferia o grau de licenciatura.

Foi criado pela Portaria nº 413-E/98, de 17 de Julho, alterada pela Portaria nº 680- C/98, de 31 de Agosto, da Lei 54/90, de 5 de Setembro, relativamente ao estatuto e autonomia dos estabelecimentos de ensino superior politécnico e do Decreto-Lei nº 316/83, de 2 de Julho, Capítulo III, que estipula que os cursos superiores bem como os ramos ou áreas de especialização são criados por portaria do Ministro da Educação sob proposta do conselho científico do estabelecimento de ensino.

A organização e plano de estudos foram publicados pela Portaria nº 257/99, de 9 de Abril e o seu funcionamento teve início em Outubro de 1998.

O curso, seguindo as linhas orientadoras do projecto da ESEB que preconizavam um ensino de qualidade, promovendo a mudança, a inovação e a regionalização na formação de professores, visava

[...] formar um profissional qualificado, capaz de mobilizar e fazer uso de saberes no seu quotidiano, capaz de pensar, discutir, argumentar e questionar as práticas educativas, capaz de gerar não só o saber mas o saber fazer, o saber ser e saber estar na profissão e, acima de tudo, saber tornar-se um profissional autónomo que aposte a todo momento na formação permanente (…) um profissional capaz de actuar crítica, responsável e comprometidamente na escolarização básica. […] (Baptista 2003: 8)

De acordo com o mesmo autor, a estruturação do Curso obedeceu aos princípios de orientação para as grandes finalidades da educação em geral e do 1º Ciclo do Ensino Básico, em particular que conciliava a formação cultural geral, social e ética, os conhecimentos fundamentais, os processos didácticos e tutoriais específicos, destinados a uma formação de carácter experiencial e reflexiva, com o domínio das tecnologias de informação e comunicação e as metodologias de investigação.

Segundo Baptista (2003), ao perfil profissional deviam estar associadas competências de análise da comunidade educativa, de adequação do currículo aos alunos, ao território educativo e à comunidade, de utilização de métodos e técnicas de ensino- aprendizagem adequados a cada situação educativa, de despistagem de dificuldades dos alunos, de interacção com as famílias. Faziam também parte desse perfil as competências de análise crítica da sua acção educativa, de intervenção na escola como espaço de interacção social dos alunos, de utilização das tecnologias da informação e da comunicação, de problematização da sua própria formação, de utilização de métodos e técnicas de investigação, de viver e organizar-se humanamente num quadro de valores inerentes à democracia participativa, de respeito pela diferença, de orientação do processo escolar e educacional, implicando nesse processo as famílias dos alunos.

Para a aquisição das competências atrás enunciadas, o curso estruturou-se na base das seguintes componentes de formação, inicialmente assim definidas:

- Formação em Ciências de Especialidade e Didácticas Específicas, com 1 450 horas, o equivalente a 51,93% do total da carga horária total;

- Prática Pedagógica, com 660 horas, o equivalente a 24,30% da carga horária total;

- Componente de Formação Pedagógica e Didáctica Geral, com 420 horas, o equivalente a 15,46% da carga horária total;

- Componente de Formação Social e Cultural, com 225 horas, o equivalente a 8,28% da carga horária total.

O programa da disciplina de Teoria e Prática da Expressão Dramática fez parte do leque de actividades lectivas da responsabilidade do Departamento de Expressão

Dramática e Teatro, de acordo com a organização interna da escola distribuída por unidades, tendo a seu cargo áreas disciplinares.

Este programa (em anexo) procurou desenvolver, como veremos mais adiante, conhecimentos teórico-práticos no âmbito da linguagem dramática, de acordo com os modelos de formação referidos no quadro teórico e que abordaram em termos gerais as práticas dramáticas de expressão-acção, dramatização e teatralização, concluindo com a realização de um exercício de representação dirigido a um público infantil.

A leccionação da disciplina implicou a existência de espaços que reunissem as condições adequadas para a realização de actividades dramáticas, nomeadamente, apetrechados com os meios técnicos necessários para o efeito. Esta situação verifica-se actualmente e é constituída por:

- 1 Sala principal de actividades com uma área de 87 m2; - 1 Estúdio com equipamento de luz e som;

- 2 Balneários; - 1 Armazém; - 1 Sala de entrada.

As instalações possuem ainda as seguintes características:

- A sala de actividades tem cinco metros de pé alto, pavimento em madeira, teia metálica adaptada para a instalação de projectores, espelho panorâmico, aquecimento central, tecto acústico e andaime móvel;

- O estúdio tem acesso à sala principal, está apetrechado com equipamento profissional de luz e som, para além de outros meios técnicos de utilização mais acessível;

- O armazém tem ligação directa ao exterior do edifício.

A sala principal reúne um conjunto de condições favoráveis para as práticas dramáticas, tornando o espaço acolhedor, o que associado à utilização de vestuário confortável para o exercício do corpo e de calçado maleável para uso exclusivo neste equipamento, favorece as condições para a exploração do movimento, o aumento da concentração e implicação dos participantes nas actividades.

Os alunos foram sensibilizados para o facto de estas circunstâncias não se verificarem com a regularidade que seria desejável no parque escolar, pelo que a opção por uma utilização de materiais simples e de fácil manuseamento procurou atenuar essas diferenças tentando encontrar respostas para as limitações que se verificam no contexto profissional, tornando possível a realização destas actividades.