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CAPÍTULO IV EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO EM 2001/

4.1. Actividades desenvolvidas ao longo do ano lectivo

4.1.2. Corpo escultura

Entre a 4ª e a 6ª aula, o corpo escultura ou teatro-imagem foi o tema explorado da actividade dramática, como forma de expressão do indivíduo «oprimido», como diria Augusto Boal, ao desenvolver um conjunto de técnicas que permitem a manifestação de uma opinião crítica relativamente a uma determinada realidade, tendo em vista uma tomada de consciência e de mudança da mesma, para uma situação considerada ideal.

Este processo tem início com a identificação de um problema apresentado sob a forma de uma imagem, seguido da construção de uma imagem ideal que representa a

solução do problema e da criação de uma acção que faz a transição entre a imagem real e a imagem ideal.

A abordagem progressiva da exposição pessoal, intercalando mobilidade e imobilidade, não requer um conhecimento prévio aprofundado, permite uma intervenção acessível a cada participante, reconhecendo a sua participação como saber autónomo subjectivo, como uma hipótese de leitura aberta de uma determinada situação.

Esta actividade fazendo a ponte com outras áreas de expressão artística, como a fotografia, a escultura, a pintura, como pretexto para a exploração de um momento, do antes e do depois, introduz elementos de referência que conduzem a uma tomada de consciência como passo preliminar à emergência de uma acção.

A questão da identidade e do lugar transitou do primeiro bloco temático e desenvolve-se também nesta fase através de outras formas de exploração da comunicação, concebidas por iniciativa dos participantes, em que se mostra a sua própria imagem ou assumindo o papel de escultor que constrói a sua obra, ou ainda como representação de uma ideia utilizando o corpo dos outros elementos do grupo.

As imagens produzidas evoluem geralmente para composições colectivas, alternando a observação da representação com a colocação de novos elementos que completam a representação com novos dados, que aumentam a expectativa relativamente ao produto final.

Esta primeira sessão teve uma parte inicial em que os participantes voluntários fizeram propostas de criação de imagens envolvendo toda a turma, como forma de exploração do espaço da sala de aula, seguindo-se a alteração da composição com a possibilidade de cada interveniente poder alterar a sua própria posição ou lugar no espaço da sala.

A forma como se desencadeou essa distribuição, de acordo com a iniciativa de cada um dos participantes, despertou as observações da maior parte dos envolvidos, estimulados pelas alterações produzidas relativamente às propostas anteriores, exploração da actividade que foi funcionando em crescendo relativamente aos lugares e às posições escolhidas por cada um para se colocar.

Esta sessão (4ª) foi realizada de acordo com a seguinte sequência de exercícios descritos de forma sintética:

- Pede-se a colaboração de um dos alunos como voluntário sendo-lhe proposta a tarefa de alterar a composição espacial da turma disposta na sala em anfiteatro;

- Seguem-se observações relativamente à composição produzida;

- Pede-se novamente a colaboração de outro aluno como voluntário, sendo-lhe proposta a tarefa de alterar a composição espacial da turma, disposta agora por todo o espaço da sala;

- De seguida outro voluntário continua o trabalho anterior alterando a composição espacial dos elementos da turma por todo o espaço da sala;

- Cada participante escolhe o lugar e a posição que lhe convém no espaço da sala; - Formam-se dois grupos de participantes dispostos de frente um para o outro, enquanto um deles se vira de costas para o outro grupo, este constrói uma imagem fixa de conjunto (uma escultura);

- O primeiro grupo volta novamente à posição inicial colocando-se de frente para os colegas, observando a «escultura», voltando de seguida a ficar de costas para o outro grupo;

- O grupo «escultura» altera a sua composição produzindo outra imagem que é observada de novo pelo outro grupo;

- De seguida cada um dos elementos do grupo de observadores tenta reconstituir a primeira «escultura» pegando no corpo dos colegas para corrigir as posições que considera necessário alterar;

- Os elementos do grupo «escultura» escolhem um elemento do outro grupo e na qualidade de «escultores» criam uma imagem fixa com o corpo dos colegas;

- Todos os «escultores» se afastam em seguida do seu trabalho, fazendo uma observação colectiva das diversas criações e a sua distribuição no espaço;

- Os «escultores» alteram a composição espacial das «esculturas» tornando-a esteticamente mais agradável, seguindo-se a retroacção sobre o trabalho realizado;

- A finalizar esta sequência as «esculturas» alteram progressivamente, em cinco tempos, a posição em que se encontravam para uma última criada colectivamente de forma espontânea;

- Segue-se a retroacção sobre o trabalho realizado tendo-se falado do movimento, da acção, do toque no corpo, das formas de exploração da criatividade.

A 5ª sessão tem como ponto de partida um exercício explorado anteriormente como a «roda de palmas», desta vez com um desenvolvimento diferente ao sugerir a realização de movimentos individuais e colectivos com o grupo posteriormente subdividido por pares.

O trabalho é orientado progressivamente para o movimento gerido autonomamente por cada dupla de participantes que gere essa actividade, atribuindo papéis diferentes a cada um, como ser orientador ou ser orientado nos exercícios de forma alternada, fazendo com que cada elemento passe pela experiência de cada uma das funções.

A organização do grupo, formada por pares que se juntam de forma aleatória, visa também progressivamente reforçar as relações de confiança no seio da turma solidificando a noção de colectivo na actividade dramática.

O trabalho final nesta sessão retoma a exploração da temática corpo escultura como pretexto para os participantes se manifestarem sobre as actividades realizadas.

Esta sessão (5ª) foi realizada de acordo com a seguinte sequência de exercícios descritos de forma sintética:

A aula iniciou-se dando lugar à apresentação de duas alunas que se encontram na escola ao abrigo do Programa Erasmus.

Realização de exercícios práticos:

- Os alunos formaram um círculo no centro da sala, a actividade iniciou-se com «uma roda de palmas», exercício já conhecido pelos alunos em que se faz um bater de palmas sucessivamente por cada um dos elementos do grupo.

- O mesmo exercício sendo o movimento executado progressivamente com maior rapidez;

- O mesmo exercício dando maior ou menor sonoridade ao bater de palmas; - O mesmo exercício acompanhando o bater de palmas com um movimento; - Cada participante escolhe um parceiro que se encontra do outro lado do círculo e realiza um movimento acompanhado do bater de palmas que é reproduzido posteriormente pelo colega;

- Os participantes trocam de posições sendo desta vez o segundo elemento a criar o movimento;

- Segue-se a orientação do movimento do parceiro pela sala como se, para além de o dirigir, tivesse que ensinar o outro a fazê-lo;

- Os participantes trocam de posições sendo desta vez o segundo elemento a orientar o movimento;

- De seguida, um dos elementos do par realiza um movimento, enquanto o parceiro procura integrar-se nele e vice-versa;

- Depois de terminada esta sequência de actividades houve um espaço para troca de impressões sobre o trabalho realizado tendo o professor referido alguns aspectos que caracterizam a organização dos ateliês nesta área;

- Na sequência desta intervenção, o professor pediu a colaboração de um voluntário para construir uma escultura composta por elementos da turma escolhidos por ele, tendo por tema o trabalho realizado;

- Seguiram-se outras esculturas produzidas por alunos diferentes;

- Segue-se a retroacção sobre o trabalho realizado, tendo-se falado da importância do movimento corporal, do cuidado que todos devemos ter com uma postura correcta e a sua relação com a capacidade respiratória, tendo o tema sido alargado com a intervenção de um aluno relativamente à prática de ioga, da sua importância para controlar a respiração e o nervosismo.

A 6ª sessão deu continuação a esta unidade temática com a exploração do movimento executado por pares de alunos seguindo uma progressão em que se parte da imagem fixa para o movimento de acordo com a seguinte sequência:

- Início da sessão tendo o professor dialogado com os alunos sobre o tema desenvolvido nas sessões anteriores;

- Realização de trabalho prático colectivo com movimento orientado pelo professor;

- Divisão aleatória do grupo por pares de alunos que retomam a construção de imagens fixas, sendo um dos elementos o «escultor» que compõe progressivamente o seu trabalho com o corpo do colega;

- Alternância de posições passando o «escultor» a «escultura» e vice-versa;

- Retorno à posição inicial dos pares passando desta vez o «escultor» a «professor de dança» que vai por tentativas ensinar o outro elemento do par a movimentar-se no espaço;

- Alternância de posições passando o «professor de dança» a ser ensinado desta vez e vice-versa;

- Evolução desta sequência e desta organização por pares, funcionando de forma alternada, com a audição de um suporte musical indutor do movimento a realizar;

- Aperfeiçoamento dos movimentos executados com a realização de uma pequena coreografia desenvolvida em simultâneo pelos dois elementos de cada par;

- Finalização das actividades de movimento com a realização de uma retroacção sobre o trabalho desenvolvido.