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2 A POLÍTICA E AS AÇÕES DE FORMAÇÃO DE GESTORES DE ESCOLA NA SEEDUC/RJ SOB A ÓTICA DOS DIRETORES

2.3 Apresentação E Análise Dos Resultados Da Pesquisa

2.3.5 Análise Geral dos Resultados da Pesquisa: respondendo às Questões de Investigação

2.3.5.1 A Contribuição dos Cursos analisados

Com relação à primeira questão de investigação - até que ponto estes três cursos de formação empreendidos pela SEEDUC/RJ atendem às necessidades percebidas pelos diretores de escola no seu cotidiano de trabalho? – é possível tecer as seguintes análises.

No caso do PSI, a maioria dos respondentes considerou o curso importante para o início ou continuidade da Prática Gestora. Com relação à metodologia presencial e ao local dos encontros, também a maioria dos Diretores concordaram que estes quesitos favoreceram o aprendizado adquirido. A maior parte dos respondentes (60%) acredita que os conteúdos oferecidos no PSI contribuíram para melhorar a prática em Gestão.

Porém, o ponto crítico na opinião de mais metade dos respondentes é a carga horária do curso. Eles acreditam que esta carga horária não é compatível com quantidade de conteúdos a serem trabalhados, o quais acabam sendo repassados de maneira superficial. Do total de respondentes, 50 % consideram a carga horário do PSI pouco suficiente e 13 %, a apontam como insuficiente, contra 6% que acretitam que esta carga é totalmente suficiente e 31 % que a consideram suficiente.

Considerando ainda os dados sobre o perfil dos respondentes, observa-se que 55 % assumiram o cargo de Direção nos últimos cinco anos. Pode-se entender que há uma coerência estre esses resultados. As mudanças de modelo e processos de gestão na SEEDUC/RJ vêm acontecendo nos últimos quatro anos. Significa que um pouco mais da metade desses Gestores pesquisados tiveram que conciliar o aprendizado sobre o cargo de Direção de Escola com os novos desafios colocados pela secretaria. Nesse sentido, pode-se supor que esses Gestores precisam inicialmente do conteúdo oferecido pelo PSI.

No entanto, é importante observar que por mais que a estrutura de um curso como o PSI seja boa, a carga horária será sempre um empecilho para que os temas de Gestão possam ser aprofundados. É preciso entender que embora o PSI seja o único curso obrigatório para todos os Gestores de Escola, nomeados na função a partir de 2011, ele não tem pretensão e nem pode ser um curso de aprofundamento. Talvez, falte divulgar mais para esses Diretores que o PSI deveria ser pensado apenas como formação inicial e além disso apresentar para estes Diretores alternativas concretas de formação para curso após o PSI.

Por fim, apesar de a maioria dos respondentes avaliarem o curso positivamente, eles apontam a necessidade de aprofundamento nos seguintes conteúdos específicos: processos administrativos e financeiros; sistema conexão educação; GIDE; relação interpessoal, avaliação, habilidades e competências.

Com base no Referencial Teórico da Dissertação e nas mudanças implementadas na SEEDUC/RJ, observa-se que a necessidade de aprofundamentos de conteúdo apontada pelos respondentes é coerente com o que foi discutido até aqui. Como já apontado nesse capítulo, na prática, os Gestores têm uma grande dificuldade para gerenciar os processos administrativos e financeiros da escola (dimensão administrativa da gestão escolar). O conhecimento sobre relações interpessoais, por sua vez, oferece uma base importante não só para a Gestão de pessoas na escola, bem como para o desempenho dos principais papéis de Gestão defendidos por Mintzberg (2010), a saber: comunicação, controle, liderança, articulação e negociação. Por fim, o conhecimentos de temas como sistema conexão educação, GIDE e avaliação, habilidades e competências são importantes para que os Gestores de Escola possam compreender e conduzir os processos propostos no modelo de Gestão da SEEDUC/RJ.

Tendo em vista a percepção dos Gestores sobre o PSI, cabe a Diretoria de Desenvolvimento e Formação de Pessoas continuar o trabalho de revisão e melhoria da oferta deste curso para cada edição. Nesse caso, considerando, dentro do possível, as demandas colocadas pelos cursistas.

No caso do Fórum de Gestão e Liderança, a representatividade em termos de participação foi muito pequena, pois apenas 3% dos respondentes fizeram esta formação. Estes participantes afirmaram que os conteúdos temáticos do Fórum contribuíram muito para a sua prática em Gestão. No entanto, observaram que tempo de cada módulo do curso, de dois meses e meio, foi insuficiente para o aprofundamento dos temas apresentados.

O MBA em Gestão Empreendedora em Educação também foi bem avaliado pela maioria dos respondentes; 80% afirmaram que o curso contribuiu totalmente para melhorar a Prática em Gestão. Com relação à metodologia semipresencial e aos encontros presenciais, 96% dos Diretores acreditam que contribuiram totalmente para o aprendizado. No caso do Plano de Empreendimento, como instrumento de avaliação final no curso, 100% dos respondentes afirmaram que contribuiu totalmente para a melhoria da Prática Gestora. Tanto a carga horária do curso, 360 horas, quanto os conteúdos trabalhados foram avaliados como adequados pela maioria dos respondentes.

Ao serem questionados quanto à necessidade de adiquirirem novos conhecimentos sobre algum outro tema que não foi abordado no curso, apenas dois respondentes apontaram os temas Política Públicas e Ambientação em novas tecnologias.

É importante observar, tal como foi apresentado no quadro 2, no capítulo 1, que esse curso abordou temas importantes para a formação de Gestores de Escola. Alguns desses temas perpassam por algumas das dimensões da Gestão Escolar, propostas por Lück (2009).

O módulo empreendedorismo trabalhou duas disciplinas: inovação e empreendedorismo e liderança e comportameto empreendedor. Frente às demandas e aos desafios do atual contexto da educação, os Gestores Escolares têm que desenvolver competências voltadas para liderança, inovação, criatividade, proatividade, dentre outras. Um módulo como o de empreendedorismo pode de fato contribuir para a compreensão sobre como deselvolver tais competências.

O módulo de Gestão, por sua vez, discute temas como estratégia; Gestão de processos; Gestão de pessoas; marketing e comunicação; negociação e mediação de conflitos; Gestão financeira; Gestão da qualidade e Gestão de tecnologias educacionais. Esses temas podem servir de base para a compreensão de dimensões da Gestão tais como monitoramento dos processos educacionais; Gestão dos resultados educacionais; Gestão de pessoas e Gestão administrativa, por exemplo. Além disso, podem também contribuir para o desenvovimento de competências necessárias a alguns dos papéis de Gestão porpostos por Mintzberg (2010), tais como comunicação, controle, liderança, articulação, negociação e ação.

Por fim, o módulo Educação abrange as seguintes disciplinas: politicas públicas em educação; práticas organizacionais na escola e ambiente regulatório em educação. Elas podem contribuir como uma base de conhecimento para as dimensões da Gestão Escolar, tais como fundamentos e princípios da educação e da Gestão escolar; planejamento e organização do trabalho escolar e Gestão democrática e participativa.

Apesar do acima exposto e da avaliação positiva apresentada pelos resondentes à respeito do MBA, somos da opinião que um curso como este é importante para a formação escolar, mas não suficiente. Dependendo da realidade e do contexto de cada Gestor de Escola, sempre haverá a necessidade de um maior aprofundamento em um tema ou outro. Entende-se que um único curso de formação não é o suficiente para oferecer todos os conhecimentos necessários para a Prática desses Gestores. Utilizando como base a visão de Mintzberg (2010), somos da opinião que as competências em Gestão Escolar devem ser desenvolvidas através da conjugação entre ciência (conhecimento formal obtido através de formação continuada), habilidade prática (obtida através do trabalho cotidiano na escola e arte (perfil empreendedor).

Além disso, é preciso lembrar que esse curso não oferece vagas o suficiente para atender a todo o público de Gestores da Rede Estadual (Diretor e Diretor Adjunto), e faz parte de uma parceria que tem previsão de término no ano de 2016. Mesmos assim a cada ano, quando novas vagas são abertas, não são preenchidas com facilidade. Vale lembrar ainda que a Pesquisa de Campo mostrou que 75% dos Diretores já são especialistas dos quais 64% na área de Gestão. Esses dados nos levam a pensar na possibilidade de novas propostas de formação, que se agreguem aos cursos já oferecidos na SEEDUC/RJ e possam atender aos interesses e

demandas dos Gestores de Escola, que talvez não seja fazer outro curso de especialização.