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2 A POLÍTICA E AS AÇÕES DE FORMAÇÃO DE GESTORES DE ESCOLA NA SEEDUC/RJ SOB A ÓTICA DOS DIRETORES

2.1 A pesquisa bibliográfica e a revisão de literatura

2.1.4 Os Perfis de Liderança do Gestor e a Gestão Escolar

Para definir o perfil que os Gestores Escolares devem possuir com o intuito de promover uma escola de qualidade e comprometida com todos que nela convivem, nesta Dissertação são utilizadas as características de liderança escolar predominantes, identificados por Polon et al. (2013). São elas: liderança pedagógica, liderança organizacional e liderança relacional.

A liderança pedagógica diz respeito ao envolvimento dos Gestores em questões curriculares, metodológicas e aprendizagem dos estudantes. A liderança organizacional diz respeito à organização da instituição escolar, à burocracia inerente aos processos, à Gestão administrativa de pessoal e de recursos, bem como às demandas emanadas pelas secretarias. Por fim liderança relacional diz respeito à preocupação e à valorização dos Gestores Escolares com os aspectos relacionados aos eventos escolares (festas, aniversários, confraternizações, formaturas, etc.), acolhimento e recepção dos estudantes e de suas famílias, bem estar dos docentes e discentes, enfim, todos os aspectos ligados às relações estabelecidas no cotidiano escolar (POLON et al., 2013).

Em entrevista para a Revista da Escola Pública, Lacerda (s. d.) afirma que “a direção não é para amadores. Equipe de direção é fundamental para o sucesso da escola e sua formação deve ser prioridade. Trabalho coeso, apoio ao docente e ambiente democrático trazem qualidade”. A mesma autora cita, ainda, os resultados de uma pesquisa feita pela Fundação Leman e o Banco Itaú com escolas que oferecem educação de qualidade para alunos de baixo nível socioeconômico e apresentam resultados de excelência. Segundo a autora a pesquisa

demonstra que boas escolas não têm fórmulas mirabolantes. Elas têm uma equipe diretiva coesa, conseguem implantar um ambiente agradável, que tem a aprendizagem para todos como norte, contam com a participação da comunidade, sabem enfrentar democraticamente a resistência interna e respeitam e apoiam os professores. Nessas escolas, o projeto pedagógico é realmente utilizado para orientar o trabalho. E, mais importante, elas não desistem de nenhum aluno (LACERDA, s. d.).

Diante do exposto, fica claro que a prática comprometida e eficiente da Gestão Escolar, atrelada à capacidade de liderança do Gestor, podem fazer a diferença na qualidade da educação oferecida nas instituições escolares, em especial, àquelas de educação pública.

Investir na formação dos profissionais que integram a equipe gestora objetivando capacitá-los para o exercício de suas funções com eficiência e eficácia, e, consequente superação dos desafios inerentes à dinâmica da atividade de gestão, é questão fundamental para o sucesso de qualquer organização educacional, é um desafio para a área de desenvolvimento de pessoas. Lück (2000) vai além ao afirmar que:

Não se pode esperar mais que os dirigentes escolares aprendam em serviço, pelo ensaio e erro, sobre como resolver conflitos e atuar convenientemente em situações de tensão, como desenvolver trabalho em equipe, como monitorar resultados, como planejar e implementar o projeto político pedagógico da escola, como promover a integração escola-comunidade, como criar novas alternativas de gestão, como realizar negociações, como mobilizar e manter mobilizados atores na realização das ações educacionais, como manter um processo de comunicação e diálogo abertos, como estabelecer unidade na diversidade, como planejar e coordenar reuniões eficazes, como articular interesses diferentes, etc. Os resultados da ineficácia dessa ação são tão sérios em termos individuais, organizacionais e sociais, que não se pode continuar com essa prática. A responsabilidade educacional exige profissionalismo (LÜCK, 2000, p. 29).

As responsabilidades e atribuições do Diretor, elencados por Lück (2000), demonstram o quão desafiador e complexo é o trabalho de Gestão Escolar e aponta para a necessidade de serem encontradas ou desenvolvidas em cada um deles, competências fundamentais ao exercício da função.

Como também já foi apresentado, Polon et al. (2013) identificou três perfis de liderança, o pedagógico, o organizacional e o relacional. Podemos dizer que em cada perfil identificado por ela, estão compreendidas competências necessárias ao

exercício da função. Estas competências são partes de um todo. Sendo assim, o ideal é que esses Gestores apresentem características que reúnam esses três perfis, dando ênfase a cada um, de acordo com as situações que se apresentem no cotidiano da escola. Isso aponta para a importância do trabalho da equipe de desenvolvimento de pessoas, no sentido de planejar ações de possam não só identificar as necessidades de competências, mas de auxiliar no desenvolvimento delas.

É importante, também, ter a clareza de que os perfis de liderança estão ligados ao conjunto de competências já desenvolvidas em cada profissional. Existem pessoas que tem um perfil altamente relacional, independente de estarem ocupando um cargo de Gestão. Outras caracterizam-se por serem exímias organizadoras e administradoras. Outras são brilhantes nas ações pedagógicas. O necessário é saber a relevância da conjunção desses perfis de liderança para uma Gestão eficaz.

É neste ponto que se torna importante a avaliação de desempenho33, pois

através de sua aplicação é possível mapear as potencialidades e necessidades de desenvolvimento dos Diretores Escolares. Através do feedback que recebem sobre o seu desempenho profissional, eles podes ser orientados a melhorar sua atividade como Gestores e desenvolver competências que ainda não possuem ou precisam potencializar. Além de, a própria secretaria conhecer quais são as necessidade de seus Gestores e planejar ações que colaborem com o seu desenvolvimento.

A SEEDUC/RJ, através do Programa de Gestão por Competências e Avaliação de desempenho, mapeou as dez competências requeridas a qualquer Gestor Escolar no âmbito da SEEDUC/RJ, mas que também, podem ser consideradas a todo Gestor Escolar, independente do seu contexto (vide o quadro 13 – Descrição das Dez Competências avaliadas nos Diretores Escolares). Além disso, com mencionado em tópicos anteriores, iniciou e finalizou o primeiro ciclo de Avaliação de Desempenho dos Gestores Escolares. E iniciou o segundo ciclo com os Diretores Adjuntos.

33

Avaliação de Desempenho – "A avaliação de desempenho é uma apreciação sistemática do

desempenho de cada pessoa em função das atividades que ela desempenha, das metas e resultados a serem alcançados e do seu potencial de desenvolvimento" (CHIAVENATO, 1999, p. 189).