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Mapa 4 Localização do Estado do Texas no Mapa

2.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

2.1.1 Delimitação do problema

Nos últimos tempos, verificou-se, no Brasil, um aumento significativo na oferta de cursos de educação superior tecnológica. Muitos centros universitários e faculdades isoladas foram criados e passaram a oferecer um número considerável de novos cursos tecnológicos. Até mesmo empresas fizeram investimentos em educação superior, tecnológica. Esse fato relaciona-se às alterações da legislação educacional e também aos novos contornos sociais e econômicos do País (MOROSINI, 2007). Além disso, a expansão foi pressionada, também, por organizações internacionais com o objetivo de forçar a melhoria dos indicadores educacionais brasileiros. De modo geral, a educação superior experimentou profundas transformações nas últimas décadas. Conforme Morosini (2008a), essa expansão deu-se:

[...] a partir de dezembro de 1996, com a promulgação da Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, uma transformação significativa, no sistema de educação superior, se instaura. O sistema, que até então se caracterizava pelo forte papel do Estado na sua sustentação, seguindo os ditames internacionais, passa a ter uma expansão desordenada, uma diversificação - de tipos de instituições de educação superior e de tipos de cursos, uma redução do papel do estado, uma privatização e se orienta por uma avaliação em todos os níveis a partir de critérios de qualidade. (MOROSINI, 2000a).

Em 2007 foram ofertadas 394.120 vagas nos cursos de Educação Tecnológica, no País. A Educação Profissional, no Brasil, está organizada em rede e as entidades que a compõem, segundo Manfredi (2002) e Evangelista (2000), estão compostas por inúmeras organizações8. Nosso recorte nesta investigação, no Brasil, é o “Sistema S” – Senac-RS.

A partir da LDB 9.394/96 e do Decreto 2.208/76, os cursos superiores de tecnologia ganharam nova dimensão e novo interesse por parte das instituições particulares. A Portaria 1.647/97 regulamentou a criação dos Centros de Educação Tecnológica na esfera privada e, em 2001, as primeiras entidades educacionais particulares receberam autorização para funcionar, o que fez com que crescesse o número de cursos oferecidos a partir de 2002.

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Pelo Ensino Médio e Técnico, incluindo as redes federal, estadual, municipal e privada; pelo “Sistema S”, que inclui os Serviços Nacionais de Aprendizagem e de Serviço Social, mantidos por contribuições para fiscais das empresas privadas: Senai/Sesi (indústria), Senac/Sesc (comércio e serviços, exceto bancos); Senar (agricultura); Senat/Sest (transporte sobre pneus); Sebrae (todos os setores, para atendimento a micro e pequenas empresas), Sescoop (abrangendo cooperativas de prestação de serviços); por universidades públicas e privadas, que oferecem, além da graduação e da pós-graduação, serviços de extensão e atendimento comunitário; por escolas e centros mantidos por sindicatos de trabalhadores; por escolas e fundações mantidas por grupos empresariais (além das contribuições que fazem ao Sistema S ou utilizando isenção de parte da contribuição devida ao Sistema); por organizações não-governamentais de cunho religioso, comunitário e educacional; pelo ensino profissional livre, concentrado em centros urbanos e pioneiro na formação a distância (via correio).

(LIMA FILHO, 2002, 2006). Ao analisar dados do Censo, destaco que, de 1999 a 2004, a oferta de cursos de tecnologia cresceu consideravelmente. Os dados mostram, em números absolutos, a aceleração espetacular do crescimento dos cursos tecnológicos, ou seja, o crescimento ocorrido nos anos analisados mostrou que houve uma predileção por parte das instituições de educação superior tecnológica.

Tabela 2 - Evolução dos cursos de tecnologia: 1994-2004

Ano Nº. de cursos % 1994 261 - 1995 241 (7,7) 1996 293 21,6 1998 258 (11,9) 1999 317 22,9 2000 364 14,8 2001 447 22,8 2002 636 42,3 2003 1.142 76,6 2004 1.804 58,0

Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2004.

O Censo (2007) da Educação Superior revela que o ritmo de crescimento dos cursos de educação tecnológica foi ligeiramente maior do que o observado no ano anterior, embora nos centros universitários tenha sido registrado um incremento de 28,1%. Foram registrados cerca de 700 novos cursos no Brasil, a maior parte deles ofertados pelas faculdades e universidades.

Tabela 3 - Evolução do número de cursos de educação tecnológica: Organização Acadêmica 2005 a 2007

Ano Nº. de cursos % Universidades % Centros Uni. % Faculdades % 2005 2.525 40,0 956 39,0 369 54,4 1.200 36,8 2006 3.037 20,3 1.189 24,4 445 20,6 1.403 16,9 2007 3.702 21,9 1.423 19,7 570 28,1 1.709 21,8

Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2009 – elaboração da autora em (2009).

Em 2007 foram ofertadas 394.120 vagas nos cursos de Educação Tecnológica registrando um acréscimo de 23,6% em relação a 2006. As IES privadas são responsáveis por mais de 90% dessa oferta.

Tabela 4 - Evolução do número vagas na educação tecnológica: Categoria Administrativa 2002 a 2007 Ano Total % Federal

Pública % Estadual Pública % Municipal Pública % Privada % 2002 65.903 - 6.821 - 4.319 - 601 - 54.126 - 2003 124.749 89,3 7.701 12,9 5.147 19,2 826 37,4 11.075 105,1 2004 200.468 60,7 9.579 24,4 7.500 45,7 2.024 145,0 181.355 63,3 2005 262.468 30,7 11.337 18,7 7.823 4,3 2.981 47,3 240.297 32,5 2006 382.962 21,5 11.776 3,6 9.026 15,4 3.354 12,5 294.806 22,7 2007 394.120 23,6 12.198 3,6 9.263 2,6 3.182 -5,1 369.477 25,3

Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2009.

Segundo a organização acadêmica, é possível observar que as Universidades são as que apresentaram maior crescimento na oferta de vagas em Educação Tecnológica. Foram mais de 42.000 novas vagas em 2007 e um crescimento de 36,6% em relação a 2006. Embora apresentem um crescimento menor, as vagas nas Faculdades ainda são preponderantes e representam 42,8% do total de vagas da Educação Tecnológica.

Tabela 5 - Evolução do Número de Vagas na Educação Tecnológica: Organização Acadêmica 2002 a 2007

Ano Nº. de cursos % Universidades % Centros Uni. % Faculdades % 2002 65.903 - 13.398 - 11.594 - 40.911 - 2003 124.749 89,3 46.166 244,6 22.852 97,1 55.731 36,2 2004 200.458 60,7 70.345 52,4 36.144 58,2 93.969 68,6 2005 262.468 30,9 33,1 33,1 45.739 26,5 123.073 31,0 2006 318.962 21,5 116.842 24,8 56.406 23,3 145.714 18,4 2007 394.120 23,6 159.643 36,6 65.908 16,8 168.569 15,7

Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2009.

Em 2007, o número total de inscritos, na Educação Superior Tecnológica, foi de 509.716 sendo que 72.625 IES Federal Pública, 64.224 IES Estadual Pública, 2.804 em IES Municial Pública e 370.063 o destaque para as IES privadas, onde o aumento foi de 26,5%. Apesar desse aumento, o número de inscritos foi menor que a metade do número de vagas oferecidas no mesmo período. “A maior concorrência foi encontrada entre as instituições estaduais, com cerca de 6,9 inscritos para cada vaga.” (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2009, p.15).

Em 2007, o número total de ingressos, na Educação Superior Tecnológica, foi de 188.347 sendo que IES Federal Pública 11.919; IES Estadual Pública 9.145 em IES Municipal Públicas 1.522 e IES privada 165.761. O número de ingressos em cursos de educação tecnológica apresentou um crescimento de 20,1% em relação ao ano de 2006 em todas as categorias administrativas foi registrado aumento no número de ingressantes, “com exceção das IES municipais que apresentaram um decréscimo de 20,1% em relação ao

número de ingressos do ano anterior.” (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2009, p.17).

O número de concluintes nos cursos de Educação Tecnológica, também, aumentou entre 2006 (54.379) e 2007, foram registrados 70.666 concluintes,ou seja, o crescimento no período gira em torno de 30%. As universidades apresentaram o maior número de concluintes 30.748, ou seja, “o percentual de crescimento do número de concluintes foi de 61%, seguidas pelos centros universitários com um número de concluintes 10.309 (19%) e as faculdades com um número de concluintes 29.609 (11,2%).” (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2009, p.17).

O censo de 2007 registrou 347.856 matrículas nesse segmento, correspondendo a um aumento de 24,8% em relação a 2006 que tinha 278.727 matrículas. “O maior número de matrículas, 283.630, foi encontrado nas instituições privadas, seguidas pelas IES federais, com 34.717 e pelas estaduais e municipais, com 24.920 e 4.589 matrículas respectivamente.” (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2009, p.18).

Com relação à organização acadêmica, a evolução do número de matrículas em 2007 na educação tecnológica, o censo mostrou que nas Faculdades, o número de matrículas foi de 158.773, e nas Universidades, com 141.714, com maior parte do total de matrículas na educação tecnológica. Os centros universitários registraram 47.369. “O maior crescimento no número de matrículas foi apresentado pelas Universidades (35,5%) e Faculdades (20,1%), enquanto os Centros Universitários apresentaram um crescimento de 12,9% no número de matrículas.” (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2009, p.18). A evolução do número de cursos, na Educação Tecnológica na Região Sul e Rio Grande do Sul, podem ser observados nos dados a seguir.

Tabela 6 - Evolução do número de cursos na educação tecnológica: UF a Região Sul e Rio Grande do Sul - 2000 a 2007

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

UF 364 447 636 1.142 1.804 2.525 3.037 3.702

S 108 118 133 208 343 490 577 717

RS 25 24 26 44 81 101 131 176

Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2009. Adaptação dos dados encontrados pela autora em (2009).

Com a expansão da oferta dos Cursos de Educação Tecnológica e a grande maioria destes cursos são oferecidos em faculdades que estão ingressando no sistema de educação superior, surge assim um grande problema a qualidade dos cursos, da instituição, etc. Neste

contexto da mercantilização da educação tecnológica, justifica-se o questionamento sobre a qualidade e seus indicadores de qualidade (GIOLO, 2006).

Esta investigação se justifica, também, dado que na atualidade é cada vez maior o número de organizações, tecnológicas, que adotam práticas de gestão utilizando ferramentas para o controle de qualidade. Com a proliferação da educação superior, com o crescimento de cursos da educação tecnológica, e com o aumento da exigência dos usuários, cada vez mais informados e esclarecidos acerca dos seus direitos, a qualidade e os sistemas de controle e garantida de qualidade tornaram-se indispensáveis, ou seja, são um fenômeno global que atinge todos os tipos de organizações, sejam elas educacionais, ou não, privadas ou públicas, com ou sem fins lucrativos. A qualidade no domínio da aprendizagem na educação tecnológica tornou-se uma questão de importância crescente, tanto dos investigadores e profissionais como da comunidade em geral uma variedade de abordagens, sobre qualidade em educação, tem sido desenvolvida e implementada em diferentes setores como: no ensino superior, nas escolas, na educação profissional e tecnológica, no setor de educação à distância, ou na indústria de serviços. Em geral constatamos que as abordagens, sobre qualidade em educação tecnológica, diferem em vários aspectos, como âmbito ou metodologia e que não há um entendimento comum sobre a terminologia ou a metodologia da qualidade, porque a qualidade na educação tecnológica pode ser vista a partir de uma variedade de perspectivas e dimensões.

Na atualidade a educação tecnológica, no Brasil, passa por um processo de Padronização9, ou seja, um estado que avalia e regula a qualidade da educação superior. (ESTADO avaliador, 2006). Estas ações são coordenadas, na educação tecnológica pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica que é responsável em planejar, orientar, coordenar e supervisionar o processo de formulação e implementação das políticas da educação profissional e tecnológica; promover ações de fomento ao fortalecimento, à expansão e à melhoria da qualidade da educação profissional e tecnológica e zelar pelo cumprimento da legislação educacional no âmbito da educação profissional e tecnológica. Em maio de 2006 o governo federal, por meio do Ministério da Educação, editou o Decreto nº 5.773, que dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e seqüenciais no sistema federal de ensino. Em seu artigo primeiro, o Decreto assim estabelece que a regulação será

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Padrões são conjuntos de regras voltadas à criação e manutenção de normas para processos de gestão da qualidade para diversas áreas de uma organização. Apesar da pouca atenção que tem recebido da literatura acadêmica, os padrões permeiam nossas vidas cada vez com maior intensidade.

realizada por meio de atos administrativos autorizativos do funcionamento de instituições de educação superior e de cursos de graduação e seqüenciais. A supervisão será realizada a fim de zelar pela conformidade da oferta de educação superior no sistema federal de ensino com a legislação aplicável. A avaliação será realizada pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES constituirá referencial básico para os processos de regulação e supervisão da educação superior, a fim de promover a melhoria de sua qualidade. (grifo nosso. BRASIL, Decreto nº 5.773, 2006). Por outro lado, algumas instituições de educação profissional tecnológica também, preocupadas com a melhoria da qualidade da educação, adotam outras normas de controle do processo de qualidade, por exemplo, as normas, International Organization for Standardization, da família NBR ISO 9000:2000 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMÁS TÉCNICAS, 2000a), entre outras.

Na atualidade encontramos a Educação Superior brasileira, (entenda-se também a educação tecnológica), com algumas características específicas que podemos assim classificar: “expansão; privatização; diversificação; centralização; desequilíbrio regional; ampliação do acesso; desequilíbrio da oferta; ociosidade de vagas; corrida por titulação; e lento incremento da taxa de escolarização líquida.” (RISTOFF, 2008, p. 41-42). É neste contexto de expansão, privatização, diversificação, da educação superior tecnológica, que pretendemos: “investigar a qualidade na educação superior tecnológica, em tempos de

expansão do Sistema de Educação Superior, na perspectiva dos sistemas de garantia de qualidade –, acreditação, avaliação e auditoria.”

2.1.1.1 Objetivo Geral

Investigar a qualidade na educação superior tecnológica, em tempos de expansão do Sistema de Educação Superior, na perspectiva dos sistemas de garantia de qualidade –, acreditação, avaliação e auditoria.

2. 1.1.2 Objetivos Específicos

Analisar a expansão da educação tecnológica e as políticas de qualidade inerentes à educação tecnológica Brasileira.

Analisar a expansão da educação tecnológica Americana – Community Colleges e seus indicadores de qualidade.

Analisar o impacto da implantação das normas de qualidade no Curso Superior de Tecnologia em Sistemas de Informação – Senac/POA (Fatec); elencar e analisar quais as normas de qualidade mais adequadas para a Educação Superior Tecnológica.

Configurar indicadores de qualidade para os cursos superiores de tecnologia.

Via de regra, a qualidade, na educação tecnológica, está associada ao mercado de trabalho. Entretanto, é preciso desenvolver indicadores qualitativos para medir o valor que a sociedade confere à missão e aos objetivos da educação superior, tecnológica, que vão além das necessidades do mercado de trabalho e de como as boas instituições adquirem estes objetivos.