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OCDE: propósitos de garantia de qualidade responsabilidade e

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5.1 OCDE: SISTEMAS DE GARANTIA DE QUALIDADE

5.1.4 OCDE: propósitos de garantia de qualidade responsabilidade e

Até certo ponto, essas formas diferentes de garantia de qualidade refletem diferentes propósitos. De fato, Sachs (1994) mostrou que, de modo geral, procedimentos de garantia de qualidade podem servir para dois propósitos maiores: responsabilidade e melhoramento.

Na perspectiva da responsabilidade, um aspecto central é o de “interpretação de um relatório” sobre o que se faz em relação aos objetivos que foram estabelecidos ou expectativas legitimadas que outros podem ter a respeito dos produtos, serviços e processos de alguém, em termos do que pode ser compreendido pelos que têm uma necessidade ou direito a entender o relatório. Por essa razão, a responsabilidade é normalmente ligada à informação pública e a julgamentos sobre as condições, impressões ou nível de satisfação alcançado (MIDDLEHURST; WOODHOUSE, 1995). Essa abordagem somativa é a visão predominante da perspectiva dos governos, nos quais a garantia de qualidade é vista como um modo de fornecer uma medida objetiva de qualidade (ex.: através do alcance de uma seleção mínima de indicadores de desempenho), a fim de demonstrar que os fundos públicos são gastos efetivamente. Quando essa abordagem somativa predomina, relatórios incluem afirmações explícitas de resultados, e são publicados para informar o público sobre o desempenho das IESs (BILLING, 2004; MIDDLEHURST; WOODHOUSE, 1995). Refletindo essa ênfase, Stamoulas (2006) afirma que um objetivo básico da garantia de qualidade é salvaguardar os interesses sociais em sustentar os padrões de alta educação ao fornecer publicamente informação verificada independentemente – qualitativa e quantitativa – sobre programas e IESs.

Na perspectiva da melhoria, em contraste, uma abordagem formativa é privilegiada e o propósito de procedimentos de qualidade é promover desempenhos futuros ao invés de fazer julgamentos sobre conquistas passadas (THUNE, 1996, 1998). Contudo, as definições sobre o que é considerado como melhoria, mudaram e as perspectivas em relação ao propósito e ao foco da melhoria podem variar de acordo com diferentes investidores, mas essa abordagem prevalece no mundo acadêmico, no qual a garantia de qualidade é vista como um meio de

melhorar a eficácia do fornecimento de educação terciária pela concessão de permissão ao grupo acadêmico de revisitar suas abordagens, métodos e atitudes através de uma análise dos pontos fortes e fracos e recomendação de seus pares. Onde essa abordagem é predominante, os relatórios são escritos para uma audiência acadêmica e a ênfase é em recomendações. A partir da perspectiva dos sistemas de educação terciária como um todo, ambos os propósitos são essenciais. A dificuldade reside em combiná-los na designação da estrutura da garantia de qualidade e sua implantação. Um grupo amplo de literatura discute a relação entre os propósitos da responsabilidade e da melhoria, em particular se esses são compatíveis e se um equilíbrio pode ser encontrado entre eles e, nesse caso, como isso pode ser feito. Vroeijenstijn (1995a) argumenta, por exemplo, que é difícil para a garantia de qualidade servir a dois ou mais mestres trabalhando em melhorias para a faculdade e no suprimento de informação e responsabilidade para o mundo externo. A incompatibilidade entre responsabilidade e melhoria é também freqüentemente afirmada com base na existência de um conflito em relação a métodos entre eles (THUNE, 1996). Vários autores argumentam, em contraste, que responsabilidade e melhoria na qualidade podem ser combinadas em uma estratégia equilibrada. Por exemplo, Woodhouse (1999) afirma que essas são “tão unidas que é mais sensato ter a mesma agência atendendo a ambas do que tentar separá-las” e mantém que “a responsabilidade pode ser sempre reescrita a fim concentrar-se na melhoria.” (p.51).

E, de fato, um conflito profundo está fixado em desenvolvimentos atuais de garantia de qualidade pelo mundo. Por um lado, a ênfase está mudando em muitos países no controle externo e nas regras para uma maior responsabilidade das IESs em monitorar a qualidade, deixando assim um maior escopo para mecanismos internos destinados à melhoria. Por outro lado, mudanças na direção de educação terciária e tendências atuais na orientação remota das IESs implicam que os mecanismos de responsabilidade efetivos são postos no lugar. Como resultado, há ambivalência no papel e funções de garantia de qualidade em direcionar os dois propósitos de responsabilidade e melhoria.

A ambivalência da garantia de qualidade também resulta de objetivos duplos dos próprios sistemas de educação terciária. Por um lado, a importância da educação terciária para o emprego e coesão social implica em aperfeiçoar a qualidade para todos, em uma perspectiva da melhoria. Por outro lado, a crescente importância da inovação e do avanço tecnológico para o crescimento econômico solicita a salvaguarda do limite competitivo nacional e acarreta a sinalização da qualidade e a identificação de campeões. Por exemplo: na Europa, os Processos de Bologna e de Lisboa refletem a coexistência desses objetivos. Enquanto o processo de Bologna enfatiza a comparabilidade como um modo de reconhecimento de

qualificações e competências, em uma perspectiva democrática e empregatícia, a Estratégia de Lisboa coloca mais ênfase na busca pela excelência como um modo de aumentar a competitividade da Área de Pesquisa Européia (EUROPEAN COUNCIL, 2000; STAMOULAS, 2006). Sistemas de garantia de qualidade, assim, têm que encontrar maneiras de dirigir esses objetivos.

Entretanto, a garantia de qualidade é uma ferramenta importante no fornecimento de sinais para o mercado de trabalho sobre as habilidades e competências dominadas pelos graduados, a fim de garantir que certos padrões mínimos sejam buscados e para assegurar que a qualificação conquistada é própria para os propósitos pretendidos. Isso é especialmente importante para IESs intermediárias e/ou novas que não podem depender exclusivamente de sua reputação e status como um mecanismo indicativo – diferente de instituições de elite/mais velhas (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2008a, 2008b).