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Mapa 10 – Síntese dos conflitos socioambientais da RDS do Rio Iratapuru

3.2 DINÂMICA SOCIAL

3.2.2 Dinâmica populacional e habitação no Cajari

Nos levantamentos realizados em 1988 e que serviram de base para a criação da RESEX do rio Cajari, foram contabilizadas em torno de 570 famílias morando na região. Em 1993, durante o cadastramento e pesquisa socioeconômica dos moradores da UC, detectou-se 647 famílias, sendo 622 cadastradas com uma população de 3.479 habitantes. Desse total, 359 famílias ou 57,8%, habitavam no município de Laranjal do Jarí, com uma população de 1947 pessoas. As outras 262 famílias (42,2%), com uma população de 1532 pessoas, encontravam- se morando no município de Mazagão (FILOCREÃO, 1993).

Atualmente não há consenso sobre o tamanho da população da UC. O relatório de avaliação do Projeto RESEX (IBAMA, 2006) estima 1600 famílias. Filocreão (2007) projeta um número máximo de 1.123 famílias residindo na RESEX, o que equivaleria a uma população de 6.310 habitantes. Para o INCRA, que trabalha com uma capacidade de suporte de 1500 assentados, há 1.473 moradores cadastrados (siprados) na Relação de Beneficiários (RB) de 2008-2009.

A RB é usada para fins de acesso à política de crédito da reforma agrária executada pelo INCRA. Esse cadastro tem sido usado como referência para estimar o tamanho

da população local, o que tem levado a equívocos quando se considera cada beneficiário como uma família. É preciso levar em conta que numa mesma família pode haver vários beneficiários, desde que tenham maioridade, como comprovam vários casos.

Considerando que não há registro de nenhum grande fenômeno migratório que justifique essas projeções, entende-se que se trata de números superestimados. Reforça esse entendimento, o fato das representações comunitárias e o IBAMA-ICMBio manterem um relativo controle da entrada de novos moradores na área, que precisam de suas autorizações para se fixar no território da UC.

Tomando como base a Contagem da População (IBGE, 2007), a partir dos setores censitários57 que recobrem a RESEX, chegou-se a uma população residente de 3050 moradores, num total de 552 domicílios. No município de Mazagão encontra-se o maior percentual dos habitantes da UC, com 42,02% (1.315), em Laranjal do Jari são 40,58% (1.146) e Vitória do Jari tem 17,40% (589).

Considerando que cada domicílio seja ocupado por uma família, como se pode deduzir da referida pesquisa, tem-se 552 famílias residindo na RESEX. Com base nisso, o tamanho médio de cada família é 5,52 pessoas, com destaque para o município de Vitória do Jari, que apresenta a média superior de 6,13 pessoas por família.

Comparando os dados da Contagem da População (IBGE, 2007) que registrou 552 famílias, com a pesquisa socioeconômica (FILOCREÃO, 1993), que identificou 647 famílias, chega-se a um decréscimo do número de famílias residentes na Unidade. Em números absolutos a diferença é de 125 famílias ou 19,31%, para um período de 14 anos.

Nesse sentido, a diminuição na quantidade de pessoas pode ser explicada, em parte, pelo deslocamento da população mais jovem para os centros urbanos, com o objetivo de estudar e/ou em busca de trabalho. Outra causa provável pode ser a queda no preço da castanha (no início de 2009, por exemplo, custava R$ 25,00 por hectolitro), que leva os moradores a buscar nas cidades e garimpos uma alternativa para melhorar de vida.

Considerando um levantamento realizado em 2006 por técnicos do CNPT, que não foi publicado, foram registradas 702 famílias, número mais aceito entre as lideranças consultadas. Essa questão deve receber atenção adequada do órgão gestor, objetivando o

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São 4 setores censitários na RESEX: no Município de Mazagão, setor 5 do distrito 15; em Vitória do Jari, setor 8 do distrito 5; em Laranjal do Jari, setores 32 e 34, ambos do distrito 5.

cadastramento das famílias da UC, no âmbito da elaboração do Plano de Manejo que se encontra em andamento, para dirimir quaisquer dúvidas e planejar adequadamente as ações.

Para efeito desta pesquisa, adota-se a população oficial registrada pelo IBGE. Sendo assim, todos os resultados apresentados tomaram como universo da pesquisa 552 famílias, com uma amostra representada por 172 famílias.

De certo, o fenômeno demográfico registrado na UC é um grande fluxo interno em direção aos vilarejos. Segundo o Relatório Socioeconômico de 1993, 62% dos habitantes moravam dispersos nos rios e igarapés e 31%, em pequenos vilarejos. Após doze anos, Picanço (2005) constatou uma realidade bem diversa, com 62,05% da população morando em vilarejos, contra 37,95%, vivendo de forma isolada.

Há indicação de uma concentração ainda maior atualmente, com forte tendência de aumentar a aglomeração em pequenas vilas comunitárias. Essa movimentação é explicada, em grande medida, pela busca de melhores condições de moradia e serviços sociais de saúde, de educação, de fornecimento de energia, transporte e comunicação.

Esse processo é fortemente influenciado pela ação de políticas públicas, que incentivam a concentração como forma de viabilizar suas ações. As intervenções do Estado, em suas diversas esferas, incidem sobre esse espaço de acordo com as intenções das diferentes políticas públicas e dos grupos políticos que estão no poder.

A sobreposição da UC em três municípios diferentes, afeta as comunidades de modo diverso, dependendo do município a que elas pertençam e das prioridades estabelecidas pelo gestor municipal. De modo geral, o fornecimento dos serviços públicos tem sido usado pelos gestores municipais como estratégia para agregar a população, facilitando a execução de seus projetos políticos.

A implantação de escolas e postos de saúde tem influenciado na reorganização das famílias no interior da UC. Um caso marcante foi registrado no município de Vitória do Jari, no local conhecido como Aterro do Muriacá, onde o primeiro prédio foi uma escola seguida de posto de saúde, onde hoje vivem dezenas de famílias (PICANÇO, 2005). Em Água Branca do Cajari, onde se concentram os melhores serviços públicos de saúde e educação, em 1993 moravam 48 famílias e, atualmente são em torno de 90 famílias.

As condições de moradia na RESEX, também sofrem a interferência da ação da esfera estadual. A construção e manutenção de escolas estaduais, bem como de passarelas,

funcionado como forte apelo para o agrupamento das famílias e a formação de comunidades. A origem do termo comunidade começou a ser disseminado localmente a partir do trabalho da igreja nos anos 70, inspirado pela teologia da libertação. A noção de comunidade passa a ter sentido quando contempla pelo menos as residências, a escola e uma igreja onde se reza o culto dominical. Os vilarejos que não tenham prédios públicos e mesmo moradias isoladas são conhecidos como localidades ou simplesmente vilas. Uma comunidade engloba o vilarejo, os moradores isolados e as localidades\vilas das proximidades. No geral, a base de formação dessas povoações é constituída por um único tronco familiar e\ou por um reduzido número de famílias, que se organizam em torno da casa de um patriarca (PICANÇO, 2005, p.88).

Embora passem a viver cada vez mais em vilarejos (Mapa 8), os agroextrativistas mantêm a exploração de suas colocações. Muitas famílias possuem duas habitações - uma permanente e outra temporária (o retiro), que tanto pode ser próxima aos castanhais e usada na época da safra, como também nas roças distantes dos vilarejos e usadas nos períodos de trabalhos mais intensos.

No campo federal, além da ação do IBAMA/ICMBio, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, como já citado, também atua na UC. Isso foi viabilizado através da Portaria Interministerial MDA/MMA/N° 13, de 19 de setembro de 2002, que dispõe sobre o reconhecimento das RESEX como integrantes do Programa Nacional de Reforma Agrária - PNRA.

O efeito direto da portaria aos agroextrativistas do Cajari foi garantir o direito de acessar as linhas de crédito gerenciadas pelo INCRA. Destaca-se que a inclusão das RESEX no PNRA foi uma grande vitória desses trabalhadores. Sua luta principal sempre foi pela terra, sendo as RESEX entendidas no seio do movimento liderado pelos seringueiros como a “reforma agrária dos povos da floresta”.

No período que antecedeu à criação da RESEX, as famílias moravam em pequenas vilas próximas às filiais dos patrões. Uma parte das casas era cedida pelos patrões, geralmente construídas de madeira e cobertas com telhas de barro ou fibrocimento. As demais eram construídas de madeira, casca de árvores, juçara ou paxiúba e coberta de palhas.

Mapa 8 – Distribuição das vilas comunitárias na RESEX Cajari. Fonte: Pesquisa de campo, 2009.

A pesquisa socioeconômica de 1993 mostrou que 57% residiam em casas com dimensão entre 20 a 40 m2; 18%, em casas com 41 a 60 m2 e 7%, em casas entre 61 à 80 m2. Dessas habitações, 64% possuíam as paredes de tábua bruta; 7%, não tinham paredes; 4% possuíam paredes de palha; 4%, de pau-a-pique e 11%, de madeira bruta. Em relação ao piso, 89% das moradias possuíam piso de tábuas, sendo que, apenas, 1% delas possuía piso de cimento, enquanto, 2% tinham piso de chão batido e 7%, de juçara (FILOCREÃO, 1993).

Atualmente, a situação de moradia é bastante diferente, registrando considerável melhoria. Entre os fatores que contribuíram para a mudança está primeiramente a garantia da terra, uma vez que o Projeto Jari impedia qualquer reforma das residências. Influenciaram ainda, a maior liberdade (SEN, 2000) e acesso da população aos mercados, sendo facilitado pelas novas condições de transporte, que repercutiram no aumento da renda familiar, bem como os programas governamentais de renda mínima (federal e estadual).

A maior contribuição para a melhoria das condições de moradia na RESEX foi possível através do crédito habitação, do programa de reforma agrária, executado pelo INCRA a partir de 2004. Esse processo se materializou na execução de vários convênios entre o INCRA e as associações comunitárias.

De acordo com as informações levantadas junto ao INCRA, o número de moradias já contratadas para serem construídas em toda a reserva é de 1252unidades, conforme demonstra o tabela 8. Foram viabilizados vários contratos entre o INCRA e as associações responsáveis pela gestão de cada setor da reserva.

Tabela 8 - Demonstrativo da contratação do crédito habitação na RESEX Cajari.

ASSOCIAÇÃO Nº DE MORADIAS/ANO TOTAL GERAL 2004 2005 2006 2007 ASTEX-CA 71 - 255 - 326 AMAEX-CA 117 232 80 65 494 ASSCAJARI 107 - 175 150 432 TOTAL 295 232 510 215 1252 Fonte: INCRA e Associações, 2009.

O valor de cada unidade domiciliar custou inicialmente R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Uma parte delas recebeu complementação de mais R$ 2.000,00 (dois mil reais), totalizando R$ 7.000,00/casa. As primeiras unidades foram construídas diretamente pelos beneficiários, mas problemas durante a execução levou à decisão de contratar uma empresa para conduzir as obras, ficando o favorecido e as associações com a responsabilidade de fiscalização. Finalizada a construção da obra ela é entregue ao beneficiado.

Segundo Valdir Viana da Costa58, secretário da AMAEX-CA, a associação construiu 494 casas distribuídas em sua área de atuação, constituída por 43 comunidades ribeirinhas. Sendo 117, em 2004; 232, em 2005 e 145, em 2007/2008, com tamanho de 42 m2 (6m x 7m), tendo assoalho e paredes de madeira plainada, cobertura de fibrocimento e pintura. Esse mesmo padrão foi registrado na área de influência da ASSCAJARI, à exceção de aproximadamente 3,54% das casas construídas, que diferem por terem piso em cimento. Segundo Calixto Pinto59, presidente da associação, foram construídas 107 casas entre 2004 e 2006 e 175, entre 2007 e abril/2009, totalizando 282 moradias distribuídas às 18 comunidades da sua área de influência. Há outras 150 já contratadas mas não iniciadas, pois falta finalizar a prestação de contas do recurso já recebido.

Segundo Ozanei Pinto60, presidente da ASTEX-CA, foram construídas 71 casas com o convênio de 2004, durante a gestão que o antecedeu. Das 255 moradias contratadas em 2006, somente 20 unidades foram completadas e após assumir a atual diretoria (fev/2009) e negociar com as empresas responsáveis pelas obras. Ao todo, são 91 casas construídas no Alto Cajari. A tabela 9 apresenta um demonstrativo das moradias construídas com o crédito habitação pelas associações, por setor da RESEX.

De modo geral, o atendimento aos moradores segue a um plano de trabalho da direção das associações, bem como está condicionado à sua inclusão na Relação de Beneficiário do INCRA. De um lado, esse processo tem servido para fortalecer os grupos que lideram as associações, de outro, tem fomentado distorções e acirrado a competição interna.

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Em comunicação pessoal a José Reinaldo Picanço, realizada em 17 de setembro de 2008, na Vila Filadélfia. O grupo de lidera a AMAEX-CA está em sua terceira gestão consecutiva.

59 Calixto Pinto é presidente da ASSCAJARI, está iniciando segunda gestão que vai até 2011. Comunicação pessoal

a José Reinaldo Picanço, em 14 de abril de 2009.

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Ozanei Pinto foi eleito em 07.02.2009 para sua primeira gestão à frente da ASTEX-CA. Em comunicação pessoal , a José Reinaldo Picanço, em 29 de abril de 2009.

Para o Chefe da RESEX-ICMBio, Francisco Edembrgo Almeida61, esperava-se que esse processo fomentasse o empoderamento das famílias agroextrativistas, mas acabou favorecendo grupos de lideranças que se perpetuam à frente das entidades. Isso levou a distorções como o uso político, inclusive como instrumento de pressão contra os adversários e até mesmo a construção de casas fora da área da Unidade, o que não seria permitido e se constitui em irregularidade.

Tabela 9 - Demonstrativo da execução do crédito habitação, por setor na RESEX-CA.

ASSOCIAÇÃO - SETOR Nº DE MORADIAS/ANO TOTAL GERAL 2004/2006 2007/008 2009 ASTEX-CA Alto Cajari 71 20 91 AMAEX-CA Amazonas - Ajuruxi 349 145 494 ASSCAJARI Médio e Baixo Cajari

107

150 25 282

TOTAL 527 295 45 867

Fonte: Pesquisa de campo, 2009.

Das 1252 moradias contratadas através de convênios entre o INCRA e as Associações desde 2004, foram construídas e entregues aos beneficiários, 867 casas. Sendo 91 pela ASTEX-CA, no Alto Cajari; 494 pela AMEX-CA, no setor Amazonas-Ajuruxi, e 282 pela ASSCAJARI, no Médio-Baixo Cajari.

Comparando esses dados com os 552 domicílios registrados pela Contagem da População (IBGE, 2007), pode-se supor que todas as famílias da RESEX residem em casas construídas com o crédito habitação. Não é o que acontece, pois como já se registrou, muitos beneficiários pertencem a uma mesma família. Isso parece justificar porque várias casas récem contruídas pela parceria INCRA-Associações, ainda não foram ocupadas.

Em seu conjunto, o acesso ao crédito moradia pelos moradores da UC f o i a valiado como positivo no Relatório de Avaliação Final do Projeto RESEX (IBAMA, 2006):

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Mas o salto mais importante está sendo dado nos últimos meses, com o acesso das famílias das RESEX aos financiamentos do Crédito Habitação, do Programa Nacional de Reforma Agrária (recursos do INCRA/MDA). A grande maioria das famílias está sendo beneficiada com financiamentos de R$ 5.000,00 para a construção ou reforma de suas moradias. Estes recursos estão sendo gerenciados pelas próprias associações, em convênio com o INCRA. (IBAMA, 2006, p. 30).

Na percepção dos moradores das comunidades locais, a situação atual de sua moradia é bem melhor que no passado, sobretudo em decorrência da construção de casas pelo crédito da reforma agrária. Como pode ser verificada no gráfico 1, a avaliação da população foi majoritariamente positiva, quando se procurou averiguar se a condição de moradia melhorou depois da criação da RESEX.

Gráfico1 – Demonstrativo da percepção da população sobre

sua condição de moradia (%)

Fonte: Pesquisa de campo (2007-2008).

Como demonstra o gráfico, na percepção de 93,60% das famílias pesquisadas, sua condição de moradia melhorou depois da criação da RESEX; para 1,16 %, sua habitação atual é pior que antes da UC e para 5,23% dos moradores, a situação de sua residência permanece igual ao período anterior à RESEX.

Segundo o Relatório de Avaliação Final do Projeto RESEX/PPG7 (IBAMA, 2006), a execução do ‘crédito habitação’ também terá repercussão na saúde dos moradores:

além de melhorar as condições de moradia, este programa tem impactos positivos na situação sanitária e, por conseguinte, na saúde das famílias e deverá, também, reduzir, a longo prazo, o tempo e os recursos necessários para a manutenção das residências (maior longevidade da madeira pintada e dos telhados em “Brasilit”) (IBAMA, 2006 p. 30).

Pelo que se constatou na pesquisa, a melhoria da condição de moradia contrasta com a falta de instalações sanitárias adequadas, que não foram contempladas pelo crédito habitação. Segundo Calixto Pinto, isso elevaria o preço acima do teto previsto por beneficiário, ficando sob responsabilidade do mesmo a construção do sanitário. Com isso, prevalecem fossas rudimentares e/ou despejos diretamente nos rios, que se constitue em problema de saneamento para ser resolvido.

Não restam dúvidas que a execução do ‘crédito habitação’ através da parceria INCRA e Associações, mudou positivamente a condição de moradia das famílias agroextrativistas da RESEX. Foi também decisiva na reorganização e distribuição dos moradores na área, ao fomentar o agrupamento e crescimento e/ou formação das comunidades.

A execução de créditos da reforma agrária pelas associações, não se resumiu ao ‘crédito habitação’, inclui a linha ‘apoio inicial’ (para alimentação e implementos) e ‘crédito fomento’ (para implementos e equipamentos agrícolas). A tabela 10 apresenta um demonstrativo dos valores envolvidos nos diferentes convênios celebrados entre o INCRA e as associações locais.

Tabela 10 - Demonstrativo da celebração de convênios dos créditos da reforma agrária, entre INCRA-

AP e Associações na Resex Cajari.

ASSOCIAÇÃO – TIPO DE CRÉDITO

VALOR DOS CRÉDITOS (R$) \ ANO

Total geral 2004 2005 2006 2007 2008 ASTEX- CA Crédito habitação 355.000,00 1.785.000,00 2.140.000,00 Apoio inicial 88.800,00 88.800,00 Subtotal (1) 2.228.800,00 AMAEX- CA Crédito habitação 585.000,00 400.000,00 455.000,00 1.440.000,00 Apoio inicial 900.000,00 120.000,00 108.000,00 148.000,00 1.276.000,00 Crédito fomento 240.000,00 240.000,00 Subtotal (2) 2.956.000,00 ASSCAJA RI Crédito habitação 535.000,00 1.225.000,00 1.760.000,00 Apoio inicial 240.000,00 360.000,00 600.000,00 Subtotal (3) 2.360.000,00 TOTAL 1.475.000,00 900.000,00 3.770.000,00 1.011.800,00 388.000,00 7.544.800,00

Fonte: Setor de Contratos e Convênios do INCRA-AP; Pesquisa de campo, 2009.

A primeira impressão quando se analisa o quadro, é a grande capacidade de articulação e captação de recursos por parte das representações comunitárias. Em cinco anos foram celebrados 15 convênios entre INCRA e as três Associações (mais aditivos), que somaram juntos R$ 7.544.800,00 (sete milhões, quinhentos e quarenta e quatro mil e oitocentos reais). Deve-se dizer que, apesar de contratado, esse valor não foi totalmente executado pelas Associações, por conta da falta de prestação de contas de valores já recebidos.

A maior parte dos valores foi para a construção de casas, através do ‘crédito habitação’, perfazendo o total de R$ 5.340.000,00 (cinco milhões, trezentos e quarenta mil reais), que resultaram na condição de moradia retratada nessa seção. A AMAEX-CA foi a

associação que contratou o maior volume de recursos (R$ 2.956.000,00) e a única a executar o ‘crédito fomento’, dirigido à compra de implementos e equipamentos agrícolas usados na atividade produtiva da família agroextrativa.

A ASSCAJARI conveniou o valor de R$ 2.360.000,00(dois milhões e trezentos e sessenta mil reais) e a ASTEX-CA contratou R$ 2.228.800,00(dois milhões, duzentos e vinte e oito mil e oitocentos reais), principalmente para a construção de moradias. O crédito ‘apoio inicial’ usado para aquisição de alimentação e implementos agrícolas, teve um menor valor contratado.

Ainda que não se possa fazer uma análise conclusiva sobre o impacto desses créditos, o mesmo deverá se refletir na melhoria do transporte e da produção, uma vez que a maior parte do recurso foi usada na aquisição de ‘motores rabetas’ para seus beneficiários. Esse equipamento que pode ser usado tanto para o deslocamento e transporte da produção, quanto na execução de atividades produtivas.

Partindo do enfoque da sobreposição territorial, que resulta na ação de diferentes esferas do Estado e outros agentes, pode-se concluir que a unidade e a identidade dessa UC são garantidas pela conjunção de diversas territorialidades. A intervenção de diferentes atores vai ter reflexo em vários aspectos da vida das famílias agroextrativistas, como pode ser observado em relação à infraestrtura de transporte e comunicação.