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O CFS, logo a seguir ao Título I, relativo às “Disposições gerais”, estabelece as normas aplicáveis ao controlo de pessoas na passagem das fronteiras externas dos Estados-Membros

O REGIME JURÍDICO DA PASSAGEM DE PESSOAS NAS FRONTEIRAS EXTERNAS E INTERNAS DA UNIÃO EUROPEIA

III. Regras e excepções em matéria de passagem das fronteiras internas

2. O CFS, logo a seguir ao Título I, relativo às “Disposições gerais”, estabelece as normas aplicáveis ao controlo de pessoas na passagem das fronteiras externas dos Estados-Membros

da UE5, a que se refere o artigo 1.º, segundo parágrafo. Dedica ao tema o Título II (“Fronteiras

externas”), o mais extenso (artigos 5.º a 21.º). Este título, por sua vez, divide-se em cinco capítulos, relativos, sucessivamente, à “passagem das fronteiras externas e condições de entrada” (I); ao “controlo das fronteiras externas e recusa de entrada” (II); aos “recursos humanos e meios destinados ao controlo fronteiriço e cooperação entre Estados-Membros” (III); às “regras específicas dos controlos de fronteira” (IV); às “medidas específicas em caso de deficiências graves relacionadas com o controlo nas fronteiras externas” (V).

No que respeita à passagem das fronteiras internas, o princípio é, como já se disse, o da “ausência de controlos de pessoas, independentemente da sua nacionalidade” e, portanto, o da “transposição em qualquer local” destas fronteiras, reiterado pelos artigos 1.º, primeiro 2 O Regulamento 2016/399 tornou inútil a versão consolidada do Regulamento n.º 562/2006, datada de 26 de Novembro de 2013 e publicada no link “legislação consolidada” do Jornal Oficial da UE, que incorporava num texto único, de valor meramente documental e não jurídico, as alterações e rectificações sucessivamente introduzidas pelos sete actos jurídicos elencados no Anexo IX do CFS. 3 Por exemplo, no artigo 5.º, n.º 2, onde se lê “Não obstante o disposto no n.º 1, podem ser permitidas excepções à obrigação…”, lia-se na anterior versão (artigo 4.º, n.º 2) “Em derrogação ao n.º 1, podem ser permitidas excepções à obrigação…”; no artigo 8.º, n.º 3, alínea c), terceiro parágrafo, lê-se agora “Esta derrogação só pode ser aplicada no ponto de passagem de fronteira em causa…”, ao passo que na anterior redacção [artigo 7.º, n.º 3, alínea a-B), terceiro parágrafo] se lia “Esta excepção só pode ser aplicada no ponto de fronteira em causa…”.

4 São elas, por ordem de apresentação, (i) a proposta de regulamento que estabelece um visto de circulação, COM (2014) 163 final, de 1 de Abril; (ii) a proposta de regulamento relativo ao reforço dos controlos nas fronteiras externas por confronto com as bases de dados pertinentes, COM (2015) 670 final, de 15 de Dezembro; (iii) a proposta de regulamento relativo à utilização do Sistema de Entrada/Saída (EES), COM (2016) 196 final, de 6 de Abril. Todas estas propostas de alteração do CFS são analisadas adiante.

5 De acordo com dados da Comissão, registam-se cerca de 650 milhões de passagens anuais no conjunto destas fronteiras; cf. “Comunicação sobre a migração”, de 4 de Maio de 2011, COM(2011) 248 final, p. 9. 182 milhões dessas passagens correspondem a entradas e saídas de nacionais de países terceiros; cf.

The right to leave a country, documento do Comissário para os Direitos do Homem do Conselho da

Europa preparado por ELSPETH GUILD, 2013, in www.commissioner.coe.int, p. 43.

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O CONTENCIOSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO RELATIVO A CIDADÃOS ESTRANGEIROS E AO REGIME DA ENTRADA, PERMANÊNCIA, SAÍDA E AFASTAMENTO DO TERRITÓRIO PORTUGUÊS, BEM COMO DO ESTATUTO DE RESIDENTE DE LONGA DURAÇÃO - 2.ª edição atualizada

O regime jurídico da passagem de pessoas nas fronteiras externas e internas da União Europeia

parágrafo, e 22.º do CFS. Ao tema é dedicado o Título III (“Fronteiras internas”), dividido em dois capítulos. O primeiro (“Ausência de controlo fronteiriço nas fronteiras internas”) inclui, para além do artigo 22.º e do seu corolário sobre “supressão de obstáculos ao tráfego nos pontos de passagem rodoviários de fronteiras internas” (artigo 24.º), um artigo sobre controlos no interior do território (artigo 23.º). O capítulo II (“Reintrodução temporária do controlo fronteiriço nas fronteiras internas” engloba doze artigos (artigos 25.º a 35.º).

Oito dos dez Anexos ao CFS relevam do âmbito de aplicação do Título II, aplicando-se normalmente, tal como este título, à passagem das fronteiras externas6. Versam sobre os

seguintes aspectos:

(I) “Documentos comprovativos do cumprimento das condições de entrada”; (II) “Registo da informação”;

(III) “Modelos de painéis existentes nos diferentes corredores dos pontos de passagem de fronteiras”;

(IV) “Aposição de carimbos”;

(V) “Procedimento de recusa de entrada na fronteira”;

(VI) “Regras específicas aplicáveis aos vários tipos de fronteiras e aos vários meios de transporte utilizados para a passagem das fronteiras externas dos Estados-Membros”;

(VII); “Regimes especiais para determinadas categorias de pessoas”;

(VIII) “Modelo de aceitação da prova de cumprimento da condição relativa à estada de curta duração quando o documento de viagem não ostente o carimbo de entrada ou de saída”. Os Anexos III, IV e VIII podem ser alterados através de actos delegados, adoptados pela Comissão nos termos dos artigos 36.º a 38.º do CFS, englobados no Título IV, dedicado às “Disposições finais”.

O CFS complementa-se como o “Manual Prático para os guardas de fronteira (Manual Schengen)”, contendo “directrizes comuns, melhores práticas e recomendações sobre controlo fronteiriço”, constante de uma recomendação da Comissão, baseada no artigo 292.º do TFUE devido à necessidade de garantir que as regras da UE na matéria sejam uniformemente executadas por todas as autoridades nacionais competentes7. Dado o carácter não vinculativo

das recomendações da Comissão, os Estados-Membros devem instruir as respectivas 6 Todavia, nos termos do artigo 32.º, caso seja reintroduzido, a título excepcional, o controlo nas fronteiras internas, aplicam-se, com as necessárias adaptações, as disposições do Título II e respectivos anexos.

7 O Manual foi aprovado pela Recomendação da Comissão C(2006) 5186 final, de 9 de Novembro e sucessivamente revisto pelas recomendações da Comissão C(2008) 2976 final, de 25 de Junho, C(2009) 7376 final, de 29 de Setembro, C(2010) 5559 final, de 16 de Agosto, C(2011) 3918 final, de 20 de Junho, C(2012) 9330 final, de 14 de Dezembro, e C(2015) 3894 final, de 15 de Junho.

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autoridades no sentido de usarem o Manual como a “principal ferramenta para o desempenho das suas tarefas de controlo fronteiriço”. São “também encorajados a utilizá-lo para efeitos de formação do pessoal que será afectado a este controlo”.

3. As fronteiras externas são definidas negativamente pelo artigo 2.º, ponto 2, do CFS como

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