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Efeito contexto na tomada de decisão dos agentes no sector eléctrico

4. Alguns problemas económicos em economia comportamental e Neuroeconomia

4.9 Efeito contexto na tomada de decisão dos agentes no sector eléctrico

Em muitos momentos na vida económica os agentes se defrontam com escolhas que nem sempre são o que parecem ser. O efeito de contexto pode ser considerado como um dos maiores problemas no que diz respeito à ambiguidade na hora da tomada de decisão. Isto ocorre porque a forma como as opções são apresentadas aos agentes pode influir no resultado final.

O efeito de contexto tem sido utilizado de forma inconsciente em diversas áreas, com

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A dialética é um método de diálogo cujo foco é a contraposição e contradição de ideias que leva a outras ideias e que tem sido um tema central na filosofia ocidental e oriental desde os tempos antigos (ver http:// pt.wikipedia.org/wiki/Dialética_marxista).

destaque para a política internacional, a negociação, as vendas e o marketing. Alguns autores de renome têm tratado de divulgar a questão do contexto no processo de tomada de decisão dos agentes. É o exemplo do prêmio Nobel em economia, George Akerlof (2010); do professor do MIT Dan Ariely (2008); dos autores do Best Seller “Nugdge” Richard Thaler e Cass Sunstein (2009); e de um dos autores em economia mais lidos do mundo, Varian Hall (2006).

O efeito de contexto afeta os agentes económicos por conta da tendência que estes agentes apresentam para serem decisores passivos e negligentes, de forma inconsciente. Isto ocorre porque o cérebro como responsável pela acção não reavalia as questões apresentadas. Talvez seja por isso que muitos estudos recentes em Neuroeconomia apontam para a hipótese de que os agentes são, em muitos casos, irracionais aquando da tomada de decisão. Talvez por isso o efeito de contexto chame tanto a atenção da comunidade científica e do mercado.

No estudo levado a cabo, considerou-se a possibilidade da aplicação do contexto nos muitos momentos de tomada de decisão do sector eléctrico brasileiro.

Como se verá no decorrer desta pesquisa, o contexto sob o qual se insere uma decisão influencia directamente o resultado final da decisão. As decisões são sensíveis às condições e às circunstâncias do tempo e do lugar em que ocorrem. No estudo acerca do contexto, mostrou-se uma situação de contexto positivo ou contexto negativo, simplesmente porque é vulgar nas decisões económicas do quotidiano de uma pessoa como em decisões de empresas de grande porte que envolve elevadas quantias de dinheiro estatal ou privado, ver três tipos de ópticas ou de contexto sob as quais se apresentam as decisões:

 Positivo;

 Negativo;

 Neutro.

Contexto positivo da decisão - é muitas vezes praticado por agentes que visam a aceitação

de uma ideia. Por exemplo, no caso das energias, o governo geralmente mostra dados técnicos (que têm pouco efeito sobre o cérebro decisor) por meio de gráficos e textos complexos no sentido da importância da ampliação da capacidade energética do país. O contexto positivo pode ser visto como uma óptica “optimista” acerca de possibilidades de escolha. O lado positivo das decisões implica em uma espécie de suavização de factos negativos e ampliação de factos positivos aquando de uma possibilidade no processo decisório. A principal emoção envolvida no contexto positivo é a alegria, como espaço para a surpresa em algumas ocasiões.

negativas que uma escolha pode acarretar para os agentes. ONGs e alguns ambientalistas radicais são “mestres” na exploração de apresentação de decisões tendo em foco o contexto negativo. As principais emoções envolvidas no contexto negativo são medo e raiva, mas com a possibilidade de geração de nojo e surpresa (negativa) em alguns momentos.

Contexto neutro da decisão - pode ser considerado muito raro isto porque as pessoas são

influenciadas por informações inconscientes o tempo todo, o que dificulta bastante a existência da tomada de decisões em contexto neutro. Por mais ética que seja considerada uma pessoa ela sempre apresenta as escolhas de forma tendenciosa (na grande maioria das vezes inconscientemente). A neutralidade de uma decisão económica que envolva a vida de outras pessoas e até do ambiente onde vivem os tomadores de decisão se configura como uma possibilidade “utópica” no que se refere à análise económica, existindo apenas na literatura. Toma-se um conjunto de situações de tomada de decisão no campo das empresas de energia, como as que têm a ver com as seguintes questões: devemos implantar ou não uma hidroeléctrica nesta comunidade? Qual o modal de energia alternativa a ser utilizado? Devemos passar esta estrada perto neste local? Estas são algumas entre muitas outras questões que envolvem impactos para o meio ambiente, para as pessoas e para a própria empresa. As decisões neste sector são sempre marcadas por questões políticas, religiosas, pessoais, ambientais, normativas, comerciais e técnicas. Um bom exemplo disto é a construção da usina hidroeléctrica de “Belo Monte” no Estado do Pará, em que o Governo brasileiro enfrenta grandes dificuldades na implantação do projecto por conta da influência das questões indígenas, ambientais, religiosas e políticas, mesmo depois de o projecto ter apresentado viabilidade económica e técnica; ou ainda o caso das implantações de mini-redes em locais isolados da Amazónia em que questões pessoais de moradores destas localidades como ciúme, inveja ou raiva impactaram directamente na viabilidade dos projectos, levando os técnicos de alguns deles a apontar a necessidade do comportamento “racional” dos agentes para que o projecto seja viável económica e socialmente.

Na verdade, os agentes económicos são extremamente sensíveis ao poder do contexto. E as mudanças decorrentes do contexto, podem, com efeito, deflagrar verdadeiras “epidemias” (ver Gladwell, 2009, p. 137).

Portanto, este é um efeito bastante representativo da incapacidade que os agentes têm em serem racionais. Entretanto, abre-se um campo alargado para novas possibilidades analíticas. O processo de tomada de decisão e, ainda mais, o processo de avaliação das análises de tomada de decisão não pode ignorar o poder do contexto para os resultados.

5. Estímulos e orientações em Neuroeconomia