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2. Conhecendo a Neurociência

2.2 O cérebro humano

A compreensão das decisões do homem na economia está relacionada com o entendimento do funcionamento do cérebro. O funcionamento físico do cérebro impõe limitações à tomada de decisão dos agentes gerando comportamentos irracionais, se analisados sob a óptica da economia ortodoxa.

Para entender o funcionamento deste mecanismo e de como ele leva os agentes económicos ao erro, primeiro, é essencial que se compreenda que o cérebro é um órgão, logo é destrutível, e com o envelhecer do organismo a sua destruição é factível. Entretanto as tarefas que o cérebro realiza são de extrema complexidade, sendo que ele dispõe de uma capacidade limitada de energia para a realização destas tarefas. Além disso, não importa a complexidade da tarefa, ele não terá nenhum acréscimo de energia para desempenhar tarefas mais complexas.

No cérebro produzem-se os pensamentos, as crenças, as recordações, o comportamento. É o centro do controle do organismo que coordena as faculdades do movimento, do tacto, do olfacto, do ouvido e dos estados de alerta. Possibilita a formação da linguagem, entender e efectuar operações numéricas, compor e apreciar música, visualizar e entender as formas

geométricas e comunicar com os outros. Está dotado, inclusive, da capacidade para planificar com antecipação e criar fantasias. Revê todos os estímulos que provenham, quer de órgãos internos quer da superfície corporal, dos olhos, dos ouvidos, do nariz. Em resposta a estes estímulos, corrige a postura corporal, o movimento dos membros e a frequência do funcionamento dos órgãos internos (ver Eduardo, 2009, p. 121).

O cérebro - ou as reacções que dele derivam - é composto de várias regiões que fazem parte ou formam o sistema nervoso. O sistema nervoso está dividido em três subdivisões anatômicas e funcionais: o sistema nervoso central (SNC), o sistema nervoso periférico (SNP) e o Sistema Nervoso Autônomo. O sistema nervoso central é bilateral e simétrico e é composto pelo cérebro e pela medula espinal e pelo resto do organismo. E o sistema nervoso periférico é uma rede nervosa que serve de ligação entre o cérebro e a medula espinal e o resto do organismo. Por fim, o Sistema Nervoso Autônomo, que compartilha algumas estruturas nervosas com o SNC e o SNP. Ele funciona “automaticamente”, sem que se tome consciência, controlando funções básicas, como temperatura do corpo, pressão arterial e batimento cardíaco (ver Carter, 2012, p. 40).

Os três componentes principais do cérebro são o encéfalo (o cérebro em si), o tronco encefálico e o cerebelo. O cérebro é dividido em hemisférios cerebrais direito e esquerdo, que são ligados no centro por fibras nervosas conhecidas como corpo caloso (ver Eduardo, 2009, p. 122).

O lado esquerdo do cérebro se especializou em uma perspectiva concentrada e sequencial dos pensamentos, enquanto o lado direito é especialista em dar um passo atrás para considerar o contexto mais alargado. Por isso, se diz que o lado esquerdo é responsável pelo discurso verbal, já o hemisfério direito determina a entonação (ver Eduardo, 2009, p. 122).

Figura 3. Cérebro

Fonte: Image credit: <a href='http://pt.123rf.com/photo_17753193_human-

brain.html'>mitay20 / 123RF Banco de Imagens</a> (2013).

As tarefas são realizadas por partes bastante específicas do cérebro conectadas de maneira uniforme, em que cada parte específica contribui para o fluxo global da actividade nervosa. Os lobos são as principais regiões físicas do cérebro, existindo o lobo frontal, o parietal, o occipital e o temporal. O lobo frontal responsabiliza-se pelo planejamento consciente e controla a actividade motora. O lobo parietal tem a ver com as sensações espaciais e corporais. O lobo occipital interpreta a visão. Já o lobo temporal é responsável pela audição e pela memória auditiva, permitindo a identificação de pessoas e de objectos, processa e enquadra acontecimentos passados e inicia a comunicação ou acções (ver Eduardo, 2009, p.124).

Algumas outras importantes actividades do organismo são controladas pelo tronco cerebral e pelo cerebelo. O tronco cerebral influi no controle das actividades automáticas do corpo (deglutição, frequência cardíaca e respiratória). Controla também actividades como a velocidade com que o organismo consome os alimentos e aumenta o estado de alerta quando necessário. O tronco cerebral contém vários conjuntos de corpos celulares chamados de núcleos. Alguns destes núcleos recebem informações da pele e dos músculos da cabeça e também grande parte da informação dos sentidos especiais, da audição, equilíbrio e gosto. Outros núcleos controlam a saída motora para músculos da face, olhos e pescoço. O cerebelo, situado por baixo do cérebro e por cima do tronco cerebral contribui para a uniformidade e precisão dos movimentos (ver Eduardo, 2009, p. 124).

O cérebro responde aos eventos com os recursos que estiverem disponíveis. Para que isto ocorra existe uma série de células nervosas bem estruturadas que se localizam por debaixo do cérebro. Esta estrutura configura-se da seguinte forma: o hipocampo, os gânglios basais, o

tálamo, o hipotálamo. No interior dos hemisférios cerebrais está o hipocampo, que é

fundamental para a memória. Os gânglios basais, “enterrados” a um nível ainda mais profundo, são essenciais para a aprendizagem de hábitos e colaboram na coordenação dos movimentos. O hipotálamo é uma das partes mais ocupadas do cérebro. A sua principal função é manter a homeostase. Coordena as actividades mais automáticas do organismo, controla os estados de sono e de vigília e regula o equilíbrio da água e a temperatura corporal. É responsável por regular a fome, a sede, resposta à dor, níveis de prazer, satisfação sexual e comportamento de raiva e agressividade. É aqui que se regulam a frequência cardíaca, pressão sanguínea, respiração e resposta de alerta em algumas circunstâncias. Através de outras partes do sistema límbico e olfactivo recebe informações que o ajudam a regular a ingestão alimentar e a sexualidade.

O cérebro e o sistema nervoso juntos formam uma poderosa rede de comunicação - extremamente complexa - que envia e recebe informações simultaneamente em grande quantidade. Tal sistema funciona por estímulos eléctricos e químicos, através de células nervosas. O sistema nervoso em sua totalidade contém aproximadamente dez mil milhões de células nervosas (neurónios) que percorrem todo o organismo e estabelecem uma interconexão entre o cérebro e o corpo. O neurónio compõe-se do corpo celular e de um só prolongamento alongado para a transmissão de mensagens. Os neurónios têm muitas ramificações, as quais captam as informações. Normalmente os nervos transmitem as informações por meio de impulsos eléctricos em uma mesma direcção. O prolongamento alongado e chamado de axónio do neurónio liga-se com as muitas ramificações existentes. O axónio que conduz à mensagem liberta uma pequena quantidade de substâncias químicas - os neurotransmissores - no ponto de contacto entre os neurónios. Estas substâncias estimulam as ramificações do neurónio contíguo para que este inicie uma nova onda de excitação eléctrica. Diferentes tipos de nervos utilizam diferentes neurotransmissores para transmitir as mensagens pelos pontos de contacto dos neurónios (ver Eduardo, 2009, p. 124).

Os neurónios podem fazer muitas conexões (aproximadamente 86 bilhões). Estas conexões apresentam-se sob muitas formas, utilizando-se de diferentes moléculas mensageiras para provocar diferentes reacções.

uma fonte rica de informação para a Neuroeconomia. O entendimento deste complexo sistema pode a princípio trazer alguma relutância na área da economia, mas é evidentemente visível que ao longo deste trabalho que estas relações aparentemente complexas se correlacionam com assuntos vulgares aceites pelos economistas.