• Nenhum resultado encontrado

Um Breve Histórico do Mercado da Energia Brasileiro

7. Características do Sector Energético no Brasil

7.3 Um Breve Histórico do Mercado da Energia Brasileiro

Como se pode constatar facilmente, a energia é um assunto de extrema importância para os agentes económicos e se mostra igualmente importante para a sociedade como um todo. Recentemente o debate sobre a importância da energia teve um significativo impulso neste país, que é um dos países com maior potencial no mundo. Com efeito, no Brasil, a evolução do processo de energização se deu a passos lentos no passado não tendo em conta todo o potencial que o Brasil tem, sendo que os passos dados sempre se mostraram de alguma forma exequíveis e até em geral definitivos.

Desde a Revolução Industrial o acesso à energia passou a ser considerado sinónimo de desenvolvimento económico. Contudo poucos estudos apresentam as variáveis relacionadas com a localização e a dimensão dos recursos energéticos com o intuito de canalizar a produção entre os principais produtores e os consumidores.

Para ilustrar de forma sistemática o processo de desenvolvimento do mercado de energia no Brasil apresentar-se-á nesta altura uma breve contextualização acerca da história da energia no Brasil.

No início do período monárquico o Brasil contava com uma população de aproximadamente três milhões e meio de habitantes, em que grande parte era constituinte da força de trabalho escrava. O principal meio de geração de energia era a queima de madeira que ainda hoje se apresenta como alternativa para as populações ribeirinhas da Amazónia. Além da madeira, se tinha a tracção animal, a força dos ventos para a navegação oceânica e ribeirinha (ver Sanches, 2011, p. 40).

exportação; a indústria açucareira da Região Nordeste enfrentava sua pior crise; havia uma alta cíclica do algodão; havia um surto industrial ocasionado por investimentos directos da Inglaterra com a lei Eusébio de Queirós (1853)1, que bancou boa parte dos investimentos produtivos daquela época, evidentemente com o fim de fazer valer sua vontade (ver Sanches, 2011, p. 41).

Segundo Sanches (2011, p. 42), depois disto uma série de acontecimentos se apresentam de forma cronológica na introdução da energia eléctrica no Brasil. Vejamos alguns:

 Em 1879, da Estação Central da Estrada de Ferro D. Pedro II (actual Estrada Central do Brasil) é construída a primeira instalação eléctrica do Brasil;

 Em 1881 foi instalada a primeira iluminação pública do país pela Directoria Geral dos Telégrafos, na cidade do Rio de Janeiro.

 Depois disso, em 1883 foi construída a primeira hidroeléctrica do país, na cidade de Diamantina (Estado de Minas Gerais); neste mesmo ano construíram-se as primeiras redes eléctricas, em Niterói e Campos (no Estado do Rio de Janeiro).

Com a instituição da República ocorreu a descentralização administrativa. Com a introdução dos equipamentos eléctricos ocorreu a substituição da iluminação pública que antes era baseada na energia a gás, para a nova matriz energética (ver Sanches, 2011, p. 43).

No século de 1900 ocorreu mais uma troca de matriz energética. O governo do Presidente Rodrigues Alves ordenou a substituição do petróleo pelo álcool nos trens brasileiros. Entretanto não se tratava de uma premonição (referindo-se ao pró-álcool que viria a ser implantado anos depois) do presidente Alves, mas sim, a necessidade de equilibrar a Balança Comercial.

Naquele tempo a energia não era encarada como factor determinante para a produção industrial. Era considerada uma actividade meio, correlacionada com a iluminação pública ou como insumo para o transporte.

O Governo do Presidente Rodrigues Alves ficou conhecido como aquele que ordenou a substituição do petróleo por álcool nos trens brasileiros, quase 70 anos do maior programa de incentivo à produção de álcool combustível do Brasil (o programa Pró-álcool).

Entretanto, os historiadores sustentam que o mercado energético brasileiro surgiu de melhoramentos urbanos como a iluminação pública, o tratamento do esgoto, distribuição de

1

A lei Eusébio de Queirós aprovada em 4 de setembro de 1850, proibia o tráfico de escravos entre África e Brasil (ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_Eusébio_de_Queirós, 2012).

água ou para servir de insumo para o transporte.

Em 1904, a empresa canadense Light se instalou no Rio de Janeiro. Isto provocou uma revolução tecnológica na nascente indústria energética brasileira.

O período entre 1934 a 1946 ficou conhecido como “Federalização”. Com o advento da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) o Governo passou a concentrar o poder político e económico em suas mãos. Um dos efeitos foi o aumento da fiscalização energética em todos os segmentos. Tal acção previa uma redução dos custos da energia a lenha, que era uma das bases da crescente economia do “café”. O inevitável processo de industrialização determinou uma regulação estatal mais robusta e estruturada. Desta forma, o Decreto n. 23.793, de 23 de Janeiro de 1934, que aprovou o Código Florestal, nasceu com o objetivo de regular e fiscalizar o fornecimento de lenha para o desenvolvimento urbano.

Uma nova política de expansão da indústria de eletricidade, apoiada na iniciativa estatal, foi implantada a partir de 1948, com a instalação a 15 de março desse ano, da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), empresa de economia mista, que teve um papel pioneiro no setor de energia eléctrica. A ela se seguiram várias outras empresas em cada uma das unidades da federação: a Cemig, em Minas Gerais, a Uselpa e a Cherp (incorporadas depois na Cesp) em São Paulo, a Copel, no Paraná, Furnas na região Centro-Sul, etc.

O passo seguinte de enorme importância no programa de expansão da indústria de eletricidade no Brasil foi dado com a Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.), criada pela lei n. 3890-A, de 25 de abril de 1961, e instalada em junho de 1962. Sob a jurisdição do Ministério de Minas e Energia, é responsável pela execução da política de energia eléctrica no país. Opera como empresa holding, através de quatro subsidiárias de âmbito regional: a Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte S.A.) na região Norte; Chesf (Companhias Hidrelétricas do São Francisco S.A.) na região Nordeste; Furnas (Furnas Centrais Elétricas S.A.) na região Sul. Em todos os estados, é associada a companhias que geralmente pertencem aos Governos Estaduais. Em janeiro de 1978, a Eletrobrás adquiriu o controle acionário do grupo Light, pagando US$ 380 milhões.

Em 1968, a Eletrobrás celebrou convénio com a Comissão Nacional de Energia Nuclear para a construção da primeira usina nuclear no Brasil, Itaorna, Angra dos Reis - RJ, com a capacidade de 627 MW, e que em meados dos anos 80 estava em fase de testes. O acordo nuclear com a R. F. A, em 1975, assinalou novas e ambiciosas metas do Brasil, neste setor, estimuladas pela crise mundial do petróleo. No total da produção hidrelétrica brasileira, teve papel relevante, quando completada a usina de Itaipu, construída em convénio com o

Paraguai, com potência instalada de 12.600 MW.

Em 1995, estimava-se o potencial hidrelétrico brasileiro em mais de 250 mil MW e a produção se encontrava na casa dos 55512 MW de energia eléctrica. Desse total, 50687 MW (91,3%) eram obtidos em usinas hidrelétricas e 4825 MW (8,7%) em termelétricas.

As principais oportunidades de negócios no mercado de energia elétrica nacional estão ligadas à oferta de novos empreendimentos de geração para exploração pela iniciativa privada e à construção de linhas de transmissão, bem como à privatização de ativos de sistemas de distribuição e de geração. Outro foco se concentra na universalização do atendimento às comunidades isoladas da Região Norte do País e ao meio rural2,3.

7.4 Organização do sector energético brasileiro