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2. Conhecendo a Neurociência

2.3 Os Neurotransmissores e os hormónios

São os neurotransmissores que fazem com que os seres humanos sejam capazes de agir, se emocionar e raciocinar. Dessa forma a Neuroeconomia busca entender o que são os neurotransmissores e como afectam o quotidiano económico das pessoas.

Os neurotransmissores são substâncias químicas produzidas pelos neurónios, isto é, pelas células nervosas com a função de biossinalização. Por meio delas, podem enviar informações a outras células. Podem também estimular a continuidade de um impulso, ou efectuar a reacção final no órgão ou músculo alvo. Os neurotransmissores são liberados na fenda sináptica e captados por terminais pós-sinápticos (por meio de receptores localizados na membrana pós-sináptica) aquando da passagem do impulso nervoso de uma célula para outra. Isto é o que os neurocientistas chamam de transmissão sináptica. De acordo com a propriedade funcional do neurotransmissor e do terminal pós-sináptico, os neurotransmissores são conhecidos por promoverem respostas excitatórias ou inibitórias entre neurónios que se comunicam por sinapses químicas (ver Bittencourt, 2012, p. 1).

Existem muitos neurotransmissores, podendo aqui destacar-se os seguintes:

Dopamina - Trata-se de um neurotransmissor sintetizado por um grupo muito pequeno (menos de 1%) de neurónios no tronco do cérebro (ver Berns, 2008, p. 63). A função da dopamina é estimular o sistema nervoso central. Geralmente a dopamina está ligada a comportamentos de dependência de jogo, sexo, álcool e, certamente, também do consumo (ver Camargo, 2011, p. 37). Tem-se três funções muito importantes para a dopamina. Por um lado, o controlo do movimento, e isso é feito por uma via específica (a via nigro-estriada), ou seja, neurónios dopaminérgicos produzem dopamina, estão na substância negra e comunicam com o estriado; é quando há desregulação desta via que se identifica nos seres humanos o Parkinson. Contudo, sabe-se que temos neurónios dopaminérgicos nesta região ventro-tegmentar que têm projecções para o sistema límbico. Parece que quando isto está alterado de alguma forma, há alteração do humor e da cognição e, por isso, surgem síndromes como são as psicoses (ex: esquizofrenia). Existe ainda uma função importante da

dopamina no hipotálamo, que é a produção de prolactina, que em casos de

desregulação pode levar à hiperprolactinemia (ver Coelho, 2006, p. 6).

Serotonina - Este neurotransmissor é particularmente importante. Possui forte efeito no humor, memória e aprendizado. Regula o equilíbrio do corpo. A ausência desse neurotransmissor é a causa de inúmeras patologias como sejam, por exemplo, o emagrecimento, a enxaqueca, a depressão profunda, ou a insónia. As únicas formas que se conhece de produção desse neurotransmissor são a alimentação balanceada e os exercícios físicos. A serotonina e outras moléculas mensageiras transmitem sinais de uma célula para outra ao interagir com moléculas especiais, chamadas receptores, que agem como “porteiras”. Quinze subtipos de receptores pelo menos são abertos pela

serotonina. Cada um destes subtipos de receptores influi de alguma forma nos

aspectos referentes ao humor, funcionamento e comportamento (ver Hart, 2010, p. 31).

Acetilcolina (ACh) - A acetilcolina controla a actividade de áreas cerebrais relacionadas com a atenção, aprendizagem e memória. Pessoas que sofrem da doença de Alzheimer apresentam tipicamente baixos níveis de ACh no córtex cerebral, e as drogas que aumentam sua acção podem melhorar o sistema digestivo em tais pacientes. É liberada pelo sistema autónomo parassimpático; e os neurónios sintetizadores e liberadores de ACh são denominados “colinérgicos” (ver King, 2000, p. 1).

Noradrenalina - Segundo o CFF (Conselho Federal de Farmácia do Brasil), trata-se de uma substância química que induz a excitação física e mental e o bom humor. A produção ocorre na área do cérebro (tronco encefálico) chamada de locus coeruleus, que é uma área do cérebro relacionada com o "prazer". A Noradrenalina (norepinefrina) é uma mediadora dos batimentos cardíacos, pressão sanguínea, é também responsável pela taxa de conversão de glicogênio (glucose) para energia, assim como traz outros benefícios físicos.

Endorfina - Esta substância é um opiáceo que modula a dor e reduz o estresse, por exemplo. Endorfina é um termo abrangente, que na verdade engloba três famílias de peptídeos opióides produzidos no organismo: encefalinas, dinorfinas e b-endorfinas (ver Hayashida et al, 2013, p. 1). Um bom exemplo de um momento quando o organismo libera endorfina é o de quando terminamos uma atividade física, como correr trinta minutos na esteira. Mas também o organismo pode liberar endorfina após

a ingestão de alimentos, atividades prazerosas, entre outras. Além de aliviar a dor, a endorfina melhora uma série de mecanismos endógenos ao organismo, por exemplo, melhora o sistema imunológico, a memória, e reduz os efeitos do envelhecimento. O sistema endócrino libera uma substância química que é transportada pela corrente sanguínea e também pelos demais fluídos que o corpo produz, esta substância química se chama hormónio. Os hormónios são produzidos em órgãos específicos e a sua função no organismo é a de regular outros órgãos em outras regiões do organismo. Os hormónios são constituídos por três classes de substâncias químicas.

Vejamos os hormónios mais importantes para a Neuroeconomia:

Oxitocina - A oxitocina é produzida principalmente no cérebro (núcleos supra-óptico

e parvoventral do hipotálamo) e nos ovários e testículos. Ela tem uma importante acção na conduta de afiliação ou, de outro modo, na associação da cria com sua mãe ou com outro criador. A produção da oxitocina também facilita a resposta sócio-sexual nos répteis, pássaros e, também, nos seres humanos (ver Alvarenga, 2012, p. 1). A

oxitocina é um hormónio presente no corpo do homem e da mulher, vulgarmente

conhecido como hormónio do amor. Rotineiramente a oxitocina é utilizada para induzir o parto nas mulheres com mais de 41 semanas de gestação. A função da

oxitocina é estreitar o vínculo afectivo entre mãe e filho, além disso, é o hormónio que

faz com que o útero contraia no final da gravidez para que o bebê nasça. A oxitocina é chamada de hormónio do amor, pois está intimamente ligada à sensação de prazer e de bem estar físico, emocional, e à sensação de segurança e de fidelidade no casal. No homem, a oxitocina é capaz de deixá-lo menos agressivo, mais amável, generoso e com comportamentos sociais mais adequados, embora sua actuação seja muitas vezes bloqueada pela acção da testosterona.

Cortisol - Trata-se de um hormônio da família dos esteroides, produzido pela parte superior da glândula supra-renal. O cortisol geralmente é correlacionado na resposta ao estresse. Este hormónio estabelece relação com o sistema emocional. Além disso, é sua função controlar inflamações, alergias, níveis de estresse, diminuir a imunidade, manter a estabilidade emocional, estimular o açúcar do sangue e criar proteínas (ver Kanegane, 2007, p. 28). Ao longo do dia o cortisol pode estar alto ou baixo no sangue. O nível de cortisol flutua durante o dia porque ele está correlacionado com a serotonina (vulgarmente chamada de hormónio do bem estar).