• Nenhum resultado encontrado

A importância da genética e da memética para a tomada de decisão: o gene e o meme

3. Interação entre o cérebro e o comportamento humano

3.5 A importância da genética e da memética para a tomada de decisão: o gene e o meme

Depois de concentrar forças na clarificação do funcionamento do cérebro em especial no que se refere à percepção, agora é fundamental clarificar acerca do papel da genética e da memética na evolução humana e sua ligação com o processo de formação da percepção. Para isso, há que fazer algumas constatações, nomeadamente sobre fatos que ajudam a perceber esse papel.

Vejamos primeiro a genética. Para o efeito, pode referir-se que os seres humanos terão surgido na região africana (recentemente foram descobertas as ossadas de “Ardi” no deserto da Etiópia, o que parece poder comprovar que assim tenha sido) e posteriormente migraram para as regiões europeia, asiática e por fim para a região americana. Esta migração dos seres humanos derivou da busca por melhores condições climáticas e pela busca de recursos como alimentos e água.

Além disso, também no campo da investigação da evolução humana em termos biológicos é importante apontar a análise genética do ADN4, dada a sua relevante importância em termos de pesquisa, principalmente na coleta e análise de fósseis. O ADN é o núcleo das células que controla o desenvolvimento das características hereditárias de uma pessoa, introduzidas pelo pai e pela mãe. A descoberta da cadeia de ADNs foi realizada pelo Americano Kary Mullis (1944-), Prêmio Nobel de Química em 1993. Sua descoberta contribuiu para uma investigação mais aprofundada dos ossos, partindo-se diretamente da própria sequência do ADN em vez de

encontrá-la a partir dos aminoácidos. Desta forma, a abordagem genética de evolução não se baseia no registro fóssil do passado, mas no estado atual de variação genética das populações humanas vivas, o que permite extrapolar para a situação provável nas diversas fases passadas (ver Eduardo, 2009, p.110). Para modificar o código genético dos humanos são necessários alguns milhares de anos. Os genes não determinam o destino de um ser humano, mas estabelecem um conjunto de possibilidades. A investigação genética evoluiu para outros métodos. Qualquer indivíduo pode verificar seu ADN mitocondrial e traçar as rotas migratórias dos antecedentes passados. Portanto, é possível reconstruir o passado à custa de análises avançadas do ADN das populações atuais. Os grupos sanguíneos são variações genéticas. Os cientistas procuraram variações de genes de habitantes de África, Europa e Ásia. Foram descobertas 129 variações em África, 98 na Europa e 73 na Ásia. Os resultados sugerem que as populações da Europa e da Ásia ainda não tiveram tempo para acumular a diversidade. Os resultados da investigação também vieram confirmar uma hipótese há muito defendida por estudiosos, religiosos e pelo senso comum: a de que viemos do mesmo lugar. Para se ser mais exato, as pessoas descendem de uma única população ancestral que viveu em África há cerca de 100 mil anos. Entretanto não se pode negar que a hereditariedade e a adaptação ao ambiente são fatores importantes para explicar as diferenças (ver Eduardo, 2009, p. 110).

A ciência está vivendo um momento de grandes descobertas e em especial no estudo da genética percebe-se que os avanços acontecem de forma “bombástica” afetando de forma significativa a substância deste ramo de estudo. Para os neuroeconomistas é crucial acompanhar os acontecimentos científicos que envolvem as pesquisas nesta área e depois correlacionar o objeto de estudo económico com a nova informação.

3.5.2 Memética

A memética é uma extensão dos conceitos evolutivos de Darwin (1809-1882) da seleção natural. O conceito de meme foi criado por Dawkins (1941-). Um meme pode ser compreendido como uma unidade de cultura, um comportamento ou uma ideia que pode ser passada de pessoa para pessoa e de geração para geração pela imitação.

Então se o gene é importante para a formação da percepção de uma pessoa, o meme também o é em igual importância. Por isto se diz que os memes são instruções para realizar comportamentos, armazenados no cérebro e passados adiante por imitação.

 A moda nas roupas e na alimentação;  Cerimônias e costumes;  Arte e arquitetura;  Engenharia e tecnologia;  Melodias;  Músicas;  Ideias;  Slogans;  Alfabeto;  Religião;

 Entre outros (ver Toledo, 2010, p. 22).

Considere-se um exemplo prático. No mercado de entrega de comida, os moradores de São Paulo, por exemplo, pedem na maioria das vezes as “famosas” pizzas, enquanto os moradores do Rio de Janeiro preferem pedir comida japonesa. Pode até ser um exemplo simplista, mas representa bem o que acontece em relação às questões culturais ou meméticas.

O meme é, em sua essência um padrão de comportamento, e por ser um padrão de comportamento ele pode se adaptar melhor em algumas pessoas do que em outras. Uma pessoa influenciará ou passará para outras pessoas um meme em maior magnitude comparando com uma pessoa que não tenha se adaptado ao mesmo meme. Contudo o certo é que são os memes que se replicam naturalmente. Entretanto para Toledo (2010, p. 23) “pessoas infectam as outras com seus memes e alguns memes são mais contagiosos do que outros, mas também algumas pessoas são mais suscetíveis do que outras”.

Obviamente o ambiente onde se desenvolvem os memes são as mentes humanas. Portanto existe um limite para a reprodução destes memes. O estoque de mentes é limitado, e cada mente tem uma capacidade limitada de armazenamento de memes. Portanto, há uma forte competição entre os memes possíveis. Esta competição é a principal força seletiva na “atmosfera” (ver Dannett, citado por Toledo, 2010, p. 25).

Desta maneira, os genes e os memes se apresentam essenciais ao entendimento da tomada de decisão económica dos agentes. Grande parte dos conceitos discutidos na Neuroeconomia deriva de estudos orientados para observações e estímulos da formação genética dos indivíduos, assim como as ideias que se propagam na sociedade ao longo da existência histórica da humanidade e de sua vida económica - os memes.

4. Alguns problemas económicos em economia comportamental e