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Em 1992, a economia norte-americana cresceu 2,6%, fato atribuído pela revista Businessweek, à recuperação de seus índices de produtividade, que saltaram de quase 2% nega- tivos para 3,5% positivos, entre 1988 e 1992. Nestes mes- mos quatro anos, os empregos na produção cinematográfi- ca cresceram 28,5%; nas áreas de saúde e de produção de

software, cerca de 20%; na televisão a cabo, 13%; nos ser-

viços de consultoria empresarial, 11%; em outros campos como educação, entretenimento etc., mais de 7%. Mas, no

conjunto de toda a economia norte-americana, os empregos

cresceram apenas 2%. Em 1992, cerca de 500 mil postos de trabalho técnicos e de escritórios “desapareceram talvez para sempre”, informa a revista. E, apesar da recuperação econômica e do incremento a produtividade, “os salários reais permaneceram estagnados nos últimos quatro anos porque o alto desemprego torna difícil aos trabalhadores forçar os seus ganhos para cima”53.

Esta é uma significativa amostra do tipo de emprego que uma eventual recuperação da economia pode gerar: ele se expande onde ocupa trabalho inte- lectual, trabalho com informação aleatória, trabalho sígnico criativo. Talvez não seja uma fatalidade do de senvolvimento científico e tecnológico que os novos empregos não possam atender a toda a população. Provavelmente, o Japão terá resolvido esse problema ou o minimizado bastante. Marx acreditava que a pró- pria evolução do capitalismo levaria a uma sociedade toda ela dotada de capaci- dade para ocupar-se nas mais diferentes atividades*. Mas o fato concreto neste

universo capitalista e, sobretudo, nas sociedades que um dia sofreram a espolia- ção colonialista e imperialista e que, hoje, herdam os seus dramáticos resultados - o fato concreto é que estamos vendo aumentar a massa de indivíduos para os * Está n’O Capital: “[A grande indústria] torna uma questão de vida ou morte substituir a monstruosidade de uma miserável população trabalhadora em disponibilidade, mantida em reserva para as mutáveis necessidades de ex- ploração do capital, pela disponibilidade absoluta do homem para as exigências variáveis do trabalho; o indivíduo- fragmento, o mero portador de uma função social de detalhe, pelo indivíduo totalmente desenvolvido, para o qual diferentes funções sociais são modos de atividades que se alternam. Um momento espontaneamente desenvolvido com base na grande indústria, desse processo de revolucionamento, são as escolas politécnicas e agronômicas, outro são as escolas de ensino profissional, em que filhos de trabalhadores recebem alguma instrução de tecnologia e de manejo prático dos diferentes instrumentos de produção”54.

quais o sistema produtivo não pode oferecer ocupação e postos de trabalho na quantidade necessária e que, por sua vez, não estão qualitativamente preparados para disputar as ocupações e postos de trabalho disponíveis. Trata-se de uma tendência que apenas se reforçará, na medida em que o capital prossiga também se apropriando, agora através de privatização direta, como veremos a seguir, dos meios de transporte e difusão da informação que exatamente pode riam servir tanto à radicalização democrática, quanto à promoção educacional e cultural ge- ral da Humanidade*.

Referências Bibliográficas

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8. PORTER, M. op. cit.. 9. idem, p. 20. 10. idem, p. 166. 11.idem, p. 164. 12. idem, p. 182. 13. idem, p. 186.

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15. idem, pp. 173 passim, grifos meus - M.D.

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17. apud BARBIERI, José Carlos. Produção e transferência de tecnologia, pp. 18

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* É verdade que nos anos seguintes à redação dessas linhas, essa “massa de indivíduos” começou a reagir, sendo o ataque terrorista às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2011, talvez a mais contundente de suas manifestações. É uma reação, no entanto, que não nos permite muito otimismo quanto às condições de construção de uma socieda- de melhor em algum futuro previsível. Ao contrário, há algo aí que lembra a decadência da antiga civilização grego- romana e sua substituição, na Europa, pela barbárie e obscurantismo medievais (N2011).

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Capítulo VII

O Ciclo da Comunicação Produtiva

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