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2. SISTEMA DE BICICLETAS PÚBLICAS

2.7 FATORES QUE INFLUENCIAM O DESEMPENHO DO SISTEMA

2.7.1 Fatores Endógenos

2.7.1.1 Equipamentos e tecnologia

O acesso ao SBP é diverso e depende do tamanho do sistema, da disponibilidade financeira e da tecnologia utilizada. Como exemplo, pode-se observar que a maior parte dos sistemas pesquisados pela OBIS é automática e oferece o acesso baseado no cartão (gráfico 11).

Gráfico 11: percentual de uso das tecnologias de acesso ao SBP, nos

programas pesquisados por OBIS.

Fonte: elaborado pela autora, baseado em OBIS (2011).

• Cartão: também denominado de cartão inteligente, é o acesso mais comum nos modelos automáticos. Diferentes tipos de cartões podem ser utilizados, como cartão magnético, cartão com chip, cartão de crédito ou cartão IDFR (figura 57).

Figura 57: cartão do sistema Bicing (Barcelona, Espanha).

Fonte: OBIS (2011). 51% 29% 8% 12% Cartão Código/Senha Chave Manual

• IDFR (Identificação por Frequência de Rádio): essa tecnologia sem contato permite o operador oferecer diversas formas de acesso. O rótulo de IDRF pode estar nos cartões de identificação e telefones móveis ou emoldurado em chaveiros (figura 58). O procedimento de empréstimo é semelhante ao do cartão, porém evita a necessidade de uso de um leitor como em sistemas com cartão, que frequentemente apresentam defeito.

Figura 58: chave utilizada na liberação do sistema

Barclays Cycle Hire (Londres, Inglaterra).

Fonte: OBIS (2011).

• Código/senha: o usuário liga ou envia uma mensagem SMS com os dados exigidos para um número central e obtém um código ou outra informação de acesso no seu aparelho. O código é inserido em um dispositivo eletrônico ou mecânico de travamento ou em uma estação. Um sistema que utiliza essa ferramenta é o Call a Bike, na Alemanha (figura 59).

Figura 59: dispositivo de travamento da bicicleta no sistema Call a bike (Alemanha).

Fonte: DB RENT GMBH (2011).

• Chave: alguns programas, especialmente na Itália, utilizam chaves (figura 60). O usuário recebe uma chave para um dispositivo da bicicleta ou quiosque onde ele deve se identificar antes de pegar a bicicleta.

Figura 60: detalhe da chave utilizada em um sistema na Itália.

• Manual: alguns programas de pequena escala não tem tecnologia para o empréstimo das bicicletas. As bicicletas e o acesso são oferecidos por uma equipe de pessoas que trabalham para o sistema.

b) Bicicletas.

Como as bicicletas são compartilhadas por muitas pessoas, precisam ser de fácil utilização, adaptáveis a usuários de diferentes tamanhos, possuírem uma boa mecânica, serem resistentes ao vandalismo e ao roubo, além de possuírem uma aparência distinta. A figura 61 mostra, em esquema, os itens, além do GPS, existentes na maioria das bicicletas públicas. Embora apresentem componentes básicos, comum a todos os programas, as bicicletas apresentam diferentes desenhos e qualidades (MIDGLEY, 2011).

Figura 61: acessórios de uma bicicleta padrão do SBP (exemplo: Barclays Cycle Hire – Londres, Inglaterra).

Fonte: elaborado pela autora, baseado nowww.tfl.gov.uk (2012).

• Partes robustas: em muitos programas, as bicicletas pesam entre 16kg e 22kg e são mais resistentes que as típicas bicicletas de uso pessoal. São desenhadas para o uso de 10 a 15 vezes por dia em todos os climas. Para minimizar o vandalismo e facilitar a manutenção, os operadores do SBP utilizam partes robustas de fácil reposição. São exemplos: marchas internas, freio a tambor e para-lamas – itens (1) e (5) da figura 61, e figura 62. Geralmente são desenvolvidas partes padronizadas das bicicletas, incompatíveis com outros modelos, a fim de reduzir a incidência de roubo (MIDGLEY, 2011; OBIS, 2011).

Figura 62: detalhe do item (1) de uma bicicleta padrão do SBP (exemplo: bicicleta do Bicing – Barcelona, Espanha).

• Unidade no modelo: para evitar roubos e tornar as bicicletas mais visíveis no espaço público, os operadores utilizam um desenho único para as bicicletas, diferenciando-as das bicicletas de uso privado. As bicicletas públicas são habitualmente da mesma cor e tem o mesmo quadro, a fim de serem reconhecidas quando roubadas ou pintadas (figura 63).

Figura 63: sistema HZ Bike (Hangzhou, China).

Fonte: www.codeforsomething.com (2012).

• Tamanho para todos: O assento ajustável permite adequar as bicicletas a muitos usuários – item (4), figura 61. Entretanto, alguns grupos como crianças, idosos, deficientes, pessoas muito pequenas ou gordas não são capazes de utilizar a bicicleta de maneira confortável. Embora possuam os mesmos elementos, há diferenças nas bicicletas devido aos diversos tipos de operadores, financiamento e serviço.

• Espaço para publicidade: alguns programas são financiados pelo anúncio nas bicicletas, sendo desenhadas de acordo com essa demanda. O quadro e outras partes da bicicleta, como os para- lamas – item (5), figura 61 – oferecem espaços visíveis para a publicidade (figura 64).

Figura 64: Nextbike: à esquerda, a publicidade está no quadro, e à direita, nos para-lamas (Frankfurt, Alemanha).

Fonte: MIRELLA MELO (2012).

• Sistema de trava: os programas com estações físicas de alta tecnologia costumam ter suas bicicletas travadas por mecanismos eletrônicos ou mecânicos nos pontos de fixação. Somente alguns programas possuem as travas na própria bicicleta. Especialistas recomendam que nos

casos onde a densidade da estação é alta e os curtos deslocamentos são incentivados, as travas não devem ser oferecidas nas bicicletas, uma vez que esse tipo de travamento pode aumentar a oportunidade de roubo. Esse aspecto foi levado em consideração na implantação do sistema

Barclays Cycle Hire (Londres) que não oferece travas nas bicicletas. Dados recentes indicam o grande sucesso do programa com o baixo índice de bicicletas roubadas. Por outro lado, alguns programas oferecem aos seus usuários a oportunidade de travarem suas bicicletas durante o período de empréstimo. Programas sem estações fixas, como o Call a bike (Alemanha) ou sem estações que oferecem equipamentos mecânicos ou eletrônicos, como C’entro in bici (Itália), necessitam de bicicletas equipadas com travas.

c) Estações.

Na maioria dos SBP, as estações constituem um elemento principal. Programas sem estações não são comuns, porém existem exemplos, como os sistemas Call a bike e Nextbike, em algumas cidades alemãs. As estações diferem-se uma das outras pela tecnologia envolvida ou pela forma como estão inseridas no espaço público (MIDGLEY, 2011; OBIS, 2011).

• Tecnologia envolvida: de acordo com a tecnologia empregada, as estações podem ser dividas em: estações com baixa tecnologia ou estações com alta tecnologia (OBIS, 2011). As estações com baixa tecnologia apresentam totens que fornecem informações estáticas, procedimentos de empréstimo e a localização das estações próximas (figura 65).

Figura 65: detalhe da coluna do sistema Vélobleu (Nice, França).

Fonte: www.niceairport.net/ (2012).

As estações com alta tecnologia são as mais utilizadas entre os programas existentes. O totem do sistema Barclays Cycle Hire exemplifica uma estação deste tipo (figura 66).

Figura 66: detalhe da coluna do sistema Barclays Cycle Hire (Londres, Inglaterra).

Fonte: MIRELLA MELO (2011).

Elas estão conectadas entre si e podem apresentar os seguintes elementos (MIDGLEY, 2011; OBIS, 2011):

(1) Espaço para publicidade;

(2) Painel sensível ao toque, que oferece ao usuário a compra do passe, usando um terminal de cartão de crédito/débito; informações de como usar o sistema; informações sobre a bicicleta ou de estacionamentos disponíveis em outras estações da rede; disponibilidade de outras línguas;

(3) Leitor de cartão, para usuários registrados como membros anuais ou que possuam o cartão de usuário do transporte público. Permite os usuários checarem informações sobre sua conta, como as tarifas usadas;

(4) Terminal de cartão de crédito/débito, amplia a utilização do serviço para usuários que desejam utilizar o sistema de forma esporádica (um turista, por exemplo). É usado em conjunto com o painel sensível ao toque permitindo a compra de passe;

(5) Máquina automática de venda de cartão, concede passe temporário comprado no terminal.

• Inserção no espaço público: a forma como estão inseridas, divide-as em três categorias:

estações instaladas em locais permanentes, estações instaladas em plataformas portáteis e

estações flexíveis (MIDGLEY, 2011). As estações instaladas em locais permanentes são aquelas em que as bicicletas são travadas em pontos de fixação quando não estão sendo utilizadas (figura 67). O rack ou ponto de fixação atua na sua essência como a estação.

Figura 67: estações com racks onde estão travadas as bicicletas, sistema Bicing (Barcelona, Espanha).

Fonte: MIRELLA MELO (2011).

As estações instaladas em plataformas portáteis, como por exemplo, o sistema BIXI, de Montreal (Canadá), inovam no conceito através do módulo. Terminais de serviço e bicicletas são montados em plataformas retangulares formando dois módulos: um módulo principal que tem um terminal de serviço e três bicicletas e um módulo secundário que tem somente as bicicletas. Cada estação necessita de um módulo principal; já o número de módulos secundários pode variar dependendo do número de bicicletas que são exigidas em cada local (figura 68). Além disso, as estações são completamente autossuficientes, não necessitando de instalação elétrica. Funciona por meio de energia solar e a toda rede é sem fio. Em síntese, a instalação dessas estações ocorre em função da localização desejada. Não é necessário ancorá- las e são eficientes no custo, no tempo e no trabalho. Elas podem ser erguidas e desmontadas em 20 minutos e podem ser movidas facilmente para atender a demanda ou serem oferecidas em eventos especiais (ibid.).

Figura 68: estações com módulos portáteis, sistema BIXI (Montreal, Canadá): à esquerda, a instalação de uma

estação e, à direita, bicicletas travadas em um dos módulos.

As estações denominadas flexíveis não necessitam que as bicicletas estejam travadas em pontos de fixação. Em geral, nesse tipo de estação, as bicicletas tem um dispositivo de trava como uma corrente ou um cabo, que permite sua fixação em qualquer objeto estático quando não estiverem sendo utilizadas (figura 69).

Figura 69: corrente que travava a bicicleta em qualquer objeto fixo no

sistema Bycyklen (Copenhague, Dinamarca).

Fonte: BIKEOFF PROJECT (2008a).

d) Software.

O software faz parte do sistema tanto na interface com o usuário quanto na sua operação. A finalidade do software influencia no desenho dos equipamentos e na interface das necessidades. O quadro 8 demonstra que alguns softwares são comuns nas seguintes atividades:

Quadro 8: função dos softwares no SBP.

Operação Interface com o usuário

Monitoramento das estações Registro Planejamento da redistribuição Aluguel/empréstimo

Gerenciamento dos defeitos Informação

Gerenciamento dos dados do usuário Gerenciamento dos dados do usuário

Contas Pagamento

Fonte: elaborado pela autora, baseado em OBIS (2011).