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3. ETAPAS DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE

3.3 IMPLANTAÇÃO

3.3.1 Estabelecimento do contrato

O uso do serviço, a fácil manutenção dos equipamentos e os custos ao longo da vida útil do sistema são critérios importantes para o estabelecimento dos contratos ligados à configuração física e técnica do serviço. Os fatores endógenos relacionados aos equipamentos e a tecnologia de acesso ao sistema, como bicicletas, estações e softwares, devem estar definidos detalhadamente nos contratos, inclusive com a especificação do tipo de acesso e interfaces necessárias para assegurar a compatibilidade entre outros equipamentos.

Como as bicicletas estão relacionadas diretamente com a satisfação do usuário e a visibilidade do programa, a empresa contratada deve preocupar-se com a tecnologia e o desenho delas. O modelo deve estar baseado na qualidade, no custo de manutenção e na vida útil e o desenho deve considerar a segurança de cada local, incluindo luzes e freios. Grandes empresas costumam adotar um modelo para todos os locais onde operam o sistema, diminuindo os custos com produção em escala. Entretanto, segundo OBIS (2011), a experiência demonstra que muitos operadores com número alto de bicicletas e taxas de utilização bicicletas/dia tendem a escolher modelos mais baratos para iniciar o serviço.

Como consequência, muitas bicicletas quebram facilmente necessitando de substituição rapidamente. Nesse sentido, a escolha do modelo acaba tornando-se um dilema entre custos de compra e

manutenção x gastos durante a vida útil. É mais prudente investir em bicicletas de qualidade e fácil manutenção no início do processo do que contrair despesas com reparação e substituição ao longo da utilização do serviço.

Quanto às estações, no caso de sistemas com pontos fixos de empréstimo, a disponibilidade de eletricidade e conexão de dados é um importante fator de locação das estações que deve ser considerado nos custos de cabeamento. Além disso, o contrato deve incluir também detalhes de desenho e tecnologia das estações, como por exemplo, se as estações possuirão (ibid.):

Terminal: tela sensível ao toque, leitor de cartão ou outro leitor, impressão para o ticket e teclado;

• Informações ao usuário: passo a passo de como utilizar o serviço, dados sobre o registro e informações sobre a localização das estações e disponibilidade das bicicletas;

• Pontos de fixação: serão mecânicos ou eletrônicos.

Com relação ao software, ele é determinado pela tecnologia utilizada nas bicicletas e nas estações e facilita as operações iniciais e finais do serviço, atendendo à demanda dos usuários e facilitando o gerenciamento da infraestrutura. As exigências para o tipo de software devem estar definidas no contrato com a empresa operadora. Com o software apropriado, as ações são otimizadas, permitindo a facilidade nos empréstimos, gerenciamento dos defeitos, fornecimento aos usuários de informações em tempo real e garantia do desempenho no controle (ibid.).

Para a implantação das estações, a definição de sua localização deve estar prevista em contrato, onde um plano municipal detalhado com informações sobre o tamanho dos espaços disponíveis, aspectos de segurança e tráfego, demanda esperada, monumentos que devem ser conservados, infraestrutura disponível do município e condições de cabeamento servirá de subsídio para a empresa operadora implantar rapidamente o serviço. Além disso, o contrato deve incluir acordos sobre a disponibilidade sazonal e diária de utilização do sistema. O operador também deve estar atento aos picos de demanda do serviço, pois o período de utilização apresenta variações e, nos momentos em que o programa apresentar baixa no uso, as bicicletas e estações podem ser colocadas na revisão e reparação.

Somado a esses fatores, o contrato deve estabelecer o modelo de encargos, de acordo com as metas do município, os elementos padrões de utilização, como a interface do terminal, website, central de atendimento ao usuário, pontos de venda e aplicativos móveis, e as diferentes formas de registro que serão utilizadas no serviço, considerando as condições locais. O registro deve incluir somente informações necessárias na relação operador-usuário, devendo ser rápido, conveniente e fácil.

Quanto à integração entre SBP e transporte público, o contrato do serviço pode conter acordos em diferentes níveis: integração da informação (figura 74), integração física (figura 75) e integração em tecnologia de acesso e tarifa. Entretanto, pode haver uma série de dificuldades nos níveis de integração, como o fato do operador de transporte público não se envolver no contrato e, desta forma, não se comprometer no acordo entre município e operador do SBP.

Figura 74: sinalização do sistema Bicing na estação

de metrô de Barcelona, Espanha.

Fonte: OBIS (2011).

Figura 75: estação do sistema Vélo’v próxima a estação do VLT, em

Lyon, França.

Fonte: BRITTON (2007).

Além disso, em termos de integração física, dificuldades surgem quando é necessário instalar estações no entorno das estações de transporte público. Às vezes, o processo de autorização é lento, ao mesmo tempo, que a integração por meio da tecnologia de acesso apresenta alguns limites de negociação. A combinação das tarifas deve garantir rotatividade e ser compartilhada, implicando em custos para ambas as partes. Problemas podem ocorrer durante o gerenciamento desses dados e, para esses

contratempos, o município pode estabelecer critérios técnicos e organizacionais para uma proposta pública do serviço.

3.3.1.1 Níveis de desempenho e operação

No ato de contratação da empresa que irá operar o serviço de bicicletas públicas, o município deve estabelecer parâmetros de avaliação da atividade que será ofertada. A partir das metas definidas para o SBP, os parâmetros devem estar especificados de acordo com os interesses do município e do operador privado. Sugere-se que essa avaliação seja um compromisso entre as partes e ocorra de forma regular através de relatórios feitos pelo operador e entregues ao município, onde se destacam, por exemplo, dados como utilização do sistema, desempenho do serviço e satisfação do usuário (IDAE, 2007; OBIS, 2011).

É por meio desses relatórios que o município poderá estabelecer parâmetros e comparar o nível de desempenho atual com os níveis acordados previamente. No contrato, devem ser especificados padrões mínimos para níveis aceitáveis do serviço, como: número mínimo de uso; número máximo de defeitos; mínimo de tempo disponível para as bicicletas nas estações, como o tempo em que as estações ficam cheias ou vazias; número mínimo de pessoas envolvidas com o serviço; e o tempo disponível para contato com o usuário.

A partir dos níveis de desempenho do operador, o município pode estabelecer penalidades quando esses níveis não são satisfatórios, como o pagamento de multa, por exemplo, ao mesmo tempo, que o operador pode ser recompensado com uma série de vantagens, quando os níveis são alcançados.

3.3.1.2 Pagamento e financiamento adicional

Segundo OBIS (2011), um dos maiores desafios para o município é o valor a ser pago à empresa que opera o serviço. Em muitos casos, o sistema necessita de um financiamento adicional para garantir seu funcionamento. Como mencionado no capítulo 2, dependendo do tipo de contrato, o serviço pode ser co-financiado por subsídios, contratos de propaganda, patrocinadores e renda gerada a partir de estacionamentos ou de pedágios.

Para garantir rotatividade no serviço e alta frequência na utilização, os preços devem ser competitivos e relativamente mais baixos em comparação com outros modos de transporte. Como o lucro operacional geralmente é obtido a partir das taxas de inscrição/registro, e elas não cobrem os custos do sistema, o financiamento adicional faz-se necessário, quer seja através da publicidade (ex: Nextbike), quer seja por patrocinadores (ex: Barclays Cycle Hire).

Portanto, é importante que o município tenha conhecimento dos custos do sistema e seus lucros, pois, caso haja necessidade de um financiamento adicional, o município deve calcular o valor dessa quantia.

O total dos custos do programa menos o lucro operacional revela a atual necessidade de financiamento adicional para o serviço.

3.3.1.3 Assistência ao usuário

Após a inauguração do serviço, especialistas recomendam que o operador deve fixar temporariamente uma equipe para dar apoio a algumas ou todas estações do programa. A colocação desse pessoal visa a monitorar os equipamentos das estações e prestar assistência aos novos usuários, além de ajustar e operar as bicicletas. Eles poderão orientar sobre as condições de uso do sistema e aconselhar sobre medidas de segurança no uso da bicicleta. Poderá ajudar na identificação de defeitos no serviço e, em alguns casos, reparar problemas nas bicicletas e estações.