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4. ESTUDO DE CASO: SISTEMA DE BICICLETAS PÚBLICAS NO RECIFE

4.3 INFORMAÇÕES SOBRE O MUNICÍPIO DO RECIFE

4.3.1 Fatores Exógenos

Para analisar a viabilidade de implantação do SBP no Recife, sabe-se que os fatores exógenos tem relação direta com a configuração e os resultados esperados do serviço. Portanto, será apresentada uma breve contextualização das características físico-territoriais e socioeconômicas do município.

4.3.1.1 Sistema viário e malha cicloviária

De acordo com a prefeitura do Recife (RECIFE, 1996a), o município apresenta uma malha viária composta por: Sistema Arterial Principal, subdividido em vias expressas primárias, vias expressas secundárias e vias arteriais principais; Sistema Arterial Secundário; Sistema de Vias Coletoras; e Sistema de Vias Locais. O mapa com o sistema viário e a malha cicloviária está no apêndice D.

Além disso, a Lei de Uso e Ocupação do Solo da cidade (RECIFE, 1996b) classifica as vias em Corredores de Transporte Rodoviário e Demais Vias para efeito de regulação urbanística, sendo:

• Corredores de Transporte Metropolitano, composto por vias arteriais principais com a função de atender o tráfego de âmbito regional e metropolitano;

• Corredores de Transporte Urbano Principal, composto por vias arteriais secundárias cuja função é ligar áreas da cidade;

• Corredores de Transporte Urbano Secundário, composto por vias arteriais secundárias e coletoras com a função de articular as vias arteriais ou coletar o tráfego de uma área e canalizá-lo para vias arteriais principais ou secundárias.

• Demais vias, que são todas aquelas que integram o sistema viário do Município e que não se classificam como Corredores de Transporte Rodoviário.

Com relação à rede de transportes, esta é composta por: Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP/RMR), gerido pelo Grande Recife Consórcio de Transportes; Sistema de Transporte Complementar de Passageiros do Recife (STCP), gerido pela CTTU, órgão da prefeitura do Recife; e Sistema de Transporte de Passageiros sobre Trilhos da RMR, gerido pela CBTU, através da Superintendência de Trens Urbanos do Recife, a METROREC (RECIFE, 2011).

Quanto à malha cicloviária do município, atualmente é composta por oito ciclovias/ciclofaixas, que corresponde a uma malha de aproximadamente 27 km de extensão. Existe a ciclovia da Via Mangue que está em fase de construção, onde está prevista a construção de 5,6km de extensão e compõe o anel viário do Rio Mar Shopping (trecho já construído) e da Av. República Árabe Unida, no Pina.

Figura 79: Ciclofaixa Móvel de Turismo e Lazer, na Ponte

Buarque de Macedo.

Fonte: MIRELLA MELO (2013).

Figura 80: detalhe do monitor gerenciando o fluxo nos

cruzamentos da Ciclofaixa Móvel de Turismo e Lazer.

Fonte: MIRELLA MELO (2013).

Além desses espaços, existe a Ciclofaixa Móvel de Turismo e Lazer, inaugurada em 24 de março de 2013, que funciona aos domingos e feriados, com cerca de 11 km, ligando a zona norte da cidade, desde a ciclofaixa do binário de Casa Amarela – Arraial e Encanamento, à zona sul, na ciclovia da orla de Boa Viagem. Este espaço de lazer tem atraído um número crescente de usuários (figuras 79 e 80).

Além do mapa cicloviário no apêndice D, o quadro 24 sintetiza as características principais das ciclovias/ciclofaixas.

Quadro 24: ciclovias e ciclofaixas existentes na cidade do Recife.

Nome Extensão Sentido do tráfego Percurso Bairros

Ciclovia

Norte 1,47 km

Bidirecional (sentido

duplo).

Inicia no cruzamento da Av. Norte Miguel Arraes de Alencar com a Rua da Aurora e a Ponte do Limoeiro. Percorre a Av. Norte, tangencia as praças Soares Dutra e Cívica (adjacentes ao Cemitério dos Ingleses), cruza a Av.

Cruz Cabugá e finaliza no Viaduto da Av. Norte, no cruzamento com a Av. Governador Agamenon Magalhães.

Santo Amaro. Ciclovia Centro 2,5 km Bidirecional (sentido duplo), apenas dos domingos e feriados.

Inicia no cruzamento da Rua da Aurora com a Av. Norte Miguel Arraes de Alencar, percorre a Ponte do Limoeiro, o

Cais do Apolo, a Ponte Buarque de Macedo, a Praça da República, a Ponte Princesa Isabel, finalizando no cruzamento da Rua da Aurora com a Rua Princesa Isabel.

Bairro do Recife e Santo Amaro. Ciclofaixa Arthur de Lima Cavalcante 1,7 km Unidirecional (sentido único) em duas pistas segregadas por um canteiro central.

Inicia no cruzamento da Rua da Aurora com a Av. Norte Miguel Arraes de Alencar e Ponte do Limoeiro, percorre a

Rua Prefeito Arthur de Lima Cavalcante e finaliza no cruzamento desta via com a Av. Cruz Cabugá.

Santo Amaro. Ciclofaixa do Cavouco 2,3 km Unidirecional (sentido único) em duas pistas segregadas pelo canal.

Inicia no cruzamento da Av. Caxangá com a Av. Mário Álvares Pereira de Lyra, percorre esta última avenida, Rua

Bom Pastor e retorna pela Av. Mário Álvares Pereira de Lyra até o cruzamento com a Av. Caxangá.

Iputinga.

Ciclovia Orla 7,85 km

Bidirecional (sentido

duplo).

Inicia a 63m da Rua Doutor Arlindo dos Santos na Av. Boa Viagem. Percorre toda a Av. Boa Viagem até o cruzamento

com a Av. Antônio de Góis.

Boa Viagem e Pina. Ciclovia Brasília Teimosa 1,41 km Bidirecional (sentido duplo).

Inicia no cruzamento da Av. Boa Viagem com a Av. Antônio de Góis, percorre a Rua Comendador Morais, a Rua

Armando Pina, a Rua Marechal Hermes, a Av. Brasília Formosa e finaliza 44m antes da Rua Esperança.

Pina e Brasília Teimosa. Ciclovia Tiradentes7 5,6 km Trechos bidirecionais e trechos unidirecionais.

Inicia no cruzamento da Av. Caxangá com a Estrada do Forte Arraial N.S. do Bom Jesus, percorre a Estrada do Forte, a Rua Doutor Euphego Jorge de Souza, a Rua Arsênio

Calaça, a Rua José Veloso, a Rua Comendador Franco Ferreira e finaliza na Rua Vinte e Um de Abril.

Cordeiro, San Martin, Mangueira e Afogados. Ciclovia Binário de Casa Amarela – Arraial e Encanamento 5 km Unidirecional (sentido único), em vias que formam um binário.

Sentido cidade/subúrbio: inicia no cruzamento da Av. Desembargador Antônio de Góis com a Estrada do Arraial.

Percorre toda a Estrada do Arraial, finalizando no cruzamento dela com a Av. Dezessete de Agosto. Sentido subúrbio/cidade: inicia no cruzamento da Rua Oscar

Ferreira com a Estrada do Encanamento, percorrendo a Estrada do Encanamento até a Praça do Parnamirim. Continua pela Rua Padre Roma, Rua Sebastião Alves até o

cruzamento com a Estrada do Arraial. Há um trecho de ligação entre o binário pela Estrada das Ubaias.

Casa Amarela, Monteiro, Poço, Casa Forte, Parnamirim e Tamarineira.

Fonte: elaborado pela autora, baseado em CTTU (2012).

4.3.1.2 Dados demográficos e socioeconômicos

A densidade demográfica de Recife é de 7.037,61 hab./km² e possui uma taxa média geométrica de crescimento da população (2000-2010) de 0,78% ao ano. Os morros da zona norte e da zona sul apresentam um número expressivo dessa população. De acordo com dados do Plano Diretor de

7Atualmente, a Ciclovia Tiradentes encontra-se em péssimo estado de conservação, necessitando de manutenção da

sinalização horizontal e vertical. Os técnicos da CTTU entendem que é necessário rever o tipo de tratamento do ciclista com os demais veículos para espaço.

Transportes Urbanos da Região Metropolitana do Recife – PDTU/RMR (BRASIL, 2008), em 2007, destacavam-se com maior densidade demográfica os morros da zona norte do Recife, com cerca de 170 hab./ha, ou seja, 17.000 hab./km². Entretanto, alguns bairros residenciais apresentam atualmente alta densidade demográfica como é o caso do bairro de Boa Viagem com 16.324 hab./km², porque essas áreas são providas de infraestrutura de boa qualidade, acarretando na valorização do solo urbano. (IBGE, 2010; www.recife.pe.gov.br).

O fenômeno inverso ocorre nos bairros centrais da cidade, como Bairro do Recife, Santo Antônio e São José, que apresentam grande densidade de linhas do transporte coletivo e baixa densidade demográfica. Das 408 linhas de ônibus transitam na RMR, cerca de 190 linhas circulam pelos três bairros do Centro, o equivalente a 46,6% do total (disponível em www.granderecife.pe.gov.br/). Entretanto, a densidade demográfica é baixa em relação ao restante dos bairros do município: no Bairro do Recife é de 223 hab./km²; no bairro de Santo Antônio é de 352 hab./km²; e no bairro de São José é de 2.665 hab./km² (IBGE, 2010; www.recife.pe.gov.br).

Quanto ao uso e ocupação do solo no Recife, até a década de 1970, o centro detinha as principais atividades econômicas e institucionais. Com a expansão do mercado imobiliário, outros bairros da cidade como Espinheiro, Graças e Boa Viagem passaram a receber investimentos e ocorreu a transferência de alguns usos para os principais eixos desses bairros. Ocorreu a mudança no perfil da demanda pelos serviços, porém a concentração de atividades comerciais e de serviços na área central persistiu pela boa acessibilidade em relação a outros bairros da cidade. Ainda hoje, a área central do Recife constitui o nó de fluxos e local de trocas, que agrega grande parte do comércio e serviços.

Quanto à distribuição da renda, de acordo com o diagnóstico do Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana (RECIFE, 2011), identificam-se dois agrupamentos de alta renda no noroeste do município nos bairros que compõem a Área de Reestruturação Urbana, também denominada os doze bairros, e ao sul do município, como o bairro de Boa Viagem. As áreas de baixa renda apresentam-se nos locais com ocupação espontânea, coincidindo com as áreas de baixa densidade da rede de transporte público.

4.3.1.3 Relevo

Segundo dados da prefeitura do Recife (2013), o município de Recife apresenta a seguinte composição territorial: 67,43% são morros, 23,26% são planícies, 9,31% são áreas aquáticas, onde 5,58% são Zonas Especiais de Preservação Ambiental – ZEPA (disponível em www.recife.pe.gov.br). Os morros estão situados ao norte e sul da cidade (figura 81) e ajudam a delimitar a planície cortada por rios e canais, também banhada pelo Oceano Atlântico. Dentre os principais rios, destacam-se o Rio Capibaribe, que corta praticamente toda a cidade; o Rio Beberibe, na parte norte; e os rios Tejipió, Jiquiá e Jordão, na parte sul e sudoeste da cidade.

Figura 81: mapa com características topográficas da cidade do Recife.

Fonte: elaborado pela autora, baseado em RECIFE (2013).

4.3.1.4 Clima

O clima no Recife é tropical quente e úmido e tem como característica a ausência de chuvas no verão e ocorrências no inverno, que costuma ser a estação mais chuvosa com índices pluviométricos aproximados de 1.600mm anuais. Esse tipo de clima apresenta-se no litoral no Brasil, na região Nordeste, entre os estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba (MOREIRA, 2009; disponível em www.cnpf.embrapa.br).

Gráfico 20: variação da temperatura média ao longo do ano (período de 1961-1990).

Segundo Moreira (2009), como o município está situado em uma zona de baixa altitude, apresenta temperatura do ar médias mensal aproximadamente 25°C, onde os meses de janeiro, fevereiro e março costumam ser os mais quentes do ano, com temperaturas superiores a 26°C. Os meses de julho e agosto apresentam as temperaturas mais baixas, sendo iguais ou inferiores a 24°C (gráfico 20). A umidade relativa do ar apresenta valores médios anuais de 84%.

Quanto às estações do ano, segundo os especialistas, Recife possui somente duas estações bem características: a estação chuvosa, que compreende os meses de maio a agosto, e a estação ensolarada, que inicia em setembro e termina em abril (gráfico 21). O índice pluviométrico anual médio está acima de 1.600m, onde os meses de outubro, novembro e dezembro apresentam os menores índices na faixa de 50mm e os meses de abril, maio, junho e julho apresentam os maiores índices variando entre 300mm e 400mm.

Gráfico 21: precipitação média ao longo do ano (período de 1961-1990).

Fonte: MOREIRA (2009).