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Os Estados Unidos da América têm um longo histórico nas relações com os países latinos, desde o século XVIII, com a Doutrina Monroe (“a América para os americanos”) dando apoio à independência de jovens nações do continente, passando pelo intervencionismo econômico e o comércio bilateral e chegando mesmo a promover ações militares em países como México, Cuba, República Dominicana e Nicarágua, acontecidas no fim do século XIX até o início do século

XX.

O melhor exemplo dessas intervenções foi na Independência do Panamá, antes território da Colômbia, que serviu aos interesses americanos em concluir as obras — iniciadas e abandonadas pelos franceses — do estratégico canal que ligaria o Atlântico ao Pacífico, em 1903. O canal do Panamá foi controlado pelos Estados Unidos até os anos 1980. Tudo isso era o resultado da política do Big Stick (grande porrete), criada pelo então presidente americano Theodore Roosevelt, baseada no ditame “fale manso, mas carregue um grande porrete”. O hino dos Fuzileiros Navais americanos relata os grandes feitos militares dessa época de “vias de fato”, ocorridos “das salas de Montezuma [uma alusão ao castelo de Chapultepec, na Cidade do México] até as areias de Trípoli [capital da Líbia]”, lugares onde os Estados Unidos realizaram históricas ações militares.

De maneira geral, a maioria dos países do continente americano estava sob a influência político-econômica dos Estados Unidos, especialmente as nações da América Central, pejorativamente conhecidas pelos americanos como “repúblicas das bananas”, uma vez que ofereciam apenas uma tímida produção agrícola como forma de comércio. Os países da América do Sul, que durante muito tempo estiveram sob influência econômica da Inglaterra, passavam por grandes dificuldades financeiras, decorrentes da Crise de 1929, o que gerou um quadro de grande instabilidade política.

Esse era o cenário latino-americano até os anos imediatamente anteriores ao início da Segunda Guerra, quando ocorreram diversos golpes de Estado, como na Argentina, na Bolívia e no Chile. No fim dos anos 1930, com a disseminação do nazismo, havia uma forte presença germânica nas Forças Armadas argentinas. O presidente Ramon Castilho, assim que assumiu o mandato, extinguiu o intercâmbio entre militares argentinos e alemães, o que não impediu a crescente simia de grupos locais pelos regimes nazifascistas. No Uruguai, elementos nazistas trabalhavam para a formação de células de propagação das ideias do regime. Isso seria comum em vários outros países sul-americanos, onde quer que se encontrassem pequenos núcleos de imigrantes alemães.

O presidente Roosevelt já articulava as medidas que seriam tomadas para alinhar o bloco pan-americano desde dezembro de 1933, quando aproveitou a Conferência

Pan-Americana realizada em Montevidéu para instituir a política da boa vizinhança. Em breve, a economia voltada para a guerra renderia enormes lucros aos americanos, que ainda estavam totalmente despreparados em termos militares para entrar num conflito, meses antes do início da Segunda Guerra. Como os americanos não tiveram que se preocupar com seus vizinhos, suas indústrias e fábricas puderam funcionar sem medo de ataques e ameaças maiores.

Começava a escalada americana no papel de maior potência mundial, o que seria alcançado pelas grandes realizações do seu parque industrial. Este dentro em breve iria alimentar o esforço de guerra com uma quantidade inesgotável de armas e materiais, com suas fábricas seguramente distantes do front e fora do raio de ação de qualquer bombardeiro inimigo. Isso possibilitou um feito quase impossível: a manutenção da guerra em duas amplas e penosas frentes de combate, no Atlântico e no Pacífico, algo que Hitler não foi capaz de realizar com seus exércitos.

Uma conversa gravada secretamente num encontro entre Hitler e o então comandante do Conselho Supremo de Defesa da Finlândia, marechal Carl Gustaf Mannerheim, em 1942, já atestava a preocupação do líder nazista quanto aos infindáveis recursos que se juntavam na luta contra o Reich: “Qualquer um que me dissesse que um país poderia fabricar 35 mil tanques eu diria se tratar de um louco.”

É incontestável que a capacidade quase ilimitada de produção das indústrias bélicas soviética e americana foi decisiva para o desfecho da guerra. A Alemanha seria esmagada em dois fronts. Na Europa, a ofensiva Aliada começou subindo pela Itália em 1943, quando ainda se acreditava que essa seria a rota até Berlim. Mais adiante, com o Dia D e a abertura da Frente Ocidental na França, a Itália perderia importância, sendo então considerada front secundário. Mas as ações de combate nesse cenário não seriam menos dramáticas nem menos custosas do que nos outros teatros de operações em andamento na Segunda Guerra.

Alianças de proteção mútua

Na segunda metade da década de 1930, foram realizadas importantes conferências interamericanas, em especial: as de Buenos Aires, em 1936, onde foi definido que qualquer ameaça a uma nação americana

seria considerada uma ameaça ao continente; a do Panamá, em 1939, já depois do começo da guerra, que determinava a neutralidade das Américas frente ao conflito europeu; e a Conferência de Havana, na qual os países americanos se posicionaram contra a ocupação de colônias europeias nas Américas, por considerar esse gesto uma agressão ao continente.

Em 27 de setembro de 1940, formou-se o Eixo, com a assinatura em Berlim do Pacto Tripartite entre Alemanha, Itália e Japão, que também usava as premissas de que um ataque a qualquer um de seus signatários seria respondido em conjunto pelos outros paí​ses. Logo adiante, Hungria, Romênia e Bulgária também se tornaram integrantes do Eixo.