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A FEB estava incorporada ao XV Grupo de Exércitos Aliados, onde se incluía o V Exército norte-americano e o lendário VIII Exército inglês. Essas unidades lutavam desde o começo das operações no norte da África, no fim de 1942, quando alguns dos grandes personagens da história militar moderna entraram em ação, George ton, Dwight Eisenhower e Bernard Montgomery, contra Erwin Rommel e Albert Kesselring, entre outros renomados militares alemães. Um grande contingente de outras nacionalidades já se encontrava em combate junto aos Aliados no teatro de operações italiano, assim como as tropas coloniais inglesas, indianas, canadenses, sul-africanas e neozelandesas — poloneses e francesas, estes também presentes com suas tropas coloniais, na maioria argelinos e marroquinos.

O polêmico Clark

Mark Clark foi um comandante Aliado envolto em certa polêmica. A evolução da guerra diluiu a importância de seu maior triunfo no comando, quando adentrou Roma, a primeira capital europeia a ser libertada dos alemães, no dia 4 de junho de 1944.

Dois dias depois, o mundo tomava conhecimento do desembarque Aliado na Normandia, abrindo o front oeste, auxílio tão aguardado pelos soviéticos para aliviar a frente de combate da Europa Oriental. A magnitude da operação efetuada no lendário Dia D praticamente anulou a importância da queda de Roma nas manchetes dos jornais. Clark ficaria marcado por algumas controvérsias e decisões

polêmicas durante a ofensiva para quebrar a Linha Gustav, as fortes defesas alemãs formadas no centro da bota italiana. Foi atribuído a ele o bombardeio da secular abadia no topo do Monte Cassino, que não serviu para remover os alemães daquele ponto estratégico. Na verdade, Clark recebeu ordens

superiores, basea​das em supostas provas de que os alemães ocupavam o local. Numa conversa tensa com o comandante chefe das Forças Aliadas na Itália, general sir Harold Alexander, Clark afirmou que não desejava a destruição do local histórico. Depois, transferindo a responsabilidade a Alexander, propôs: “Você me dá uma ordem direta e nós o faremos.” E assim foi feito, ao custo de 55 mil baixas Aliadas: foram tropas polonesas que finalmente venceram a resistência dos alemães, que

permaneceram lutando entre os escombros da abadia destruída.

Mais tarde, o general Clark enviou a 36a Divisão “Texas” para a travessia do rio Rapido, na verdade, um

ataque diversionário (ação feita para enganar o inimigo quanto ao objetivo primordial de uma operação) para encobrir o desembarque Aliado nas praias de Anzio. Dois dos três regimentos dessa divisão, mais de mil homens, foram praticamente aniquilados pelas fortes defesas alemãs posicionadas na outra margem do rio. Essa ação também se deveu ao fraco reconhecimento Aliado, que não previu a real força defensiva alemã deslocada para a região.

dessa vez sobre a decisão de tomar Roma, e não explorar o êxito, aproveitando a brecha nas forças alemãs depois da ruptura da Linha Gustav, o que permitiu que escapassem para formar outra linha defensiva ao norte de Roma, a Linha Gótica, que a FEB conheceria bem. Os altos-comandos

americano e inglês viviam em constante choque de estratégias e tinham visões distintas no campo de batalha. O general Mark Clark e seus subordinados — Critenberger e Lucian Truscott — trabalhariam bem com a FEB, demonstrando grande respeito pelo seu comandante, o general Mascarenhas de Moraes, que era o oficial-general mais idoso (61 anos) atuando naquele teatro de operações. O general Truscott substituiu Mark Clark no comando do V Exército, em dezembro de 1944, quando Clark assumiu o posto de comandante do 15o Grupo de Exércitos Aliados.

Uma parcela das tropas coloniais francesas — os chamados goumiers argelinos — promoveu diversas atrocidades nos vilarejos italianos de Ciociaria e Esperia, no vale do rio Liri, destruindo, pilhando e estuprando civis. A população italiana começou a sofrer as consequências da guerra, na medida em que as tropas Aliadas desalojavam os alemães, ao custo de bombardeios aéreos, de artilharia e ofensivas terrestres, que não poupavam as cidades e seus habitantes. Muitas vezes, para destruir um ponto da artilharia alemã, era preciso destruir tudo ao redor. Bombardeios Aliados destruíam quarteirões inteiros. Assim como outras cidades europeias, as cidades italianas não foram exceção. Os alemães, parceiros de Mussolini na formação do Eixo, haviam ocupado a Itália sem disparar um tiro, mas naquele momento o avanço Aliado inevitavelmente causava aos italianos o tipo de destruição que os invasores nazistas não haviam causado.

Os soldados Aliados, dentro das prerrogativas de disciplina e controle fora das operações militares, recebiam ordens para não interagir com a população local, ordens que não eram cumpridas ao pé da letra. Havia sempre quem se dispunha a ajudar crianças e idosos, sem contar as inúmeras situações em que os soldados arranjavam tempo para namoradas, ou a fácil oferta de serviços sexuais, uma trágica consequência da cruel realidade da guerra. No geral, os italianos receberam tratamento indiferente ou mesmo rude por parte da maioria das tropas de ocupação Aliadas, mas, a esse respeito, os brasileiros seriam responsáveis por um enredo muito diferente junto à população italiana.

O objetivo principal das forças Aliadas naquele segundo semestre de 1944 era atingir o norte da Itália, para então se juntar à ofensiva da Frente Ocidental, com as tropas que progrediam pela França. Se as operações continuassem naquele ritmo,

isso aconteceria antes do inverno. Mas a maré mudou radicalmente quando a ofensiva italiana foi retida e o VI Corpo de Exército americano, com suas três divisões de infantaria, juntamente com as sete divisões do Corpo Expedicionário francês, foi retirado dessa frente de combate e enviado para a invasão do sul da França.

A FEB seria, assim, integrada ao IV Corpo de Exército, comandado pelo general Willis Crittenberger, que respondia ao general Mark Clark, comandante do V Exército americano. O general Clark se tornaria um grande apoiador da FEB, tornando-se responsável pela entrada da força brasileira em combate, depois de completados os treinamentos complementares e de que o efetivo fosse provido de todo o material necessário.