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2. SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO E A VERTENTE AGRÍCOLA: TEORIA E

3.2. Pesquisa agrícola e extensão rural nos países selecionados: evolução e

3.2.3. Estados Unidos

Para Morrison (2012), antes mesmo de se tornar oficialmente uma nação, percebia-se nos Estados Unidos um sentimento manifesto de se utilizar a ciência no progresso da agricultura, sentimento trazido por imigrantes britânicos e europeus que se mudaram para o país. A diversidade de solos e culturas obrigou os produtores instalados, por meio de tentativas de “acerto e erro”, a buscarem respostas, desde muito cedo, para tornar produtivas as terras ocupadas. A sensibilidade e a convicção quanto à importância da ciência para a modernização da agricultura eram compartilhadas não apenas por agricultores profissionais, com também por vários líderes da Revolução Americana (MORRISON, 2012).

A evolução da agricultura e o surgimento do modelo Land Grant College

A abolição da escravatura, dentre outros episódios, como o Homestead Act e a criação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, ambos em 1862, dá início a uma mudança importante na essência da modernização da agricultura dos Estados Unidos. A

109 Se um dos indicadores dessa afirmação for o avanço da biotecnologia na agricultura, constata-se que o país teve a sua área cultivada com variedades transgênicas, passando de 37 mil hectares em 1996 para 16,3 milhões de hectares em 2005, chegando a 2014 com uma área cultivada superior a 24 milhões de hectares, com soja, milho e algodão, o que coloca o país entre os três países líderes no uso dessa tecnologia em todo o mundo (International Service for the Acquisition of Agri-biotech Applications – ISAAA).

abolição concorre para a escassez relativa de mão de obra e estimula a geração e difusão de novas tecnologias, inicialmente mecânicas, que deveriam ser capazes de promover o aumento da produtividade do trabalho e, mais que isso, que dessem conta também da ampliação das áreas cultivadas110 (HAYAMI; RUTTAN, 1988, p. 242).

A transformação de uma agricultura escravista para uma de modo capitalista ensejou, dentre outros produtos, o surgimento de movimentos organizativos de, principalmente, médios e pequenos produtores, buscando sensibilizar o governo para apoiá-los na adoção de tecnologias que pudessem capacitá-los na competição com a agricultura mais capitalizada e tecnificada.

Na segunda metade do século XIX, e caminhando na direção do atendimento às reivindicações dos pequenos e médios produtores, o governo americano, por intermédio do

“Morril Act”, de 1862, doou aos estados terras destinadas à construção das escolas

"superiores de ensino agrícola e artes mecânicas" (Land-grant colleges111), que deveriam contemplar áreas para a instalação de estações experimentais, responsáveis pela geração de tecnologias agrícolas (HAYAMI; RUTTAN, 1988, p. 244).

Assim, esses dois atos da autoridade federal, criação do Departamento de Agricultura e a doação de terras para a criação das estações experimentais por parte dos estados, podem ser considerados como os primeiros pilares sobre os quais se desenvolveria o sistema nacional de pesquisa agrícola nos Estados Unidos. Esse modelo tinha inspiração da tradição alemã de apoio a laboratórios de pesquisa e às estações experimentais agrícolas (HAYAMI; RUTTAN, 1988, p. 244).

Como apenas poucos estados criaram suas estações experimentais, o governo institui a Lei

Hatch, de 2 de março de 1887, que previa a alocação de recursos, inicialmente da ordem de

US$ 15,000.00, por ano, para cada estação experimental.112 A Lei Hatch concedia recursos contínuos na aplicação em ciência e tecnologia agrícola, tendo como objetivos: “promover

110 O progresso na tecnologia mecânica foi impressionante durante a última metade do século dezenove (HAYAMI; RUTTAN, 1988, p. 242).

111

A denominação decorre do fato de, inicialmente, essas instituições terem sido financiadas com recursos oriundos das vendas de terras governamentais (GUSTAFSON, 1997, p. 45).

112 A primeira estação experimental estadual, a Estação Agrícola Experimental do Estado de Connecticut, (Connecticut State Agricultural Experiment Station) somente foi estabelecida em 1877 (HAYAMI; RUTTAN, 1988, p. 245). Treze outros estados seguiram Connecticut na década anterior à Lei Hatch, provendo fundos para apoiar as estações experimentais. Por ordem, Califórnia, Carolina do Norte, Massachusetts, Nova Iorque, Nova Jersey, Ohio, Tennessee, Alabama, Wisconsin, Louisiana, Maine, Kentucky e Vermont. Em Louisiana, o Legislativo autorizou a criação de uma estação experimental em 1884, mas não chegou a colocar a unidade em operação até 1886.Talvez por essa razão, um grupo de produtores de açúcar estabeleceu a sua própria estação privada de açúcar em 1885, localizada em uma fazenda perto de Kenner, cidade da Lousiana. No total, em 1887, quatorze estados tinham criado suas estações experimentais agrícolas (MORISSON, 2012).

investigação científica e experiências, respeitando os princípios e aplicações da ciência agrícola, (...) articulando-se com a indústria agrícola dos Estados Unidos, (...) levando em conta as diferentes condições e necessidades dos respectivos estados” (MORISSON, 2012).

Mesmo assim, o fato é que as expectativas criadas com a implantação das estações experimentais não estavam sendo correspondidas, na medida em que os produtores alegavam que as tecnologias geradas nas estações não chegavam até eles. Isso motiva o seguinte comentário de Hayami e Ruttan (1988): “Ao revisar a história da pesquisa agrícola, entre 1880 e 1890, a questão mais interessante não é: com que o sistema contribuiu para o crescimento da produção e produtividade? Em vez disso, a pergunta mais apropriada é: por que contribuiu tão pouco?” (HAYAMI; RUTTAN, 1988, p. 245).

Os mesmos autores esclarecem que as respostas são várias, todavia deixam a entender que uma delas está relacionada com a inexistência de um mecanismo que aproximasse as tecnologias geradas, nas estações experimentais públicas e em outras fontes, dos produtores, sobretudo os médios e pequenos. De forma mais direta, eles apontam que: “Antes de 1914, as estações experimentais e as escolas superiores estaduais de agricultura, juntamente com as revistas agrícolas, tinham executado a maior parte do trabalho de extensão, durante muitos anos de forma desorganizada...” (HAYAMI; RUTTAN, 1988, p. 290).

Essa constatação também é apontada por Morisson (2012), ao observar que nos anos que se seguem à criação dos Land-grant, os agricultores começaram a exigir resultados objetivos, de acordo com as expectativas e compromissos assumidos pelas novas faculdades para a modernização da agricultura. Ele acrescenta que uma dificuldade adicional para a difusão de resultados que atendessem às demandas dos agricultores estava relacionada ao “restrito estoque” de conhecimento com base científica por parte dos professores agrícolas. As demonstrações práticas e as fazendas-modelo passaram a se constituir nas estratégias principais de trabalho, dando origem, em seguida, aos primeiros trabalhos de pesquisa agrícola.

Daniel Gustafon (1997) também argumenta que à época, universidades tradicionais como Harvard e Princeton eram vistas como elitistas, sem muitas preocupações com a solução dos problemas objetivos da população e sem “trabalhos práticos”. Assim, a missão de expandir conhecimentos e de resolver problemas práticos da agricultura e das “artes mecânicas”, atribuída aos Land-grant colleges, permeou a sua trajetória de ensino e pesquisa, gerando a criação de cursos para agricultores e outras iniciativas na área de extensão, como por exemplo, até 1910, a criação 35 departamentos de extensão rural em escolas de ensino agrícola dos Estados Unidos (GUSTAFSON, 1997, p. 45).

A criação do Serviço Cooperativo de Extensão e o sistema “ensino-pesquisa- extensão”

Quase que como consequência natural dessa sequência de eventos, em 1914, Hoke Smith, senador pela Geórgia, e o deputado Asbury Lever, da Carolina do Sul, propuseram a criação do Serviço Cooperativo de Extensão, que atuaria como um braço educacional do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A Lei de criação do Serviço Cooperativo de Extensão Rural, Smith-Lever Act, como foi denominada em alusão aos seus criadores, foi assinada pelo presidente Wilson em 8 de maio de 1914, estabelecendo o Serviço Cooperativo de Extensão como uma parceria entre o USDA e as Universidades, as State land-

grant universities (USDA113).

Assim, por meio do “Smith Lever Act” foi criado o Serviço, que se auto instituía cooperativo pelo fato de a Lei prever uma participação dos governos federal e estadual em proporções iguais, por meio do “Plano 50/50”, estabelecendo que para cada dólar do governo federal, investido no serviço de extensão rural, caberia aos governos estaduais igual valor (HAYAMI & RUTTAN, 1988, p. 290). Atualmente, a forma de alocação dos recursos para cada estado guarda relação direta com o peso relativo da população.

O “Smith-Lever Act” atribuiu ao serviço público de extensão rural função e modo de atuação bastante claros, estabelecendo que o serviço de extensão deveria ser parte integrante da universidade, um serviço educativo e transmissor de informação aos fazendeiros, por meio de preleções, ilustrações, demonstrações, excursões, etc.114 Segundo o National Institute

of Food and Agriculture (NIFA), órgão vinculado ao USDA, o “coração” do trabalho de

extensão, de acordo com o Smith Lever Act, poderia ser sumarizado como o “desenvolvimento de aplicações práticas da pesquisa agrícola e a oferta de educação e demonstrações práticas de processos ou tecnologias agrícolas existentes ou aperfeiçoadas” (tradução nossa)115

. Em síntese, pode-se afirmar que apesar dos avanços, as Land-grant colleges apresentavam algumas limitações na sua capacidade de produção de novos conhecimentos científicos e técnicos para o desenvolvimento agrícola, limitações ainda maiores do que aquelas apresentadas pelo Departamento de Agricultura.

113 Disponível em<http://http://www.nifa.usda.gov/about/offices/legis/pdfs/smithlev.pdf>.Acesso em: 07 mar. 2012.

114 Disponível em:<http://http://www.nifa.usda.gov/about/offices/legis/pdfs/smithlev.pdf>. Acesso em: 07 mar. 2012.

Somente em 1914, com a aprovação da Lei Smith-Lever, criando o Serviço Cooperativo de Extensão Rural, o país criou uma base institucional firme de pesquisa, ensino e extensão, quando então as "novas estações experimentais puderam ser consideradas como fontes produtivas de novo conhecimento ou promotoras decisivas para o crescimento da produtividade na agricultura americana” (HAYAMI; RUTTAN, 1988, p.245).

Para Cruzado (2012), a história do serviço de pesquisa e extensão nos Estados Unidos não deve deixar de registrar que a concepção e inspiração de todo esse complexo sistema criado nos Estados Unidos, que alcança todo o país, devem ser atribuídas, em grande parte, a Seaman Asahel Knapp, conhecido como The Father of Extension. Para ele, o sistema de difusão das inovações só poderia funcionar se houvesse a presença de alguém que, de forma prática, objetiva e presencial, na fazenda e junto ao agricultor, fizesse o papel de uma ponte que superasse as diferenças geográficas e culturais. Assim, surgia a figura do extensionista, respaldada pelo ensinamento de Seaman Knapp, segundo o qual, “o fazendeiro deve resolver o problema em sua própria fazenda e com as próprias mãos ... O que um homem ouve, ele pode duvidar, o que ele vê, ele também pode duvidar, mas o que ele faz, ele não pode duvidar” (CRUZADO, 2012, p. 6; tradução nossa).

O primeiro grande teste para medir o desempenho do serviço de extensão rural nos Estados Unidos ocorreu por ocasião da Primeira Guerra Mundial, quando, ao final da qual, no período de 1913 a 1919, os resultados foram considerados muito positivos: aumento da área cultivada de trigo de 47 para 74 milhões de acres; apoio ao Ministério da Agricultura na sua missão institucional de estimular o aumento da produção agrícola, as práticas de comercialização da produção e de conservação de alimentos perecíveis; e equacionamento da escassez de mão de obra motivada pela guerra, especialmente nos momentos de colheita, por intermédio da organização das mulheres e dos jovens, movimentos denominados Women's

Land Army e The Boys' Working Reserve (NIFA).116

No período da Grande Depressão, o papel da extensão rural também foi reconhecido como de grande importância para a sociedade dos EUA. Naquela ocasião, os trabalhos de extensão priorizavam práticas educativas grupais, como a comercialização coletiva de produtos, incentivando, por exemplo, o cooperativismo. Em paralelo, junto às mulheres rurais, eram estimuladas outras práticas na área da economia doméstica, relativas à produção, qualidade e conservação de alimentos e incentivo à novas

habilidades, ações que no seu conjunto minimizavam os efeitos da crise, ajudando muitas famílias a superarem um dos períodos mais dramáticos da vida econômica daquele país.

Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, o objetivo era assegurar aumentos na produção agrícola essenciais ao esforço da guerra. O resultado também foi expressivo: a produção de alimentos de 1944 representou um aumento de 38% na média da produção obtida no período 1935-1939. Uma das estratégias operadas pelo serviço de extensão foi a implementação do "The Victory Garden Program", que se constituía no estímulo ao uso de sementes, fertilizantes e de ferramentas simples para o cultivo de hortícolas e outros vegetais para consumo "in natura". Como resultado, no ano de 1942, por volta de 15 milhões de famílias implantaram as hortas do Programa, sendo este número superado em 1943, iniciativa considerada como uma das mais importantes na história da extensão rural dos E. Unidos (NIFA).

À rica história da pesquisa e extensão dos Estados Unidos, acrescente-se o fato de a agricultura estadunidense ter registrado um expressivo decréscimo da população atuante na agricultura. Do final do século XIX até 2010, a PEA agrícola saiu de 60% para 1,6%, respectivamente. Esse fato revela quão intensas foram as transformações ocorridas no meio rural dos Estados Unidos, movimento que produziu e está produzindo repercussões importantes em toda política agrícola daquele país e, em especial, nos serviços de pesquisa agrícola e de extensão rural (FAO, 2011).

O momento atual

A institucionalização dos serviços públicos de pesquisa agrícola e de extensão rural dos Estados Unidos, ocorrida entre 1860 e 1920, pode ser considerada como evento positivo para a agricultura americana por duas razões: primeira, pelo fato de os dois serviços terem sido capazes de, entre 1920 a 1960, alavancar recursos de forma bastante ágil; e, segunda, de terem apresentado resultados expressivos de crescimento rápido do novo conhecimento técnico e científico (HAYAMI; RUTTAN, 1988, p. 246).117

117 Em 1989, por ocasião do 75º aniversário de criação do Smith-Lever Act, o Presidente George Bush assim se manifestou, em reconhecimento ao serviço de Extensão (Proclamation 5969): “O Sistema Cooperativo de Extensão tem feito muito para garantir que adultos e jovens, urbanos e rurais, tenham as melhores oportunidades para desenvolverem todo o seu potencial. O Sistema tem sido construído sob o espírito e a tradição de seus fundadores, adaptando-se com sucesso às novas mudanças e desafios ao longo dos anos, enquanto assistindo a família rural americana, no sentido da obtenção de produções eficientes e a oferta confiável de alimentos e fibras para consumidores do nosso país e do mundo afora. Os empregados do Sistema e três milhões de voluntários que habilmente assistem e ajudam a produtores individuais, famílias e comunidades a aplicarem conhecimentos gerados pela pesquisa e técnicas de liderança para enfrentar os problemas que ocorrem na agricultura americana

Atualmente, a agricultura americana é considerada uma das maiores do mundo, não apenas pelos volumes produzidos, mas, também por seu perfil tecnológico, cuja contribuição do trabalho da pesquisa agrícola e da extensão rural pode ser considerada de grande relevância.118 Das mudanças mais expressivas ocorridas na agricultura americana está o fato de que, em 1914, quando foi criado o Serviço Cooperativo de Extensão Rural, mais de 50% da população morava na zona rural. Hoje, decorrido mais de um século, apenas 17% da população mora nas zonas rurais. O número de propriedades agrícolas, entre 1950 e 2012, decresceu de 5,4 milhões para 2,1 milhões, segundo o Censo Agropecuário de 2012 (USDA/NIFA).119

Do ponto de vista organizacional, na base do serviço de extensão rural americano estão mais de 100 Land-grant colleges e universidades.120 O sistema tem, portanto, a tripla função de ensino, pesquisa e extensão. Em síntese, o Sistema Cooperativo de Extensão é uma rede educacional de abrangência nacional. Cada estado ou território possui um escritório articulado com uma “universidade land-grant” e a uma rede de escritórios regionais. Esses escritórios estão apoiados por um ou mais especialistas, que atuam com informações úteis e práticas, baseadas em pesquisa agrícola, tendo como clientes produtores agrícolas, pequenos empresários, jovens, consumidores e outros atores das áreas rurais e comunidades diversas.121 Os programas de extensão rural são administrados por, aproximadamente, 3.000 Conselhos de Extensão e escritórios regionais.

Do lado governamental, o NIFA, uma espécie de coordenador do sistema, é o responsável pelo apoio às universidades, aos escritórios locais de extensão rural e pela representação da parceria federal junto ao Cooperative Extension System (CES), cuja missão é levar o trabalho de extensão rural diretamente aos produtores rurais americanos. O NIFA tem a missão de aportar, anualmente, os recursos federais, aprovados pelo Congresso, para apoiar

todos os dias”. (Tradução nossa). Disponível em: < http://www.presidency.ucsb.edu/ws/?pid=23504>. Acesso em 07 mar. 2017.

118 Não é sem razão que, de acordo com o USDA/NIFA, em 1945, eram necessárias 14 horas de trabalho para produzir 100 bushels de milho, em 2 acres de terra; em 1987, foram necessárias 3 horas, para produzir os mesmos 100 bushels de milho, em apenas 1 acre; e em 2002, os mesmos 100 bushels foram produzidos em menos de 1 acre de terra. Outro dado importante é aquele que demonstra que, em 1950, um produtor produzia alimentos para 15,5 pessoas; em 1990 para 100 pessoas; e em 1997 para quase 140 pessoas (USDA/NIFA). 119 Em 2012, eram 3,2 milhões de agricultores, operando 2,1 milhões de fazendas em 914.5 milhões de acres de terras agrícolas. Disponível em:<http://www.agcensus.usda.gov/Newsroom/2014/05_02_2014.php>.Acesso em: 01 mai. 2017.

120 Disponível em: <www.csrees.usda.gov/qlinks/partners/partners>. Acesso em: 07 nov. 2016. 121 Disponível em: <http://www.csrees.usda.gov/Extension/USA-text.html>.Acesso em: 07 nov. 2016.

estados e Conselhos, obedecidas as prioridades estratégias nacionais.122 Em síntese, o NIFA representa a estrutura federal líder na criação e difusão do conhecimento nos domínios das ciências biológicas, físicas e sociais, relacionados à pesquisa agrícola, análise econômica, estatística, extensão e ensino superior. Os principais temas a serem apoiados pela Agência, em 2015, estavam voltados para a "segurança alimentar e fome", "mudanças climáticas", "sustentabilidade energética", "pequenos negócios" "obesidade","disponibilidade de água" e "qualidade dos alimentos", dentre outros.123

A Tabela 4 demonstra a dimensão da agência de coordenação nacional do sistema de Pesquisa, Extensão e Educação nos E. Unidos. A estrutura de pessoal na função de coordenação é relativamente compacta, em relação à magnitude da tarefa desempenhada pela agência. Os recursos totais orçados para o Ano Fiscal de 2015 reservavam a sua maior parte, 55%, para a promoção da Pesquisa e Educação, cabendo 33% ao apoio à Extensão. Um dos dados mais relevantes diz respeito ao envolvimento sistemático de mais de uma centena das

Land-grant universities, compondo a solidez do sistema quanto à valorização da base de

conhecimento.

Tabela 4 - Dimensão da Pesquisa, Extensão e Educação no NIFA, Ano Fiscal 2015

Dimensão Quantitativos

1. Funcionários 350

2. Orçamento total (em US$ de 2015) 1,435.013.000

2.1. Pesquisa e Educação 791,959.000

2.2. Extensão 471,691.000

2.3. Integração 30,900.000

2.4. Execução Obrigatória 140,463.000

3. Número de Land-grant Universities parceiras 112

Fonte: <http://www.nifa.usda.gov/about/pdfs/factsheet.pdf>.

É curioso notar que os avanços nos índices dos rendimentos da agricultura americana, assim como o reconhecimento da importância do papel dos extensionistas nesses avanços ao longo dos anos caminharam juntos com o decréscimo do número de escritórios de extensão rural de forma progressiva, resultando, atualmente, em cerca de 2900 escritórios de extensão

122 Recursos previstos para o ano fiscal de 2015, “formula grants annually,” se aproximavam de US$ 1,5 bilhão. 123 Disponível em: < http://www.nifa.usda.gov/about/pdfs/factsheet.pdf >Acesso em: 02 out. 2016.

em todo o país (USDA/NIFA). Quanto aos recursos recebidos pelo serviço de extensão rural americano, a expressão oficial contida no site do NIFA é esclarecedora por si só:

“increasingly, extension serves a growing, increasingly diverse constituency with fewer and fewer resources.”124

A evolução da extensão rural ao longo da sua história tem mostrado facetas importantes e diferenciadas. O início da formação do serviço cooperativo de extensão nos Estados Unidos coincide com o processo de industrialização do país, com o início do grande movimento migratório rural-urbano e com a capitalização da agricultura familiar.

No que concerne aos papéis institucionais e financiamento, com algumas variações entre os estados, o serviço de extensão funciona até hoje como concebido em 1914, no âmbito das universidades e com o controle parcial dos três níveis de governo (GUSTAFSON, 1997, p. 45). O sistema Cooperativo de Extensão é ainda hoje financiando exclusivamente pelos governos federal, estaduais e locais. Quanto aos conteúdos técnicos, às estratégias e articulações, às formas de abordagem e aos avanços das ciências, é inegável que o serviço de extensão acompanhou as grandes transformações vivenciadas pela sociedade e pela