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Estratégias editoriais para as redes sociais

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2.1 É uma conversa: O jornalismo tornou-se mais social

2.3. Estratégias editoriais para as redes sociais

Mas, para isso, o jornalista terá que ser mais íntimo com as redes sociais, agora ele terá mais fontes públicas para ouvir, conversar e receber denúncias ou propostas de pautas. O jornalista terá que entender de forma criteriosa as finalidades, pensar e usar objetivamente o Facebook, o Twitter, o Periscope, o LinkedIn, o Instagram, Flickr,

YouTube, Vimeo, WhatsApp e até mesmo o novato Snapchat. Estas ferramentas, a

princípio, são ambientes propícios para começar a buscar determinadas informações e com elas é possível determinar um tipo de estratégia editorial diferente.

Como por exemplo, no Facebook, é possível pesquisar perfis de pessoas, personagens para pautas de comportamento, perfis de empresas públicas privadas, políticos e até mesmo empresas jornalísticas concorrentes, que estão presentes e ativos nesta rede social. Além de garimpar informações, é possível compartilhar o material jornalístico publicado, receber feedback do público no mesmo instante e pode-se conseguir fontes para uma determinada pauta ou produção.

No Twitter, é possível levantar de forma mais rápida as informações factuais, aquelas informações urgentes, onde acontece um fato e tem alguém que tem uma conta nesta rede social, pode compartilhar em sua rede, ou enviar uma mensagem para a conta de rede social da redação que acontece um fato importante naquele local.

As informações rolam por uma lista única e são publicadas de forma sequencial e cronológica, tornando assim as informações publicadas mais confiáveis, pois ainda não há interferência de algoritmos ou alguma programação que atrapalhe essa cascata de publicação.

O Periscope, é uma empresa que começou como uma startup que desenvolveu um aplicativo de transmissões ao vivo num ambiente de rede social. A empresa- embrião foi comprada em março de 2015 pelo Twitter e foi incorporada ao serviço de rede social de microblog, preservando apenas o seu nome original. Pode ser usado para transmissões públicas ou particulares ao vivo na rede social, vinculado ao serviço

Twitter, ele é como uma televisão ao vivo e pode transmitir qualquer imagem em

tempo real. Basta ter um sinal de internet que aguente a transmissão de dados. Sendo assim, é possível fazer transmissão da redação, mostrando os bastidores para a audiência, apresentando o funcionamento de uma redação e destacando algum fato relevante que chegou no momento. O Periscope pode até mesmo ser utilizado para transmissões factuais na rua, como mais uma alternativa de recurso tecnológico para levar as informações ao público e para a audiência em tempo real. No LinkedIn, pode ser usado como uma rede social mais voltado para o mundo corporativo, cobertura de negócios, carreiras, empregos, inovação e empreendedorismo.

No Instagram e Flickr é possível verificar fotos de locais ou vídeos curtos, ambos geolocalizados, ou seja, é útil para checar incialmente a procedência da informação. Já no YouTube ou Vimeo, muitos usuários costumam postar vídeos de eventos que acontecem no dia-a-dia, são vídeos de eventos factuais que estão acontecendo e o usuário pode jogar a imagem lá e comunicar a redação sobre a existência da imagem para complementar a cobertura jornalística de determinado assunto. Como por exemplo, enchentes, chuva, acidentes de trânsito, denúncias de serviço público, como buracos abertos na via, praças malcuidadas, pontos de ônibus com falta de manutenção. E por fim, uma ferramenta fundamental para as redações, o WhatsApp, Viber e tantos outros similares que são aplicativos multiplataforma de mensagens instantâneas e de chamadas de voz, que permite troca de mensagens, texto, vídeos e áudios e tudo isso apoiado no próprio terminal do celular, ou seja, no mesmo número da linha telefônica, o aplicativo se apoia com as funções de troca de informações e ao mesmo tempo, o usuário pode usar rede wi-fi local ou público para poupar dados e custos da operadora.

Praticamente todas as empresas jornalísticas usam o aplicativo como mais um canal direto do público com a redação e tem funcionado bem. É raro encontrar um site jornalístico sem um canal de contato via WhatsApp.

No entanto, começou a ascender uma nova estratégia de aproximação com o público: envio de informações por aplicativos de mensagens, por meio de algoritmos programados chamados de newsbots ou por pessoas que trabalham nas redações ao redor do globo. O portal de notícias norte-americano Quartz34, criou um aplicativo

newsbot, que transforma o consumo de notícias em uma conversa. O leitor baixa o

aplicativo do portal de notícias e ele tem a interface de um aplicativo de mensagens. No entanto, a notícia que a redação publica torna-se um diálogo ao consumidor de conteúdo, não tem texto grande ou áudio, é como se fosse uma conversa sobre notícias. É uma entrega mais leve e informal de conteúdo.

Já a publicação de economia Forbes35, o site especializado de tecnologia

TechCrunch36 e a agencia de notícias BBC Brasil37 estão experimentando o newsbot,

com estratégias semelhantes de publicação de conteúdo por meio do aplicativo russo

Telegram – que é como o WhatsApp, mas tem segurança criptografada, ou seja, é

protegido contra invasões ou ataques de crackers e a usabilidade dele é mais amigável. No caso do Telegram, o aplicativo pode ser programável, o newsbot pode fazer o trabalho do jornalista e fazer a publicação do conteúdo e a distribuição para o leitor oferecendo opções de notícias, conteúdo ou de leitura.

No Brasil, o jornal paulista O Estado de S. Paulo implantou a mesma estratégia. Desde o dia 28 de março, a redação envia pelo aplicativo WhatsApp as principais notícias do dia para os leitores que solicitarem a inclusão no grupo do jornal do

WhatsApp, pelo número de telefone disponível pela redação. Segundo a matéria do

Estadão, o Brasil tem mais de 100 milhões de usuários do aplicativo e é este público que a publicação quer focar. Os leitores serão notificados pelos jornalistas do Estadão

34 SEWARD, Zachary M. It´s here: Quartz´s first news app for iPhone. Quartz. Nova Iorque, 11 fev.

2016. Disponível em: <http://qz.com/613700/its-here-quartzs-first-news-app-for-iphone/>. Acesso em: 10 abr. 2016.

35 UPBIN, Bruce. Introducing The Forbes Newsbot on Telegram. Forbes. 23 fev. 2016. Disponível em:

<http://www.forbes.com/sites/bruceupbin/2016/02/23/introducing-the-forbes-newsbot-on- telegram/#1b5558c93117>. Acesso em: 10 abr. 2016.

36 BERNARD, Travis. Check out the new Al-powered TechCrunch news bot on Telegram Messenger.

TechCrunch. 15 mar. 2016. Disponível em: <http://techcrunch.com/2016/03/15/check-out-the-new-ai-

powered-techcrunch-news-bot-on-telegram-messenger/>. Acesso em: 10 abr. 2016.

37 BBC Brasil lança canal no Telegram. BBC Brasil. 17 dez. 2015. Disponível em:

<http://www.bbc.com/ portuguese/noticias/2015/12/151217_bbcbrasil_telegram_ss>. Acesso em: 10 abr. 2016.

três vezes por dia, inicialmente nos horários das 8h, 12h e 18h. No entanto, o jornal vai enviar notificações em casos de notícias de última hora ou urgentes. Claro, a equipe de jornalistas também espera receber mais pautas do seu público38. Os

aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram tornaram-se portas de entrada de informações relevantes para as operações editoriais e estratégias jornalísticas para levar o conteúdo ao seu público.

Ascende também a ferramenta Snapchat, que apesar de existir desde de 2011, apenas nestes últimos anos que o aplicativo começou a ganhar uma boa atenção da indústria da mídia. Ele é um aplicativo de mensagens com base de imagens, onde os usuários podem tirar fotos, gravar vídeos, colocar textos, desenhos sobre a imagem, filtros animados e artes sobre os vídeos curtos. As imagens permanecem nos servidores da empresa por 24 horas e depois desaparecem, garantindo mais privacidade e confiança aos usuários. O usuário pode definir por quanto tempo a imagem pode ficar no ar, quantas camadas de imagens serão usadas, o tempo da publicação, que é chamada de snap pode ser de 1 a 15 segundos e depois do tempo determinado para a assistir a imagem, o conteúdo é deletado do celular de todos os usuários que criaram e receberam o conteúdo e também é deletado dos servidores da empresa do aplicativo. É como criar o instante que não vai mais se repetir, para assim atrair os usuários que não querem perder aquele momento que, em tese, é único. O aplicativo pode ser utilizado no apoio para desenvolvimento de novas narrativas, instigar a audiência para informações importantes, produção de conteúdo especial transmídia e principalmente atrair o público jovem para o jornalismo levando uma outra linguagem, desde que sejam desenvolvidas estratégias especiais de social

media, transmídia e multimídia. Como foi o caso do jornalista da BBC John Sweeney,

do programa BBC Panorama39, que fez uma reportagem especial para o canal de

conteúdo BBC One e canal de notícias BBC News sobre a crise na fronteira da União Europeia e os refugiados de países em guerra, que estão fugindo para a Europa, tentando atravessar o forte esquema de segurança nas fronteiras para tentar chegar no continente para reconstruir suas vidas.

38 ‘ESTADO’ agora envia manchetes via WhatsApp. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 24 mar. 2016.

Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,estado-agora-envia-manchetes-via- whatsapp,10000023025>. Acesso em: 27 mar. 2016.

39 BBC Panorama. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/programmes/b006t14n>. Acesso em 30 jul.

A equipe de reportagem do canal de televisão e de notícias britânico usou o

Snapchat mostrando os bastidores da viagem, entrevistas curtas, depoimentos do

repórter, quase como pequenos relatórios narrando como foi o trabalho da reportagem aquele dia40. O material criado pelo Snapchat tornou-se a primeira experiência de um

curto documentário dedicado para o mobile. Todas as imagens e vídeos foram recuperadas pela redação da BBC, compilado e está disponível na página da BBC

News, na rede social Facebook41.

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