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Ferramentas para seguir rastros de informação

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2.1 É uma conversa: O jornalismo tornou-se mais social

2.4. Ferramentas para seguir rastros de informação

Devido ao rápido desenvolvimento tecnológico, que abarcou e aprimorou ferramentas de produção de conteúdo e mapeamento de informação, muitas práticas jornalísticas tornaram-se ineficazes ou pouco eficientes para captação de dados e de conteúdo para produção de notícia. O processo de produção jornalística foi dramaticamente alterado e as empresas sofrem grandes mudanças em suas estruturas. Os profissionais de mídia terão que perceber e compreender a nova realidade sobre como chega a informação, permitindo que cada vez mais o público participe da produção do conteúdo. Por isso, cabe apresentar algumas as ferramentas que podem ser utilizadas para atualizar uma redação e como que estas ferramentas podem colaborar para uma construção de conteúdo eficiente, pontual e assertiva.

Com o avanço da tecnologia permitiu o rompimento do código-fonte da informação, dando a possibilidade de qualquer pessoa que domina um dispositivo, como um smartphone ou um computador possa transmitir ou distribuir informação. O jornalista viu-se diante de um novo cenário, em que era o baluarte da opinião pública, agora tem que compartilhar com os ‘amadores’ a posição de formação de opinião e conteúdo. Agora, qualquer um em qualquer lugar pode se tornar um repórter e transmitir a informação por vários meios informacionais que temos na tecnologia. Os jornalistas que já têm o papel de gatekeeper, terá cada vez mais o papel de curador. Além disso, há novos players no mercado que conseguem entender a dinâmica das redes sociais e como que a comunicação acontece de forma rápida e como as

40 BERTHOUD, Cris. When journalism meets Snapchat. BBC Academy. Londres, 29 set. 2015.

Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/blogs/collegeofjournalism/entries/50e4717b-aa5a-4db7-9e2a- d56b7c8aee0c>. Acesso em: 27 mar. 2016.

41 BBC News. John Seweeney captures refugee crises on Snapchat. Facebook. Londres, 29 set.2015.

Disponível em <https://www.facebook.com/bbcnews/videos/vb.228735667216/10153126586842217/ ?type=2&theater>. Acesso em: 27 mar. 2016.

empresas tradicionais não conseguem acompanhar essa dinâmica. Além disso, será possível perceber como que é o comportamento do público-alvo está interagindo com os novos produtos que auxiliam o jornalismo a produzir conteúdo.

Aplicando uma metáfora do nosso cotidiano: um cozinheiro que prepara bem a comida, pode ser uma dona de casa ou chefe de cozinha. O cidadão e o jornalista estão nestes parâmetros ao produzir um conteúdo. A comida pode ficar boa, como o conteúdo pode ficar ruim. Não importa quem o faz (COELHO, 2015).

Os jornalistas agora têm que contar cada vez mais com o conteúdo colaborativo, com o que vem de fora e que não pego diretamente por integrantes da redação ou jornalistas profissionais. O que de todo mal não é ruim. Como por exemplo o prosumer, em que o consumidor é também o produtor e nesta sociedade ele está cada vez mais ativo. Ele quer e pode colaborar com a produção do produto, para que possa consumir de forma satisfatória. Com a informação produzida pelo jornalismo não é diferente. O prosumer acessa mais a internet e os meios de informação, podem policiar mais o jornalista que produz e assim direciona ele se está no caminho certo ou errado. Se ele pode modificar a elaboração do material jornalístico a ser produzindo. O prosumer da informação acaba entregando muito material duro para que depois, o jornalista possa lapidar e entregar essa informação mais agradável e fácil para o consumo. Ele tem tanta informação, mas não sabe por onde consumir, mas sendo assim, o jornalista por meio de sua técnica pode colaborar e construir a história que está na mão dessa pessoa.

A maior parte dos surfistas da Web se vê às voltas com esses refinamentos várias vezes por semana, se não mais. Eles sabem exatamente o que estão procurando — só não sabem que combinações de palavras-chave representam melhor a informação que buscam, razão por que a maioria dos pedidos de busca envolve várias iterações de tentativa e erro (JOHNSON, 2001, p. 151).

2.4.1 TweetDeck

A ferramenta TwitterDeck, foi desenvolvida em 2008, por uma startup e posteriormente foi comprada pelo Twitter, no ano de 2011. É um aplicativo de monitoramento de social media que integra mensagens das redes sociais Twitter e do

Facebook, sincroniza dados do aplicativo de localização ou geolocalização (GPS) Foursquare e por meio do browser (navegador), programa que pode ser instalado no

múltiplas contas. Nele, os usuários podem fazer o monitoramento da rede social por meio de colunas, que apresentam tweets de seus seguidores e outros usuários de

Twitter, hashtags (sinal # ou cerquilha, que marcam os termos relevantes ou

discutidos nas redes sociais) e por meio deste sinal os assuntos ficam concentrados em uma só coluna para facilitar a busca ou leitura de postagens ou da conversa sobre determinado tema e assuntos mais comentados (trending topic).

No TweetDeck, é possível selecionar várias colunas para mapear alguma informação-tendência, outras contas e acompanhar temas relevantes para apuração jornalística em tempo real, como por exemplo, ‘#incêndio’, ‘#acidente’, ‘#zonasul’. A interface é formada por cinco colunas.

A primeira coluna é o painel de controle, com os botões New Tweet, Search,

Home, Favorites, Mentions, espaço para busca localizada, os botões User, Scheduled, Add column, Collapse, Lists, Custom timelines; Settings – Home, que é a

linha do tempo da conta do usuário, Favorites, que é as contas preferidas que o usuário segue; Mentions, para monitorar quantas vezes e quem citou sua conta na rede social.

Figura 8 – Interface do TweetDeck versão Desktop

Fonte: TweetDeck

A conta geralmente identificada pelo nickname ou apelido da pessoa precedido pelo sinal arroba, identificado pelo simbolo ‘@’, como por exemplo, ‘@coelho’, que pertence a Cido Coelho; Search, para localizar tópicos específicos, hashtags ou outros usuários específicos.

Tabela 1 – Exemplo de uso de monitoramento na rede social Twitter

O usuário pode localizar a hashtag #acidente na coluna #acidente, quando um usuário publica em sua conta.

@fulanodetal “Um acidente grave aconteceu na avenida Jabaquara” ou @ciclano “Que porrada

feia na avenida Jabaquara, perto do cartório! Até agora não chegou uma ambulância!” #acidente.

Fonte: o autor

O usuário pode personalizar a posição das colunas, invertendo sua a ordem, para deixar visível para o monitoramento, bem como criar colunas para monitorar outros assuntos mais comentados naquele momento, em tempo real.

Então, o jornalista percebe que acontece um acidente na avenida Interlagos e aprofunda a apuração via canais oficiais como Bombeiros, Polícia Militar, Prefeitura- CCOI e entre outros e assim comunicar a chefia de reportagem, que envia uma equipe de reportagem para o local, para cobrir o factual.

2.4.2 Hootsuite

Chamado anteriormente de BrightKit, a ferramenta Hootsuite, que também foi desenvolvido em 2008 no Canadá, pelo desenvolvedor Ryan Holmes, é um sistema integrado e focado para monitoramento de informações, engajamento, colaboração, aplicativos e de gestão de marcas para mídias sociais. A ferramenta é usada por grandes empresas, pequenas e médias empresas e agências para acompanhar resultados de campanhas e na grande mídia para o monitoramento de informações e engajamento com a audiência no compartilhamento de informações e notícias.

Semelhante ao sistema TweetDeck, o aplicativo que tem em versão browser e para mobile, possui uma interface, semelhante a um painel de controle com várias colunas e suporta mais de 35 redes sociais como Facebook, Twitter, Linkedin, Google

Plus, Foursquare, Mixi, MySpace, Ping.fm e Wordpress.

O aplicativo também possui compatibilidade com Tumblr, Trendspottr, Constant

Contact, Digg, Fickr, Get Satisfaction, InboxQ e YouTube. É utilizado por mais de 3

Figura 9 – Interface do Hootsuite, na versão browser

Fonte: Reprodução

Assim como o TweetDeck, o Hootsuite é uma ferramenta que propõe agilidade para o monitoramento de assuntos que são tendência que mais se destacam na social

media, porém com a possiblidade de monitorar mais canais e redes de social media,

pelo menos, os principais que estão disponíveis na web.

2.4.3 Dataminr

Fundada em 2009 por ex-alunos da Universidade de Yale, o Dataminr é uma ferramenta que mapeia e coleta dados da ferramenta Twitter em tempo real. Estas informações podem ser feeds de web, dados geográficos, banco de dados relacionados, tópicos de notícias em destaque, banco de dados locais e outras informações são captadas da rede social Twitter e com isso, o algoritmo da ferramenta identifica, classifica e determina sua relevância com sinais e contexto analítico determinante para tomada de decisões no setor público, financeiro e de notícias.

Para o uso em uma redação jornalística, o Dataminr pode alertar o jornalista com informações urgentes, fonte da informação, quantos veículos de comunicação estão transmitindo a informação, ou se tem pessoas comuns publicando informações relevantes, a hora da informação e qual é a origem dos dados, ou seja, o ‘calor do momento’. Ele pode ser utilizado para verificação informações pontuais, como o uso na cobertura política, mercado financeiro e noticiário internacional, bem como, na cobertura local, mapeando situação do transporte público, ocorrências de serviços públicos, policiais, acidentes, incêndios e se existe alguns usuários do Twitter

reclamando ou informando algum problema na rede social que possa ser captado pelo sistema.

Figura 10 – Motor de informações do aplicativo Dataminr

Fonte: Dataminr

Quando a conversa na rede social torna-se muito intensa, o sistema começa a levantar as publicações mais relevantes e envia alertas por email, notificações no computador, smartphones, redes sociais e SMS para os jornalistas que estão usando a ferramenta, desde uma informação em texto, uma foto que foi publicada no Instagram, um vídeo e até mesmo uma transmissão ao vivo via Periscope. A interface possui um painel de controle que tem uma barra de busca para buscar palavras-chave e as categorias separadas por colunas como Related Terms (Termos Relacionados),

Trending Messages (Mensagens Tendência), Alerts (Alertas), Images (Imagens), Graph (Gráfico para mensurar o volume de mensagens em tempo real) e um mapa

para mostrar a origem da mensagem, caso o usuário seja rastreado por geolocalização (GPS). A ferramenta monitora mais de 500 milhões de publicações por dia que saem da rede social Twitter. Depois dessa captura, a ferramenta classifica sua relevância, destaca, para depois reúne estes dados em categorias, o que é chamado de clusrerização (clustering). As informações são categorizadas como Local

News (LN), Major News (MN), Urgente Update, Flash, Urgent, e entre outras etiquetas.

Fonte: Dataminr

Por meio destas colunas é possível perceber a localização da informação e como ela se comporta, se está sendo muito ou pouco comentado na timeline das redes sociais. Assim, o jornalista poderá interpretar as informações para fazer uma apuração jornalística eficiente. A ferramenta capta dados e o jornalista continua o trabalho da verificação da informação, no entanto, terá mais recursos informacionais para saber o que está acontecendo em determinada região no tempo preciso. Após este procedimento, a ferramenta avalia e detecta o que tempo real ou o que é história em desenvolvimento, para depois determinar o que é alerta, como Breaking News, Tendência Emergente, Informação do Movimento de Mercado, e registro de outros grandes eventos. Depois, o Dataminr determina o nível de urgência da informação é alto ou baixo, rápido ou apenas um aviso. Enfim, a ferramenta determina o idioma, o nível de urgência, tipo de alerta, palavra-chave, tópico, região e setores para entregar o alerta para computadores com o programa, e-mail, mensagem instantânea, mobile e outros sistemas clientes. A ferramenta possui integração com celular, e-mail e a ferramenta de monitoramento social TweetDeck e isso é processado em fração de

segundos pelo programa. Depois disso, cabe ao elemento humano avaliar qual é a informação mais importante para fazer a tomada de decisão.

Figura 12 – Funcionamento do Dataminr

Fonte: Dataminr

2.4.4 Waze

Anteriormente conhecida por LinQmap, e adquirido pela Google em 2013, o

Waze foi fundado em 2008, em Israel por Uri Levine, pelo engenheiro de software

Ehud Shabtai e por Amir Shinar. No final de 2011, a empresa israelense ofereceu uma aplicação para smartphones ou dispositivos móveis similares baseados na navegação por satélite, como por exemplo o GPS, e que fornece informações em tempo real e informações de usuários e detalhes sobre rotas, dependendo da localização do dispositivo portátil na rede. O Waze ganhou o prêmio de melhor aplicativo portátil de 2013, no Congresso Mundial de Portáteis e em meados do mesmo ano, a empresa de serviços na internet Google adquiriu a empresa por 1,3 bilhão de dólares para expandir sua base de usuários. A informação mais recente disponível sobre a base de usuários que baixaram o aplicativo é que há mais de 50 milhões de usuários no mundo transmitindo dados para formar novos mapas e rotas entre seus integrantes da rede social de serviços de trânsito. Está disponível para os sistemas Android, iOS,

Windows Phone, Blackberry OS, Symbian, Wndows Mobile e nos computadores, pelo site disponível na web. Muitas empresas jornalísticas incorporam os mapas de trânsito

do Waze para entregar ao público as informações de trânsito em tempo real. A empresa mantém parceria exclusiva em televisão com a TV Globo, no Brasil e outras empresas de comunicação para mostrar dados de trânsito ao público.

Figura 13 – Interface do Waze para navegador

Fonte: Waze

2.4.5 Moovit

Desenvolvido em Israel como TranzMate, a companhia começou suas operações em 2012 por Nir Erez, Roy Bick e Yarion Evron, contando também com o fundador do Waze, Uri Levine, o Moovit combina dados dos operadores do sistema de transporte e de autoridades às informações em tempo real ao público, em comunidade, com navegação GPS em todos os modos de transporte, incluindo ônibus, trólebus, bondes, trens, metrô, balsas e barcas. Os usuários acessam o mapa ao vivo com informações dos horários, as paradas de ônibus e estações próximas com base em sua localização GPS atual, bem como planejar viagens em todos os modos de transporte, com base em dados, em tempo real.

O aplicativo tem informações dos serviços de transporte local, chamados por ‘Alertas de serviço’ retirando as informações dos sites dos respectivos sistemas que informam mudanças no trajeto ou linhas extras para eventos específicos na cidade e ainda é possível baixar o mapa da rede de transporte, aqui em São Paulo é possível baixar o mapa da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô e do ônibus circular de turismo da cidade paulistana, Circular Turismo Sighseeing SP, da companhia municipal São Paulo Turismo – SPTuris. Os usuários do Moovit também podem informar se o ônibus atrasou ou chegou antes do previsto, se está parado, com superlotação, a satisfação com o motorista do ônibus, limpeza e a disponibilidade do serviço wi-fi. É possível apurar informações e verificar o serviço de transporte público

por meio de novas narrativas voltadas para prestação de serviço. O aplicativo também atende ciclistas e fornece serviços de informação sobre a localização de estação de empréstimo de bicicletas próximas a estação de trens e metrô, número de bicicletas e vagas disponíveis para guardar a bicicleta.

É possível pedir taxi sem sair do aplicativo, por meio de uma parceria com a empresa brasileira Easy, podendo mesclar trajetos de transporte público com o serviço de táxi.

Figura 14 – Tutorial em inglês sobre como usar o aplicativo Moovit

Fonte: Moovit

O Moovit está disponível em mais de 600 cidades de 55 países ao redor do mundo, em 36 idiomas, 20 milhões de usuários transmitem e compartilham informação em tempo real sobre transporte público, gera diariamente mais de 10 milhões de relatórios de usuários.

Está em 30 cidades brasileiras e mais de 4 milhões de pessoas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza e Curitiba que representam 90% dos usuários do aplicativo no País42.

42 A Moovit. Moovit. Disponível em: <http://moovitapp.com/pt-br/wp-content/uploads/sites/9/2014/07/

CAPITULO II – TECNOLOGIA E NOVOS SISTEMAS DE

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