• Nenhum resultado encontrado

1.2 Interface, mobile e desktop

No documento Download/Open (páginas 92-97)

Outros fatores importantes para captar as informações estão nas interfaces. Temos os canais de televisão abertas, que transmite regularmente informações do seu departamento de jornalismo ou os canais abertos que transmitem conteúdo noticioso 24 horas. Os portais de internet estão disponíveis ao acessar o computador e os celulares. Ao mesmo tempo agora podemos acessar a internet assistir o conteúdo do canal aberto e do canal fechado no celular e no computador.

Se tem alguém que tem um dispositivo móvel em mãos ele terá facilidade em acessar o conteúdo. O conteúdo, como foi dito anteriormente, pode ser acessado por diversas formas, por mensagens SMS, e-mail, MMS e redes sociais. Henry Jenkins disse em Cultura da Convergência que nem todo conteúdo vai fluir por uma caixa preta, mas vai fluir por várias caixas pretas (2009, p.42). Isto é, quando for determinar para onde vai o conteúdo, o caminho que ele vai, o local que vai chegar vai ser decisivo para a atenção da audiência. Cabe ressaltar que é importante a interface que o usuário terá com o conteúdo, para que ele possa ter uma perfeita interação com a informação. Quando alguém observa um vídeo impactante, ele para e ouve a narração do jornalista sobre o fato que está acontecendo naquele instante, caso ele esteja com alguém do lado ou outras pessoas, ele pode começar a comentar e começar uma nova conversa sobre aquilo que a televisão está mostrando. Bem como, se tem alguém acessando uma notícia ou um vídeo no smartphone, ou um áudio de um aplicativo de emissora de rádio ou um podcast de um programa de tecnologia. Cada tipo de mídia transmite um determinado tipo de informação. No entanto, isso não nos impede de receber elas de forma simultânea ou de forma partida ouvindo várias informações de acordo com cada plataforma. É possível ler uma notícia por meio dos dados, texto, áudio, vídeo, newsgames e reportagem interativa multimídia porque a nossa vida é multissensorial.

Efetivamente, não nos limitamos a receber a informação de forma multissensorial; também nos comunicamos desse modo. Segundo investigaram os paleoantropólogos, desde a origem da nossa espécie os seres humanos têm combinado diversas formas de se expressar: primeiro,

mediante gestos e grunhidos; posteriormente, através da fala. Com o passar do tempo, os humanos do Neolítico passaram a registrar mensagens visuais em forma de pinturas rupestres e petróglifos. Apesar de hoje em dia apenas podemos especular sobre o significado ou simbolismo daquelas figuras, não existem dúvidas de que naquela época serviam para transmitir uma determinada mensagem. O homem que há 30 000 anos habitava nas cavernas de Altamira e Lascaux já era, definitivamente, um comunicador multimídia (SALAVERRIA, 2014, p. 25).

1.3. Aplicativos que atendem (ou substituem) o jornalismo

A convergência tecnológica digital também provocou fortes impactos nas estruturas que envolvem a área da Comunicação Social. Ela pavimentou tecnologicamente a convergência de mídias, abrindo campo para o arquivamento, o compartilhamento e a distribuição de ativos digitais utilizados no relacionamento humano, por intermédio das máquinas computacionais e das redes telemáticas. Formou-se, então, um ambiente enredado que emula algumas das necessidades humanas, entre elas, o convívio por meio de comunidades. O jornalismo tenta encontrar maneiras e formatos para sobreviver dentro desse ambiente digital conectado, mas, para que se estabeleça com vigor, é necessário que os seus profissionais entendam os atributos e o modo como se sustentam as relações nas redes sociais (LIMA JR., 2009, p. 97).

Com o avanço tecnológico dos celulares, que ficaram mais inteligentes, por isso o nome smartphones, que vem permitindo mobilidade e agilidade na transmissão de dados com um poder de um supercomputador no bolso. É possível refletir que atualmente o smartphone poderia tomar lugar do jornalismo, sendo, substituído integralmente e também o smartphone pode ser uma poderosa ferramenta que complementa o trabalho do jornalismo. Pode soar provocação, mas cabe discutir até onde vai a relevância do jornalista profissional nos dias atuais. Pois, se antes contávamos com as agências de notícias, jornais, revistas, rádio e televisão, hoje com a internet é possível se informar com mínimo de interferência do jornalista e com apoio forte de tecnologia da informação.

Essa provocação segue com uma cena: então em um suposto cenário onde não existe jornalistas, eu vou me informar usando aplicativos. O que posso colocar nos meus dispositivos Android e iOS? Eu vou sair de casa e olho para o céu. Será que vai chover? Levo o guarda-chuva? Então, acesso o meu smartphone e baixo os aplicativos do The Weather Channel e Climatempo para verificar se vai chover ou vai fazer sol. O The Weather Company, que todos pensam que é apenas um serviço de mídia combinado com serviço de meteorologia que recentemente foi comprado pela poderosa empresa de tecnologia norte-americana IBM. Segundo informações do

mercado, a empresa fechou a compra da empresa em janeiro de 2016 pelo valor próximo de 2 bilhões de dólares4950. A The Weather Company tem ativos muito

importantes, e não cabe dizer sobre equipamentos, mobiliário, imóveis ou recursos humanos. Os ativos que devem ser destacados são os dados que esta empresa tem em poder: as pessoas fazem 26 bilhões de requisições por dia, a empresa tem 2.2 bilhões de informações de localidades, 40 milhões de usuários por mobile, informações de 50 mil voos por dia e o volume de busca 7 vezes maior que o motor da Google. Tudo isso mobilizado para saber se vai chover, se faz sol, frio ou calor, se posso voar sem problemas ou se é o tempo certo para fazer a plantação de determinada cultura.

Agora o usuário está na rua, vai pega o carro, mas antes quer saber se o trânsito está bom na rota que deseja seguir. Então, acessa o aplicativo Waze, para saber a melhor forma de escapar do trânsito. Mas, se está sem carro, utiliza o transporte público e acessa o aplicativo Moovit, que oferece informações de transporte público em tempo real, em comunidade, com navegação GPS em todos os modos de transporte, incluindo ônibus, trólebus, bondes, trens, metrô, balsas e barcas. Verifica a hora que o transporte público chega no ponto de ônibus e checa com quantas conduções serão necessárias para voltar para casa ou para o outro compromisso, caso esteja com pressa, pode pedir um táxi. Mas, se o dinheiro é pouco para pagar uma corrida de taxi, ele utiliza o aplicativo de transporte pessoal Uber, que tem tarifas mais baratas e faz o trajeto que é preciso seguir na vida cotidiana.

Para acessar as informações financeiras, é necessário utilizar um aplicativo bancário, como Itaú ou Bradesco para acessar as informações da Bolsa de Valores de São Paulo, o valor do dólar e se foi realizado um bom investimento nas ações da Petrobras no dia de hoje ou se talvez seja um dia bom para vender algumas ações para ganhar dinheiro. Mas, o usuário quer saber o que acontece na cidade, na rua, no quarteirão, ele pode acessar o microblog Twitter e saber o que os amigos dele estão comentando, o site dos serviços públicos que impactam a minha vida como Prefeitura de São Paulo, SPTrans, CET, até mesmo perfil no Twitter do Corpo de Bombeiros e Polícias Militar e Civil. No âmbito nacional posso acessar o Twitter do Senado Federal,

49 IBM Analytics. The Weather Company. An IBM Business. Disponível em: <http://www.ibm.com/

analytics/us/en/business/weather-insight.html>. Acesso em: 23 mar. 2016.

50 Valor Econômico. IBM conclui compra de divisões da The Weather Company e prevê expansão.

Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/4416676/ibm-conclui-compra-de-divisoes-da- weather-company-e-preve-expansao>. Acesso em: 23 mar. 2016.

Câmara Federal, STF, Palácio do Planalto para saber o que o poder público está resolvendo na minha vida cotidiana de cidadão brasileiro.

Pode ser que funcione, mas a pessoa que utiliza os aplicativos talvez não entenda ou não possa compreender algumas informações, bem como o seu volume de informações, como o relatório do dia da Bolsa de Valores de São Paulo e o porquê do dólar subiu ou caiu e o que a política afeta os mercados.

Logo, os jornalistas têm a responsabilidade de ser o facilitador de informações para as pessoas devido ao grande volume de dados, que devem ser verificados, pesquisados e traduzidos para a compreensão de quem consome a informação. São humanos e ainda humanos se entendem. E com eles, temos as ferramentas para ajudar a filtrar o que é relevante na vida das pessoas. Com isso, as grandes empresas de mídia sempre buscaram alternativas para reduzir seus custos de produção e distribuição, para sempre maximizar os lucros e expandindo a sua influência e o seu alcance para o maior número de pessoas possível. O investimento em tecnologia é uma das principais estratégias empresariais para otimizar o negócio da comunicação. Ao mesmo tempo, o profissional de comunicação tem encontrado dificuldades de conseguir informações por meios oficiais. Em muitos casos, aqui no Brasil, que tem a sua lei de transparência da informação ainda não é respeitada pelos órgãos públicos, que postergam, se recusam ou pedem para acionar a justiça para tentar conseguir a informação, provocando morosidade e até mesmo a perda do momento em que o assunto foi posto à luz da sociedade. Por isso, tem que engolir a seco as informações produzidas pelos seus departamentos de assessoria de imprensa e relações públicas de órgãos governamentais, que na maioria dos casos consegue ocultar e desviar o foco de algumas reportagens que poderiam ter o cunho de serviço público para a audiência. Enquanto isso, as redações cortam gastos e limitam o trabalho dos profissionais do jornalismo. No entanto, a tecnologia está aí para que seja utilizada e potencialize o trabalho do jornalista para as demandas da sociedade e que continue registrando os fatos que impactam as pessoas.

Chegamos a um momento em que novas ferramentas precisam ser manuseadas e aplicadas para conseguir melhores informações, para multiplicar o rendimento dos profissionais de mídia, que precisam atender com maior agilidade e assertividade a demanda de informações em uma sociedade que precisa de consumir

informações e dados para tomada de decisões no âmbito empresarial, financeiro, cotidiano, esportivo, enfim, na vida das pessoas.

Para isso, os profissionais de comunicação, que ainda são humanos, precisam de ajuda de instrumentos tecnológicos de maquinas que trabalhem processando todo o volume de dados e os ajude a interpretar os signos para que os jornalistas e profissionais de comunicação possam entregar um conteúdo de qualidade para o seu público, seu cliente direto. E um dos caminhos é aprender, entender e dominar os sistemas que trabalham com grande volume de informação.

Ainda no Brasil não existe grandes redações que trabalham com ferramentas nativas de dados. Existem núcleos de dados como, por exemplo, o Estadão Dados, de O Estado de S. Paulo e a editoria de Dados e Audiência da Folha de S. Paulo. Estas equipes, que geralmente são enxutas, compram licenças ou encontram elas em sistemas de código aberto, ferramentas que são usados por estatísticos que extraem ou calculam informações a partir de planilhas como Excel ou de leitura de arquivos PDF, como é o caso da ferramenta de OCR. Mesmo assim, estão aprendendo a usar ferramentas já existentes para garimpar informações que atenda às demandas das redações, bem como do seu público.

Os jornalistas estão sendo estimulados de alguma forma pela lei da sobrevivência ou do mais forte a utilizar as ferramentas para se manter no emprego. Estamos em um outro patamar: a conversa. O jornalismo sempre funcionou na base da conversa, pois, a partir dela que possível conseguir histórias e fatos relevantes para a sociedade. As ferramentas podem ajudar a aprimorar a conversa e o seu retorno. Agora os jornalistas que já fazem boa parte do trabalho dentro das redações, podem permanecer mais tempo nas redações, porém ganham mais agilidade no trabalho. As grandes redações brasileiras como Estadão, Folha, UOL, IG, O Globo, TV Globo, G1, SBT, Record, R7, Bandeirantes, RBS, Zero Hora, Correio Braziliense, Verdes Mares, Diário do Nordeste, Rede Amazônica, Rede Mato-Grossense de Televisão os canais públicos como a TV Brasil e educativos de conteúdo e informação, como a TV Cultura, até mesmo as empresas privadas e órgãos de governo, possuem jornalistas ou especialistas em redes sociais, que tem que conversar mais com seu público, como Facebook, Twitter, Google Plus, Instagram, LinkedIn e WhatsApp.

No entanto há novos elementos em evidência: jornalistas independentes, influenciadores sociais, como os apresentadores de vídeos, cunhados pelo termo

informar e dar suas opiniões para outros públicos. É um novo nicho que se forma e aumenta a gama de opções para a sociedade se informar, por meio do jornalismo tradicional, jornalismo cívico, independente e amador.

2. Inteligência Social: Open data, sistemas inteligentes e

No documento Download/Open (páginas 92-97)